Autor Tópico: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza  (Lida 29909 vezes)

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Offline Fernando Silva

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #125 Online: 11 de Janeiro de 2009, 11:11:56 »
Israel não tem , nem nunca teve , a intenção de permitir um Estado Palestino porque para eles todo aquele território é a ressureição do seu Estado desaparecido , a terra dos patriarcas , e aqueles árabes são meros invasores sem direito à sua terra  , não importa que já estejam lá há séculos.
Para Israel o conflito é religioso pois sua ocupação é justificada bíblicamente , enquanto que para os os palestinos é uma luta de libertação nacional.
Quando a ONU, em 1948, definiu um território para Israel e outro para os palestinos, os países árabes disseram logo que não iriam aceitar.
Os judeus do mundo inteiro foram para lá e ocuparam a parte que lhes cabia, mas os palestinos não tinham organização nem meios para tal. Continuaram sem terra e não foi por culpa de Israel.

Na verdade, se não fosse pela criação de Israel, os palestinos até hoje continuariam sendo os párias do mundo árabe. O estado palestino, de certa forma, existe graças a Israel.

E eu me pergunto que opções tem Israel diante de um inimigo que só aceita uma condição: que Israel seja destruída. A que acordo se pode chegar com um inimigo destes?

Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #126 Online: 11 de Janeiro de 2009, 11:14:06 »
Quem afirmou que o projeto sionista é uma guerra sem fim foi você, Luiz Souto, não eu.

Quem afirmou "O projeto sionista completa 60 anos da criação de um Estado que só teria paz se conseguisse que os palestinos não existissem" foi você, não eu.

Para mim isso soa como ser favorável ao fim do estado israelense, entendi errado? Paciência, seja mais claro da próxima vez.

Outra coisa, voltar a fronteira pré-1967. Boa idéia?  Vamos ver.

O Hamas vai concordar com isso ou vai continuar defendendo a destruição do estado de Israel?

Porque se o Hamas não concordar, desculpe, mas pode voltar a qualquer posição de fronteira, os ataques e as guerras vão continuar.

E o meu ponto é esse. Um lado é o do estado com o direito de existir E se defender. E outro lado tem um grupo que quer ter um estado próprio (concordo com isso) e defende a destruição do outro estado (discordo veementemente). E depois é o projeto sionista que é uma guerra sem fim.

E depois você vem dizer que eu gosto de reescrever a história?

Eu acho que os dois lados cometem erros graves na situação toda, não existem mocinhos e bandidos ali. Mas um lado erra menos do que o outro.

Sobre a desocupação de Gaza, sim, eu vejo como um sinal de boa vontade sim. Não se desloca tanta gente assim só para "jogar para a galera".

Sobre o memorando debray, estou lendo e pesquisando a respeito. Mas adianto, papel aceita qualquer coisa. Mas volto amanhã com o que encontrar a respeito dele. Não vou ler apenas uma fonte, eu tenho um problema em duvidar de informações contidas em apenas uma fonte, principalmente quando eu não conheço se é uma fonte imparcial ou não.
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Donald Kendall

Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #127 Online: 11 de Janeiro de 2009, 11:15:50 »
E não acho que seja correto classificar as cartas enviadas como cartinhas de amor. Foram um aviso, algo bem diferente de cartinha de amor. A população civil foi avisada que o Hamas é o alvo, se a população civil optou por ficar, algum motivo deve ter. E foi a mesma população que escolheu o Hamas. Que sempre defendeu a destruição de Israel.
O problema de Israel avisar quais serão os alvos é que o Hamas leva correndo um monte de mulheres e crianças para o local. Com isto consegue "belas" manchetes no dia seguinte.

http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/10/e100118696.asp
Citar
Num incidente recente, a inteligência israelense soube que uma casa era usada para fabricar e armazenar mísseis. Foi um claro alvo militar desde que seus mísseis eram atirados nos civis israelenses.

A casa, no entanto, também abrigava uma família. Então, o Exército militar israelense ligou para a casa, informou o dono que era uma alvo militar, e deu a ele trinta minutos para sair com a família antes de a casa ser atacada. O dono ligou para o Hamas, que imediatamente enviou dezenas de mães com bebês nos colos para ficarem juntas no terraço da casa.

O Hamas sabia que Israel nunca abriria fogo contra uma casa com civis. Também sabiam que se, por obra do acaso, as autoridades israelenses não soubessem que havia civis na casa, e atirassem nela, o Hamas teria uma vitória em termos de relações públicas, mostrando os civis mortos para a mídia. Nesse caso, Israel tomou conhecimento de que havia civis e evitou o ataque.

Não Fernando, você está errado. O Hamas é composto apenas de gente boazinha e santa. Não existe gente capaz de fazer isso. Essa manchete ai é obra da conspiração mundial judaica. É óbvio isso.
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Donald Kendall

Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #128 Online: 11 de Janeiro de 2009, 11:22:14 »
Sobre Regis Debray, informa a wikipedia :

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Jules Régis Debray (born 1940) is a French intellectual, journalist, government official and professor. He is known for his theorization of mediology, a critical theory of the long-term transmission of cultural meaning in human society; and for having fought in 1967 with Marxist revolutionary Che Guevara in Bolivia.

Desculpe, mas isso já é um sinal claro, para mim, para duvidar da independência dele como fonte. Não gosto de gente que faz análises baseadas em marxismos e outros contos de fadas. Eu tenho o hábito de desconfiar de tudo o que um socialista escreve.

Mas eu volto depois, nesta mesma mensagem com mais informações sobre o "Memorando debray" e sobre o próprio. Para ver se ele pode ser julgado imparcial ou não, e se o que o memorando afirma pode ser verdade ou não, afinal eu posso estar errado e o Sr. Debray pode ter deixado os alucinógenos as teorias de contos de fadas.

Edit 1:

E eu li, bem por cima,  o Memorando Debray (nossa, como não acreditar em algo que soa assim, tão poderoso, tão forte, deve obviamente ser verdade).

Ele cita as ações de Israel que podem ser interpretadas como colonização, ainda mais por um socialista que adora ver colonização e imperialismo em todo lugar. Mas não é, a primeira vista, a única interpretação possível.

Uma coisa que não notei foram citações aos próprios atos de palestinos contra palestinos, que fragmentaram ainda mais a situação na região. Isso me chamou a atenção.

Não foram citados os assassinatos de membros da Fatah por integrantes do Hamas. Nem a destruição de patrimônio. Nem a posição extremista do Hamas.

Quem lê pensa que existe apenas um culpado nessa história toda. Israel. Existem dois culpados. Israel que cometeu e comete erros terríveis e a colonização de certos territórios é um deles. Mas o outro lado comete erros terríveis também. Como assassinar sua própria gente. Culpar TODA a instabilidade palestina em Israel é errado. Eles tem culpa sim, e nenhum dos lados é santo nessa história. Mas os israelenses não são o demônio que boa parte da esquerda adora pintar.

Mas quem sabe com uma leitura mais profunda o espírito santo não me ilumine eu não entenda a verdade.
« Última modificação: 11 de Janeiro de 2009, 12:41:29 por Ricardo RCB. »
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Donald Kendall

Offline Fabi

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #129 Online: 11 de Janeiro de 2009, 13:44:07 »
E eu me pergunto que opções tem Israel diante de um inimigo que só aceita uma condição: que Israel seja destruída. A que acordo se pode chegar com um inimigo destes?
Israel não tem nenhuma opção, não tem como chegar a um acordo.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #130 Online: 11 de Janeiro de 2009, 14:34:18 »
Em inglês, sobre a questão palestina :

http://www.globalpolitician.com/23271-palestine - Sobre a questão dos territórios ocupados, tamanho da ocupação e propaganda de certas pessoas.

http://www.globalpolitician.com/25376-israel-hamas-palestine-gaza Sobre o Hamas, Hezbollah, Irã. Para quem quiser conhecer outra visão da história.

Não que eu concorde inteiramente com tudo o que consta destes dois links.

Sobre o Memorando Debray (mal posso esperar pelo trailer, deve ser um filmão, com esse título): Especulação, não vi nada além de especulação, baseada em ações que foram feitas no passado.

Um ato, como a retirada de Gaza, vale menos do que especulação, na minha opinião.
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Donald Kendall

Offline Luiz Souto

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #131 Online: 11 de Janeiro de 2009, 14:46:16 »
Quem afirmou que o projeto sionista é uma guerra sem fim foi você, Luiz Souto, não eu.

Quem afirmou "O projeto sionista completa 60 anos da criação de um Estado que só teria paz se conseguisse que os palestinos não existissem" foi você, não eu.

Para mim isso soa como ser favorável ao fim do estado israelense, entendi errado? Paciência, seja mais claro da próxima vez.

Parafraseando o poeta: " Se meu post não deu certo , foi seu ouvido que entortou"

Outra coisa, voltar a fronteira pré-1967. Boa idéia?  Vamos ver.

O Hamas vai concordar com isso ou vai continuar defendendo a destruição do estado de Israel?

Porque se o Hamas não concordar, desculpe, mas pode voltar a qualquer posição de fronteira, os ataques e as guerras vão continuar.

E o meu ponto é esse. Um lado é o do estado com o direito de existir E se defender. E outro lado tem um grupo que quer ter um estado próprio (concordo com isso) e defende a destruição do outro estado (discordo veementemente). E depois é o projeto sionista que é uma guerra sem fim.

E depois você vem dizer que eu gosto de reescrever a história?

Eu acho que os dois lados cometem erros graves na situação toda, não existem mocinhos e bandidos ali. Mas um lado erra menos do que o outro.

O Hamas não é a única força política palestina , Ricardo , nem tem a hegemonia. Tradicionalmente o movimento palestino sempre foi secular , o aumento da influência dos grupos islâmicos é recente e reflete o esgotamento das possibilidades de acordo com Israel. Quando os caminhos na terra são fechados , os do céu parecem mais viáveis.

Sobre a desocupação de Gaza, sim, eu vejo como um sinal de boa vontade sim. Não se desloca tanta gente assim só para "jogar para a galera".

Sobre o memorando debray, estou lendo e pesquisando a respeito. Mas adianto, papel aceita qualquer coisa. Mas volto amanhã com o que encontrar a respeito dele. Não vou ler apenas uma fonte, eu tenho um problema em duvidar de informações contidas em apenas uma fonte, principalmente quando eu não conheço se é uma fonte imparcial ou não.

Sobre Regis Debray, informa a wikipedia :

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Jules Régis Debray (born 1940) is a French intellectual, journalist, government official and professor. He is known for his theorization of mediology, a critical theory of the long-term transmission of cultural meaning in human society; and for having fought in 1967 with Marxist revolutionary Che Guevara in Bolivia.

Desculpe, mas isso já é um sinal claro, para mim, para duvidar da independência dele como fonte. Não gosto de gente que faz análises baseadas em marxismos e outros contos de fadas. Eu tenho o hábito de desconfiar de tudo o que um socialista escreve.

 Deixando de lado o ad hominem implícito , não deixa de ser engraçado que o vetusto intelectual autor da Midiologia ainda seja caracterizado como marxista ( quem mandou já ter tido 20 e poucos anos e acreditado na revolução?)... Mas como você só o conhece pela citação da Wikipedia , va bene.
Bom proveito na leitura , Jacques Chirac também gostou , não que isso tenha feito alguma diferença...

E já que estamos na discussão do uso midiático da vítimas por ambos os lado;
E lembrando aquela frase : " Em uma guerra a primeira vítima é a verdade";
Talvez seja interessante o artigo de 2005 de um jornalista israelense sobre a cobertura da mídia dos conflito ( antes da guerra , claro , agora é diferente , claro):

Citar
Vocabulário do Jornalismo Israelense

Yonatan Mendel
 
Há um ano, me candidatei à vaga de correspondente do jornal israelense Ma’ariv nos territórios ocupados. Falo árabe, lecionei em escolas palestinas e participei de muitos projetos judaico-palestinos. Na entrevista, o chefe perguntou como eu poderia ser objetivo. Eu havia passado tempo demais com os palestinos, e acabaria sendo tendencioso em favor deles. Não consegui o emprego. Minha entrevista seguinte foi no Walla.com, o site mais popular de Israel. Dessa vez, consegui o emprego e me tornei correspondente do Walla no Oriente Médio. Logo entendi o que Tamar Liebes, diretor do Instituto Smart de Comunicação da Universidade Hebraica de Jerusalém, quis dizer quando afirmou que “os jornalistas e editores se vêem como atores dentro do movimento sionista, e não como observadores críticos”.

Isso não significa que o jornalismo israelense não seja profissional. A corrupção, as mazelas sociais e a desonestidade são perseguidas com louvável determinação por jornais, tevês e rádios. O fato de os israelenses terem sido informados do que o ex-presidente Moshe Katsav [que renunciou após ser acusado de estupro] fez ou deixou de fazer com suas secretárias prova que a mídia desempenha o papel de cão de guarda, mesmo sob risco de causar constrangimento nacional e internacional. O nebuloso contrato imobiliário de Ehud Olmert, os negócios da misteriosa ilha grega de Ariel Sharon, o romance secreto de Binyamin Netanyahu, a conta bancária secreta de Yitzhak Rabin nos Estados Unidos: tudo isso é livremente discutido na imprensa israelense.

Quando se trata de “segurança”, não há tal liberdade. Só há “nós” e “eles”, as Forças de Defesa de Israel, FDI, e “o inimigo”. O discurso militar, o único discurso permitido, triunfa sobre qualquer outra narrativa. Não que os jornalistas israelenses cumpram ordens ou um código escrito: apenas preferem pensar coisas boas das suas forças de segurança.

Na maioria das matérias sobre o conflito há duas partes em luta: as Forças de Defesa de Israel de um lado e os palestinos de outro. Quando um incidente violento é relatado, as FDI confirmam ou o Exército diz, mas os palestinos alegam: “Os palestinos alegaram que um bebê ficou gravemente ferido pelos disparos das FDI.” Isso é alguma invenção? “Os palestinos alegam que colonos israelenses os ameaçaram.” Mas quem são os palestinos? Todos os palestinos – cidadãos de Israel, habitantes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, as pessoas em campos de refugiados de Estados árabes vizinhos e aquelas vivendo na diáspora – fazem a alegação? Por que então uma reportagem séria relata uma alegação feita pelos palestinos? Por que tão raramente há um nome, um departamento, uma organização ou uma fonte dessa informação? Será porque isso lhe daria um aspecto mais confiável?

Quando os palestinos não estão fazendo alegações, seu ponto de vista simplesmente não é ouvido. O Keshev (Centro para Proteção da Democracia em Israel) analisou como os principais canais de televisão e jornais israelenses cobriram as vítimas palestinas num determinado mês – dezembro de 2005. Foram encontradas 48 matérias sobre a morte de 22 palestinos. Apenas oito desses relatos, no entanto, traziam a versão das FDI e uma reação palestina. Nos outros quarenta exemplos, o fato foi relatado apenas do ponto de vista dos militares israelenses.

