Ricardo:
A guerra de Israel é uma guerra de agressão e não uma mera resposta aos foguetes palestinos , foguetes estes que são uma resposta ao bloqueio israelense à Gaza desde a vitória do Hamas. O mesmo Hamas que ,irônicamente ,teve seu surgimento em 1987 saudado por Israel por achar que seria um adversário do Al Fatah que reduziria a influência deste ( antes que diga que estou delirando cito a fonte):
Bloqueio israelense que tem, na minha opinião, toda a razão de ser. O Hamas defendeu e defende a destruição do estado de Israel, logo não vejo porque Israel deveria facilitar a vida daqueles que querem sua destruição. Se o Hamas aceitasse a existência de Israel, e concordasse em constituir um Estado Palestino, respeitando o direito do vizinho existir, será que o bloqueio iria existir? Não sei, mas acho que a chance do bloqueio ser suspenso seria bem maior.
1987? Sim, saudou e eu pergunto e daí? A Fatah, hoje em dia, é menos radical do que era 21 anos atrás, mais laica do que o Hamas (salvo engano) e mais disposta a negociar. Só porque Israel fez algo em 1987 não pode mudar de idéia?
Numa época em que Israel bombardeia Gaza para tentar esmagar o Hamas , vale a pena lembrar que o própio Israel ajudou a alimentar essa organização islâmica.
Quando o Hamas foi fundado em 1987, Israel estava muito preocupado com o movimento do Fatah de Yasser Arafat e achou que uma organização palestina religiosa ajudaria a minar o Fatah.
Israel calculou que todos aqueles fundamentalistas muçulmanos passariam o tempo todo rezando nas mesquitas.Então , o país foi linha-dura com o Fatah e permitiu que o Hamas se transformasse numa força contra-revolucionária.
...
Nicholas D.Kristof , no New York Times. http://www.nytimes.com/2009/01/08/opinion/08kristof.html?_r=1
Foi um erro de Israel, falta de visão. Por ter ajudado o Hamas, agora eles tem que permitir que o Hamas faça o que bem entender? Israel errou, e agora paga o preço dos erros, na forma de milhares de foguetes na cabeça. Imagino que sem o bloqueio, misseis de alcance maior e armas com mais capacidade de destruição já fariam parte do arsenal do Hamas.
Ah , sim. Você dirá: só porque deu no NYT é verdade? Nem o NYT nem a ONU tem o monopólio da verdade ,é certo, mas tem algo muito importante: uma reputação a zelar. Nem o NYT nem a ONU costumam permitir que seus colunistas e funcionários escrevam e declarem o que bem quiserem , sem compromisso com a verdade dos fatos. Nem o NYT é o Diário de Cabrobó , nem a ONU é uma ONG qualquer...
Ah claro. Lembra daquele funcionário da ONU que veio visitar o Brasil e falar a respeito da questão das terras indígenas? Ele só falou a "verdade".
Outra coisa, a guerra na mídia está perdida para Israel, não é tão improvável que a ONU escolha se posicionar de modo a manter sua reputação, ou seja, seguir o que boa parte da mídia mundial escolheu. Não é uma questão de conspiração, mas sim de pragmatismo. Tem uma reputação a zelar e não vai arriscar ter o nome sujo ao ficar do lado de Israel. É uma possibilidade, plausível.
Outra possibilidade, o funcionário da ONU só ouviu o lado palestino e não o israelense (eles costumam fazer isso, como no caso da questão indígena brasileira).
Duas possibilidades para mostrar que é perfeitamente plausível que a ONU tenha errado no posicionamento. Errou? Depende de cada um. Para mim errou, aliás para mim, seria melhor se aquela ONG superdimensionada fosse extinta.
Israel não tem , nem nunca teve , a intenção de permitir um Estado Palestino porque para eles todo aquele território é a ressureição do seu Estado desaparecido , a terra dos patriarcas , e aqueles árabes são meros invasores sem direito à sua terra , não importa que já estejam lá há séculos.
