Autor Tópico: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões  (Lida 10140 vezes)

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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #100 Online: 07 de Dezembro de 2008, 08:08:48 »
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E como dito, o governo de Lula, parecidissimo com o de FH, não foi o que ele prometeu que faria nos últimos 20 anos

Lembro bem que quanto à escolha dos ministros, Lullalá já teve até alguns que tb ocuparam ministérios no tão criticado governo Feagacê. E a primeira escolha para ocupar o cargo que era de Arminio Fraga (Se não me engano no Banco Central) foi Arminio Fraga mesmo que se recusou a sair do governo Feagacê e  continuar lá no governo Lullalá.

Só que os petistas não gostam quando os lembram disso.

"Cadê a fonte?"

Offline FxF

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #101 Online: 07 de Dezembro de 2008, 10:06:57 »
Não sei bem a implicância com Lula e FHC... até as vezes me dá branco e vou nessa... como a propaganda que vive repetindo que existem partidos funciona... quem acredita que existem oponentes no poder do Brasil? São unidos, são os social-democratas-socialistas (PSDB) com os socialistas-comunistas (PT) que usam de ofensa um para o outro "direita! capitalista!!"...



Tá, termina quase como um romance e vai me dizer que é só diplomacia...

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #102 Online: 07 de Dezembro de 2008, 10:24:54 »
É tudo farinha do mesmo saco, só que o Feagacê não fala coisas como "U palaciu du pranaltu tem pobrema hidrelétricu!".

Skorpios

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #103 Online: 08 de Dezembro de 2008, 18:50:23 »
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Editorial OESP: Diplomacia Desastrada       PDF        Imprimir        E-mail
Por Defesa Brasil   
08 de Dezembro de 2008

Diante da ameaça de um calote coletivo, ensaiado pelos governos de Equador, Venezuela, Bolívia e Paraguai, as autoridades brasileiras decidiram enfim reagir e fazer uma advertência aos hermanos: não haverá mais financiamento para quem contesta as dívidas com os bancos oficiais do País. O Brasil, como explicou o chanceler Celso Amorim em audiência na Câmara dos Deputados, fez da concessão de empréstimos pelo BNDES uma ferramenta para a integração física da região. Fez porque não reconheceu a fragilidade dessa construção diplomática baseada numa virtual identidade política com governos populistas que agora revelam que vêem o Brasil como o "império do Sul" - a potência colonial regional que precisa ser combatida. Esse diagnóstico não é novo, mas se exacerba no momento em que nosso papel no cenário internacional ganha importância inédita.

A reação do Itamaraty a essa atitude inamistosa demorou. A diplomacia brasileira só começou a abandonar o tom morno e conciliador, em geral adotado como resposta aos desaforos dos vizinhos, quando o presidente equatoriano, Rafael Correa, expulsou a Construtora Norberto Odebrecht e a companhia Furnas. A linguagem ficou mais dura quando Correa, pouco tempo depois, decidiu submeter a um tribunal de arbitragem a dívida equatoriana com o BNDES. O embaixador em Quito foi chamado a Brasília e com esse gesto o governo brasileiro deixou clara a irritação causada pela atitude de Correa.

Na semana passada, em Caracas, Correa pediu apoio ao presidente Hugo Chávez, da Venezuela, e aos colegas de vários países da América do Sul e da América Central. Pedido desnecessário. Mais do que apoio retórico, o presidente do Equador já tem a seu lado os governos da Venezuela, da Bolívia e do Paraguai, igualmente empenhados em realizar auditorias da dívida externa para contestar as parcelas por eles consideradas "ilegítimas". O Brasil é um evidente candidato ao calote.

Não há nenhuma surpresa no rumo tomado por esses governantes populistas. Ao enviar tropas para ocupar instalações da Petrobrás, em 2006, o presidente boliviano sinalizava o que viria a seguir. Ao anunciar a auditoria da dívida externa, o novo presidente do Paraguai segue o mesmo curso - mas o grande objetivo de seu governo, em relação ao Brasil, é mudar o acordo de Itaipu. Já o presidente Hugo Chávez, como informou o chanceler Celso Amorim, deu uma resposta vaga à indagação do Itamaraty sobre uma eventual revisão da dívida externa venezuelana.

Em toda essa história, o único dado realmente espantoso é a sucessão de erros da diplomacia brasileira. Ninguém poderia esperar grande coisa de uma política externa influenciada pelos assessores do presidente Lula para assuntos internacionais, mas até as previsões mais pessimistas foram superadas. A escolha de uma grotesca política terceiro-mundista era previsível, mas a insistência nos erros e a extensão das tolices cometidas foram muito além da imaginação.

Nenhum dos "aliados estratégicos" escolhidos pelo presidente Lula, no seu projeto megalópico de liderar o Sul contra o Norte, dedicou ao Brasil a mínima reciprocidade em termos de atenções diplomáticas e comerciais. Nem os nossos colegas do Bric, nem nossos vizinhos sul-americanos. Aqui, com os hermanos, o governo brasileiro decidiu, em nome de uma liderança regional puramente fantasiosa, engolir todos os desaforos e conceder a todos os parceiros os maiores benefícios em quaisquer entendimentos comerciais. Aceitou, por exemplo, o protecionismo argentino e, além disso, induziu o empresariado nacional a se acomodar às barreiras impostas pelo vizinho. Confundiu parceria e cooperação com passividade em face das imposições mais descabidas. E a defesa dos legítimos interesses nacionais foi substituída pelo apoio a governos populistas cuja consolidação, na visão da diplomacia petista, beneficiaria o Brasil. O resultado é a aliança contra a "potência colonial".