Outro exemplo: em junho de 2006, quatro dias depois de o soldado israelense Gilad Shalit ser seqüestrado no lado israelense da cerca de segurança de Gaza, segundo a imprensa israelense, Israel deteve cerca de sessenta integrantes do Hamas, entre os quais trinta membros eleitos do Parlamento e oito ministros do governo palestino. Numa operação bem planejada, Israel capturou e encarcerou o ministro palestino para Assuntos de Jerusalém, os ministros de Finanças, Educação, Assuntos Religiosos, Assuntos Estratégicos, Assuntos Domésticos, Habitação e Prisões, além dos prefeitos de Belém, Jenin e Qalqilya, o presidente do Parlamento palestino e um quarto dos seus integrantes. Que essas autoridades tenham sido tiradas de suas camas tarde da noite e transferidas para território israelense, provavelmente para servir (como Gilad Shalit) de moeda de barganha, não fez da operação um seqüestro. Israel nunca seqüestra. Israel detém.

O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio – uma situação a qual qualquer outra organização armada invejaria. Mesmo quando uma bomba de 1 tonelada é jogada sobre uma densa área residencial de Gaza, matando um homem armado e catorze civis inocentes, inclusive nove crianças, ainda assim não são mortes intencionais nem homicídios: são assassinatos dirigidos. Um jornalista israelense pode dizer que os soldados das FDI atingiram palestinos, ou que os mataram, ou que os mataram por engano, e que os palestinos foram atingidos, ou foram mortos ou mesmo que encontraram a morte (como se estivessem procurando), mas homicídio está fora de cogitação. A conseqüência, quaisquer que sejam as palavras usadas, foi a morte, nas mãos das forças de segurança israelenses, desde o início da segunda intifada, de 2 087 palestinos que nada tinham a ver com a luta armada.

As Forças de Defesa de Israel, tal como são mostradas na mídia israelense, têm outra estranha capacidade: a de nunca iniciar ou decidir um ataque, nem de lançar uma operação. As FDI simplesmente respondem. Elas respondem aos foguetes Qassam, respondem aos ataques terroristas, respondem à violência palestina. Isso torna tudo tão mais lógico e civilizado: as FDI são forçadas a lutar, a destruir casas, a balear palestinos e a matar 4 485 deles em sete anos, mas nenhum desses fatos é responsabilidade dos soldados. Eles estão enfrentando um inimigo abjeto, e reagem de acordo com seu dever. O fato de suas ações – toques de recolher, prisões, cercos por mar, tiros e mortes – serem a principal causa da reação palestina não parece interessar à mídia. Como os palestinos não podem responder, os jornalistas israelenses escolhem outro verbo de um léxico que inclui vingar, provocar, atacar, incitar, apedrejar e disparar os mísseis Qassam.

Entrevistando Abu-Qusay, porta-voz das Brigadas de Al-Aqsa em Gaza, em junho de 2007, perguntei a ele sobre a razão para disparar mísseis Qassam contra a cidade israelense de Sderot. “O Exército pode responder”, disse eu, sem perceber que já estava influenciado. “Mas nós estamos respondendo aqui”, disse Abu-Qusay. “Não somos terroristas, não queremos matar... estamos resistindo às contínuas incursões de Israel na Cisjordânia, aos seus ataques, ao seu cerco em nossas águas e ao fechamento das nossas terras.” As palavras de Abu-Qusay foram traduzidas para o hebraico, mas Israel continuou entrando todas as noites na Cisjordânia, e os israelenses não viram mal nenhum nisso. Afinal de contas, era só uma resposta.

Numa época em que havia muitas incursões israelenses em Gaza, perguntei o seguinte aos meus colegas: “Se um palestino armado cruza a fronteira, entra em Israel, dirige até Tel Aviv e atira em pessoas nas ruas, ele será o terrorista, e nós seremos as vítimas, certo? Porém, se as FDI cruzam a fronteira, dirigem vários quilômetros Gaza adentro e começam a disparar contra os atiradores palestinos, quem é o terrorista e quem é o que resiste? Como é possível que os palestinos que vivem nos territórios ocupados nunca possam recorrer à autodefesa, enquanto o Exército israelense é sempre o defensor?” Meu amigo Shay, da editoria de arte, esclareceu as coisas para mim: “Se você for à Faixa de Gaza e atirar nas pessoas, você será um terrorista. Mas quando o Exército faz isso, é uma operação para deixar Israel mais seguro. É a implementação de uma decisão do governo!”

Outra distinção interessante entre “nós” e “eles” apareceu quando o Hamas exigiu a libertação de 450 prisioneiros ligados ao grupo, em troca do soldado Gilad Shalit. Israel anunciou que libertaria prisioneiros, mas não aqueles com sangue nas mãos. São sempre os palestinos – nunca os israelenses – que têm sangue nas mãos. Isso não quer dizer que os judeus não possam matar os árabes, mas eles não terão sangue nas mãos, e se forem presos serão soltos depois de poucos anos. Sem falar naqueles que têm sangue nas mãos e chegaram a primeiro-ministro. Somos não só mais inocentes quando matamos, como também mais suscetíveis quando feridos. Em geral, a descrição de um míssil Qassam que atinja Sderot será mais ou menos assim: “Um Qassam caiu ao lado de uma residência, três israelenses tiveram ferimentos leves e dez outros sofreram um choque.” Não se deve minimizar tais males: um míssil atingindo uma casa no meio da noite de fato deve causar um grande choque. Deve-se lembrar, no entanto, que o choque só vale para os judeus. Os palestinos aparentemente são uma gente muito calejada.

As Forças de Defesa de Israel, num outro motivo de inveja para todos os outros Exércitos, matam só as pessoas mais importantes. “Um membro de alto escalão do Hamas foi morto” é quase um coro na mídia israelense. Membros de baixo escalão do Hamas nunca foram achados ou nunca foram mortos. Shlomi Eldar, correspondente de uma estação de televisão na Faixa de Gaza, escreveu bravamente sobre esse fenômeno no livro Eyeless in Gaza [Sem Olhos em Gaza], de 2005. Quando Riyad Abu Zaid foi assassinado, em 2003, a imprensa israelense fez eco ao anúncio das FDI de que o homem seria o chefe da ala militar do Hamas em Gaza. Eldar, um dos poucos jornalistas investigativos de Israel, descobriu que o homem era apenas um secretário do clube de prisioneiros do Hamas. “Foi uma das muitas ocasiões em que Israel ‘incrementou’ um ativista palestino”, escreveu Eldar. “Depois de todo assassinato, cada pequeno ativista é ‘promovido’ a grande.”

Esse fenômeno pelo qual as declarações das FDI imediatamente se traduzem em reportagens é resultado tanto da falta de acesso à informação quanto da má vontade de jornalistas em provar que o Exército está errado, ou em mostrar soldados como criminosos. “As FDI estão agindo em Gaza” (ou em Jenin, ou em Tulkarm, ou em Hebron) é a expressão oferecida pelo Exército e adotada pela mídia. Por que dificultar a vida dos ouvintes? Por que lhes contar o que os soldados fazem, descrevendo o medo que geram, o fato de que eles vêm com armas e veículos pesados e esmagam a vida urbana, aumentando o ódio, a dor e o desejo de vingança?

Em fevereiro, para tentar conter os militantes que disparavam foguetes Qassam, Israel decidiu interromper a eletricidade em Gaza durante algumas horas por dia. Embora isso significasse, por exemplo, que a energia deixaria de chegar a hospitais, foi dito que “o governo israelense decidiu aprovar essa medida como outra arma não-letal”. Outra coisa que os soldados fazem é limpar – khisuf. Em hebraico comum, khisuf significa expor algo oculto, mas no linguajar das FDI significa limpar uma área de esconderijos em potencial para atiradores palestinos. Durante a última intifada, escavadeiras israelenses D9 destruíram milhares de casas palestinas, arrancaram milhares de árvores e deixaram um rastro de milhares de estufas danificadas. É melhor saber que o Exército limpou a área do que enfrentar a realidade de que o Exército destrói as propriedades, o orgulho e a esperança dos palestinos.

Outra palavra útil é coroamento (keter, que também pode ser traduzida como “cerco”), eufemismo para um cerco no qual quem sair de casa se arrisca a ser baleado. Zonas de guerra são lugares onde os palestinos podem ser mortos, mesmo as crianças que não sabem que entraram numa zona de guerra. Crianças palestinas, aliás, tendem a ser promovidas a adolescentes palestinos, especialmente quando são acidentalmente mortas. Mais exemplos: postos avançados e isolados dos israelenses na Cisjordânia são chamados de postos ilegais, talvez em contraste com os assentamentos israelenses, que são aparentemente legais. Detenção administrativa significa prender pessoas que não foram levadas a julgamento e nem mesmo receberam acusação formal (em abril de 2003, havia 1 119 palestinos nessa situação). A OLP (Ashaf) é sempre citada por sua sigla, e nunca por seu nome completo, Organização para a Libertação da Palestina: Palestina é uma palavra que quase nunca é usada – há um presidente palestino, mas não um presidente da Palestina.

“Uma sociedade em crise forja um novo vocabulário para si”, escreveu David Grossman no livro The Yellow Wind [O Vento Amarelo], “e gradualmente uma nova linguagem emerge, cujas palavras não mais descrevem a realidade, mas tentam, em vez disso, escondê-la.” Essa “nova linguagem” foi adotada voluntariamente pela mídia, mas se alguém precisar de um conjunto oficial de diretrizes ele pode ser encontrado no Relatório Nakdi, um documento redigido pelo órgão público Autoridade de Radiodifusão Israelense. Divulgado inicialmente em 1972, e atualizado três vezes desde então, o relatório se destinava a “esclarecer algumas das regras profissionais que regulam o trabalho de uma pessoa da imprensa”. A proibição do termo Jerusalém Oriental era uma delas.

As restrições não se limitam à geografia. Em 20 de maio de 2006, a emissora mais popular da televisão israelense, o Canal 2, noticiou “outro assassinato dirigido em Gaza, um assassinato que pode atenuar os disparos dos Qassam” (376 pessoas já morreram em assassinatos dirigidos, sendo 150 delas civis que não eram alvos de assassinatos). Ehud Ya’ari, um conhecido correspondente israelense que cobre assuntos árabes, no estúdio, disse: “O homem que foi morto é Muhammad al Dahdouh, da Jihad Islâmica... Isso é parte da outra guerra, uma guerra para diminuir o número dos ativistas que disparam os Qassam.” Nem Ya’ari nem o porta-voz das FDI se preocuparam em noticiar que quatro civis palestinos inocentes também foram mortos na operação, e que três outros ficaram feridos, inclusive uma menina de 5 anos chamada Maria, que ficará paralítica do pescoço para baixo. Esse “descuido”, revelado pela jornalista israelense Orly Vilnai-Federbush, só mostra o quanto não sabemos sobre aquilo que julgamos saber.

Uma coisa interessante é que, desde que o Hamas tomou a Faixa de Gaza, um dos novos xingamentos na mídia israelense é Hamastão, palavra que aparece no noticiário “quente”, a parte supostamente sagrada dos jornais, que deveria apresentar os fatos sem editorializá-los. O mesmo vale para movimentos como Hamas ou Hezbollah, descritos em hebraico como organizações, e não como partidos ou movimentos políticos. Intifada nunca recebe o seu significado árabe de “revolta”; e Al-Quds, que quando usada por políticos é uma palavra que se refere apenas aos “lugares sagrados de Jerusalém Oriental”, ou a “Jerusalém Oriental”, é entendida pelos correspondentes israelenses como Jerusalém, o que efetivamente implica uma determinação palestina em tomar a capital inteira.

Foi curioso observar as reações dos jornais ao assassinato de Imad Moughniyeh, na Síria, em fevereiro. Eles competiram entre si quanto à maneira de designá-lo: arquiterrorista, mestre-terrorista, maior terrorista da Terra. A imprensa israelense levou alguns dias para deixar de louvar os assassinos de Moughniyeh e começar a fazer o que deveria ter feito inicialmente: perguntar quais as conseqüências da morte dele. O jornalista Gideon Levy acha que essa é uma tendência israelense: “A cadeia de ‘chefes terroristas’ liquidados por Israel, de Ali Hassan Salameh a Abu Jihad, passando por Abbas Musawi e Yihyeh Ayash até o xeque Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi (todas elas “operações” que celebramos com grande pompa e circunstância por um doce e inebriante momento), até agora apenas provocou ataques duros e dolorosos de vingança contra Israel e os judeus mundo afora.”

Repórteres israelenses especializados em assuntos árabes devem evidentemente falar árabe – muitos deles, de fato, estudaram o idioma nas escolas do aparato de segurança – e precisam conhecer a história e a política do Oriente Médio. E têm de ser judeus. Visivelmente, a mídia israelo-judaica prefere contratar jornalistas com um conhecimento mediano do idioma árabe a falantes nativos, pois estes seriam cidadãos palestinos de Israel. Aparentemente, jornalistas judeus são mais bem equipados que os árabes israelenses para explicar “o que os árabes pensam”, quais são “os objetivos árabes” e “o que os árabes dizem”. Talvez seja assim porque os editores sabem o que o seu público quer ouvir. Ou, mais importante, o que o público israelense prefere não ouvir.

Se as palavras ocupação, apartheid e racismo (sem falar em cidadãos palestinos de Israel, bantustões, limpeza étnica e Nakba [“catástrofe”, a palavra com a qual os palestinos se referem à criação de Israel, em 1948]) estão ausentes do discurso israelense, os cidadãos de Israel podem passar a vida inteira sem saber com o que estão convivendo. Por exemplo, racismo (Giz’anut, em hebraico). Se o Parlamento israelense legisla que 13% das terras do país só podem ser vendidas para judeus, então ele é um Parlamento racista. Se em sessenta anos o país só teve um ministro árabe, então Israel tem tido governos racistas. Se, em sessenta anos de manifestações, balas de borracha e munição de verdade só foram usadas contra manifestantes árabes, então Israel tem uma polícia racista. Se 75% dos israelenses admitem que se recusariam a ter um árabe como vizinho, então é uma sociedade racista. Ao não reconhecer que Israel é um lugar onde o racismo molda as relações entre judeus e árabes, os judeus israelenses se tornam incapazes de lidar com o problema, ou mesmo com a realidade das suas próprias vidas.

A mesma negação da realidade está refletida na recusa ao termo apartheid. Devido à sua associação com a África do Sul branca, os israelenses acham muito duro usar a palavra. Isso não quer dizer que exatamente o mesmo tipo de regime vigore hoje nos territórios ocupados, mas um país não precisa ter bancos de praça “apenas para brancos” para ser um Estado que pratica o apartheid. Afinal, apartheid significa “separação”, e, se nos territórios ocupados os colonos têm uma estrada, e os palestinos precisam usar estradas alternativas ou túneis, então é um sistema rodoviário de apartheid. Se o muro de separação construído sobre centenas de hectares de terra confiscada na Cisjordânia separa as pessoas (inclusive palestinos de ambos os lados do muro), então é um muro de apartheid. Se nos territórios ocupados há dois Judiciários, um para colonos judeus e outro para os palestinos, então é uma Justiça de apartheid.