Ah claro, isso aqui é ficção:
12 de setembro, 2005 - 16h06 GMT (13h06 Brasília)
Palestinos comemoram devolução israelense de Gaza
Milhares de palestinos se dirigiram para áreas abandonadas de assentamentos judaicos na Faixa de Gaza nesta segunda-feira assim que as forças israelenses se retiraram da região, encerrando 38 anos de ocupação militar.
Algumas sinagogas vazias foram incendiadas. O governo israelense decidira deixar as mais de 20 sinagogas de Gaza intactas, apesar das preocupações da Autoridade Palestina de que não poderia protegê-las.
Houve cenas caóticas quando a multidão comemorou a saída dos soldados israelenses na cidade de Rafah, na froneira entre o sul de Gaza e o Egito.
Há notícia de que um palestino foi morto a tiros por guardas egípcios.
O líder palestino, Mahmoud Abbas, disse que esse é um dia "histórico e cheio de alegria" para seu povo.
No entanto, ele disse à BBC que muitas questões ainda precisam ser resolvidas, incluindo a insistência de Israel em decidir quem pode entrar e sair, controlar o espaço aéreo e as águas na costa da Faixa de Gaza.
Segundo Abbas, a Faixa de Gaza não deve ser simplesmente "uma grande prisão para seu povo" como resultado dessas restrições.
Último soldado
Muitos palestinos simplesmente beijaram o chão da Faixa de Gaza quando entraram na área nesta segunda-feira.
Integrantes do grupo militante Hamas desfilaram pelos assentamentos, carregando bandeiras, enquanto alguns subiram até as torres de vigia militar, agora abandonadas.
"Eles destruíram nossas casas e nossas mesquitas, hoje é nossa vez de destruir as deles", disse à agência de notícias AFP um palestino no antigo assentamento de Morag.
Pouco depois do amanhecer desta segunda-feira, o comandante israelense em Gaza, general Aviv Kochavi, se tornou o último último soldado israelense a sair do território.
O portão do principal posto de fronteira foi trancado e a fronteira fechada com blocos de concreto.
fonte : http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2005/09/050912_gazalater.shtml
2005. Israel havia se retirado de Gaza, claro que foi apenas um movimento pensando já na guerra em 2009. Óbvio. O fato do Hamas ter assumido o controle tempos depois e suas (do Hamas) posições políticas não tiveram
NADA a ver com a manutenção do bloqueio, nem a postura de Israel em relação a Gaza.
Para Israel o conflito é religioso pois sua ocupação é justificada bíblicamente , enquanto que para os os palestinos é uma luta de libertação nacional.
Para o Hamas é um conflito religioso TAMBÉM. Eles pretendem criar um estado islâmico na região. Sem Israel, que deve ser destruído pelo Islã, como outros já foram (palavras do Hamas). Nesse aspecto, os dois lados, se for confirmado que o que move Israel é uma questão puramente religiosa(e não outras questões), estão errados. Mas não existe um lado malvado e um lado bonzinho na história.
Em toda a sua existência Israel não cumpriu nenhuma resolução da ONU para permitir aos palestinos a constituição de um Estado autônomo e contínuo , não saiu dos territórios tomados na Guerra dos 6 Dias (Resolução 242) , instalou colonos nos territórios ocupados ( contra a Convenção de Genebra e resoluções da ONU). Todas as sanções à Israel foram vetadas pelo voto dos EUA no Conselho de Segurança.
Não cumpriu as resoluções da ONU? Concordo que foi um erro.
As resoluções da ONU, se cumpridas, colocariam m risco a existência de Israel?
Não? Então não cumprir as resoluções foi um erro gigantesco.
Sim? Então não cumprir foi um erro menor e até necessário.
Não gosta que o governo americano seja citado como principal aliado e suporte de Israel? Sem problema , você é livre para reescrever a história sem ligar para os fatos ( desde que não se importe em que ela vire mera ficção).
O controle de Israel sobre os territórios ocupados ( pois Israel é uma força de ocupação) é feita de forma a inviabilizar qualquer forma de autonomia econômica ou social palestina , com o retalhamento do território , com barreiras policiais , com restrições à circulação da população e das mercadorias. O objetivo de Israel é não permitir nunca a criação de um Estado Palestino viável , não cumprir nunca a resolução que em 1947 determinou a criação de um estado judeu e um árabe.
