31 de Dezembro de 2008
Força desproporcionadapor O-Lidador at 14:31
A propósito de Gaza, ouve-se outra vez a lengalenga da "força desproporcionada" ou "excessiva", para qualificar a reacção israelita ao contínuo foguetório islâmico.
Quem a entoa é a esquerda moderna "anti-sionista" acompanhada à viola pela direita "antisemita", ao toque de caixa dos aiatolas e da rua islâmica, que não podem deixar de se maravilhar pela facilidade com que conseguem fazer dançar em elaboradas coreografias, récuas de génios do "pensamento", como o Dr Miguel Portas, o Daniel Oliveira , o Carlos Vidal, o Nuno Ramos de Almeida, e outros notáveis do nosso rectângulo.
Trata-se de gente de paz, embora o seu entranhado amor pela paz tenha fases.
Por exemplo, não lhes encheu o coração quando de Gaza eram lançados foguetes e bombistas contra Israel, mas irrompe, incontível e solidário, quando os israelitas vão atrás dos autores do foguetório.
É nestas alturas de irreprimível amor, que eles fazem petições, manifestações, abaixo-assinados e piedosos apelos à paz , com lacrimosas referências às vítimas inocentes que são, evidentemente, os civis palestinianos, à mercê da tal força desproporcionada e do terrorismo de estado.
Como nenhum dos garbosos defensores da paz achou até agora necessário clarificar o que entende por força proporcionada, fica no ar a vaga suspeita de que a proporção correcta é apenas aquela que cada um deles tem na respeitável cabeça que, já de si, não parece ser grande coisa.
Ora apesar da força desproporcionada, o Hamas tem continuado a lançar os seus foguetes, business as usual.
Sobre civis que, como são judeus, não são civis, muito menos inocentes e jamais merecerão petições pela paz e postes inflamados nos blogues do costume.
As mentes mais cépticas incapazes de ver o contexto sob a luz diafána da "resistência", teimam em não acreditar que a mera ausência de resposta israelita faça derreter em pleno ar os foguetes islâmicos.
Os amantes da paz, pelo contrário, parecem achar que se Israel assobiar para o ar e fizer de conta que os foguetes não estão a chover do ar (para cima de 5000, desde que Israel retirou de Gaza), a coisa se resolve, especialmente se acompanhada por uma temível petição pela paz, que aliás não deve tardar.
Trata-se, no fim de contas, de proteger os civis inocentes evitando punições colectivas.
Claro que o facto de o Hamas ser composto por civis, lançar os seus foguetes de zonas civis, instalar os seus combatentes em casas civis, e lançar os seus projécteis única e exclusivamente contra civis (para não desperdiçar explosivo que está caro, culpa do bloqueio sionista) , é irrelevante.
E nada de julgamentos, por favor, deixemo-nos de arrogâncias ocidentais.
Abrigar-se atrás dos filhos e mulheres, fazendo manguitos ao inimigo, parece ser uma respeitável tradição islâmica que não nos compete julgar, mas sim respeitar. Ora uma vez que toda a gente, incluindo a manada, sabe que os terroristas praticam esta respeitável tradição, qual será então a força proporcionada que os génios da paz, autorizam Israel a levar a cabo?
Não há ainda estudos rigorosos sobre o tema, mas acredita-se que uma táctica proporcionada seria Israel deslocar para a fronteira alguns actores (e actores judeus há muitos e bons) que responderiam a cada foguete mostrando a língua e dizendo "nha nha nha nha nha ".
Haveria, é claro, que evitar a escalada, controlando rigorosamente as represálias, para que nenhum criminoso sionista se lembrasse de, por exemplo, responder a um Grad com uma língua desproporcionada ou berrando mais um ou dois "nha".
Isso sim, seria injusto e claramente desproporcionado, senão mesmo uma "punição colectiva" que justificaria mais uma enérgica petição pela paz.
http://o-lidador.blogspot.com/2008/12/fora-desproporcionada.html