Há também os próprios territórios ocupados. Notavelmente, não há territórios ocupados em Israel. O termo é ocasionalmente usado por algum colunista ou político de esquerda, mas no noticiário ele inexiste. No passado, foram chamados de territórios administrados, para esconder o fato real da ocupação. Foram então chamados de Judéia e Samaria. E, na grande imprensa israelense de hoje, são chamados de os territórios (Ha-Shtachim). O termo ajuda a preservar a noção de que os judeus são as vítimas, o povo que age apenas em autodefesa, a metade moral da equação, e que os palestinos são os agressores, os caras ruins, as pessoas que lutam por razão nenhuma. O exemplo mais simples explica isso: “Um cidadão dos territórios foi apanhado contrabandeando armas ilegais.” Poderia fazer sentido que os cidadãos de um território ocupado tentassem resistir ao ocupante, mas não faz sentido se eles forem apenas dos territórios.

Os jornalistas israelenses não estão incrustados no aparato estatal de segurança, e nunca ninguém lhes pediu que fizessem seu público se sentir bem a respeito da política militar de Israel. As restrições às quais eles se submetem são observadas voluntariamente, quase inconscientemente – o que torna sua prática ainda mais perigosa. Apesar disso, a maioria dos israelenses acha que sua mídia é esquerdista demais, insuficientemente patriota e que não está do lado de Israel. E que a imprensa estrangeira é pior. Durante a última intifada, Avraham Hirchson, então ministro de Finanças, exigiu que as transmissões da CNN a partir de Israel fossem interrompidas, sob a alegação de que eram “transmissões distorcidas e programas tendenciosos que são nada mais que uma campanha de incitação contra Israel”. Manifestantes israelenses pediram o fim da “cobertura indigna de confiança e provocadora do terror feita pela CNN”, reclamando em seu lugar a cobertura da Fox News. Israelenses com até 50 anos são obrigados a prestar um mês de serviço militar reservista por ano. “O civil”, disse certa vez Yigael Yadin, um dos primeiros chefes das FDI, “é um soldado com licença anual de 11 meses.” Para a mídia israelense, não existe licença.

Yonatan Mendel trabalhou para o site de notícias Walla , o maior de Israel , e atualmente faz doutorado no Queens College , na Inglaterra , estudando a relação entre a língua árabe e a segurança em Israel. Artigo publicado no London Review of Books. Tradução de Rodrigo Leite

Edit: fontehttp://www.revistapiaui.com.br/edicao_20/artigo_600/Vocabulario_do_jornalismo_israelense.aspx
« Última modificação: 11 de Janeiro de 2009, 14:48:48 por Luiz Souto »
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Luiz Souto

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #132 Online: 11 de Janeiro de 2009, 15:24:30 »
Outra coisa, voltar a fronteira pré-1967. Boa idéia?  Vamos ver.

O Hamas vai concordar com isso ou vai continuar defendendo a destruição do estado de Israel?

Já que estamos na fase de transcender o pensamento único e apresentar outras visões do assunto , talvez este artigo contextualize e responda á pergunta:

Citar
Hamas, Israel, Gaza e resistência violenta
A estrutura histórica e política da crise actual

por Alan Nasser


As razões manifestadas por Israel para a sua declaração de guerra total contra a população de Gaza são a mais recente variação de um tema que pôs em circulação a seguir à vitória eleitoral de 2006 do Hamas em Gaza. Em Fevereiro daquele ano Israel emitiu um conjunto oficial de exigências. Israel exigia que o Hamas reconhecesse o direito permanente de Israel a existir, renegasse a violência e aceitasse a validade dos acordos anteriores israelenses-palestinos. Israel afirma que a incapacidade do Hamas em cumprir estas exigências explica e justifica seus ataques aéreos sobre o povo de Gaza.

Na realidade, a agressão de Israel tem pouco a ver com a resposta do Hamas a estas exigências, as quais são, como veremos, insinceras.

Argumenta Israel que a necessidade de derrotar o Hamas é a questão nuclear que motiva os seus actuais ataques aéreos. Esta afirmação é de avaliação especialmente difícil para os americanos. Os media dos EUA habitualmente reflectem a demonização oficial israelense dos objectivos e acções do Hamas.

O entendimento da história do Hamas e da sua actual posição sobre questões chave é essencial para apreciar o que está realmente em causa na escalada da crise em Israel e na Palestina.

O objectivo do que se segue é simplesmente situar o Hamas no contexto da ocupação e da resposta palestina à mesma. Vamos começar com as origens do Hamas e então examinar cada uma das exigências de Israel em 2006.

A emergência do Hamas em Israel

O Hamas descende directamente de um anterior movimento islâmico preocupado basicamente em assegurar educação, cuidados de saúde, ajuda alimentar e outros serviços sociais a palestinos que sofriam sob a ocupação israelense.

Este grupo foi financiado pelo monarca saudita e... o governo de Israel ! Este último proporcionou ao movimento terra, edifícios e não pouco encorajamento.

A lógica de Israel era simples: a Organização de Libertação da Palestina (OLP), naquele tempo a principal representante dos interesses palestinos, era abertamente política e secular, com uns poucos socialistas nos seus escalões mais altos. A organização tinha como objectivo organizar os palestinos numa força capaz de por fim à ocupação. A liderança israelense procurava mudar a lealdade palestina da OLP política e secular para a religiosa e não-política antecessora do Hamas.

Os israelenses imaginavam que ao dispor de extensos serviços sociais e religiosos os palestinos seriam despolitizados graças ao alívio do seu sofrimento e portanto menos propensos à resistência nacionalista e anti-ocupação.

Portanto, as autoridades israelenses de ocupação forçaram o exílio de activistas cristãos palestinos que encorajavam à resistência não violenta, mas permitiram que grupos islâmicos radicais fizessem reuniões, publicassem jornais e tivessem a sua própria estação de rádio não censurada.

Não surpreendentemente, os grupos religiosos de serviço social foram-se tornando cada vez mais politizados. Eles testemunhavam a escalada da brutalidade da ocupação e a ineficácia da actividade caritativa por si só em questionar o apartheid forçado. Continuaram as suas actividades de serviço social, mas aglutinaram-se em 1987 para formar o Hamas, um acrónimo para Harakat al-Muqawama al-Islamiya, O Movimento de Resistência Islâmica.

A nova auto-definição política do Hamas, como representando Resistência à ocupação, tanto selou o seu destino aos olhos dos israelenses como promoveu a sua atractividade para os palestinos.

Em 1992 Israel expulsou centenas de membros do Hamas. Muito poucos foram acusados de crimes violentos. O Conselho de Segurança da ONU declarou unanimemente que as expulsões constituíam uma violação do direito internacional e apelou ao retorno dos exilados. Mas a nova administração Clinton bloqueou a aplicação da resolução.

O resultado foi que os exilados tornaram-se heróis e a reputação do Hamas e a sua força política entre os palestinos cresceu significativamente. Mas em 1993 o Hamas tinha o apoio de apenas 15 por cento dos palestinos. Qual a razão para o crescimento do apoio palestino ao Hamas desde então?

Israel e a Autoridade Palestina matam as esperanças dos palestinos

Nos anos seguintes ao Acordo de Oslo, de 1993, entre a OLP e Israel ficou claro que nada estava a ser feito para avançar a formação de um estado palestino viável. O Hamas chamava a atenção para o facto de que o Acordo era, por intenção de Israel, aberto, em etapas, calculadamente vago e sem compromissos, sem garantias quanto a questões chave como assentamentos, terra e água, o status de Jerusalém e o retorno de refugiados.

Além disso, mesmo quando as negociações de Oslo prosseguiam, e continuando durante anos após as mesmas, Israel continuou a construir assentamentos a um ritmo acelerado. Os blocos de assentamento foram posicionados de modo a criar "factos no terreno" os quais tornavam impossível especificar uma área que pudesse constituir um estado palestino viável.

O professor de história da Universidade de Haifa Ilan Pappe, nascido em Israel, descreveu perfeitamente os Acordos de Oslo como um ardil para permitir a Israel continuar a construir assentamentos de modo a encurralar os palestinos em bantustões estilo sul-africano.

Tudo isto culminou em Camp David, em 2000, na "oferta generosa" de Barak, uma impressionante confirmação da acusação de Pappe: um "estado" palestino sem continuidade territorial, dividido por blocos de assentamento, cortado por estradas e barreiras em estradas, com o controle israelense de toda a fronteira. A área permitida aos palestinos incluiria 69 blocos de assentamento, alojando 85% de todos os colonos israelenses. Os palestinos teriam de viajar 50 milhas [80 km] para ir de uma cidade para outra, com muitos atrasos inúteis em pontos de controle e barreiras de estrada, a fim de atravessar uma distância real de 5 milhas [8 km].

E durante todo este processo Israel continuou a expandir a sua colonização da Cisjordânia, duplicando o número de colonos nos dez anos que se seguiram a assinatura dos Acordos.

Isto foi uma bofetada na cara do palestinos, que haviam concordado, através da OLP, em aceitar uns meros 22 por cento da terra que era sua antes de 1948. Conceder 78 por cento da terra foi um compromisso histórico palestino.

Desde as reuniões de Oslo e Camp David a condição dos palestinos continuou a deteriorar-se. Ficou cada vez mais claro que a OLP e sua sucessora, a Autoridade Palestina (AP), não fora simplesmente inepta na negociação, mas que a AP e o seu líder Yasir Arafat estavam afundados na corrupção, com grande parte dos fundos da Autoridade gasto com compadres enquanto Arafat passava grande parte do seu tempo a viver no luxo longe da Palestina. A última gota foi a decisão da AP de designar a sua polícia a que ajudasse as autoridades de ocupação na supressão da resistência palestina.

Em contraste, o Hamas era percebido pelos palestinos como honesto e genuinamente sensível aos seus interesses. O Hamas persistentemente criticou a inépcia e a corrupção da AP. Mas a sua abordagem não era meramente negativa: como veremos abaixo, o Hamas propunha políticas e pontos de negociação que eram construtivos, realistas e que não ameaçavam o direito de Israel a existir.

Estes desenvolvimentos foram o princípio do crescente apoio palestino ao Hamas.

Os media "de referência" tendem a retratar a escolha eleitoral de 2006 dos palestinos como uma mostra de apoio à violência política como meio de resolução do conflito Israel-Palestina. Na verdade, os media habitualmente equiparam o Hamas à violência estúpida ao serviço da destruição de Israel. Nenhuma destas alegações contra o Hamas e o povo palestino é verdadeira. Vamos examinar a questão geral da violência política do povo sem Estado, antes de passar a questões específicas da posição do Hamas em relação à actual crise em Gaza.

Questões preliminares: Condição de falta de Estado e violência legítima

O recurso palestino à violência não tem conexão com a questão do direito de Israel a existir. Que a resistência palestina à ocupação por vezes assuma formas violentas não indica um desejo de aniquilar Israel. No caso dos palestinos, o recurso à violência não pode ser entendido sem considerar o passivo peculiar da inexistência de Estado.

Os media "de referência" não fazem qualquer esforço para comunicar ao público geral os efeitos singularmente debilitantes da inexistência de Estado. A falta de Estado não é simplesmente estar privado de "uma terra de si próprio". A definição de Max Weber do Estado é que é mais relevante aqui: o Estado é a instituição que monopoliza o uso legítimo da violência.

O Estado pode legalmente empregar violência como um meio de corrigir injustiças feitas aos seus cidadãos. Se alguém mata o seu filho, você não pode aprisioná-lo no seu sótão como punição. Ao invés disso, você denuncia a injustiça sentida às autoridades do Estado, as quais então julgam a sua queixa através do sistema de justiça. Um momento de reflexão revela que o povo sem Estado é um povo ao qual faltam quaisquer meios legítimos de se defender da injustiça.

Um povo sem Estado está estruturalmente indefeso face à injustiça. Pois se a modernidade limita a resposta violenta à injustiça à intervenção do Estado, então a ausência de Estado obriga à passividade dos que dele não dispõem. Estes são transformados em pacifistas involuntários. O facto de não terem Estado retira aos palestinos a única espécie de resistência apropriada aos instrumentos de opressão que enfrentam, nomeadamente resistência forte e agressiva. Pois a entidade que oprime os palestinos é um Estado racista e colonialista que tornou claro, como veremos abaixo, que não negociará qualquer das reivindicações da sua população sujeita e que tem uma forte inclinação à utilização permanente e supérflua dos seus próprios instrumentos de destruição.

A amarga experiência ensinou aos palestinos que a resistência/desobediência não violenta ou civil é de facto ineficaz. Activistas da paz não violenta como Rachel Corrie (americana), Tom Hurndall (britânico) e Gil Nima'ati (israelense) encontraram a morte diante das forças de defesa israelenses (IDF), que sabiam exactamente o que estavam a fazer.

Apesar de tudo isto, a condição de ausência de Estado dos palestinos determina que eles não podem "tomar o assunto nas suas próprias mãos". Pois palestinos tomarem as medidas que normalmente seriam tomadas por um Estado cujos cidadãos são tratados por um poder inimigo tal como os palestinos são tratados por Israel é denominado "terrorismo". Faltando um Estado para proteger os seus interesses, os palestinos encontram-se na seguinte pouco invejável posição: seja o que for que lhes seja feito, as únicas respostas legítimas são a passividade ou a confiança na bondade de estranhos. E a resposta da "comunidade internacional" ao apuro dos palestinos torna claro que esta última é de facto estranha para eles, e de modo algum estranha de outra espécie. A resposta ilegítima, então, torna-se a única alternativa a abraçar a derrota.

Note-se a peculiaridade da utilização de "ilegítimo" neste contexto. Chamar a violência privada ou não estatal de "ilegítima" é implicar que a acção do Estado está disponível. Mas no caso notável de um povo oprimido sem um Estado, a distinção normal entre acção legítima e ilegítima não tem aplicação.

Enquanto a violência dos movimentos de resistência sem Estado é por definição ilegítima, isto é, não efectuada legalmente por um Estado, é uma questão aberta se tal violência é justificada. É claro para a maioria das populações do mundo que a resistência violenta ao apartheid israelense é tão justificada como foi a por vezes violenta resistência dos negros sul-africanos ao regime do apartheid dos seus opressores.

A questão para nós em ligação com a crise de Gaza é se o Hamas está preparado para renegar a violência na falta da eliminação do Estado de Israel. Por outras palavras: Estará o Hamas aberto a uma resolução não violenta do conflito Israel-Palestina? Veremos a seguir que o Hamas na verdade está aberto a uma tal solução.

Estará o Hamas comprometido com a destruição de Israel?

As primitivas declarações fundadoras do Hamas na verdade negavam a Israel o direito de existir. Como veremos, o Hamas abandonou esta posição absolutista. O apoio crescente da organização levou-o a assumir um senso renovado de responsabilidade para com aqueles que o levaram ao poder. A comunidade palestina era principalmente secular e nunca abraçou o absolutismo do fundamentalismo islâmico. Apesar do contínuo terror israelense continuou a endossar a solução dos dois Estados.