Não é fácil escolher a obra-prima das tolices cometidas desde janeiro de 2003. Mas um dos feitos mais notáveis foi certamente o empréstimo de uma funcionária da Receita Federal para ajudar o governo equatoriano na auditoria da dívida externa.

O presidente Lula ainda tem dois anos de mandato. Se tiver aprendido algo com todos esses vexames, dispensará os conselhos de seus auxiliares mais desastrados. Mas não é provável.

Fonte: O Estado de São Paulo


http://defesabrasil.com/site//Noticias/Noticias/Editorial-OESP-Diplomacia-Desastrada.html

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #104 Online: 08 de Dezembro de 2008, 19:42:04 »
É tudo o que eu venho dizendo sobre a aberração de circo desde que vcs me conheceram aqui no CC.

E então pessoal, quem tinha razão? :hihi:
« Última modificação: 08 de Dezembro de 2008, 19:46:06 por Arcanjo Lúcifer »

Offline Luiz Souto

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #105 Online: 08 de Dezembro de 2008, 20:54:50 »
A perigosa diplomacia das empreiteiras

Elio Gaspari

A briga do governo do Equador é com a Odebrecht, não com o Estado brasileiro

A TRANSFORMAÇÃO de um litígio comercial do governo do Equador com a construtora Odebrecht numa crise diplomática com o Brasil expõe os riscos da privatização do Itamaraty.

A briga relaciona-se com a construção da hidrelétrica de San Francisco, responsável pela produção de 12% da energia consumida pelo Equador. Um pedaço da usina desabou, seu funcionamento foi temporariamente interrompido e a construtora foi expulsa do país. Houve lances de truculência do companheiro-presidente Rafael Correa e há um debate técnico em torno da encrenca. A Odebrecht sustenta que o desabamento foi provocado pela erupção de um vulcão próximo. Como ela está no consórcio Via Amarela, o da cratera do metrô de São Paulo, e a tragédia foi atribuída ao movimento de uma rocha de 15 mil toneladas, tudo é possível. Até mesmo que a empreiteira esteja perseguida por uma urucubaca geológica.

Em setembro, quando começou o litígio, a ministra Dilma Rousseff colocou as coisas no seu lugar, circunscrevendo-o às relações da Odebrecht com o governo equatoriano. O BNDES respaldou financeiramente a obra com empréstimo de US$ 243 milhões, mas isso não pode significar que o Equador esteja condenado a quitar com dinheiro de primeira uma mercadoria de segunda.

Nosso Guia aborreceu-se porque o presidente Rafael Correa recorreu à Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional para discutir a fatura da empreiteira. Pois foi exatamente a essa instância que o consórcio Via Amarela aceitou submeter um litígio com o Metrô de São Paulo. O que vale para o Metrô não vale para o Equador?

É comum que o Itamaraty seja colocado a reboque das empreiteiras. Quando isso acontece, o governo brasileiro sai emprestando dinheiro pelo Terceiro Mundo afora, toma calotes e deixa para a nova administração a tarefa de esquecer dívidas. Nosso Guia já perdoou cerca de US$ 1 bilhão de compromissos de Nigéria, Congo, Gabão e outras cleptocracias africanas. Tudo em nome de novas obras e de futuros calotes, bem como de alianças que acabam em traições, como no caso do apoio à pretensão brasileira de entrar para o Conselho de Segurança da ONU.

A diplomacia das empreiteiras fez coisas do arco da velha no Iraque. Basta dizer que em certa ocasião o próprio Saddam Hussein reclamou de um empresário paulista que lhe oferecia material para construir uma bomba atômica. A aventura iraquiana levou à bancarrota uma das maiores construtoras do país, a Mendes Junior. Em 1980 a Odebrecht meteu-se num tortuoso fornecimento da hidrelétrica chilena de Colbun-Machicura. Nesse episódio alguns amigos do general Pinochet perderam suas esperanças graças ao desassombro do embaixador do Brasil em Santiago, Raul de Vincenzi. Ele narrou a armação num telegrama ao Itamaraty e detonou a trama.

A agenda dos empresários é uma coisa e a política externa de um país é outra coisa. Quando as empresas arrastam a diplomacia, reescreve-se a crônica de desastres das donatarias americanas na América Latina durante o século passado. No início do governo de Lula os americanos da concessionária de energia AES encrencaram-se com uma dívida de US$ 1,2 bilhão com o BNDES. Em vez de enrolar o litígio nas bandeiras dos dois países, diplomatas, companheiros e empresários acertaram um perdão dos juros do calote (US$ 193 milhões). Graças ao trabalho dos profissionais, George Bush e Nosso Guia tornaram-se amigos de infância.


Fonte: FSP, 26/11/2008
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Skorpios

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #106 Online: 09 de Dezembro de 2008, 18:25:04 »
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Amorim rechaça proposta do Paraguai sobre dívida     
Por Defesa Brasil   
09 de Dezembro de 2008
Piero Locatelli
Do UOL Notícias
Em Brasília*

Em audiência pública realizada nesta terça-feira no Senado, o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim rechaçou a possibilidade de o Brasil aceitar a proposta feita pelo Paraguai sobre a dívida da usina hidrelétrica de Itaipu.

Pela proposta, a dívida da usina que pertence aos dois países (Brasil e Paraguai) de U$ 19,6 bilhões seria dividida entre os Tesouros dos dois países, mas o Brasil teria que arcar com a maior parcela - os R$ 19 bilhões - enquanto o Paraguai pagaria U$ 600 milhões.

