Autor Tópico: Relações do Irã com o Ocidente  (Lida 30338 vezes)

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Offline Geotecton

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #325 Online: 30 de Dezembro de 2010, 22:28:29 »
O dia que arabes e persas superarem a rivalidade Israel some do mapa, claro que se nao contarem com a proteçao do EUA

Ué, não atacaram Israel em 1967 numa coalizão de vários países e apanharam?

Sim, mas o armamento foi QUASE todo financiado pelo os EUA.

Fabricado, transportado e financiado pelo EUA. E, em alguns casos, operado por estadunidenses.

E o armamento do EUA usado por Israel, na Guerra dos Seis Dias, era muito superior ao soviético usado pelos árabes.
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Offline DDV

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #326 Online: 30 de Dezembro de 2010, 22:35:07 »
O dia que arabes e persas superarem a rivalidade Israel some do mapa, claro que se nao contarem com a proteçao do EUA

Ué, não atacaram Israel em 1967 numa coalizão de vários países e apanharam?

Sim, mas o armamento foi QUASE todo financiado pelo os EUA.


Se o problema for só armamento, acho que Israel consegue se virar.

Eu achei que voces estivessem se referindo a uma intervnção direta dos EUA (com suas forças armadas) quando falavam em "proteção americana", e não ao simples financiamento.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Khronos

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #327 Online: 30 de Dezembro de 2010, 22:38:49 »
Se o problema for só armamento, acho que Israel consegue se virar.

Eu achei que voces estivessem se referindo a uma intervnção direta dos EUA (com suas forças armadas) quando falavam em "proteção americana", e não ao simples financiamento.

Claro que não é apenas o armamento.A intervenção estadunidense política-"diplomática" também.
"Cognoscetis Veritatem, et veritas liberabit vos." João 8.32

Offline uiliníli

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #328 Online: 30 de Dezembro de 2010, 22:46:55 »
A escala de conflito a que eu me refiro é o do mundo árabe/islâmico contra Israel e não apenas do Irã versus Israel.

E o seu erro é justamente escrever árabe-barra-islâmico, como se fosse uma coisa só. Para começo de conversa, o Irã não é um país árabe, é um país persa. A Turquia também não é árabe, o Paquistão não é árabe e dois terços dos muçulmanos no mundo não são árabes.

Segundo que o universo islâmico também não é monolítico, conhecemos basicamente os sunitas e os xiitas e sabemos que em muitas partes do mundo eles não se dão muito bem uns com os outros. E dentro do caldeirão complexo que é o Oriente Médio, já existe uma ressentimento entre os persas e os árabes desde que a antiga Pérsia foi subjugada pelos árabes na Idade Média, o fato de os iranianos serem xiitas e os árabes serem de maioria sunita aumenta mais ainda as diferenças entre eles - veja os conflitos religiosos entre as duas facções no Iraque, por exemplo: é disso que os países árabes têm medo, que do mesma forma que ocorre no Iraque, o Irã dê apoio às suas minorias xiitas e elas promovam terrorismo dentro de seus territórios. Não é à tôa que o rei Abdullah, da Arábia Saudita está doidinho para os EUA cortarem a cabeça da cobra.

Além do mais, hoje em dia Israel tem boas relações com os sauditas, os egípcios e os jordanianos, por exemplo. Na verdade as relações desses países com Israel espelha as relações deles com os EUA. A Arábia Saudita mesma é um dos principais aliados dos EUA no mundo árabe, tanto que os EUA tem bases militares lá. Raciocine comigo: os EUA são defensores ferrenhos de Israel, se você fosse rei de um país que tem grande animosidade contra Israel, você deixaria o principal aliado de seu maior inimigo colocar soldados e armas dentro de seu próprio território? Admitindo que os sauditas não sejam estúpidos, a resposta para esse paradoxo é simplesmente que eles não são mais inimigos de Israel hoje. Como eu mencionei antes, pelo contrário: se Israel e/ou os EUA resolver(em) atacar o Irã, vão ganhar salvo-conduto deles e de todos os outros países árabes na região.

Offline Geotecton

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #329 Online: 30 de Dezembro de 2010, 22:47:18 »
O dia que arabes e persas superarem a rivalidade Israel some do mapa, claro que se nao contarem com a proteçao do EUA

Ué, não atacaram Israel em 1967 numa coalizão de vários países e apanharam?

Sim, mas o armamento foi QUASE todo financiado pelo os EUA.


Se o problema for só armamento, acho que Israel consegue se virar.

Eu achei que voces estivessem se referindo a uma intervnção direta dos EUA (com suas forças armadas) quando falavam em "proteção americana", e não ao simples financiamento.