O Hamas tomou uma posição firme contra um apelo da al-Quaeda a realizar uma jihad violenta destinada a arrebatar toda a Palestina de Israel. O Hamas, em Março de 2006, respondeu que:

"A nossa batalha é contra a ocupação israelense e nossa única preocupação é restaurar nossos direitos e servir nosso povo".

Nas eleições que levaram o Hamas ao poder de Gaza, em 2006, os "pragmáticos" do Hamas prevaleceram sobre a minoria dos intransigentes, muitos dos quais transformaram-se em moderados. O Hamas foi sempre receptivo ao seu eleitorado. Ele sabe que a sua vitória eleitoral foi devida não ao extremismo religioso mas sim à plataforma do Hamas de governo honesto, eficaz e limpo e de serviços sociais melhorados.

Num inquérito pós-eleitoral apenas 1 por cento dos palestinos disse que o Hamas deveria impor a Lei Islâmica sobre a Palestina, ao passo que 73 por cento apoiava uma solução dois Estados como parte de um acordo de paz com Israel. O Hamas respondeu com uma reafirmação do seu próprio apoio a uma solução dois Estados.

A Henry Siegman, ex director executivo do American Jewish Congress ex director do Projecto Médio Oriente do Council of Foreign Relations, foi assegurado por um membro influente do Comité Político do Hamas que este não exclui o reconhecimento oficial de Israel mas que o Hamas não renunciará à sua crença de que a Palestina é uma dádiva religiosa indicada por Deus para os muçulmanos. Contudo, o responsável acrescentava que esta crença teológica não excluía acomodações a realidades temporais e ao direito internacional. Isto inclui, enfatizou, o reconhecimento da soberania de Israel.

Esta posição tem um paralelo preciso do lado de Israel. Judeus religiosos acreditam que Deus prometeu toda a Palestina para o povo judeu. Mas eles estão preparados para adiar a implementação desta reivindicação religiosa para o tempo que se seguirá à aparição do messias.

Por outras palavras, no mundo real as convicções religiosas tanto do Hamas como dos judeus religiosos estão em consonância com uma resolução prática e secular do seu conflito.

A liderança israelense está plenamente consciente de tudo isto. Sua objecção real ao Hamas é que a organização corporifica mais genuinamente do que qualquer anterior liderança palestina a resistência à ocupação e negociações inteligentes rumo a um Estado palestino independente.

Por que o Hamas não "reconheceu" Israel agora?

A questão do reconhecimento é para desviar atenções. Trata-se de Geopolítica elementar: o reconhecimento de Israel pelo Hamas significaria a sua aceitação do não-reconhecimento por Israel de um Estado palestino. O Hamas tornou claro que se Israel oferecesse uma genuína solução dois estados com um retorno às suas fronteiras de 1967, e isto fosse ratificado pela maioria dos palestinos, o Hamas consideraria isto aceitável. Isto levaria ao reconhecimento oficial de Israel.

O que importa é o reconhecimento oficial, o qual só pode ser feito por um Estado soberano. O Hamas não pode "reconhecer" Israel tal como o Likkud não pode reconhecer a Espanha. E, no caso de Israel, o que é que deve ser reconhecido? Israel recusa-se a declarar as suas fronteiras oficiais.

Estará o Hamas comprometido com a violência política?

Mesmo a imprensa israelense relatou que o Hamas oferecer a Israel, logo após a sua vitória eleitoral de 2006, um cessar fogo extenso e uma aceitação de facto dos dois Estados se apenas Israel retornasse às suas fronteiras de 1967.

Ao invés de agarrar esta oportunidade para testar a boa fé do Hamas, Israel preferiu punir toda a população de Gaza com um bloqueio a fim de pressionar o povo a renunciar aos resultados da eleição.

O Hamas de facto manteve reiteradamente vários cessar fogo, os quais Israel habitualmente violou. A conexão entre violações israelenses dos cessar fogo e bombismos suicidas é instrutiva. (Um tratamento completo desta questão foi feito por Steve Niva, académico do Médio Oriente, em dois importantes artigos em www.counterpunch.org/niva08272003.html e www.counterpunch.org/niva03242004.html

Há um indicador virtualmente infalível de um acto de bombismo suicida: um assassinato israelense de um comandante superior ou de um líder de um grupo militante. Este indicador é mais confiável quando os assassínios se verificam enquanto estes grupos estão a negociar uma trégua aos ataques aos israelenses, ou quando os assassínios rompem cessar-fogos duradouros de grupos palestinos.

Este padrão tornou-se mais frequente e previsível depois de Ariel Sharon se tornar primeiro-ministro, em Fevereiro de 2001. Ele intensificou a campanha de assassínios contra militantes palestinos destacados.

Sharon escolheu deliberadamente períodos durante os quais grupos anti-ocupação estavam ou a negociar ou realmente a manter cessar-fogos nos ataques a civis israelenses.

Aqui está apenas uma amostra dentre muitos exemplos:

– Dois meses depois do cessar-fogo do Hamas, Israel assassinou dois destacados comandantes do Hamas em 31 de Julho de 2001. Menos de duas semanas mais tarde houve um bombismo suicida numa pizzaria em Jerusalém.

– Enquanto o Hamas estava a cumprir um acordo de não atacar objectivos dentro de Israel a seguir aos ataques do 11/Setembro, Israel assassinou o alto dirigente do Hamas Mahmud Abu Hanoud, em 23 de Novembro de 2001. Uma semana depois houve bombismos suicidas em Jerusalém e Haifa.

– Em meio a um cessar-fogo declarado por todo os grupos militantes no fim de Dezembro, Israel assassinou o destacado dirigente do Hamas Raed Karmi, em 14 de Janeiro de 2002. Menos de duas semanas mais tarde houve um bombismo suicida como retaliação.

– Em Julho de 2002 houve relatos generalizados de que seria anunciado um cessar-fogo unilateral por parte do Hamas em 23 de Julho. Naquele dia, pouco antes do previsto anúncio de cessar-fogo, Israel assassinou o destacado dirigente militar do Hamas Salah Shehada através de um ataque aéreo a um apinhado bloco de apartamentos na Cidade de Gaza. Entre os feridos estavam 15 civis, 11 deles crianças. Menos de duas semanas depois o Hamas retaliou com um bombismo suicida.

– Em 22/Março/2004 Sharon conseguiu assassinar o fundador e líder espiritual do Hamas, Sheikh Yassin. Seguiu-se o que era previsível.

Jornalistas israelenses denunciam a cumplicidade de Israel nos bombismos suicidas

Alguns dos mais prestigiados comentadores políticos de Israel sugeriram que Israel é responsável por pelo menos alguma violência palestina. Esta posição não pode sequer ser formulada na linguagem padrão dos media dos EUA, os quais sistematicamente definem a violência israelense como "retaliação" e a violência palestina como "ataques".

Num artigo (25/Novembro/2001) no jornal de Israel com maior tiragem, Yediot Aharanot, Alex Fishman, o conservador comentador militar do jornal, observou que

"Quem quer que tenha decidido a liquidação de Abu Hanoud sabia antecipadamente que [um ataque terrorista dentro de Israel] seria o preço. O assunto foi amplamente discutido tanto ao nível militar como político de Israel, antes de ser decidido executar a liquidação".

Escrevendo no Haaretz (21/Janeiro/2002), o jornalista Danny Rubinstein destacou que

"Os assassínios de Israel hoje geram muito mais dano do que os benefícios que eles são supostos trazer ... pode-se dizer explicitamente neste momento que o assassínio de Karmi já custou directamente as vidas dos dezenas de israelenses que morreram na semana passada vítimas de ataques terroristas".

A utilização da palavra "directamente" por Rubinstein é uma afirmação de que Israel partilha alguma responsabilidade pelos bombismos suicidas.

Um editorial do Haaretz (02/Agosto/2002) a seguir ao assassínio de Shehada declarava que

"Em suma, qualquer criança de quatro anos que examinasse este padrão de acontecimentos concluiria que este governo, conscientemente ou não, simplesmente não está interessado na cessação dos ataques terroristas, pois eles constituem a sua raison d'etre".

O Hamas explicou em pormenor a arrepiante implicação de tudo isto imediatamente a seguir à morte de Yassin:

"Hoje Ariel Sharon ordenou a morte de centenas de sionistas em cada rua, cidade e centímetro das terras ocupadas".

Durante anos, insinceramente, Israel insistiu em que os ataques suicidas eram o principal obstáculo para negociações. Desde a trégua mais recente que começou no último Verão, o primeiro-ministro do Hamas, Ismael Haniyeh, removeu o obstáculo efectuando a completa cessação dos bombismos suicidas. Como era de esperar, isto não fez diferença para Israel, o qual respondeu recusando aos habitantes de Gaza energia eléctrica, remédios, equipamento médico e alimentos.

A questão, então, não é simplesmente se Israel tem um interesse directo em perpetuar ataques terroristas palestinos, mas se Israel tem qualquer intenção que seja de fazer a mais ligeira concessão aos palestinos na direcção do estabelecimento da solução dois Estados.

Intenções de Israel: Um acerto justo ou limpeza étnica?

Ephraim Halevy, o ex chefe da agência de inteligência Mossad, informou em 23 de Dezembro que o Hamas

"[está] pronto e desejoso de ver o estabelecimento de um estado palestino nas fronteiras temporárias de 1967... [O Hamas está preparado] a aceitar um caminho que poderia levá-lo para longe dos seus objectivos originais... Israel, por suas próprias razões, não quis transformar o cessar-fogo no início de um processo diplomático com o Hamas".

Halevy pode não se aperceber das "suas próprias razões" de Israel para sabotar negociações destinadas ao estabelecimento de um Estado palestino, mas não por falta de declarações francas da liderança israelense. Em 14 de Novembro de 1998, Ariel Sharon declarou que

"É dever dos líderes israelenses explicar à opinião pública, claramente e corajosamente, um certo número de factos que são esquecidos com o tempo. O primeiro destes é que não há sionismo, colonização ou Estado judeu sem a expulsão (eviction) dos árabes e a expropriação das suas terras".

Em 2005 Dov Weisglass, conselheiro sénior de Sharon, disse acerca da retirada de Israel de Gaza:

"A retirada é realmente formaldeído [NR] . Ela fornece a quantidade de formaldeído que é necessária, de modo que não haverá um processo político com os palestinos... todo este pacote chamado Estado palestino foi removido da nossa agenda indefinidamente".

A fim de que não se pensasse que esta posição era peculiar apenas do raivoso Sharon, eis o que Ehud Olmert disse num discurso numa Sessão Conjunta do Congresso dos EUA em 24 de Maio de 2006:

"Acreditava e ainda hoje acredito no direito eterno e histórico do nosso povo a toda esta terra".

Motivações reais de Israel

O que Israel teme não é o terrorismo e sim a independência palestina. Israel não permitirá que emerja um governo palestino soberano sobre a terra que pretende manter – e provavelmente expandir – como a sua própria. A Autoridade Palestina estava e está no bolso de Israel. O Hamas nunca será peão de Israel. Portanto, ele deve ser erradicado. Esta é a principal razão para a actual guerra relâmpago contra Gaza. Mas não é a única.

Aproximam-se as eleições israelenses, em Fevereiro. Antes do sítio o Likkud de Benjamin Netanyahu estava à frente nos inquéritos. A guerra relâmpago é uma demonstração de dureza, um gesto de que os políticos gostam de aproveitar-se em tempos de eleição. Tzipi Livni e Ehud Barak colocaram-se em evidência regozijando-se com o bombardeamento desde que os ataques começaram, esperando promover as fortunas eleitorais do Kadima e do Partido Trabalhista. E na verdade as sondagens do Partido Trabalhista estão 50 por cento mais altas nos últimos seis dias.

Finalmente, Israel nunca venceu uma guerra nos últimos 27 anos. Para agravar ainda mais as coisas, as Forças de Defesa de Israel sofreram uma humilhante derrota no Líbano, às mãos do Hezbollah, em 2006. Como disse segunda-feira Mark Heller, chefe de investigação associado no Instituto para Estudos de Segurança Nacional, da Universidade de Tel Aviv:

"Ninguém hoje tem medo de nós da mesma forma que antes... uma boa razão para esta operação [é] restaurar a credibilidade na capacidade de Israel para dissuadir inimigos".

A ironia, naturalmente, é que o actual sociocídio avolumará as fileiras do Hamas e dos seus simpatizantes, tal como o fiasco libanês de Israel reforçou o prestígio do Hezbollah. Mas só o activismo global em solidariedade com o povo palestino derrotará os desígnios colonialistas de Israel e a sua arrogância letal.
04/Janeiro/2009

[NR] Formaldeído: gás venenoso.

  • Professor emérito de Política Económica em The Evergreen State College, Olympia, Wa, EUA. Seus artigos têm sido publicados em The Nation, Monthly Review, Commonweal, Common Dreams, Global Research e em publicações profissionais de ciências económicas, filosofia, direito e psicologia.


O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/context=va&aid=11610

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #133 Online: 11 de Janeiro de 2009, 15:40:13 »
Quem afirmou que o projeto sionista é uma guerra sem fim foi você, Luiz Souto, não eu.

Quem afirmou "O projeto sionista completa 60 anos da criação de um Estado que só teria paz se conseguisse que os palestinos não existissem" foi você, não eu.

Para mim isso soa como ser favorável ao fim do estado israelense, entendi errado? Paciência, seja mais claro da próxima vez.

Parafraseando o poeta: " Se meu post não deu certo , foi seu ouvido que entortou"

Claro, a culpa é sempre dos outros. Óbvio.

Outra coisa, voltar a fronteira pré-1967. Boa idéia?  Vamos ver.

O Hamas vai concordar com isso ou vai continuar defendendo a destruição do estado de Israel?

Porque se o Hamas não concordar, desculpe, mas pode voltar a qualquer posição de fronteira, os ataques e as guerras vão continuar.

E o meu ponto é esse. Um lado é o do estado com o direito de existir E se defender. E outro lado tem um grupo que quer ter um estado próprio (concordo com isso) e defende a destruição do outro estado (discordo veementemente). E depois é o projeto sionista que é uma guerra sem fim.

E depois você vem dizer que eu gosto de reescrever a história?

Eu acho que os dois lados cometem erros graves na situação toda, não existem mocinhos e bandidos ali. Mas um lado erra menos do que o outro.

O Hamas não é a única força política palestina , Ricardo , nem tem a hegemonia. Tradicionalmente o movimento palestino sempre foi secular , o aumento da influência dos grupos islâmicos é recente e reflete o esgotamento das possibilidades de acordo com Israel. Quando os caminhos na terra são fechados , os do céu parecem mais viáveis.