Amorim disse hoje que a proposta é "irrealista" e que o Brasil não está disposto a aceitá-la. "Não aceitamos o argumento de que a dívida é espúria. O Brasil quer contribuir com o desenvolvimento do Paraguai, mas em outras condições. Essas proteções não são cabíveis, devem-se seguir os parâmetros de Itaipu", disse o ministro.

Ao ser questionado por senadores se a postura do Paraguai e de países como o Equador - que contestou empréstimo junto ao BNDES - não são formas retaliar o Brasil, Amorim disse que não, mas ressaltou que é impossível ignorar a soberania brasileira entre os países vizinhos e admitiu que isso as vezes incomoda.

"Não creio que há objetivo de contestar a liderança do Brasil, até porque acho que o Brasil não busca uma liderança. (...) O Brasil é a maior potência da região, isso é fato, não tem como contestar. É o País que tem maior relevância internacional, agora se isso gera ressentimentos ou um misto de admiração, a nossa postura é procurar administrar com sabedoria esses sentimentos em beneficio do Brasil", avaliou.

Brasil e Paraguai avançaram em três pontos em outubro

Na segunda reunião que os dois países realizaram desde a eleição do presidente Fernando Lugo para rediscutirem o Tratado de Itaipu, realizada no dia 26 de outubro, os dois lados avançaram em três pontos principais. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, ficou acertado o término das obras na subestação da margem direita da usina hidrelétrica, a gestão plena binacional e a fiscalização conjunta das contas pelos órgãos auditores de ambos os países.

As exigências mais polêmicas do Paraguai, no entanto, ficaram sem definição. O Brasil não aceitou a reivindicação da delegação do país vizinho de poder vender para outros países metade de sua energia excedente nem a revisão do preço qu eo Brasil paga pela energia do Paraguai. Esta foi uma das principais bandeiras de campanha de Fernando Lugo, que alega que nenhum país deve ceder um bem natural a preço de custo.

O tratado assinado pelos dois países na década de 70 determina que se um país não utilizar toda a sua parte da energia produzida por Itaipu deve vender o excedente preferencialmente ao país parceiro. Cada paíse tem direito a 50% da energia e o Brasil utiliza toda a sua parte (a energia de Itaipu corresponde a 20% do consumo brasileiro). Já o Paraguai utiliza apenas 5% da parte que lhe cabe. Todo o resto é vendido obrigatoriamente ao Brasil.

A Comissão Oficial de Negociação Brasil-Paraguai deve se reunir novamente na próxima quinta-feira (11) para seguir com as negociações e chegar a alguma conclusão antes do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo se encontrem na próxima semana, na Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento, que será realizada na Bahia.

*Com Carolina Juliano, do UOL Notícias, em São Paulo

Fonte: UOL Notícias
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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #107 Online: 09 de Dezembro de 2008, 21:14:51 »
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Pela proposta, a dívida da usina que pertence aos dois países (Brasil e Paraguai) de U$ 19,6 bilhões seria dividida entre os Tesouros dos dois países, mas o Brasil teria que arcar com a maior parcela - os R$ 19 bilhões - enquanto o Paraguai pagaria U$ 600 milhões.

Porque o Lullalá não embrulha Itaipu em papel de presente de uma vez e dá para o Lugo como de presente de Natal?

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #108 Online: 12 de Dezembro de 2008, 22:04:04 »
A cumpanherada quer dar um calote muito maior que os 5 bilhões:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u478782.shtml

Equador decreta moratória de US$ 30,6 milhões da dívida externa

O presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou nesta sexta-feira que seu país não vai pagar débitos da dívida externa que vencem na próxima segunda-feira, cerca de US$ 30,6 milhões (cerca de R$ 73,4 milhões).

Correa afirmou ainda que planeja apresentar um plano para reestruturar o pagamento da dívida externa de uma maneira que considera legítima. Ontem, o mandatário equatoriano já havia ameaçado suspender os pagamentos de sua dívida externa, a terceira moratória em 14 anos.

Segundo ele, uma auditoria do governo equatoriano mostrou que US$ 3,8 bilhões em títulos da dívida externa (os chamados "Global bonds") apresentam indícios de ilegalidade e ilegitimidade em sua renegociação.

Os "Global bonds" equivalem a 39% do total da dívida pública externa equatoriana, que em outubro chegou a US$ 9,937 bilhões --o equivalente a 19% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, segundo o Banco Central.



Offline Fabi

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #109 Online: 12 de Dezembro de 2008, 22:44:19 »
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #110 Online: 12 de Dezembro de 2008, 22:48:50 »
Muito boa :lol:

Dá vontade de mandar o jagunço receber mesmo, agora virou moda dar calote.

Offline JJ

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #111 Online: 13 de Dezembro de 2008, 21:50:52 »
A perigosa diplomacia das empreiteiras

Elio Gaspari

A briga do governo do Equador é com a Odebrecht, não com o Estado brasileiro

A TRANSFORMAÇÃO de um litígio comercial do governo do Equador com a construtora Odebrecht numa crise diplomática com o Brasil expõe os riscos da privatização do Itamaraty.

A briga relaciona-se com a construção da hidrelétrica de San Francisco, responsável pela produção de 12% da energia consumida pelo Equador. Um pedaço da usina desabou, seu funcionamento foi temporariamente interrompido e a construtora foi expulsa do país. Houve lances de truculência do companheiro-presidente Rafael Correa e há um debate técnico em torno da encrenca. A Odebrecht sustenta que o desabamento foi provocado pela erupção de um vulcão próximo. Como ela está no consórcio Via Amarela, o da cratera do metrô de São Paulo, e a tragédia foi atribuída ao movimento de uma rocha de 15 mil toneladas, tudo é possível. Até mesmo que a empreiteira esteja perseguida por uma urucubaca geológica.