Em 1973, na Guerra do Yom Kippur, Israel não sucumbiu por causa, basicamente, da entrega maciça de equipamentos estadunidenses e, em escala estratégica, pela ameaça feita à URSS que se Israel sucumbisse os EUA se veriam obrigados a uma intervenção direta com as suas forças armadas na região.
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Offline Geotecton

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #330 Online: 30 de Dezembro de 2010, 23:30:18 »
A escala de conflito a que eu me refiro é o do mundo árabe/islâmico contra Israel e não apenas do Irã versus Israel.

E o seu erro é justamente escrever árabe-barra-islâmico, como se fosse uma coisa só.

Vou evitar a supersimplificação e partirei para uma análise mais acurada.


Para começo de conversa, o Irã não é um país árabe, é um país persa. A Turquia também não é árabe, o Paquistão não é árabe e dois terços dos muçulmanos no mundo não são árabes.

Ok.

Apesar de não parecer, eu sei disto.


Segundo que o universo islâmico também não é monolítico, conhecemos basicamente os sunitas e os xiitas e sabemos que em muitas partes do mundo eles não se dão muito bem uns com os outros. E dentro do caldeirão complexo que é o Oriente Médio, já existe uma ressentimento entre os persas e os árabes desde que a antiga Pérsia foi subjugada pelos árabes na Idade Média, o fato de os iranianos serem xiitas e os árabes serem de maioria sunita aumenta mais ainda as diferenças entre eles - veja os conflitos religiosos entre as duas facções no Iraque, por exemplo: é disso que os países árabes têm medo, que do mesma forma que ocorre no Iraque, o Irã dê apoio às suas minorias xiitas e elas promovam terrorismo dentro de seus territórios. Não é à tôa que o rei Abdullah, da Arábia Saudita está doidinho para os EUA cortarem a cabeça da cobra.

Os ressentimentos existentes entre membros de diferentes seitas islâmicas e ou etnias locais é menor, muito menor, que o ressentimento que o conjunto de árabes/persas/turcos/filipinos/islâmicos/etc, com muitas defecções tais como maronitas/curdos/etc, tem em relação ao estado de Israel. Este ódio ou, pelo menos, desgosto com Israel não os unifica, mas os faz convergirem para um espantalho transformado em "inimigo comum", principalmente por obra de doutrinação política e religiosa realizada nas madrassas, sob orientação de líderes religiosos extremados.
 

Além do mais, hoje em dia Israel tem boas relações com os sauditas, os egípcios e os jordanianos, por exemplo. Na verdade as relações desses países com Israel espelha as relações deles com os EUA. A Arábia Saudita mesma é um dos principais aliados dos EUA no mundo árabe, tanto que os EUA tem bases militares lá.

Israel tem boas relações com os governos dos países supramencionados, mas não com os seus povos. E a Arábia Saudita é "aliada" dos EUA porque este financiou, apoiou e sustentou até hoje a feroz ditadura oligárquica saudita dos sucedâneos do rei Abdul Aziz Al-Saud. Mas não se iluda, caro uiliníli, a pressão que o governo saudita recebe de sua população, para que se posicione contra Israel, está aumentando.

Situações análogas são observadas nos outros países árabes/muçulmanos latu sensu que mantem relações cordiais ou amistosas com Israel, e que incluem o Egito, a Jordânia, a Turquia e o Marrocos.


Raciocine comigo: os EUA são defensores ferrenhos de Israel, se você fosse rei de um país que tem grande animosidade contra Israel, você deixaria o principal aliado de seu maior inimigo colocar soldados e armas dentro de seu próprio território? Admitindo que os sauditas não sejam estúpidos, a resposta para esse paradoxo é simplesmente que eles não são mais inimigos de Israel hoje.

Eu concordaria em gênero, número e grau se não fosse por um detalhe pequeno: A população não apóia a postura do seu governo. Sim, eu sei que por não ser democrática, o impacto da opinião pública na Arábia Saudita é mínimo. Mas é uma situação que está acumulando uma tensão interna e que, em algum momento, explodirá.


Como eu mencionei antes, pelo contrário: se Israel e/ou os EUA resolver(em) atacar o Irã, vão ganhar salvo-conduto deles e de todos os outros países árabes na região.

Eu não levantei objeções para esta hipótese.
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Offline uiliníli

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #331 Online: 31 de Dezembro de 2010, 00:07:19 »
Os ressentimentos existentes entre membros de diferentes seitas islâmicas e ou etnias locais é menor, muito menor, que o ressentimento que o conjunto de árabes/persas/turcos/filipinos/islâmicos/etc, com muitas defecções tais como maronitas/curdos/etc, tem em relação ao estado de Israel. Este ódio ou, pelo menos, desgosto com Israel não os unifica, mas os faz convergirem para um espantalho transformado em "inimigo comum", principalmente por obra de doutrinação política e religiosa realizada nas madrassas, sob orientação de líderes religiosos extremados.