O Hamas é a força que foi eleita pelo povo palestino. Conta com apoio de boa parte da população. E não vejo porque Israel deva ceder a um grupo que quer destrui-lo. Mas fazer o que né? O gesto da retirada de Gaza não tem valor nenhum. Já especulação tem valor a valer.

Sobre a desocupação de Gaza, sim, eu vejo como um sinal de boa vontade sim. Não se desloca tanta gente assim só para "jogar para a galera".

Sobre o memorando debray, estou lendo e pesquisando a respeito. Mas adianto, papel aceita qualquer coisa. Mas volto amanhã com o que encontrar a respeito dele. Não vou ler apenas uma fonte, eu tenho um problema em duvidar de informações contidas em apenas uma fonte, principalmente quando eu não conheço se é uma fonte imparcial ou não.

Sobre Regis Debray, informa a wikipedia :

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Jules Régis Debray (born 1940) is a French intellectual, journalist, government official and professor. He is known for his theorization of mediology, a critical theory of the long-term transmission of cultural meaning in human society; and for having fought in 1967 with Marxist revolutionary Che Guevara in Bolivia.

Desculpe, mas isso já é um sinal claro, para mim, para duvidar da independência dele como fonte. Não gosto de gente que faz análises baseadas em marxismos e outros contos de fadas. Eu tenho o hábito de desconfiar de tudo o que um socialista escreve.

 Deixando de lado o ad hominem implícito , não deixa de ser engraçado que o vetusto intelectual autor da Midiologia ainda seja caracterizado como marxista ( quem mandou já ter tido 20 e poucos anos e acreditado na revolução?)... Mas como você só o conhece pela citação da Wikipedia , va bene.
Bom proveito na leitura , Jacques Chirac também gostou , não que isso tenha feito alguma diferença...

Não me interessa se ele é autor  da midiologia. Sobre o  ad hominem, deixa eu esclarecer uma coisa, com um exemplo.

"O famoso astrólogo Fulano das Couves, preparou o memorando Couve que relata o que ocorre na região".

No mínimo eu tenho motivo para desconfiar, uma vez que para mim, astrologia é um lixo, e é bem provável que a visão de mundo do Fulano das Couves, neste exemplo a astrologia, tenha influenciado sua opinião.

Para mim socialismo, marxismo e astrologia tem o mesmo valor. Zero. E eu tenho todo o direito de duvidar de alguém que é conhecido por defender algo que eu desprezo. Neste caso o socialismo, marxismo ou seja lá qual for o nome desta vez. E se ele interpretou a questão palestina do ponto de vista socialista e eu estou abrindo a possibilidade disto, então eu tenho todo o direito de, preventivamente, ficar desconfiado. Não aceito a autoridade de ninguém só por ser filósofo, jornalista, religioso ou nada semelhante.

E já que estamos na discussão do uso midiático da vítimas por ambos os lado;
E lembrando aquela frase : " Em uma guerra a primeira vítima é a verdade";
Talvez seja interessante o artigo de 2005 de um jornalista israelense sobre a cobertura da mídia dos conflito ( antes da guerra , claro , agora é diferente , claro):

É a verdade é uma das primeiras vítimas. Dos dois lados. E é óbvio que um jornalista israelense está falando a verdade. Não questionarei a autoridade de um jornalista israelense.

Depois eu comento o artigo e o outro post sobre o Hamas.
“The only place where success comes before work is in the dictionary.”

Donald Kendall

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #134 Online: 11 de Janeiro de 2009, 21:55:05 »
Vou comentar rapidamente tanto o artigo do jornalista israelense, quanto o artigo sobre o Hamas.

Sobre o artigo do jornalista israelense.

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Vocabulário do Jornalismo Israelense

Yonatan Mendel
 
Há um ano, me candidatei à vaga de correspondente do jornal israelense Ma’ariv nos territórios ocupados. Falo árabe, lecionei em escolas palestinas e participei de muitos projetos judaico-palestinos. Na entrevista, o chefe perguntou como eu poderia ser objetivo. Eu havia passado tempo demais com os palestinos, e acabaria sendo tendencioso em favor deles. Não consegui o emprego. Minha entrevista seguinte foi no Walla.com, o site mais popular de Israel. Dessa vez, consegui o emprego e me tornei correspondente do Walla no Oriente Médio. Logo entendi o que Tamar Liebes, diretor do Instituto Smart de Comunicação da Universidade Hebraica de Jerusalém, quis dizer quando afirmou que “os jornalistas e editores se vêem como atores dentro do movimento sionista, e não como observadores críticos”.

O próprio autor do artigo parece se posicionar como ator se passando por observador crítico. Aliás, o autor do artigo é favoravelmente tendecioso em relação aos palestinos, não citando os crimes destes.

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Isso não significa que o jornalismo israelense não seja profissional. A corrupção, as mazelas sociais e a desonestidade são perseguidas com louvável determinação por jornais, tevês e rádios. O fato de os israelenses terem sido informados do que o ex-presidente Moshe Katsav [que renunciou após ser acusado de estupro] fez ou deixou de fazer com suas secretárias prova que a mídia desempenha o papel de cão de guarda, mesmo sob risco de causar constrangimento nacional e internacional. O nebuloso contrato imobiliário de Ehud Olmert, os negócios da misteriosa ilha grega de Ariel Sharon, o romance secreto de Binyamin Netanyahu, a conta bancária secreta de Yitzhak Rabin nos Estados Unidos: tudo isso é livremente discutido na imprensa israelense.

Existe liberdade de imprensa em Israel, pelo menos mais do que existe em estados islâmicos. Seria honesta uma comparação a respeito disso. Que o autor do artigo não faz.

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Quando se trata de “segurança”, não há tal liberdade. Só há “nós” e “eles”, as Forças de Defesa de Israel, FDI, e “o inimigo”. O discurso militar, o único discurso permitido, triunfa sobre qualquer outra narrativa. Não que os jornalistas israelenses cumpram ordens ou um código escrito: apenas preferem pensar coisas boas das suas forças de segurança.

Provas? Apenas a afirmação do autor não basta. Tem gente que escreve artigos maiores falando que jesus existe.

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Na maioria das matérias sobre o conflito há duas partes em luta: as Forças de Defesa de Israel de um lado e os palestinos de outro. Quando um incidente violento é relatado, as FDI confirmam ou o Exército diz, mas os palestinos alegam: “Os palestinos alegaram que um bebê ficou gravemente ferido pelos disparos das FDI.” Isso é alguma invenção? “Os palestinos alegam que colonos israelenses os ameaçaram.” Mas quem são os palestinos? Todos os palestinos – cidadãos de Israel, habitantes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, as pessoas em campos de refugiados de Estados árabes vizinhos e aquelas vivendo na diáspora – fazem a alegação? Por que então uma reportagem séria relata uma alegação feita pelos palestinos? Por que tão raramente há um nome, um departamento, uma organização ou uma fonte dessa informação? Será porque isso lhe daria um aspecto mais confiável?

Será mesmo? Ou será que a mídia se refere aos palestinos envolvidos no evento E o autor está ampliando isso para servir ao que ele acredita. Não dá para saber. Mas dá para desconfiar.

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Quando os palestinos não estão fazendo alegações, seu ponto de vista simplesmente não é ouvido. O Keshev (Centro para Proteção da Democracia em Israel) analisou como os principais canais de televisão e jornais israelenses cobriram as vítimas palestinas num determinado mês – dezembro de 2005. Foram encontradas 48 matérias sobre a morte de 22 palestinos. Apenas oito desses relatos, no entanto, traziam a versão das FDI e uma reação palestina. Nos outros quarenta exemplos, o fato foi relatado apenas do ponto de vista dos militares israelenses.

Isso significa que

A) O outro lado não foi ouvido

B) Não havia outro lado para ouvir

C) O outro lado não se dispos a falar.

Não é possível saber. Pelo menos não por esse artigo.


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Outro exemplo: em junho de 2006, quatro dias depois de o soldado israelense Gilad Shalit ser seqüestrado no lado israelense da cerca de segurança de Gaza, segundo a imprensa israelense, Israel deteve cerca de sessenta integrantes do Hamas, entre os quais trinta membros eleitos do Parlamento e oito ministros do governo palestino. Numa operação bem planejada, Israel capturou e encarcerou o ministro palestino para Assuntos de Jerusalém, os ministros de Finanças, Educação, Assuntos Religiosos, Assuntos Estratégicos, Assuntos Domésticos, Habitação e Prisões, além dos prefeitos de Belém, Jenin e Qalqilya, o presidente do Parlamento palestino e um quarto dos seus integrantes. Que essas autoridades tenham sido tiradas de suas camas tarde da noite e transferidas para território israelense, provavelmente para servir (como Gilad Shalit) de moeda de barganha, não fez da operação um seqüestro. Israel nunca seqüestra. Israel detém.

Sim, Israel detém. Criminosos sequestram. Terroristas sequestram. Um estado detém, prende. Eles ficaram incomunicáveis? As famílias deles foram avisadas que eles seriam mortos se as exigências do estado não fossem atendidas? Isso ocorreu? Não? Então não é sequestro. Mas o autor se esquece deste detalhe. Porque lhe é conveniente. Não me parece ser honesto como um observador crítico e mais um ator, lembrando o que ele citou logo no começo do texto.

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O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio – uma situação a qual qualquer outra organização armada invejaria. Mesmo quando uma bomba de 1 tonelada é jogada sobre uma densa área residencial de Gaza, matando um homem armado e catorze civis inocentes, inclusive nove crianças, ainda assim não são mortes intencionais nem homicídios: são assassinatos dirigidos. Um jornalista israelense pode dizer que os soldados das FDI atingiram palestinos, ou que os mataram, ou que os mataram por engano, e que os palestinos foram atingidos, ou foram mortos ou mesmo que encontraram a morte (como se estivessem procurando), mas homicídio está fora de cogitação. A conseqüência, quaisquer que sejam as palavras usadas, foi a morte, nas mãos das forças de segurança israelenses, desde o início da segunda intifada, de 2 087 palestinos que nada tinham a ver com a luta armada.

Provas que nenhum dos 2087 palestinos não tinha nada a ver com a luta armada? Apenas a palavra do autor do artigo. Por que confiar em alguém que não me parece honesto?

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As Forças de Defesa de Israel, tal como são mostradas na mídia israelense, têm outra estranha capacidade: a de nunca iniciar ou decidir um ataque, nem de lançar uma operação. As FDI simplesmente respondem. Elas respondem aos foguetes Qassam, respondem aos ataques terroristas, respondem à violência palestina. Isso torna tudo tão mais lógico e civilizado: as FDI são forçadas a lutar, a destruir casas, a balear palestinos e a matar 4 485 deles em sete anos, mas nenhum desses fatos é responsabilidade dos soldados. Eles estão enfrentando um inimigo abjeto, e reagem de acordo com seu dever. O fato de suas ações – toques de recolher, prisões, cercos por mar, tiros e mortes – serem a principal causa da reação palestina não parece interessar à mídia. Como os palestinos não podem responder, os jornalistas israelenses escolhem outro verbo de um léxico que inclui vingar, provocar, atacar, incitar, apedrejar e disparar os mísseis Qassam.

Atacar as pessoas a noite, com foguetes não é abjeto. Imagino o que o autor diz ser abjeto.

Desde a guerra dos seis dias Israel é atacado e se defende. E ataca também. Não é apenas culpa do exército de Israel a situação atual da palestina.

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Entrevistando Abu-Qusay, porta-voz das Brigadas de Al-Aqsa em Gaza, em junho de 2007, perguntei a ele sobre a razão para disparar mísseis Qassam contra a cidade israelense de Sderot. “O Exército pode responder”, disse eu, sem perceber que já estava influenciado. “Mas nós estamos respondendo aqui”, disse Abu-Qusay. “Não somos terroristas, não queremos matar... estamos resistindo às contínuas incursões de Israel na Cisjordânia, aos seus ataques, ao seu cerco em nossas águas e ao fechamento das nossas terras.” As palavras de Abu-Qusay foram traduzidas para o hebraico, mas Israel continuou entrando todas as noites na Cisjordânia, e os israelenses não viram mal nenhum nisso. Afinal de contas, era só uma resposta.

Claro, um homem bomba que explode civis não é terrorista. Imagina se fosse.

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Numa época em que havia muitas incursões israelenses em Gaza, perguntei o seguinte aos meus colegas: “Se um palestino armado cruza a fronteira, entra em Israel, dirige até Tel Aviv e atira em pessoas nas ruas, ele será o terrorista, e nós seremos as vítimas, certo? Porém, se as FDI cruzam a fronteira, dirigem vários quilômetros Gaza adentro e começam a disparar contra os atiradores palestinos, quem é o terrorista e quem é o que resiste? Como é possível que os palestinos que vivem nos territórios ocupados nunca possam recorrer à autodefesa, enquanto o Exército israelense é sempre o defensor?” Meu amigo Shay, da editoria de arte, esclareceu as coisas para mim: “Se você for à Faixa de Gaza e atirar nas pessoas, você será um terrorista. Mas quando o Exército faz isso, é uma operação para deixar Israel mais seguro. É a implementação de uma decisão do governo!”

Um atirador palestino é um civil? Ou um terrorista? Se o exército invade e mata civis está errado. Mas ao contrário do que o autor quer fazer quer, os palestinos não são coitadinhos, não existem mocinhos e bandidos ai.

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Outra distinção interessante entre “nós” e “eles” apareceu quando o Hamas exigiu a libertação de 450 prisioneiros ligados ao grupo, em troca do soldado Gilad Shalit. Israel anunciou que libertaria prisioneiros, mas não aqueles com sangue nas mãos. São sempre os palestinos – nunca os israelenses – que têm sangue nas mãos. Isso não quer dizer que os judeus não possam matar os árabes, mas eles não terão sangue nas mãos, e se forem presos serão soltos depois de poucos anos. Sem falar naqueles que têm sangue nas mãos e chegaram a primeiro-ministro. Somos não só mais inocentes quando matamos, como também mais suscetíveis quando feridos. Em geral, a descrição de um míssil Qassam que atinja Sderot será mais ou menos assim: “Um Qassam caiu ao lado de uma residência, três israelenses tiveram ferimentos leves e dez outros sofreram um choque.” Não se deve minimizar tais males: um míssil atingindo uma casa no meio da noite de fato deve causar um grande choque. Deve-se lembrar, no entanto, que o choque só vale para os judeus. Os palestinos aparentemente são uma gente muito calejada.

O choque vale para os dois lados. E a repercussão mundial de palestinos mortos é muito maior do que a de judeus mortos. O autor poderia ser honesto e ressaltar isso.