Em setembro, quando começou o litígio, a ministra Dilma Rousseff colocou as coisas no seu lugar, circunscrevendo-o às relações da Odebrecht com o governo equatoriano. O BNDES respaldou financeiramente a obra com empréstimo de US$ 243 milhões, mas isso não pode significar que o Equador esteja condenado a quitar com dinheiro de primeira uma mercadoria de segunda.

Nosso Guia aborreceu-se porque o presidente Rafael Correa recorreu à Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional para discutir a fatura da empreiteira. Pois foi exatamente a essa instância que o consórcio Via Amarela aceitou submeter um litígio com o Metrô de São Paulo. O que vale para o Metrô não vale para o Equador?

É comum que o Itamaraty seja colocado a reboque das empreiteiras. Quando isso acontece, o governo brasileiro sai emprestando dinheiro pelo Terceiro Mundo afora, toma calotes e deixa para a nova administração a tarefa de esquecer dívidas. Nosso Guia já perdoou cerca de US$ 1 bilhão de compromissos de Nigéria, Congo, Gabão e outras cleptocracias africanas. Tudo em nome de novas obras e de futuros calotes, bem como de alianças que acabam em traições, como no caso do apoio à pretensão brasileira de entrar para o Conselho de Segurança da ONU.

A diplomacia das empreiteiras fez coisas do arco da velha no Iraque. Basta dizer que em certa ocasião o próprio Saddam Hussein reclamou de um empresário paulista que lhe oferecia material para construir uma bomba atômica. A aventura iraquiana levou à bancarrota uma das maiores construtoras do país, a Mendes Junior. Em 1980 a Odebrecht meteu-se num tortuoso fornecimento da hidrelétrica chilena de Colbun-Machicura. Nesse episódio alguns amigos do general Pinochet perderam suas esperanças graças ao desassombro do embaixador do Brasil em Santiago, Raul de Vincenzi. Ele narrou a armação num telegrama ao Itamaraty e detonou a trama.

A agenda dos empresários é uma coisa e a política externa de um país é outra coisa. Quando as empresas arrastam a diplomacia, reescreve-se a crônica de desastres das donatarias americanas na América Latina durante o século passado. No início do governo de Lula os americanos da concessionária de energia AES encrencaram-se com uma dívida de US$ 1,2 bilhão com o BNDES. Em vez de enrolar o litígio nas bandeiras dos dois países, diplomatas, companheiros e empresários acertaram um perdão dos juros do calote (US$ 193 milhões). Graças ao trabalho dos profissionais, George Bush e Nosso Guia tornaram-se amigos de infância.


Fonte: FSP, 26/11/2008



Concordo com a análise.


Uma empresa  faz um serviço mal feito  e o cliente tem que engolir calado ?????????     :x    :x



.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #112 Online: 13 de Dezembro de 2008, 21:54:46 »
E qual é a desculpa para dar um calote agora?

Acabou de decretar uma moratória nas dividas afirmando que  existem irregularidades nela, mas até agora não falou em colocar na cadeia os membros do antigo governo que fizeram a divida?

Skorpios

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #113 Online: 15 de Dezembro de 2008, 07:41:54 »
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O Calote de Itaipu      
Por Defesa Brasil   
14 de Dezembro de 2008

O presidente Fernando Lugo, do Paraguai, não é, à diferença dos presidentes Evo Morales, da Bolívia, e Rafael Correa, do Equador, um títere do caudilho venezuelano Hugo Chávez. "A construção de nossa democracia não tem nem terá a supervisão ou a tutela de nenhum país do mundo", disse essa semana, em resposta a insinuações de que estaria atrelado a Chávez. Mas Fernando Lugo é um líder populista que se elegeu prometendo acabar com a corrupção sexagenária do Partido Colorado e unir a nação, dividida por profundas desigualdades econômicas e sociais. Diz e repete que, para alcançar esse último objetivo, não promoverá a luta de classes, como têm feito os seus vizinhos bolivarianos. Mas não hesita, desde que se candidatou, em promover a união nacional em torno da denúncia da dívida externa "espúria" e da renegociação do Tratado de Itaipu. E nisso se identifica amplamente com seus vizinhos bolivarianos.

Essa semana, o engenheiro Ricardo Canese, coordenador da comissão negociadora das reivindicações paraguaias, apresentou a sua versão da revisão do Tratado de Itaipu, baseada em seis pontos. Os dois pontos principais são inaceitáveis para o Brasil e provocaram a reação imediata do chanceler Celso Amorim, que classificou as reivindicações paraguaias como "demandas irrealistas".

O funcionário paraguaio propôs, em nome de seu governo, a extinção da dívida contraída pela Itaipu Binacional para financiar a construção da usina, hoje em torno de US$ 19,6 bilhões. Como o Paraguai não dispunha de recursos para o financiamento dos 50% do custo da obra que lhe competiam, o governo brasileiro arcou com todas as despesas. O ressarcimento se faz com parte do produto da venda compulsória para o Brasil da energia produzida por Itaipu que não é consumida pelo Paraguai. Entra aí o segundo ponto fundamental da proposta apresentada por Canese: acaba o mercado cativo e o Paraguai poderá vender o seu excedente de energia no mercado livre, para quem quiser. Para o Brasil, isso significaria que o financiamento de Itaipu não mais teria garantias reais e firmes.