Mais uma vez eu acho que você está reduzindo um conjunto muito mais amplo de posturas com relação a Israel a uma única postura supersimplificada. Eu admito que os palestinos da Faixa de Gaza e os libaneses, por exemplo tenham mais ressentimento contra Israel do que contra qualquer outro povo, mas suponho que o iraquiano sunita que nunca viu um judeu na vida e perdeu sua família num atentado terrorista suicida perpetrado por um xiita se ressente muito mais dos xiitas que dos israelenses.
 
Citar
Israel tem boas relações com os governos dos países supramencionados, mas não com os seus povos. E a Arábia Saudita é "aliada" dos EUA porque este financiou, apoiou e sustentou até hoje a feroz ditadura oligárquica saudita dos sucedâneos do rei Abdul Aziz Al-Saud. Mas não se iluda, caro uiliníli, a pressão que o governo saudita recebe de sua população, para que se posicione contra Israel, está aumentando.

Situações análogas são observadas nos outros países árabes/muçulmanos latu sensu que mantem relações cordiais ou amistosas com Israel, e que incluem o Egito, a Jordânia, a Turquia e o Marrocos.

Opa! Então estamos falando de coisas bem diferentes aqui. Eu estava falando na possibilidade de uma guerra entre Israel e países árabes, mas como nós dois concordamos, a nível de governo as relações entre ambas as partes é razoável. Agora, você está falando de indivíduos, então você está tratando do problema do terrorismo. Nisso eu concordo, Israel é um alvo preferencial do terrorismo islâmico independente da nacionalidade dos inimigos.

Citar
Eu concordaria em gênero, número e grau se não fosse por um detalhe pequeno: A população não apóia a postura do seu governo. Sim, eu sei que por não ser democrática, o impacto da opinião pública na Arábia Saudita é mínimo. Mas é uma situação que está acumulando uma tensão interna e que, em algum momento, explodirá.

De acordo.

Offline _tiago

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #332 Online: 31 de Dezembro de 2010, 00:26:58 »
Olha, uili, não sei como se forma o balaio de gato dali, mas só o Iraque não me parece fazer a regra pra isso que você alega. Dentre a maioria dos países do oriente médio, eu suponho existir um maior rancor contra Israel que entre pequenos grupos isolados. Esses grupos menores se odeiam, mas não sei se negariam uma união pra lançar os judeus no mar.

Offline uiliníli

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #333 Online: 31 de Dezembro de 2010, 00:34:31 »
Olha, uili, não sei como se forma o balaio de gato dali, mas só o Iraque não me parece fazer a regra pra isso que você alega. Dentre a maioria dos países do oriente médio, eu suponho existir um maior rancor contra Israel que entre pequenos grupos isolados. Esses grupos menores se odeiam, mas não sei se negariam uma união pra lançar os judeus no mar.

Eu estava pensando sob a ótica dos governos. Para o governo da Arábia Saudita, Israel é um problema externo. O problema dos conflitos entre xiitas e sunitas no Iraque, por outro lado, é um problema interno muito mais grave. O rei Abdullah tem muito mais razões então para se preocupar é em evitar que o que está acontecendo no Iraque aconteça no seu país do que com Israel e os palestinos. E o Irã é um governo que financia grupos xiitas radicais dentro de países árabes. Para esses países então, o Irã é um perigo muito mais real e imediato que Israel. Eles ficariam contentes em ajudar Israel a chutar a bunda dos aiatolás persas.

Offline Geotecton

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #334 Online: 31 de Dezembro de 2010, 00:45:44 »
Os ressentimentos existentes entre membros de diferentes seitas islâmicas e ou etnias locais é menor, muito menor, que o ressentimento que o conjunto de árabes/persas/turcos/filipinos/islâmicos/etc, com muitas defecções tais como maronitas/curdos/etc, tem em relação ao estado de Israel. Este ódio ou, pelo menos, desgosto com Israel não os unifica, mas os faz convergirem para um espantalho transformado em "inimigo comum", principalmente por obra de doutrinação política e religiosa realizada nas madrassas, sob orientação de líderes religiosos extremados.

Mais uma vez eu acho que você está reduzindo um conjunto muito mais amplo de posturas com relação a Israel a uma única postura supersimplificada.

Não é a minha intenção e está fora de minha capacidade intelectual tratar de forma abrangente, em um fórum não-especializado, um assunto que tem muitos outros subtemas e desdobramentos.


Eu admito que os palestinos da Faixa de Gaza e os libaneses, por exemplo tenham mais ressentimento contra Israel do que contra qualquer outro povo, mas suponho que o iraquiano sunita que nunca viu um judeu na vida e perdeu sua família num atentado terrorista suicida perpetrado por um xiita se ressente muito mais dos xiitas que dos israelenses.

Sem dúvida que um indivíduo que perdeu a sua família em um ato de repugnante violência tem muito mais rancor contra o perpetrador deste crime do que contra um israelense/judeu que ele apenas viu na televisão. Mas eu acho que voce ignora o poder que tem uma propaganda ideológica sob a forma de uma contínua lavagem cerebral. 