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As Forças de Defesa de Israel, num outro motivo de inveja para todos os outros Exércitos, matam só as pessoas mais importantes. “Um membro de alto escalão do Hamas foi morto” é quase um coro na mídia israelense. Membros de baixo escalão do Hamas nunca foram achados ou nunca foram mortos. Shlomi Eldar, correspondente de uma estação de televisão na Faixa de Gaza, escreveu bravamente sobre esse fenômeno no livro Eyeless in Gaza [Sem Olhos em Gaza], de 2005. Quando Riyad Abu Zaid foi assassinado, em 2003, a imprensa israelense fez eco ao anúncio das FDI de que o homem seria o chefe da ala militar do Hamas em Gaza. Eldar, um dos poucos jornalistas investigativos de Israel, descobriu que o homem era apenas um secretário do clube de prisioneiros do Hamas. “Foi uma das muitas ocasiões em que Israel ‘incrementou’ um ativista palestino”, escreveu Eldar. “Depois de todo assassinato, cada pequeno ativista é ‘promovido’ a grande.”

Um erro lamentável. Secretário do clube de prisioneiros do hamas é um cargo pequeno?

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Esse fenômeno pelo qual as declarações das FDI imediatamente se traduzem em reportagens é resultado tanto da falta de acesso à informação quanto da má vontade de jornalistas em provar que o Exército está errado, ou em mostrar soldados como criminosos. “As FDI estão agindo em Gaza” (ou em Jenin, ou em Tulkarm, ou em Hebron) é a expressão oferecida pelo Exército e adotada pela mídia. Por que dificultar a vida dos ouvintes? Por que lhes contar o que os soldados fazem, descrevendo o medo que geram, o fato de que eles vêm com armas e veículos pesados e esmagam a vida urbana, aumentando o ódio, a dor e o desejo de vingança?

Como se os soldados fossem os únicos culpados. Não são os únicos culpados.

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Em fevereiro, para tentar conter os militantes que disparavam foguetes Qassam, Israel decidiu interromper a eletricidade em Gaza durante algumas horas por dia. Embora isso significasse, por exemplo, que a energia deixaria de chegar a hospitais, foi dito que “o governo israelense decidiu aprovar essa medida como outra arma não-letal”. Outra coisa que os soldados fazem é limpar – khisuf. Em hebraico comum, khisuf significa expor algo oculto, mas no linguajar das FDI significa limpar uma área de esconderijos em potencial para atiradores palestinos. Durante a última intifada, escavadeiras israelenses D9 destruíram milhares de casas palestinas, arrancaram milhares de árvores e deixaram um rastro de milhares de estufas danificadas. É melhor saber que o Exército limpou a área do que enfrentar a realidade de que o Exército destrói as propriedades, o orgulho e a esperança dos palestinos.

Se as propriedades não servissem de base para lançamentos de foguetes isso aconteceria? Não sei. O autor dá a entender que sim. Mas não é um autor confiável, nesse ponto.

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Outra palavra útil é coroamento (keter, que também pode ser traduzida como “cerco”), eufemismo para um cerco no qual quem sair de casa se arrisca a ser baleado. Zonas de guerra são lugares onde os palestinos podem ser mortos, mesmo as crianças que não sabem que entraram numa zona de guerra. Crianças palestinas, aliás, tendem a ser promovidas a adolescentes palestinos, especialmente quando são acidentalmente mortas. Mais exemplos: postos avançados e isolados dos israelenses na Cisjordânia são chamados de postos ilegais, talvez em contraste com os assentamentos israelenses, que são aparentemente legais. Detenção administrativa significa prender pessoas que não foram levadas a julgamento e nem mesmo receberam acusação formal (em abril de 2003, havia 1 119 palestinos nessa situação). A OLP (Ashaf) é sempre citada por sua sigla, e nunca por seu nome completo, Organização para a Libertação da Palestina: Palestina é uma palavra que quase nunca é usada – há um presidente palestino, mas não um presidente da Palestina.

Crianças palestinas também são usadas como escudo humano. O autor falha em citar isso, e tenta tratar as FDI como o mal absoluto. Não são o único mal na região.

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“Uma sociedade em crise forja um novo vocabulário para si”, escreveu David Grossman no livro The Yellow Wind [O Vento Amarelo], “e gradualmente uma nova linguagem emerge, cujas palavras não mais descrevem a realidade, mas tentam, em vez disso, escondê-la.” Essa “nova linguagem” foi adotada voluntariamente pela mídia, mas se alguém precisar de um conjunto oficial de diretrizes ele pode ser encontrado no Relatório Nakdi, um documento redigido pelo órgão público Autoridade de Radiodifusão Israelense. Divulgado inicialmente em 1972, e atualizado três vezes desde então, o relatório se destinava a “esclarecer algumas das regras profissionais que regulam o trabalho de uma pessoa da imprensa”. A proibição do termo Jerusalém Oriental era uma delas.

Censura? Um erro. Lamentável e que deve ser combatido.

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As restrições não se limitam à geografia. Em 20 de maio de 2006, a emissora mais popular da televisão israelense, o Canal 2, noticiou “outro assassinato dirigido em Gaza, um assassinato que pode atenuar os disparos dos Qassam” (376 pessoas já morreram em assassinatos dirigidos, sendo 150 delas civis que não eram alvos de assassinatos). Ehud Ya’ari, um conhecido correspondente israelense que cobre assuntos árabes, no estúdio, disse: “O homem que foi morto é Muhammad al Dahdouh, da Jihad Islâmica... Isso é parte da outra guerra, uma guerra para diminuir o número dos ativistas que disparam os Qassam.” Nem Ya’ari nem o porta-voz das FDI se preocuparam em noticiar que quatro civis palestinos inocentes também foram mortos na operação, e que três outros ficaram feridos, inclusive uma menina de 5 anos chamada Maria, que ficará paralítica do pescoço para baixo. Esse “descuido”, revelado pela jornalista israelense Orly Vilnai-Federbush, só mostra o quanto não sabemos sobre aquilo que julgamos saber.

E os civis estavam onde? Dando apoio ou suporte aos alvos? Todos os civis eram inocentes? O autor deixa isso sugerido, mas não prova. E dado o comportamento palestino, é um questionamento válido. Novamente, não existem mocinhos nessa briga.

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Uma coisa interessante é que, desde que o Hamas tomou a Faixa de Gaza, um dos novos xingamentos na mídia israelense é Hamastão, palavra que aparece no noticiário “quente”, a parte supostamente sagrada dos jornais, que deveria apresentar os fatos sem editorializá-los. O mesmo vale para movimentos como Hamas ou Hezbollah, descritos em hebraico como organizações, e não como partidos ou movimentos políticos. Intifada nunca recebe o seu significado árabe de “revolta”; e Al-Quds, que quando usada por políticos é uma palavra que se refere apenas aos “lugares sagrados de Jerusalém Oriental”, ou a “Jerusalém Oriental”, é entendida pelos correspondentes israelenses como Jerusalém, o que efetivamente implica uma determinação palestina em tomar a capital inteira.

Não explica porque Hamastão é um xingamento.

Hamas e Hezbollah são organizações sim. Do tipo terrorista. Não vejo o problema do autor, que parece não gostar que algo seja chamado pelo que é, quando é do lado palestino.

Sobre as citações a Jerusalém, se isso ocorre, é um erro, que deve ser combatido

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Foi curioso observar as reações dos jornais ao assassinato de Imad Moughniyeh, na Síria, em fevereiro. Eles competiram entre si quanto à maneira de designá-lo: arquiterrorista, mestre-terrorista, maior terrorista da Terra. A imprensa israelense levou alguns dias para deixar de louvar os assassinos de Moughniyeh e começar a fazer o que deveria ter feito inicialmente: perguntar quais as conseqüências da morte dele. O jornalista Gideon Levy acha que essa é uma tendência israelense: “A cadeia de ‘chefes terroristas’ liquidados por Israel, de Ali Hassan Salameh a Abu Jihad, passando por Abbas Musawi e Yihyeh Ayash até o xeque Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi (todas elas “operações” que celebramos com grande pompa e circunstância por um doce e inebriante momento), até agora apenas provocou ataques duros e dolorosos de vingança contra Israel e os judeus mundo afora.”

Sim, provoca ataques. Mais um motivo para jubilar a morte de canalhas terroristas. Ou o autor acha que os ataques iriam parar só porque um terrorista foi deixado vivo?

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Repórteres israelenses especializados em assuntos árabes devem evidentemente falar árabe – muitos deles, de fato, estudaram o idioma nas escolas do aparato de segurança – e precisam conhecer a história e a política do Oriente Médio. E têm de ser judeus. Visivelmente, a mídia israelo-judaica prefere contratar jornalistas com um conhecimento mediano do idioma árabe a falantes nativos, pois estes seriam cidadãos palestinos de Israel. Aparentemente, jornalistas judeus são mais bem equipados que os árabes israelenses para explicar “o que os árabes pensam”, quais são “os objetivos árabes” e “o que os árabes dizem”. Talvez seja assim porque os editores sabem o que o seu público quer ouvir. Ou, mais importante, o que o público israelense prefere não ouvir.

E ainda assim o autor é livre para discordar, coisa que acontece em uma democracia. E ele convenientemente esquece que o regime do Hamas é tudo, menos democrático. A mídia tem o direito de contratar quem quiser, não quem o guia genial dos jornalistas o autor do texto acha correto.

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Se as palavras ocupação, apartheid e racismo (sem falar em cidadãos palestinos de Israel, bantustões, limpeza étnica e Nakba [“catástrofe”, a palavra com a qual os palestinos se referem à criação de Israel, em 1948]) estão ausentes do discurso israelense, os cidadãos de Israel podem passar a vida inteira sem saber com o que estão convivendo. Por exemplo, racismo (Giz’anut, em hebraico). Se o Parlamento israelense legisla que 13% das terras do país só podem ser vendidas para judeus, então ele é um Parlamento racista. Se em sessenta anos o país só teve um ministro árabe, então Israel tem tido governos racistas. Se, em sessenta anos de manifestações, balas de borracha e munição de verdade só foram usadas contra manifestantes árabes, então Israel tem uma polícia racista. Se 75% dos israelenses admitem que se recusariam a ter um árabe como vizinho, então é uma sociedade racista. Ao não reconhecer que Israel é um lugar onde o racismo molda as relações entre judeus e árabes, os judeus israelenses se tornam incapazes de lidar com o problema, ou mesmo com a realidade das suas próprias vidas.

Verdade. Vamos ver se agora o autor age como um observador crítico e revela o racismo do outro lado.

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A mesma negação da realidade está refletida na recusa ao termo apartheid. Devido à sua associação com a África do Sul branca, os israelenses acham muito duro usar a palavra. Isso não quer dizer que exatamente o mesmo tipo de regime vigore hoje nos territórios ocupados, mas um país não precisa ter bancos de praça “apenas para brancos” para ser um Estado que pratica o apartheid. Afinal, apartheid significa “separação”, e, se nos territórios ocupados os colonos têm uma estrada, e os palestinos precisam usar estradas alternativas ou túneis, então é um sistema rodoviário de apartheid. Se o muro de separação construído sobre centenas de hectares de terra confiscada na Cisjordânia separa as pessoas (inclusive palestinos de ambos os lados do muro), então é um muro de apartheid. Se nos territórios ocupados há dois Judiciários, um para colonos judeus e outro para os palestinos, então é uma Justiça de apartheid.

Sim, é uma separação. Uma separação porque uma raça se acha superior a outra ou porque um grupo, militarmente mais forte, não quer facilitar a vida do outro, o que talvez levaria a mais ataques. O autor não diz. E o racismo do lado palestino? Nem uma palavra. Quem lê pensa que eles são mártires, coitadinhos. Não tem mocinho nesta história.

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Há também os próprios territórios ocupados. Notavelmente, não há territórios ocupados em Israel. O termo é ocasionalmente usado por algum colunista ou político de esquerda, mas no noticiário ele inexiste. No passado, foram chamados de territórios administrados, para esconder o fato real da ocupação. Foram então chamados de Judéia e Samaria. E, na grande imprensa israelense de hoje, são chamados de os territórios (Ha-Shtachim). O termo ajuda a preservar a noção de que os judeus são as vítimas, o povo que age apenas em autodefesa, a metade moral da equação, e que os palestinos são os agressores, os caras ruins, as pessoas que lutam por razão nenhuma. O exemplo mais simples explica isso: “Um cidadão dos territórios foi apanhado contrabandeando armas ilegais.” Poderia fazer sentido que os cidadãos de um território ocupado tentassem resistir ao ocupante, mas não faz sentido se eles forem apenas dos territórios.

Claro, desde a guerra dos seis dias é Israel quem começa os conflitos, os arábes não reuniram exércitos e prepararam ataques em 1967 (e foram surpreendidos e humilhados, merecidamente). Os palestinos respondem aos ataques. Sempre Israel que é o culpado. É culpado sim. Mas não é o único.

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Os jornalistas israelenses não estão incrustados no aparato estatal de segurança, e nunca ninguém lhes pediu que fizessem seu público se sentir bem a respeito da política militar de Israel. As restrições às quais eles se submetem são observadas voluntariamente, quase inconscientemente – o que torna sua prática ainda mais perigosa. Apesar disso, a maioria dos israelenses acha que sua mídia é esquerdista demais, insuficientemente patriota e que não está do lado de Israel. E que a imprensa estrangeira é pior. Durante a última intifada, Avraham Hirchson, então ministro de Finanças, exigiu que as transmissões da CNN a partir de Israel fossem interrompidas, sob a alegação de que eram “transmissões distorcidas e programas tendenciosos que são nada mais que uma campanha de incitação contra Israel”. Manifestantes israelenses pediram o fim da “cobertura indigna de confiança e provocadora do terror feita pela CNN”, reclamando em seu lugar a cobertura da Fox News. Israelenses com até 50 anos são obrigados a prestar um mês de serviço militar reservista por ano. “O civil”, disse certa vez Yigael Yadin, um dos primeiros chefes das FDI, “é um soldado com licença anual de 11 meses.” Para a mídia israelense, não existe licença.

E o povo está errado. O Autor do artigo sim, esse nunca erra. Honesto...

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Yonatan Mendel trabalhou para o site de notícias Walla , o maior de Israel , e atualmente faz doutorado no Queens College , na Inglaterra , estudando a relação entre a língua árabe e a segurança em Israel. Artigo publicado no London Review of Books. Tradução de Rodrigo Leite

É fácil falar do Queens College, supondo que o autor, no momento, se encontra lá, já que não conheço a data original do artigo.
“The only place where success comes before work is in the dictionary.”

Donald Kendall

Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #135 Online: 11 de Janeiro de 2009, 22:08:06 »
Outra coisa, voltar a fronteira pré-1967. Boa idéia?  Vamos ver.

O Hamas vai concordar com isso ou vai continuar defendendo a destruição do estado de Israel?

Já que estamos na fase de transcender o pensamento único e apresentar outras visões do assunto , talvez este artigo contextualize e responda á pergunta:

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Hamas, Israel, Gaza e resistência violenta
A estrutura histórica e política da crise actual

por Alan Nasser


As razões manifestadas por Israel para a sua declaração de guerra total contra a população de Gaza são a mais recente variação de um tema que pôs em circulação a seguir à vitória eleitoral de 2006 do Hamas em Gaza. Em Fevereiro daquele ano Israel emitiu um conjunto oficial de exigências. Israel exigia que o Hamas reconhecesse o direito permanente de Israel a existir, renegasse a violência e aceitasse a validade dos acordos anteriores israelenses-palestinos. Israel afirma que a incapacidade do Hamas em cumprir estas exigências explica e justifica seus ataques aéreos sobre o povo de Gaza.