Mas o mais ominoso é que a dívida da Itaipu Binacional, de US$ 19,6 bilhões, seria transferida para os Tesouros do Brasil e do Paraguai, segundo uma fórmula extremamente criativa. Por ela, o Tesouro brasileiro arcaria com US$ 19 bilhões e o paraguaio, com US$ 600 milhões, sendo esse cálculo baseado no consumo de energia dos dois países - 97% pelo Brasil e 3% pelo Paraguai.

Trata-se, como se vê, de uma versão guarani do calote que o presidente do Equador tenta aplicar no BNDES: o país devedor fica com uma usina hidrelétrica - no caso de Itaipu, com 50% - a leite de pato.

Quando o presidente Evo Morales expropriou as instalações da Petrobrás na Bolívia, advertimos que outros líderes populistas, pela leniência com que o governo Lula aceitou o esbulho, se sentiriam estimulados a repetir a dose. No caso do Equador, o Itamaraty reagiu à altura - mas não a tempo de evitar que a moda pegasse. O fato é que o Brasil está sendo tratado por esses líderes populistas - com quem o presidente Lula julgou ter afinidades políticas - como uma vítima fácil de calotes.

Não por outro motivo, o engenheiro Ricardo Canese citou, como argumento favorável para a aceitação por Brasília de sua proposta, "o fato de que o Brasil quer liderar a região em matéria de integração energética e para isso terá de optar por uma liderança que atenda aos interesses dos países menos desenvolvidos, a não ser que esteja disposto a pagar os custos políticos de uma liderança do tipo opressivo".

Escaldado pela experiência da Bolívia e do Equador, desta vez o chanceler Celso Amorim reagiu antes mesmo de tomar conhecimento oficial da proposta paraguaia. Ele foi taxativo: "Não, essa proposta não pode ser aceita. O Brasil não aceita o argumento do Paraguai de que a dívida de Itaipu é espúria nem concorda com a definição de que a venda da energia de Itaipu a terceiros países é uma questão de soberania do Paraguai." E completou, afirmando que "em primeiro lugar vem o interesse brasileiro e, em segundo lugar, o interesse brasileiro".

Na próxima terça-feira, na reunião de cúpula da Costa do Sauípe, o presidente Fernando Lugo deve apresentar a proposta ao presidente Lula. Esperamos que receba uma resposta negativa e peremptória.

Fonte: O Estado de São Paulo

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Offline Luis Dantas

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #114 Online: 15 de Dezembro de 2008, 08:53:30 »
Ah.  A dívida é basicamente toda brasileira, mas 50% de Itaipu são paraguais?  E se o Lula não aceitar isso, deve ser considerado "líder opressivo"?

Esse pessoal está falando sério?

Quero ver como o Lula lida com isso.  Está colhendo os frutos da própria demagogia.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Dodo

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #115 Online: 15 de Dezembro de 2008, 09:19:09 »
O tratado assinado em 1973 é claro:

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ARTIGO III
As altas Partes Contratantes criam, em igualdade de direitos e obrigações, uma entidade binacional denominada ITAIPU, com a finalidade de realizar o aproveitamento hidroelétrico a que se refere o artigo I.

Texto integral: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=121681

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Alfred E. Newman

Offline Pregador

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #116 Online: 15 de Dezembro de 2008, 10:09:40 »
Lula (ou o seu governo) é disparado um dos piores presidentes que já tivemos. O fato de ele ter apoio popular é irrelevante. Daqui algumas décadas só, quando lula estiver nos livros de história, terão consciência das grandes bobagens do seu governo que vão custar caro para as futuras gerações.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Pregador

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #117 Online: 15 de Dezembro de 2008, 10:12:57 »
A perigosa diplomacia das empreiteiras

Elio Gaspari

A briga do governo do Equador é com a Odebrecht, não com o Estado brasileiro

A TRANSFORMAÇÃO de um litígio comercial do governo do Equador com a construtora Odebrecht numa crise diplomática com o Brasil expõe os riscos da privatização do Itamaraty.

A briga relaciona-se com a construção da hidrelétrica de San Francisco, responsável pela produção de 12% da energia consumida pelo Equador. Um pedaço da usina desabou, seu funcionamento foi temporariamente interrompido e a construtora foi expulsa do país. Houve lances de truculência do companheiro-presidente Rafael Correa e há um debate técnico em torno da encrenca. A Odebrecht sustenta que o desabamento foi provocado pela erupção de um vulcão próximo. Como ela está no consórcio Via Amarela, o da cratera do metrô de São Paulo, e a tragédia foi atribuída ao movimento de uma rocha de 15 mil toneladas, tudo é possível. Até mesmo que a empreiteira esteja perseguida por uma urucubaca geológica.

Em setembro, quando começou o litígio, a ministra Dilma Rousseff colocou as coisas no seu lugar, circunscrevendo-o às relações da Odebrecht com o governo equatoriano. O BNDES respaldou financeiramente a obra com empréstimo de US$ 243 milhões, mas isso não pode significar que o Equador esteja condenado a quitar com dinheiro de primeira uma mercadoria de segunda.

Nosso Guia aborreceu-se porque o presidente Rafael Correa recorreu à Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional para discutir a fatura da empreiteira. Pois foi exatamente a essa instância que o consórcio Via Amarela aceitou submeter um litígio com o Metrô de São Paulo. O que vale para o Metrô não vale para o Equador?