Israel tem boas relações com os governos dos países supramencionados, mas não com os seus povos. E a Arábia Saudita é "aliada" dos EUA porque este financiou, apoiou e sustentou até hoje a feroz ditadura oligárquica saudita dos sucedâneos do rei Abdul Aziz Al-Saud. Mas não se iluda, caro uiliníli, a pressão que o governo saudita recebe de sua população, para que se posicione contra Israel, está aumentando.

Situações análogas são observadas nos outros países árabes/muçulmanos latu sensu que mantem relações cordiais ou amistosas com Israel, e que incluem o Egito, a Jordânia, a Turquia e o Marrocos.

Opa! Então estamos falando de coisas bem diferentes aqui. Eu estava falando na possibilidade de uma guerra entre Israel e países árabes, mas como nós dois concordamos, a nível de governo as relações entre ambas as partes é razoável. Agora, você está falando de indivíduos, então você está tratando do problema do terrorismo. Nisso eu concordo, Israel é um alvo preferencial do terrorismo islâmico independente da nacionalidade dos inimigos.

Não. Eu não me referi ao terrorismo ou a indivíduos isolados, e sim às populações dos diversos países que, manipuladas e insufladas por líderes políticos e ou religiosos, poderão exercer uma pressão interna sob os seus respectivos governos moderados para que estes mudem a relação com Israel.
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Offline uiliníli

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #335 Online: 31 de Dezembro de 2010, 00:50:26 »
Acho que minha resposta ao Mabumbo explica melhor meu ponto de vista, Geo: o caso é que para as autoridades do mundo árabe é muito mais preocupante o problema interno de controlar suas minorias xiitas (apoiadas pelo Irã) do que o problema externo de Israel que só afeta os palestinos praticamente.

Offline Geotecton

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #336 Online: 31 de Dezembro de 2010, 01:14:45 »
Acho que minha resposta ao Mabumbo explica melhor meu ponto de vista, Geo: o caso é que para as autoridades do mundo árabe é muito mais preocupante o problema interno de controlar suas minorias xiitas (apoiadas pelo Irã) do que o problema externo de Israel que só afeta os palestinos praticamente.

No geral eu concordo.

Eu acho que nós concordamos também que os principais participantes da geopolítica mundial dão muito menos importância ao atual estágio do conflito (tensão) Israel/vizinhos do que quando comparado ao que ocorreu entre os anos 50 e 80 do século passado.
« Última modificação: 31 de Dezembro de 2010, 02:15:23 por Geotecton »
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Offline uiliníli

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Re: Ultimato: Ocidente tem três anos para conter o Irã, diz vice-premier de Israel
« Resposta #337 Online: 31 de Dezembro de 2010, 01:49:31 »
Sim, a tensão entre Israel e os países vizinhos esfriou. Mas a grande ameaça à segurança das nações nesse século é o terrorismo, esse continua sendo um problema para Israel.

Offline Unknown

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Re: Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #338 Online: 05 de Janeiro de 2011, 17:29:56 »
Irã convida membros da AIEA a visitar instalações nucleares

Visita de agência nuclear da ONU ocorreria antes da 2ª rodada de negociações entre a República Islâmica e potências mundiais

O Irã disse nesta terça-feira que convidou alguns enviados credenciados junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado à Organização das Nações Unidas, a visitar algumas de suas instalações nucleares neste mês, pouco antes de uma segunda rodada de negociações entre a República Islâmica e potências mundiais.

Entre os convidados estão representantes de algumas das seis potências mundiais envolvidas nos esforços diplomáticos para solucionar a disputa em torno do programa nuclear iraniano, disse o porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast. Mas fontes diplomáticas próximas à AIEA indicaram que o Irã convidou apenas dois países do Grupo de negociação 5+1 (China e Rússia), deixando, portanto, de fora os EUA, Alemanha, França e Grã-Bretanha.

Segundo a imprensa, a carta-convite foi entregue pelo representante do Irã na AIEA, Ali Asghar Soltanieh.

A Hungria, um dos países convidados por Teerã a visitar os sítios de Natanz e de Arak em 15 e 16 de janeiro, na qualidade de presidente da União Europeia, informou que conversaria com os demais membros sobre a questão.

A China confirmou ter sido convidada. "A China recebeu o convite e continuará seus contatos com o Irã a respeito", declarou, em Pequim, Hong Lei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Os países do grupo 5+1 e o Irã se reuniram em 6 e 7 de dezembro, em Genebra, para reiniciar negociações sobre a questão nuclear, estancadas há 14 meses, e decidiram reiniciar o diálogo no final de janeiro, em Istambul.

O Irã e as potências concordaram na ocasião a realizar novas discussões na cidade turca no final de janeiro, embora a data exata não tenha sido anunciada.