(...)


O autor fala da vontade do Hamas pela paz, que Israel é colonialista (até é, concordo em parte com isso), que o Hamas aceita a paz. Vamos ver a paz do Hamas.

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Hamas kills Fatah members in border clash

AP
Tuesday, 15 May 2007

Hamas gunmen attacked rival Fatah forces at a key Gaza-Israel border crossing today, killing at least five people and drawing gunfire from nearby Israeli troops, Palestinian officials and witnesses said.

The attack was the deadliest single incident in three days of factional fighting. Witnesses saw at least five bodies from the pro-Fatah Presidential Guard brought into a hospital morgue. The guard is responsible for guarding the Karni border crossing under an agreement with Israel.

The incident also threatened to draw Israel into the latest wave of Palestinian infighting.

The army confirmed it had fired at a group of gunmen who approached the border, identifying a hit. Palestinian medical officials confirmed one person was killed.

http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/hamas-kills-fatah-members-in-border-clash-448923.html

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Hamas will not recognise Israel, says PM

 By Associated Press
Saturday, 7 October 2006

Hamas will not be pushed out of power, accept compromise or recognise Israel, a combative Prime Minister Ismail Haniyeh of Hamas told a mass rally yesterday.


Haniyeh ruled out the latest compromise proposal, a government of technocrats. The idea had been floated by senior Hamas members, as a way of winning international support and ending a seven-month aid freeze.

"There are new scenarios, such as an emergency government, a technocrat government, or early elections," Haniyeh told tens of thousands of supporters. "They all aim for one thing, getting Hamas out of the government."

Haniyeh reiterated that Hamas is willing to bring more parties into the government, but said the Islamic militant group would not soften its positions. The international community demands that Hamas recognize Israel, renounce violence and accept existing peace agreements.

"We say we will be in every government, we will stay in the government," he said. "We will not recognise Israel."

Haniyeh urged moderate President Mahmoud Abbas to return to Gaza to resume coalition talks. Abbas said earlier this week that the talks had collapsed and accused Hamas on reneging on an earlier coalition deal.

Haniyeh accused the international community of trying to impose its will on Hamas.

"They want a government with American and Israeli dimensions that implements external dictation, the so-called Quartet demands," he said, referring to the group of Mideast peacemakers - the U.S., the U.N., the EU and Russia.

http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/hamas-will-not-recognise-israel-says-pm-419038.html


Qualquer um sabe que retornar as fronteiras de 1967 não vai acontecer. Simples assim. Mas uma solução teria que ser negociada, discutida, em que os dois lados abram mão. Israel saiu de Gaza e o Hamas abriu mão de que? Nada.
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Donald Kendall

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #136 Online: 11 de Janeiro de 2009, 23:19:52 »

Citar
Outro exemplo: em junho de 2006, quatro dias depois de o soldado israelense Gilad Shalit ser seqüestrado no lado israelense da cerca de segurança de Gaza, segundo a imprensa israelense, Israel deteve cerca de sessenta integrantes do Hamas, entre os quais trinta membros eleitos do Parlamento e oito ministros do governo palestino. Numa operação bem planejada, Israel capturou e encarcerou o ministro palestino para Assuntos de Jerusalém, os ministros de Finanças, Educação, Assuntos Religiosos, Assuntos Estratégicos, Assuntos Domésticos, Habitação e Prisões, além dos prefeitos de Belém, Jenin e Qalqilya, o presidente do Parlamento palestino e um quarto dos seus integrantes. Que essas autoridades tenham sido tiradas de suas camas tarde da noite e transferidas para território israelense, provavelmente para servir (como Gilad Shalit) de moeda de barganha, não fez da operação um seqüestro. Israel nunca seqüestra. Israel detém.

Sim, Israel detém. Criminosos sequestram. Terroristas sequestram. Um estado detém, prende. Eles ficaram incomunicáveis? As famílias deles foram avisadas que eles seriam mortos se as exigências do estado não fossem atendidas? Isso ocorreu? Não? Então não é sequestro. Mas o autor se esquece deste detalhe. Porque lhe é conveniente. Não me parece ser honesto como um observador crítico e mais um ator, lembrando o que ele citou logo no começo do texto.


Pois é Ricardo , eu ia responder a sua análise do artigo quando me deparei com esta pérola do pensamento sofístico , em que uma ação classificada de sequestro por qualquer um que tenha a menor noção de Direito se torna apenas  detenção , já que quem sequestrou foi um Estado e não os ameaçou de morte. Considerações posteriores da sua análise seriam fúteis e redundantes , o cerne do seu pensamento está aí.
Se esta é sua concepção então sejamos honestos : não há mocinhos de nenhum lado , mas um dos lados está sempre justificado em seu não-mocismo.
Se você quer acreditar que Israel está realizando uma ação apenas contra o Hamas , uma ação heterodoxa usando a Infantaria , Cavalaria e Artilharia contra grupos dispersos e não um exército regular , ação esta que qualquer recém formado em academia militar lhe dirá que não funciona e nunca funcionou , então acredite.
Se você não quer acreditar que Israel está realizando uma clássica operação de tomada territorial , com avanço em profundidade , divisão do terreno para uma ocupação prolongada , em suma a fase inicial da recriação de um sistema bantustão-like , não acredite.
Se você acha que as perdas civis são lamentáveis , que a catástrofe humanitária é lamentável , mas que as vítimas são culpadas por terem escolhido o Hamas , eu lamento esta postura. Porque é a mesma postura dos que viram os judeus serem segregados e lamentou mas , afinal , quem mandou eles comportarem como judeus? Quando se passa achar que as vítimas são co-autoras do crime , se perde a capacidade de sentir o cheiro do pogrom.

Os textos estão aí para você se distrair e , principalmente , para os outros que queiram ler algo dissonante da cantilena " triste porém necessário" que embala o genocídio que está ocorrendo.   
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #137 Online: 12 de Janeiro de 2009, 00:32:24 »
Um dos lados está menos errado sim, Luiz Souto. Pelo menos quando ele responde a agressão.

Ambos os lados estão conduzindo a situação de maneira ruim. Mas um deles já fez gestos no passado pró paz. Outro lado, declarou em 2006 que não reconheceria Israel. Israel não é o culpado de tudo. Nunca foi o culpado único de tudo o que ocorre lá.

Sobre a diferença entre deter e sequestrar, bem eu considero sim que existe uma diferença. Foram presos por um Estado, não um grupo terrorista, e até onde eu sei, e posso estar errado, não correram risco de morte durante a detenção. E um estado tem o direito de prender quem comete crimes contra ele ou é suspeito de cometer ou apoiar. Se foi um erro, tem que ser punido. Mas igualar o estado de Israel a um grupo que sequestra soldado, isso eu não faço mesmo. E diferencio sequestro de soldados de detenção de líderes de movimentos palestinos.

Israel está agindo sim contra o Hamas, e está infelizmente atingindo civis no caminho.

É errado? É, pela maneira que está sendo conduzido.

É ruim? É horrível, muito pior do que ruim.

Vai causar problemas posteriores para Israel? Provavelmente.

Vai piorar a situação de Israel? Apostaria que sim.

Mas Israel tem o direito de se defender de ataques. Pode não ser a melhor maneira, acho que não é. Mas era algo esperado e o outro lado não se movimentou para evitar isso. Que é o que um grupo responsável faria se quisesse preservar a vida de civis, negociar a paz possível, lutar para preservar a vida daqueles que governa.

E o fundamental é que eu defendo que "Os Israelenses acreditam que estão certos, que esta é a melhor resposta, na visão deles".

É isso que eu defendo, não que eles estão certos, mas que acham que estão, e porque foram levados a isso. E defendo que como uma estado com o direito de existir, tem o direito de se defender. Ainda que eu discorde muito da forma como está sendo feita a defesa.

Sobre isso aqui :

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Porque é a mesma postura dos que viram os judeus serem segregados e lamentou mas , afinal , quem mandou eles comportarem como judeus? Quando se passa achar que as vítimas são co-autoras do crime , se perde a capacidade de sentir o cheiro do pogrom.

Não senhor. Não é o mesmo caso. Não é a mesma situação que permita igualar os judeus da 2a guerra com os palestinos agora. É bonito, soa bem, mas não é o mesmo caso.  E igualar os palestinos implica em igualar os judeus de agora aos nazistas de ontem.

Infelizmente o Hamas tem parte sim da culpa em parte das vítimas, especialmente quando, e cito aqui mensagem do Fernando Silva :

E não acho que seja correto classificar as cartas enviadas como cartinhas de amor. Foram um aviso, algo bem diferente de cartinha de amor. A população civil foi avisada que o Hamas é o alvo, se a população civil optou por ficar, algum motivo deve ter. E foi a mesma população que escolheu o Hamas. Que sempre defendeu a destruição de Israel.
O problema de Israel avisar quais serão os alvos é que o Hamas leva correndo um monte de mulheres e crianças para o local. Com isto consegue "belas" manchetes no dia seguinte.

http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/10/e100118696.asp
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Num incidente recente, a inteligência israelense soube que uma casa era usada para fabricar e armazenar mísseis. Foi um claro alvo militar desde que seus mísseis eram atirados nos civis israelenses.

A casa, no entanto, também abrigava uma família. Então, o Exército militar israelense ligou para a casa, informou o dono que era uma alvo militar, e deu a ele trinta minutos para sair com a família antes de a casa ser atacada. O dono ligou para o Hamas, que imediatamente enviou dezenas de mães com bebês nos colos para ficarem juntas no terraço da casa.

O Hamas sabia que Israel nunca abriria fogo contra uma casa com civis. Também sabiam que se, por obra do acaso, as autoridades israelenses não soubessem que havia civis na casa, e atirassem nela, o Hamas teria uma vitória em termos de relações públicas, mostrando os civis mortos para a mídia. Nesse caso, Israel tomou conhecimento de que havia civis e evitou o ataque.

Os judeus da alemanha nazista faziam o mesmo? Não me consta.

Enviar dezenas de mães com bebês de colo é algo responsável?

Quantas crianças morreram, por opção do Hamas,  para que próprio possa ter mais imagens de crianças mortas para divulgar ao mundo?

Quando o Hamas assumiu o poder,  o que fez? Declarou que não reconheceria Israel. E tome foguete na cabeça de Israel, que na visão de muitos deveria aguentar calado, afinal os foguetes são apenas uma "resposta" a situação de Gaza e da atuação de Israel no controle de acesso da região.

Liberar o acesso para facilitar a entrada de armas mais poderosas? É isso que Israel deveria fazer?

O que o Hamas fez pela paz e para melhorar a vida daqueles que governa? Matou integrantes da Fatah. E mais nada. Se moveu pela paz? A possível? Não.

Sobre a maneira que a guerra está sendo conduzida, já disse, acho errado. Acho que vai piorar, especialmente se os boatos se confirmarem e Israel invadir maciçamente os territórios palestinos para retirar os milicianos do Hamas de casa em casa. Provavelmente será necessária intervenção internacional para controlar a região, se isso ocorrer.


Uma das coisas que me irritam é ver gente defendendo, minimizando os ataques do Hamas, e pintando Israel como o maior, ou único, vilão da história.

No mundo real, com a população exigindo uma resposta aos ataques diários que ocorreram, era uma questão de tempo até que algo assim ocorresse, e ocorreu por culpa do Hamas e sua intransigência e por culpa da maneira que o Israel conduz sua política. Não existem mocinhos lá. Existem bandidos, existem motivações religiosas, econômicas, militares entre outras.

Para finalizar a minha participação no tópico, vou deixar bem claro o que eu penso dos judeus, israelenses e outros envolvidos no conflito:

Os dois lados erram muito. As grandes potências que poderiam mediar o conflito também. Não se ressalta o papel do Irã como agente desestabilizador da região. A situação vai piorar muito. Não se ressalta a culpa do Hamas, como se o mundo se dividisse em bons e maus e Israel fosse o maior culpado.

Sinceramente eu não dou a mínima para o que acontece lá. Que os dois lados se matem se acharem que isso é o melhor.

Não gosto das mortes, lamento que ocorram. Mas não vou achar que existe apenas um lado culpado na história.
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Donald Kendall

Offline Fabi

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #138 Online: 12 de Janeiro de 2009, 00:55:29 »
E não acho que seja correto classificar as cartas enviadas como cartinhas de amor. Foram um aviso, algo bem diferente de cartinha de amor. A população civil foi avisada que o Hamas é o alvo, se a população civil optou por ficar, algum motivo deve ter. E foi a mesma população que escolheu o Hamas. Que sempre defendeu a destruição de Israel.
O problema de Israel avisar quais serão os alvos é que o Hamas leva correndo um monte de mulheres e crianças para o local. Com isto consegue "belas" manchetes no dia seguinte.

http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/10/e100118696.asp
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Num incidente recente, a inteligência israelense soube que uma casa era usada para fabricar e armazenar mísseis. Foi um claro alvo militar desde que seus mísseis eram atirados nos civis israelenses.

A casa, no entanto, também abrigava uma família. Então, o Exército militar israelense ligou para a casa, informou o dono que era uma alvo militar, e deu a ele trinta minutos para sair com a família antes de a casa ser atacada. O dono ligou para o Hamas, que imediatamente enviou dezenas de mães com bebês nos colos para ficarem juntas no terraço da casa.

O Hamas sabia que Israel nunca abriria fogo contra uma casa com civis. Também sabiam que se, por obra do acaso, as autoridades israelenses não soubessem que havia civis na casa, e atirassem nela, o Hamas teria uma vitória em termos de relações públicas, mostrando os civis mortos para a mídia. Nesse caso, Israel tomou conhecimento de que havia civis e evitou o ataque.
Bom, não tem como ficar do lado dos palestinos sendo que eu sei que 72% dos palestinos elegeram o Hamas, mesmo sabendo que o hamas organiza atentados terroristas contra civis em Israel.

E em uma rápida procurada no google eu achei:

Uma lista de atentados de 2001 até 2006: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u94965.shtml

Atentado numa escola: http://www.estadao.com.br/geral/not_ger136600,0.htm

E Israel é o grande vilão da história? ::)

Guerras não são boas, mas quando matam civis no território do outro (com atentados suicidas ou foguetes), aí não tem jeito..o outro lado vai responder...
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Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #139 Online: 12 de Janeiro de 2009, 06:24:32 »
E não acho que seja correto classificar as cartas enviadas como cartinhas de amor. Foram um aviso, algo bem diferente de cartinha de amor. A população civil foi avisada que o Hamas é o alvo, se a população civil optou por ficar, algum motivo deve ter. E foi a mesma população que escolheu o Hamas. Que sempre defendeu a destruição de Israel.
O problema de Israel avisar quais serão os alvos é que o Hamas leva correndo um monte de mulheres e crianças para o local. Com isto consegue "belas" manchetes no dia seguinte.

http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/10/e100118696.asp
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Num incidente recente, a inteligência israelense soube que uma casa era usada para fabricar e armazenar mísseis. Foi um claro alvo militar desde que seus mísseis eram atirados nos civis israelenses.