É comum que o Itamaraty seja colocado a reboque das empreiteiras. Quando isso acontece, o governo brasileiro sai emprestando dinheiro pelo Terceiro Mundo afora, toma calotes e deixa para a nova administração a tarefa de esquecer dívidas. Nosso Guia já perdoou cerca de US$ 1 bilhão de compromissos de Nigéria, Congo, Gabão e outras cleptocracias africanas. Tudo em nome de novas obras e de futuros calotes, bem como de alianças que acabam em traições, como no caso do apoio à pretensão brasileira de entrar para o Conselho de Segurança da ONU.

A diplomacia das empreiteiras fez coisas do arco da velha no Iraque. Basta dizer que em certa ocasião o próprio Saddam Hussein reclamou de um empresário paulista que lhe oferecia material para construir uma bomba atômica. A aventura iraquiana levou à bancarrota uma das maiores construtoras do país, a Mendes Junior. Em 1980 a Odebrecht meteu-se num tortuoso fornecimento da hidrelétrica chilena de Colbun-Machicura. Nesse episódio alguns amigos do general Pinochet perderam suas esperanças graças ao desassombro do embaixador do Brasil em Santiago, Raul de Vincenzi. Ele narrou a armação num telegrama ao Itamaraty e detonou a trama.

A agenda dos empresários é uma coisa e a política externa de um país é outra coisa. Quando as empresas arrastam a diplomacia, reescreve-se a crônica de desastres das donatarias americanas na América Latina durante o século passado. No início do governo de Lula os americanos da concessionária de energia AES encrencaram-se com uma dívida de US$ 1,2 bilhão com o BNDES. Em vez de enrolar o litígio nas bandeiras dos dois países, diplomatas, companheiros e empresários acertaram um perdão dos juros do calote (US$ 193 milhões). Graças ao trabalho dos profissionais, George Bush e Nosso Guia tornaram-se amigos de infância.


Fonte: FSP, 26/11/2008



Concordo com a análise.


Uma empresa  faz um serviço mal feito  e o cliente tem que engolir calado ?????????     :x    :x

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Suspiro...
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #118 Online: 15 de Dezembro de 2008, 12:20:21 »
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Concordo com a análise.


Uma empresa  faz um serviço mal feito  e o cliente tem que engolir calado ?????????     Mad    Mad


Mas claro...levaram alguns anos construindo uma hidrelétrica que nunca foi visitada por nenhum técnico do governo durante as obras e ingenuamente foram pegos de surpresa com a má qualidade  da construção.

Ninguém sabia de nada nem levou bola por baixo do balcão de negócios sabendo que era falcatrua.

O cumpanheru tb não sabia de nada tal qual o Lullalá nunca sabe de nada.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #119 Online: 15 de Dezembro de 2008, 12:22:26 »
Ah.  A dívida é basicamente toda brasileira, mas 50% de Itaipu são paraguais?  E se o Lula não aceitar isso, deve ser considerado "líder opressivo"?

Esse pessoal está falando sério?

Quero ver como o Lula lida com isso.  Está colhendo os frutos da própria demagogia.
Lula (ou o seu governo) é disparado um dos piores presidentes que já tivemos. O fato de ele ter apoio popular é irrelevante. Daqui algumas décadas só, quando lula estiver nos livros de história, terão consciência das grandes bobagens do seu governo que vão custar caro para as futuras gerações.

Entenderam a minha bronca com esse bêbado?

Offline Luiz Souto

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #120 Online: 27 de Dezembro de 2008, 09:02:42 »
O Equador, entre a crise e a integração continental *
 
por: Francisco Carlos Teixeira Da Silva,
Professor Titular de História Contemporânea/UFRJ

Após os episódios envolvendo o Estado equatoriano e empresas brasileiras (Petrobrás, Odebrecht, BNDES) a opinião pública no Brasil ficou com a impressão de que o novo caso somou-se ao contencioso entre Bolívia e Petrobrás e, no horizonte, com o mal-estar gerado pelas criticas da imprensa nacionalista paraguaia contra o Brasil. Neste cenário muitos se perguntam se a idéia de integração regional é, afinal, um bom negócio para os brasileiros.


Dada a sábia diversificação da pauta de negócios do país, ampliada fortemente nos últimos anos, o Brasil possui várias opções de comércio exterior, de investimentos e para a internacionalização de suas empresas. A proposta de uma integração sul-americana está ancorada num projeto maior, de larga duração, de construção de bases sólidas para a projeção internacional do país.

A maré nacionalista e estatizante que avança em países como Venezuela, Bolívia, e Equador não é, por si só, impeditiva a tal projeto. Vejamos: o comércio exterior brasileiro possui nos países da ALADI, o seu segundo destino (depois da União Européia) representando (entre janeiro e setembro de 2008) US$ 32,763 bilhões, enquanto os EUA aparecem em quarto lugar, com US$ 21,506 bilhões. Quando separamos a ALADI do MERCOSUL, este aparece, sozinho, como nosso quinto parceiro comercial, com um volume de comércio de US$ 17 bilhões. Temos saldo favorável com todos no bloco: Argentina, US$ 4 bilhões; Paraguai, US$1,1 bilhão; Uruguai, US$ 500 milhões. Com os países associados o quadro é o mesmo: com a Bolívia temos um saldo de US$ 750 milhões; Chile, US$ 800 milhões; Equador, cerca de US$ 632 milhões e com a Venezuela nosso saldo é de US$ 4,378 milhões. Ora, a acusação de “ideologismos” na pauta de relações exteriores do país é, diante deste quadro, muito difícil de sustentar.