O encontro de Genebra fez poucos progressos para resolver a longa disputa sobre os trabalhos de Teerã na área nuclear, que o Ocidente suspeita ter o objetivo de fabricar bombas. O Irã diz que seu programa tem o único objetivo de produzir eletricidade para fins pacíficos. Mehmanparast não informou quais instalações os enviados visitariam.

A AIEA visita regularmente instalações nucleares do Irã, incluindo uma planta de enriquecimento de urânio em Natanz. Mas a agência tem expressado crescente frustração com o que classifica de falta de cooperação dos iranianos com os inspetores.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/ira+convida+membros+da+aiea+a+visitar+instalacoes+nucleares/n1237910280663.html

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Offline Titoff

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Re: Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #339 Online: 05 de Janeiro de 2011, 17:45:35 »
Não vou ficar defendendo teocracia, mas algumas considerações:

1. O desenvolvimento de arsenal nuclear iraniano é que nem as "armas de destruição em massa" iraquianas?

2. Se meu país fizesse fronteira com Iraque e Afeganistão e estivesse sendo alvo de propaganda do mesmo país (e aliados) que invadiram aqueles dois, eu também estaria bolado e tentando me defender.

3. Quem mandou tirar o Mosaddeq?


Em toda minha ignorância, estes três pontos (as vezes outros) sempre aparecem na minha mente.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #340 Online: 05 de Janeiro de 2011, 18:37:48 »
(Longa resposta ao post to Titoff perdida por um soluço na internet.  :x)

Resumo da ópera:

1. O caso iraniano é bem diferente da farsa das armas de destruição em massa do Iraque. O Irã possui usinas e tem a
capacidade de produzir material físsil. Isso não seria problema se houvesse boa vontade do seu governo para com os inspeções da AIEA.
E se os malucos no poder lá baixassem o tom da retórica.

2. Os americanos (na minha opinião) não tem atualmente condições de invadir e conquistar o Irã, nem tem a intenção ou vontade política para
tanto. O problema do Irã é com seus vizinhos, particularmente Israel. O erro dos americanos foi ter deixado que Israel desenvolvesse armas
nucleares.

3. Aí concordo com você :).
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Luiz F.

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Re: Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #341 Online: 24 de Março de 2011, 20:36:21 »
24/03/2011 - 15:47 - Atualizado em 24/03/2011 - 15:47
O dia em que o Brasil rompeu com o Irã
Após anos de abstenções e votos contrários, o Brasil apoia a investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU no Irã. É o fim da boa vontade com os aiatolás
José Antonio Lima
 
NOVA POSIÇÃO
O plenário do Conselho de Direitos Humanos; Brasil se aliou aos Estados Unidos


A comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos e pela Europa, criou nesta quinta-feira (24) mais um mecanismo para pressionar o Irã. Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou a criação do cargo de investigador dos direitos humanos no Irã, um posto sensível e que deve aumentar a visibilidade das violações cometidas no país. A surpresa da votação foi o posicionamento do Brasil que, rompendo com o que ocorria no governo Lula, votou a favor da criação do cargo.

A iniciativa da criação do cargo foi tomada pelos Estados Unidos. Além do próprio voto, a diplomacia americana conseguiu outros 21 para estabelecer o Relator Especial dos Direitos Humanos no Irã. Sete países votaram contra a resolução e outros 14 se abstiveram. “Hoje vimos o conselho responder a um crônico e severo violador de direitos humanos, que é o Irã, e estamos muito felizes com isso”, disse, segundo a Associated Press, a embaixadora dos Estados Unidos no conselho, Eileen Donahoe. Ela ainda destacou a margem de votos conseguida e classificou a decisão como “um momento inspirador”.

A alegria americana certamente foi ampliada com a presença do Brasil na lista de 22 países que votaram contra o Irã. A decisão foi um claro rompimento da gestão da presidente Dilma Rousseff com a política externa do governo Lula. Em novembro do ano passado, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas votou uma resolução de censura contra o Irã, o Brasil se absteve, uma decisão duramente criticada pelos Estados Unidos. Em sua primeira entrevista como presidente eleita, ao jornal americano The Washington Post, Dilma criticou aquela decisão. Segundo a embaixadora do Brasil no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, Maria de Nazaré Farani, o respeito aos direitos humanos é prioridade para a presidente Dilma Rousseff e, por isso, o Irã merece atenção. “O Brasil acredita que todos os países, sem exceção, têm desafios a superar na área. A presidenta Dilma Rousseff deixou claro, em seu discurso de posse, que acompanhará com atenção os avanços na situação de direitos humanos em todos os lugares , a começar pelo Brasil”, disse a embaixadora à Agência Brasil.