Reescrever a história? Não obrigado. Deixo isso para aqueles que gostam de botar culpa em tudo nos americanus malditus. Esse pessoal tem uma ótima capacidade para reescrever história, tem gente que chega ao ponto de dizer que existe democracia em cuba, citada aqui apenas como exemplo do que é reescrever a história. Esse pessoal sim, sabe reescrever a história, mesmo pessoal que em grande parte embarcou na canoa palestina graças ao anti-americanismo padrão.
Uma coisa é dizer que :
Como o ataque do Líbano de 2006 , a agressão israelense se inscreve na guerra global permanente e preventiva dos estrategistas neoconservadores de Tel Aviv e , por alguns meses ainda , da Casa Branca.
Isso é afirmar que Israel é apenas um fantoche na guerra dos americanos. Isso é falso. A própria guerra atual contradiz isso.
Os americanos se posicionaram contra a guerra, ela veio em um momento ruim, pois o presidente americano eleito, por uma questão de ética, não pode se manifestar totalmente, em respeito ao presidente que ainda ocupa o cargo. Que está limitado em sua capacidade de agir, já que a política externa pode mudar em poucos dias.
Que os americanos apoiam Israel, não há dúvida. Que muitas vezes prejudicam outros países, permitindo até mortes com esse apoio, não há a menor dúvida. Mas Israel parece pensar por si mesmo. E não ser um fantoche americano.
A atual invasão da faixa de Gaza é uma forma de reforçar a auto confiança interna após a derrota frente ao Hezbollah em 2006 e garantir uma posição de força sobre os territórios , especialmente tendo em vista a mudança do governo americano. O que Israel vai conseguir é apenas reforçar o discurso dos grupos radicais islãmicos , já que solapou a secular Al Fatah e minou a confiança da população na Autoridade Nacional Palestina , que seria o caminho para um Estado laico.
Claro, o Hamas ter ASSASSINADO integrantes da Fatah, quando assumiu o poder não fez nada para diminuir a confiança da população na ANP e solapar a Fatah. Eu esqueci desse detalhe.
A população local deu poder ao Hamas, ao invés da Fatah, por eleições, o Fatah deu praticamente um golpe, matando membros da Fatah, mas a culpa da diminuição da influência da Fatah é de Israel. Óbvio e cristalino.
Boa parte da população local apóia o Hamas e seu extremismo, mas a culpa é de Israel. E por ter saudado o surgimento do Hamas em 1987, tem que suportar tudo o que o Hamas fizer. Óbvio.
O projeto sionista completa 60 anos da criação de um Estado que só teria paz se conseguisse que os palestinos não existissem , os sionistas acharam que tratá-los como não existentes funcionaria. Mas a idéia da Palestina é hoje , após seis décadas , mais universal entre os palestinos do que a idéia da recriação de Israel nunca o foi para o judaísmo. Os palestinos não sairão , os sionistas não poderão expulsá-los. O projeto sionista é a guerra sem fim.
Provavelmente sim, é uma região que nunca será pacificada. Não enquanto existirem radicais dos DOIS lados e não apenas de um lado, como muita gente gosta de dizer.
Se os palestinos e israelenses concordarem em cada um ter seu estado, e que o outro tenha o direito de existir, poderia haver paz sim e dois estados. Não vai acontecer, graças aos radicais dos DOIS lados. Não de um lado só como seu texto dá a entender.
E sobre isso aqui :
O projeto sionista completa 60 anos da criação de um Estado que só teria paz se conseguisse que os palestinos não existissem (...) O projeto sionista é a guerra sem fim.
Logo ou os palestinos deixam de existir ou Israel deixa de existir. Não é tão simples assim, felizmente.
Desculpe, mas eu acho que Israel tem o direito SIM de existir, e pode co-existir com um estado palestino, não será fácil, a questão não é APENAS religiosa, pelo menos não do lado israelense. Então, diferente de você, eu sou a favor da existência de Israel. E de um estado palestino.