Tais saldos comerciais são geradores de emprego, renda e de absorção de tecnologia no Brasil. Politizar o comércio exterior do Brasil, transformando-o numa batalha ideológica, é um grande equívoco.

É claro, também, que temos problemas. Certos parceiros sofrem uma imensa fragilidade de marcos regulatórios mínimos para investimentos. A Bolívia mal consegue definir o futuro de sua Constituição. O governo do Equador acredita que contratos comerciais podem ser regidos a manu militari.

Com a crise financeira mundial a América do Sul estará perante uma encruzilhada histórica. Ou aprofunda a integração continental, ou tornar-se-á um palco (e secundário) para as disputas das grandes potências. Caso a crise do mercado americano seja muito profunda e as compras do país despenquem, poderíamos ver uma China conjunturalmente ainda mais agressiva em mercados substitutos, em especial na África e na America Latina. Esbarraríamos, então, na concorrência chinesa muito mais ativa e dura em mercados terceiros de interesse do Brasil. Assim, cabe desde logo aprofundar acordos bilaterais e ampliar o MERCOSUL.

Além disso, a crise fará com que alguns países sul-americanos, altamente dependentes de commodities agrícolas e minerais em fase aguda desvalorização no mercado mundial, tenham dificuldades em cumprir uma agenda social intensa.

É neste cenário que caberia aos países como o Equador, por exemplo, considerar a efetivação de seus compromissos de progresso social e de integração continental. Utilizar, em face de qualquer crise interna, o nacionalismo panfletário como forma de manipular o movimento social é um cheque atualmente sem fundos.

Aos poucos um crescente número de formadores de opinião da sociedade brasileira sente-se saturado por ver símbolos de orgulho nacional arrastados para o interior de disputas domésticas de nossos vizinhos. É hora de nossos irmãos no continente entenderem melhor a realidade interna brasileira, avaliarem o ânimo de nossa opinião pública e o risco do Brasil voltar-se para regiões que ofereçam a garantia de um marco regulatório mínimo. Temos compreendido as particularidades e interesses de nossos vizinhos para poder avançar com a integração sul-americana. Cabe agora aos nossos parceiros agir de maneira recíproca.
 
* Publicado no jornal  "O Globo" do dia 21/11/2008, sob o titulo "Governantes panfletários"


Confusão Equatoriana *
 
por: Daniel Santiago Chaves
 
Levando-se em conta a ameaça equatoriana de não honrar o crédito contratado junto ao BNDES, é necessário esclarecer que o fato vai além de relações diplomáticas e comerciais entre os dois países. A decisão põe em xeque o Convênio de Créditos e Pagamentos Recíprocos (CCR), fundamental para o comércio exterior dos países da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), principalmente em tempos de escassez de crédito internacional.
 
Através do convênio, os bancos centrais dos doze países (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai, Venezuela) se comprometem a aceitar, irrevogavelmente, débitos de importação e exportação que são compensados multilateralmente.

Como exemplo, se o Brasil importa US$ 100 milhões da Argentina e exporta US$ 90 milhões e, em seguida, importa US$ 50 milhões do Chile e exporta US$ 70 milhões e, ainda simultaneamente a Argentina importa US$ 70 milhões e exporta US$ 60 milhões para o Chile, após a compensação o Brasil receberá US$ 10 milhões do Chile. De US$ 440 milhões, há transferência de somente US$ 10 milhões, o que nivela as condições de competição com os países desenvolvidos e estimula o comércio intrabloco de produtos e serviços de maior valor agregado, cujo maior provedor é o Brasil. 

No setor de infra-estrutura, as construtoras oferecem aos países crédito à exportação para disputar os contratos. No Brasil, os recursos são oriundos do BNDES e do Banco do Brasil/Proex, desembolsados em Reais e destinados exclusivamente a remunerar o que é exportado (mão-de-obra, equipamentos, materiais de construção e tecnologia brasileiros). A aplicação depende da capacidade de endividamento do importador, que terá seu balanço afetado pela dívida e, posteriormente, que devolver integralmente os recursos ao Brasil em Dólares Americanos acrescidos de juros.

O Seguro de Crédito à Exportação (SCE), com participação do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), pode ser contratado pelo importador, pelo exportador ou mesmo pelo financiador para cobrir uma série de riscos comerciais e políticos, o que garante que o Banco Central brasileiro não seja afetado.

Não honrar os compromissos com o BNDES significa que o Equador ficaria inadimplente com os 12 países que fazem parte da Aladi. E como está na posição de credor, deixaria de receber os créditos a que tem direito.  Mais ainda: significaria a implosão do CCR, o que é particularmente dramático em um período de restrição ao crédito internacional, queda dos preços do barril de petróleo e estreitamento das divisas remetidas pelos que migraram para os países desenvolvidos. A conclusão do imbróglio – espera-se que principalmente para os equatorianos, que tendem a ficar isolados no âmbito da Aladi caso insistam em comprometer o funcionamento de um mecanismo regional estratégico – é a de que o CCR precisa ser fortalecido nos tempos difíceis que se avizinham.
 

* Daniel Santiago Chaves é pesquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Artigo publicado no Jornal "O Globo" de 06/12/2008.
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Skorpios

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #121 Online: 01 de Janeiro de 2009, 11:30:05 »
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Equador paga parcela de dívida com o BNDES     
Por Defesa Brasil   
31 de Dezembro de 2008

QUITO - O governo do Equador pagou nesta segunda-feira (29/12) uma parcela de US$ 28,1 milhões ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com o qual mantém uma disputa comercial em uma corte internacional, informou uma fonte do Banco Central equatoriano para a agência de notícias Efe.