A casa, no entanto, também abrigava uma família. Então, o Exército militar israelense ligou para a casa, informou o dono que era uma alvo militar, e deu a ele trinta minutos para sair com a família antes de a casa ser atacada. O dono ligou para o Hamas, que imediatamente enviou dezenas de mães com bebês nos colos para ficarem juntas no terraço da casa.

O Hamas sabia que Israel nunca abriria fogo contra uma casa com civis. Também sabiam que se, por obra do acaso, as autoridades israelenses não soubessem que havia civis na casa, e atirassem nela, o Hamas teria uma vitória em termos de relações públicas, mostrando os civis mortos para a mídia. Nesse caso, Israel tomou conhecimento de que havia civis e evitou o ataque.
Bom, não tem como ficar do lado dos palestinos sendo que eu sei que 72% dos palestinos elegeram o Hamas, mesmo sabendo que o hamas organiza atentados terroristas contra civis em Israel.

E em uma rápida procurada no google eu achei:

Uma lista de atentados de 2001 até 2006: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u94965.shtml

Atentado numa escola: http://www.estadao.com.br/geral/not_ger136600,0.htm

E Israel é o grande vilão da história? ::)

Guerras não são boas, mas quando matam civis no território do outro (com atentados suicidas ou foguetes), aí não tem jeito..o outro lado vai responder...

Eu não ia comentar mais, mas esse é um ponto interessante. Tem quem defenda que atentados terroristas são apenas a resposta ao que Israel faz. Ou seja, assassinar ou tentar assassinar civis judeus é uma resposta válida, justificada para alguns defensores do Hamas.

Citar

Deve-se dizê-lo e repeti-lo: estes disparos de foguetes não são , como querem fazer crer certos diplomatas europeus , “provocações inaceitáveis” , mas respostas , há que reconhecer que bastante penosas , a um embargo selvagem imposto por Israel há um ano e meio ao milhão e meio de residentes da Faixa de Gaza , mulheres , crianças , idosos inclusos , com a colaboração criminosa dos Estados Unidos porém também da União Européia.

Penoso, mas justificável, segundo o autor do artigo. Atos terroristas nunca deveriam ser aceitáveis.

Há 3 anos desde que assumiu o poder, o Hamas vem promovendo os disparos de foguetes contra Israel. Na realidade já promovia antes, mas não tinha assumido o poder, formalmente.

O que não justifica o embargo, mas explica, ao menos em parte, porque ele aconteceu.

Será que o embargo teria sido imposto se o Hamas tivesse reconhecido Israel e negociado uma paz possível? Ao menos suspendido os ataques e dado sinais de boa vontade em negociar? O que o Hamas, eleito, fez foi o ato mais responsável e correto para com o bem estar da população que o elegeu?

Será que o Hamas chegou a pensar na população e no sofrimento dela?

Agora cobrar o Hamas por sua parcela de responsabilidade na questão, isso seria admitir que Israel não é o grande e malvado vilão colonialista que muitos pintam ser.

(Agora eu parei de participar aqui).
« Última modificação: 12 de Janeiro de 2009, 06:27:05 por Ricardo RCB. »
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Donald Kendall

Offline Dodo

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #140 Online: 13 de Janeiro de 2009, 05:53:06 »
Bom, como eu disse anteriormente, pelo menos para mim, o peso da tradição religiosa das fronteiras bíblicas é muito grande neste conflito. Também falei sobre a maneira meio imbecil de Israel conduzir a guerra, todo mundo sabe onde isso vai parar, e ela parece não estar preocupada.

O interessante é que o Hamas joga bomba há pelo menos cinco anos em Israel (não leve a sério este número, joguei ele aqui a esmo), a reação só acontecer agora parece uma maneira de fazer com que o novo presidente americano tome uma posição.

Todos sabem que os EUA são aliados históricos de Israel, o Obama, cedo ou tarde, terá de opinar sobre o conflito.

As guerras atuais não parecem seguir muito a lógica que estávamos acostumados a ver. Gastar alguns milhares de dólares em bombas e matar algumas centenas de pessoas apenas para saber como o novo chefe de seu aliado irá se comportar parece bastante razoável.
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Offline JJ

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #141 Online: 13 de Janeiro de 2009, 12:30:26 »

Penoso, mas justificável, segundo o autor do artigo. Atos terroristas nunca deveriam ser aceitáveis.


Terrorismo de Estado é aceitável ??   :?:   :?:

Bombas estatais são aceitáveis ??  :?:   :?:

Se uma bomba explodisse em cima de você, faria diferença se fosse uma bomba estatal  ou  não estatal ?



Há 3 anos desde que assumiu o poder, o Hamas vem promovendo os disparos de foguetes contra Israel. Na realidade já promovia antes, mas não tinha assumido o poder, formalmente.

O que não justifica o embargo, mas explica, ao menos em parte, porque ele aconteceu.

Será que o embargo teria sido imposto se o Hamas tivesse reconhecido Israel e negociado uma paz possível? Ao menos suspendido os ataques e dado sinais de boa vontade em negociar? O que o Hamas, eleito, fez foi o ato mais responsável e correto para com o bem estar da população que o elegeu?


Será que os foguetes seriam lançados se Israel tivesse concordado com a criação do Estado da palestina ??  :?:  :?:

Israel concorda com a criação do Estado da Palestina?   :?:   :?:

Israel reconhece o direito de se criar o Estado da Palestina na Cisjordânia ??  :?:




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Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #142 Online: 13 de Janeiro de 2009, 15:45:12 »
Helder.

1) Eu não participo mais com discussões nesse tópico. Tenho mais o que fazer, mas vou abrir uma última excessão.

2) Leia a mensagem onde citei essa fonte aqui : http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/hamas-will-not-recognise-israel-says-pm-419038.html 

O Hamas, ELEITO, entendeu, leu? ELEITO pelos palestinos disse que não iria reconhecer Israel. Os palestinos não reconhecem o direito de Israel existir, pelo menos parte deles.

3) Israel se retirou de Gaza, sempre se dispos a negociar e não encontrei UMA citação sequer, do governo israelense, onde eles dizem que não vão aceitar o Estado Palestino, ao contrário, estavam dispostos a discutir.  Há aqueles que acham que especulações valem mais do que ações. Não é o meu caso.

4) Você define como terrorismo de estado porque lhe é conveniente. Ainda que eu ache que é uma maneira errada de reagir, eu entendo a posição de Israel no conflito, entendo porque eles acham que devem agir como estão fazendo.

5) Ações como a de Israel são lamentáveis e se você não leu o que eu escrevi antes, eu repito aqui, provavelmente vão piorar o processo. Meu ponto é que eles acham que estão certos. Esse é o ponto.

6) Será que o processo de paz teria continuado se o Hamas tivesse aceitado negociar? Porque um processo de paz é algo bilateral, não unilateral.

7) Não existem santinhos nessa história. Existem bandidos, erros terríveis e mortes de inocentes.

8) Sobre uma bomba explodir em cima de mim, faria uma diferença terrível sim. Se fosse uma bomba não estatal significa que eu fui alvo de um grupo COVARDE, composto por CANALHAS, que preferem atacar civis e espalhar o terror. Se fosse uma bomba estatal significaria que eu fui um alvo de um governo, e isso seria errado, porque eu não sou o tipo de cidadão que comete ou apóia atos terroristas, vota em terroristas, eu não apóio terroristas. E sim, se eu morasse em uma área que fosse alvo de ataques de um estado vizinho, porque terroristas moram no mesmo bairro que eu, eu abandonaria o local, porque eu não sou IDIOTA a ponto de me sacrificar por uma religião, um estado ou qualquer outra BABOSEIRA semelhante. Nem mesmo meus filhos, se os tivesse. Aliás, um grupo honesto procuraria proteger as crianças, você leu isso aqui ?

Citar
http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/10/e100118696.asp

Num incidente recente, a inteligência israelense soube que uma casa era usada para fabricar e armazenar mísseis. Foi um claro alvo militar desde que seus mísseis eram atirados nos civis israelenses.

A casa, no entanto, também abrigava uma família. Então, o Exército militar israelense ligou para a casa, informou o dono que era uma alvo militar, e deu a ele trinta minutos para sair com a família antes de a casa ser atacada. O dono ligou para o Hamas, que imediatamente enviou dezenas de mães com bebês nos colos para ficarem juntas no terraço da casa.

O Hamas sabia que Israel nunca abriria fogo contra uma casa com civis. Também sabiam que se, por obra do acaso, as autoridades israelenses não soubessem que havia civis na casa, e atirassem nela, o Hamas teria uma vitória em termos de relações públicas, mostrando os civis mortos para a mídia. Nesse caso, Israel tomou conhecimento de que havia civis e evitou o ataque.

Provavelmente você vai dizer que é apenas uma mentira dos israelenses. Eu acho que não, ainda mais vindo de um grupo que já praticou violência contra o seus (O Hamas tem o hábito de matar outros palestinos, vai ver é um esporte).

9) Quer achar que Israel é um estado terrorista, que o Hamas e companhia são anjinhos inocentes? Que existe um lado bom (palestina) e um ruim (Israel)? Vá em frente e seja feliz!
« Última modificação: 13 de Janeiro de 2009, 15:48:22 por Ricardo RCB. »
“The only place where success comes before work is in the dictionary.”

Donald Kendall

Offline Moro

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #143 Online: 13 de Janeiro de 2009, 22:39:59 »
Aos Interessados:

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8 DE JANEIRO DE 2009 - 04h55

Agenda dos protestos: vá às ruas, dê o grito pela paz em Gaza

 (...)
Na minha opinião não vai mudar nada lá, aqui pode até forçar o governo a se manifestar de um modo mais ativo (economicamente) contra Isreal, mas lá isso não vai fazer a menor diferença. Acho que seria bem eficaz se fizessem uma manifestação cobrando medidas do governo brasileiro.
Só por curiosidade.

Quantos protestos contra os ataques do Hamas contra alvos israelenses foram feitos mesmo? Me refiro aos ataques antes da atual guerra.

Não sei, Ricardo. Para ser sincero, eu estou bem mal informado sobre essa situação. Sei o que aconteceu mas não passa muito disso, os porques e o que está envolvido eu já não sei direito.

novidade...

btw: e dá-lhe Helder que não consegue ver o outro lado (outra novidade)
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Moro

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #144 Online: 13 de Janeiro de 2009, 22:48:57 »
Vou de Dodo mais uma vez. Não há pessoas certas neste conflito.

Se analisarmos os fatos com profundidade, passamos por várias camadas e nunca chegamos até o fim

- Israel está atacando os palestinos, inclusive matando civís
- Mas os palestinos estão gerando um terror absurdo para os israelenses, jogando mísseis a esmo sob civis há mais de dois anos
- Mas Israel vinha controlando o acesso de bens à Palestina, sufocando o país há anos, e 1.5M de palestinos vivem em um lugar miserável e superpovoado
- Mas a Palestina colocou no poder um grupo cujo principal mote de campanha é...  acabar com israel

....

E vamos à Abraão. Hoje não podemos dizer que é uma guerra religiosa, mas os argumentos que sustentam a guerra são religiosos. A religião não permite, como essa merda sempre faz, que se discuta sobre termos considerados fundamentais, no caso a posse concedida pelo decreto divino, a supremacia de uma mensagem sobre a outra, a divindade correta.

Então, é uma guerra por território mas com combustível religioso
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Offline JJ

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #145 Online: 14 de Janeiro de 2009, 09:54:04 »

btw: e dá-lhe Helder que não consegue ver o outro lado (outra novidade)


Agnóstico,


Você tira  conclusões precipitadas a partir de algumas perguntas que eu fiz.


Das perguntas que eu fiz não se pode tirar a conclusão de que eu não vejo o outro lado. Eu sequer fiz afirmações.



.
« Última modificação: 14 de Janeiro de 2009, 13:22:26 por Helder »

Offline JJ

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #146 Online: 14 de Janeiro de 2009, 10:00:44 »
Helder.

4) Você define como terrorismo de estado porque lhe é conveniente. Ainda que eu ache que é uma maneira errada de reagir, eu entendo a posição de Israel no conflito, entendo porque eles acham que devem agir como estão fazendo.




Você  não define como terrorismo de Estado porque lhe não lhe é conveniente!


Quando é um Estado pelo qual se tem simpatia,  não se define os lançamentos de bombas, mísseis e assassinatos   como terrorismo de Estado.



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Offline Ricardo RCB.

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #147 Online: 14 de Janeiro de 2009, 10:21:54 »
Helder.

4) Você define como terrorismo de estado porque lhe é conveniente. Ainda que eu ache que é uma maneira errada de reagir, eu entendo a posição de Israel no conflito, entendo porque eles acham que devem agir como estão fazendo.




Você  não define como terrorismo de Estado porque lhe não lhe é conveniente!


Quando é um Estado pelo qual se tem simpatia,  não se define os lançamentos de bombas, mísseis e assassinatos   como terrorismo de Estado.
.

Simpatia por Israel? Não, eu não ligo para o que acontece lá. Gosto de discutir o assunto, como muitas pessoas, mas se Israel sumir do mapa amanhã eu serei indiferente.

E sobre terrorismo de estado, o simples fato de que você não comenta trechos como a notícia que citei, 0originalmente postada pelo Fernando Silva, diz muito sobre você.

Mas tudo bem Helder, eu tenho uma proposta. Eu não vou mais opinar no tópico, como já disse antes, deixarei para os sábios opinarem

Descreva aqui, na sua opinião, o que deve ser feito na Palestina, o que Israel deve fazer, como deve fazer, enfim, tudo o que deve ser feito para se reestabelecer a paz na região. Não só o que Israel deve fazer, mas o Hamas, Fatah, EUA, Russia, europa, Liga dos Países Arábes (ou coisa assim) e quem mais você achar que tem ou deve ter influência na região.

Ilustre este tópico com seu vasto conhecimento do conflito na região.

Edit: Escrevi çabios, putz, o vinho de ontem ainda tá fazendo efeito
« Última modificação: 14 de Janeiro de 2009, 10:38:54 por Ricardo RCB. »
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Donald Kendall

Offline Renato T

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #148 Online: 14 de Janeiro de 2009, 10:37:06 »
novidade...

btw: e dá-lhe Helder que não consegue ver o outro lado (outra novidade)

Outra novidade é que você não se deu nem ao trabalho de tentar entender o porque eu postei nesse tópico. E mais uma é que quanto mais você fala besteira, mais cresce minha impressão de que sua arrogância é maior que teu bom senso..

Offline SnowRaptor

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Re: Bombardeio israelense mata ao menos 160 em Gaza
« Resposta #149 Online: 14 de Janeiro de 2009, 11:06:49 »
Senhores, senhores, abaixem as crinas aí.
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

 

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