Ao comentar sobre o Irã, Maria de Nazaré citou especificamente a pena de morte. É um tema que lembra o caso da viúva Sakineh Ashtiani, salva de um apedrejamento oficial por pressão internacional, e que expõe o péssimo histórico do Irã no tema. Em 2009, o país persa executou quase 400 pessoas, número inferior apenas ao registrado na China. “É motivo de especial preocupação para nós a não observância de moratória sobre a pena de morte, não apenas no Irã, mas em todos os países que ainda praticam a execução de pessoas como forma de punição”, disse a embaixadora.

Além de os direitos humanos serem um assunto de grande importância para Dilma Rousseff – ela foi torturada nas mãos do regime militar brasileiro – há um claro interesse do Brasil na mudança de posição. No domingo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou o Brasil sem apoiar de forma explícita a inclusão do Brasil, de forma permanente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Só aproximando sua posição da americana em assuntos polêmicos como o Irã o Brasil conseguirá mudar o discurso da Casa Branca. Washington jamais apoiará a inclusão de um novo país no Conselho de Segurança que entre no colegiado para contestar suas posições.

Ao votar pela criação do cargo, a diplomacia brasileira tomou um dos lados em uma questão que não permite neutralidade: a disputa crescente entre Estados Unidos e Irã. A reação furiosa do embaixador iraniano no conselho, Seyed Mohammad Reza Sajjadi, indica que, para Teerã, a boa relação com o Brasil ficou no passado. Segundo a AP, Sajjadi disse que os EUA são "os grandes organizadores desta campanha" e que possuem um "papel destruidor" no conselho, uma instituição que foi "abusada" pelos interesses americanos. Se o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad já vinha manifestando descontentamento com as palavras de atos de Dilma, agora não deve mais correr atrás do apoio de Brasília.

Votaram pela criação do cargo de relator especial do Irã, além de Estados Unidos e Brasil, quatro países latino-americanos (Argentina, Chile, Guatemala e México), 11 europeus (Bélgica, França, Hungria, Noruega, Polônia, Moldávia, Eslováquia, Espanha, Suíça, Ucrânia e Reino Unido), três asiáticos (Japão, Coréia do Sul e Maldivas) e dois africanos (Senegal e Zâmbia). Os votos contrários foram os de Bangladesh, China, Cuba, Equador, Mauritânia, Paquistão e Rússia.

Fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI220756-15223,00.html
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline Geotecton

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Re: Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #342 Online: 24 de Março de 2011, 20:37:02 »
O Lula vai ter um "treco"!
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Re: Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #343 Online: 05 de Julho de 2011, 16:14:26 »
Irã sinaliza disposição para retomar diálogo nuclear com Grupo 5+1

Irã está disposto a retomar a negociação em matéria nuclear com o Grupo 5+1 sobre a base dos 'acordos prévios', segundo declarou nesta terça-feira em entrevista coletiva o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast.

Segundo Mehmanparast, o reconhecimento dos 'direitos da nação iraniana' facilitaria o caminho para uma posterior cooperação entre Irã e o Grupo, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China), além da Alemanha.

Em qualquer caso, insistiu que 'o reconhecimento do direito da República Islâmica (do Irã) ao acesso e uso dos conhecimentos nucleares seria a melhor ação para preparar o terreno frente uma futura cooperação' e, também qualificou Mehmanparast as sanções do Conselho de Segurança da ONU ao Irã como 'ilegais e ilógicas, além de unilaterais e extrajudiciárias'.

Previamente, em reuniões com os governantes da Rússia e Cazaquistão no mês passado, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, reiterou sua disposição a retomar o diálogo com o grupo 5+1.

Irã e os países do Grupo 5+1 realizaram três rodadas de negociações em Istambul em janeiro passado.

Estados Unidos e outras potências acusaram o Irã de encobrir com seu programa nuclear civil e de uso pacífico outro de tipo militar, o que Teerã nega.

No domingo passado, em Baku, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, se mostrou pessimista sobre as negociações nucleares com Ocidente em seu atual formato, apontando que se transformaram em um mero instrumento de pressão sobre Teerã.

Larijani, que estava de visita no Azerbaijão, ressaltou que, enquanto as potências ocidentais mantenham sua atual postura, 'será difícil conseguir algum resultado durante as negociações'.

O alto cargo iraniano considerou que 'já terminou a era na qual os americanos falavam de uma posição de força'.

http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=29363952

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Re: Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #344 Online: 05 de Julho de 2011, 21:02:57 »
Uma voz que clama pela justiça

A iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz em 2003, diz em São Paulo que os ventos da “Primavera Árabe” vão chegar a seu país e defende que garantir os direitos das mulheres ajuda a encurtar o caminho para a democracia

O Irã tem um grande potencial para mudança, e a democracia chegará ao país num futuro próximo, inclusive pela influência da “Primavera Árabe” nos países vizinhos. Mais do que uma esperança, essa certeza foi afirmada pela advogada e ativista dos direitos humanos iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz de 2003, na segunda conferência do ciclo Fronteiras do Pensamento, realizada na Sala São Paulo no dia 14 de junho. Shirin Ebadi foi a primeira mulher de seu país a ser nomeada juíza e presidiu um tribunal legislativo até ser obrigada a deixar o cargo depois da revolução de 1979, que levou ao poder os islâmicos radicais liderados pelo aiatolá Khomeini. Desde 2009 ela vive exilada na Inglaterra e percorre o mundo denunciando as violações dos direitos humanos em seu país.