O pagamento foi feito no último dia do prazo previsto para cobrir a parcela de juros e capital do crédito de US$ 286,8 milhões concedidos pelo BNDES ao Equador, cujo pagamento foi questionado por Quito.

O pagamento de juros ocorreu quatro dias depois de o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, afirmar em entrevista à Folha que a "crise" com o Equador foi superada e que o embaixador brasileiro, chamado a consultas há mais de um mês, "pode voltar" a Quito.

A relação entre Brasil e Equador foi estremecida há mais de um mês, desde que o Equador anunciou que recorreria a um tribunal internacional para definir a legalidade do empréstimo feito pelo Equador junto ao BNDES.

No final de novembro, o Equador entrou com uma ação na Câmara de Comércio Internacional de Paris para suspender os pagamentos da dívida de US$ 243 milhões. Essa dívida tem origem num empréstimo do BNDES, feito em 2000, à estatal equatoriana Hidropastaza S.A. para a construção da usina de San Francisco, no interior do país.

A Odebrecht era sócia da estatal, mas o governo equatoriano questiona os serviços prestados pela empreiteira brasileira. O Equador expulsou a empresa do país e recorreu à Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional por suspeitas de irregularidades no manejo do crédito por parte do BNDES.

Fonte: EFE, via Folha Online


http://defesabrasil.com/site//Noticias/Noticias/Equador-paga-parcela-de-divida-com-o-BNDES.html

Skorpios

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #122 Online: 28 de Janeiro de 2009, 18:33:42 »
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Brasil aceita pagar mais pelo direito de comprar o excedente de Itaipu     
Por Defesa Brasil   
27 de Janeiro de 2009

BRASÍLIA - O Brasil aceitou aumentar o valor pago pela cessão do direito do uso da energia excedente da usina hidrelétrica de Itaipu ao Paraguai, atualmente de US$ 100 milhões por ano. Como mostra reportagem de Mônica Tavares, na edição desta terça-feira, o valor final será ainda acertado, levando em consideração o menor impacto possível nas contas de luz dos brasileiros. A informação foi dada ao GLOBO por fontes que tiveram acesso à reunião entre os ministros brasileiros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Edison Lobão (Minas e Energia) e o chanceler paraguaio, Alejandro Hamed Franco - que liderou uma missão de seu país a Brasília.

As distribuidoras brasileiras de Sul, Sudeste e Centro-Oeste são obrigadas a comprar energia da hidrelétrica binacional, entre elas a Light e a Ampla. O Paraguai queria que o Brasil pagasse de US$ 600 milhões a US$ 800 milhões, valores descartados pelo chanceler Celso Amorim.

A taxa em negociação compensa a exclusividade que o Brasil tem sobre o excedente produzido, que não pode ser repassado a outros países.

Fonte: O Globo

http://defesabrasil.com/site//Noticias/Noticias/Brasil-aceita-pagar-mais-pelo-direito-de-comprar-o-excedente-de-Itaipu.html

Offline Ricardo RCB.

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #123 Online: 28 de Janeiro de 2009, 18:36:06 »
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Brasil aceita pagar mais pelo direito de comprar o excedente de Itaipu     
Por Defesa Brasil  
27 de Janeiro de 2009

BRASÍLIA - O Brasil aceitou aumentar o valor pago pela cessão do direito do uso da energia excedente da usina hidrelétrica de Itaipu ao Paraguai, atualmente de US$ 100 milhões por ano. Como mostra reportagem de Mônica Tavares, na edição desta terça-feira, o valor final será ainda acertado, levando em consideração o menor impacto possível nas contas de luz dos brasileiros. A informação foi dada ao GLOBO por fontes que tiveram acesso à reunião entre os ministros brasileiros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Edison Lobão (Minas e Energia) e o chanceler paraguaio, Alejandro Hamed Franco - que liderou uma missão de seu país a Brasília.

As distribuidoras brasileiras de Sul, Sudeste e Centro-Oeste são obrigadas a comprar energia da hidrelétrica binacional, entre elas a Light e a Ampla. O Paraguai queria que o Brasil pagasse de US$ 600 milhões a US$ 800 milhões, valores descartados pelo chanceler Celso Amorim.

A taxa em negociação compensa a exclusividade que o Brasil tem sobre o excedente produzido, que não pode ser repassado a outros países.

Fonte: O Globo

http://defesabrasil.com/site//Noticias/Noticias/Brasil-aceita-pagar-mais-pelo-direito-de-comprar-o-excedente-de-Itaipu.html

Se for confirmado (não conheço o site, não sei se é confiável), é apenas normal e esperado.

Edit: Acabei de ver que o site cita O Globo como fonte, é, pelo jeito resta saber apenas o valor novo.

Cumprir contratos para quê?
« Última modificação: 28 de Janeiro de 2009, 18:39:58 por Ricardo RCB. »
“The only place where success comes before work is in the dictionary.”

Donald Kendall

Offline Mr. Mustard

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Re: Cumpanherada quer dar calote de 5 bilhões
« Resposta #124 Online: 06 de Fevereiro de 2009, 16:23:10 »
Qual o problema em dar calotes? Se o BNDES emprestou, deveria conhecer o risco. Não é assim em nossas vidas? Já ouviram falar em Credit Score? Pois é, agora não adianta. Qualquer dia desses o Brasil será pago. É só esperar. Não acredito que tais países faltarão com seus compromissos. No entanto, se o Brasil perdoar a dívida, então é outra história... Aí entra a política... Difícil de discutir.

 

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