Democracia e direitos da mulher são dois lados da mesma moeda, diz Shirin Ebadi: "Onde a democracia está mais avançada, a situação da mulher melhora. A vitória do movimento feminista abre caminho para a democracia

O potencial para a mudança, acredita a advogada, vem de fatores como a alta proporção de jovens no país – críticos do governo pela falta de liberdade e pela situação econômica, que leva a dificuldades para conseguir emprego – e o aumento das manifestações dos trabalhadores, também pressionados pela crise e pelos baixos salários. “Outro potencial são as mulheres, que no Irã têm muita educação e são contra as leis discriminatórias”, diz.

A democracia e os direitos da mulher são duas faces da mesma moeda, considera a Prêmio Nobel – que falou em sua língua natal, o farsi, e foi interrompida várias vezes pelos aplausos do público. “Onde a democracia está mais avançada, a situação das mulheres melhora. A vitória do movimento feminista em qualquer país encurta e até abre caminho para o estabelecimento da democracia”, acredita. “Os governos não-democráticos acham seus piores inimigos entre as mulheres.”

Se o marido deixar – Shirin Ebadi traçou um panorama da situação das mulheres pelo mundo, lamentando que “na ciência e tecnologia temos realizado grandes progressos, mas a civilização humana ainda não progrediu para dar direitos iguais a homens e mulheres”. Elas permanecem sob discriminação e opressão, que apresentam diferentes formas nos mais distintos países e continentes. Mesmo nas nações desenvolvidas, aponta, na maioria das vezes as mulheres ainda assumem jornada dupla e não podem usufruir dos mesmos direitos dos homens. Elas também ocupam menos cargos de comando nas empresas, nos partidos e nos governos.

Em outras regiões, a discriminação está nas leis e também se apoia em costumes tribais e crenças tradicionais. É o caso da mutilação genital, prática corrente em países como Sudão, Nigéria e Somália. Na Arábia Saudita, as mulheres não podem dirigir e até há pouco tempo sequer tinham documento de identidade. Em algumas áreas do país, elas são referidas pelo nome dos filhos homens, e é malvisto citar ou dizer em público o nome de uma mulher. No Afeganistão, embora a lei determine que pelo menos 25% das cadeiras no parlamento sejam ocupadas por representantes femininas, isso não garante a sua voz. Recentemente uma parlamentar criticou o governo – e foi expulsa da casa sob o argumento de que às mulheres só é permitido votar, não opinar.

“Só em Cabul as mulheres têm algum grau de conforto. No resto do país, têm que ficar em casa e são forçadas a usar a burca. O Taleban destruiu muitas escolas para meninas e continua mantendo influência”, relata. “Meus amigos no Iraque me contam que a invasão militar causou o aumento do fundamentalismo e reduziu os direitos das mulheres. Ou seja, a invasão não apenas não melhorou a situação delas, como deixou-a ainda pior do que no tempo de Saddam Hussein.”

No Irã, a revolução de 1979 não cassou o direito de voto das mulheres, conquistado há mais de 50 anos – há inclusive ministras no atual governo de Mahmoud Ahmadinejad. Porém, entraram em vigor leis discriminatórias, como a que determina, por exemplo, que a indenização paga a um homem em caso de acidente é o dobro daquela paga a uma mulher. Na Justiça, o testemunho de um homem equivale ao de duas mulheres. “Essas leis não estão de acordo com a situação cultural das mulheres do Irã, e por isso elas estão contra o governo”, diz Shirin Ebadi.

Outra lei estabelece que uma esposa que quiser viajar para fora do país precisa da autorização por escrito do marido. “Se nossa ministra da Saúde tiver que ir para uma reunião da Organização Mundial da Saúde na Suíça, mas tiver tido um desentendimento com seu marido em casa e ele não quiser dar a autorização, a cadeira da representante de 75 milhões de iranianos ficará vazia”, ressalta.



Shirin Ebadi (acima) e protestos no Irã (abaixo): potencial para a mudança

Não é a religião – Shirin Ebadi considera que é um equívoco atribuir ao islã a origem das leis que restringem os direitos das mulheres. Para ela, a discriminação não escolhe religião – pode existir no hinduísmo, como em regiões remotas da Índia em que a viúva é queimada viva junto ao corpo do marido quando este morre; ou no cristianismo, pois a mutilação genital é praticada também em países de maioria cristã. Na China, é alto o número de aborto de fetos do sexo feminino – a preferência dos pais por meninos é uma das consequências da política do filho único. “E a China não é islâmica, mas segue os princípios do socialismo”, observa a advogada. “A discriminação está em toda parte e não é específica dos países islâmicos.”

“O islã, como qualquer ideologia, tem interpretações diferentes”, aponta Shirin. O paralelo traçado pela Prêmio Nobel da Paz é com o cristianismo: de um país para outro, igrejas da mesma confissão podem ter orientações distintas sobre temas como aborto ou casamento de pessoas do mesmo sexo. O fundamento da imposição dessas leis, defende, é “a cultura patriarcal e machista, que faz uma interpretação da religião contra a mulher”.



Essa cultura patriarcal, diz a advogada, “não aceita a igualdade dos seres humanos”. Para Shirin Ebadi, as mulheres são vítimas, mas também portadoras e transmissoras desses valores, porque são elas que criam e educam os filhos. O combate à discriminação passa pelo direito fundamental da mulher de ter mais informação e educação de qualidade.

A advogada elogiou ainda a recente mudança de postura do governo brasileiro em relação ao Irã. Em março, na Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, o Brasil deu voto favorável à proposta de designação de um investigador independente de direitos humanos para o Irã. “O povo iraniano está feliz pelo fato de que o Brasil não mais apoia Ahmadinejad e o governo não-democrático do Irã”, considera. Shirin Ebadi, porém, lamentou não ter conseguido se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, como desejava.

Perseguição – Nascida em Hamadã, a mais antiga cidade persa e uma das mais antigas do mundo, Shirin Ebadi cresceu numa família de classe média, e seu pai era professor de Direito Criminal. “Aprendi com meus pais a crença no princípio da igualdade das pessoas”, conta. Ela concluiu seus estudos de Direito na Universidade de Teerã e iniciou sua carreira como juíza em 1970, aos 23 anos. Aos 28, foi a primeira mulher indicada à presidência de um tribunal municipal. Com a revolução de 1979, foi rebaixada a uma função de secretária e deixou o trabalho.

Conseguiu então a licença para abrir um escritório e passou a defender vítimas de violações de direitos humanos. A partir de sua atuação, formou ONGs para trabalhar com crianças, mutilados por minas terrestres e direitos humanos. Esta última contava com 20 advogados e acabou fechada pelo governo. Por causa das perseguições, os juízes passaram a não ter coragem de aceitar queixas encaminhadas por ela.

Uma das causas que Shirin assumiu foi a defesa de um grupo de seguidores da religião Baha’i, perseguida pelo governo. Sete líderes foram presos, acusados de espionagem para Israel e os Estados Unidos. “Nos autos não há nenhuma prova dessa acusação, que é totalmente inverídica. Eles foram presos por sua crença, mas o governo, por não poder justificar a perseguição religiosa, inventou a acusação de espionagem”, diz a advogada. A pena é de 20 anos, dos quais os presos já cumpriram três.


Muçulmanos em oração: repressão à mulher não vem da religião, mas da cultura patriarcal e machista, diz Shirin Ebadi

“O dever de um defensor dos direitos humanos começa quando as condições pioram”, afirma. “No Irã, infelizmente a situação dos direitos humanos piora dia a dia.” Shirin Ebadi vem sentindo na pele as consequências de sua postura corajosa. Em junho de 2009, saiu do país para participar de um seminário na Espanha. Exatamente naqueles dias estouraram os protestos contra o resultado das eleições presidenciais, que reconduziram Ahmadinejad ao poder. Colegas e amigos da advogada estavam entre as centenas de pessoas perseguidas e presas. Seu marido e sua irmã também foram encarcerados, e seu patrimônio foi confiscado. Ela decidiu permanecer no exterior, denunciando a situação iraniana.

“O que acontece comigo não é importante. Esperavam que eu ficasse calada, mas tenho o dever de transmitir a voz do povo do Irã a todos os povos do mundo”, afirma Shirin Ebadi, cuja pequena estatura física é inversamente proporcional à firmeza e à determinação com que maneja seus argumentos. “Tenho um dever, que é o de relatar a verdade. Enquanto estiver viva, vou cumprir esse dever e levar o protesto do povo iraniano para o mundo.”

http://espaber.uspnet.usp.br/jorusp/?p=16375

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Re:Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #345 Online: 09 de Dezembro de 2011, 15:32:37 »
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Irã pede à ONU que condene EUA por violação de espaço aéreo

O Irã solicitou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao Conselho de Segurança e à Assembléia Geral das Nações Unidas que condenem a violação de seu espaço aéreo por um avião espião não-tripulado dos Estados Unidos, informou nesta sexta-feira a agência Irna.

O lado oculto da guerra: entenda como funcionam e conheça tipos e a história dos drones

Na carta enviada a Ban e aos presidentes dos principais órgãos da ONU, o representante do Irã nas Nações Unidas Mohamad Khazai afirma que "a descarada e provocativa violação do espaço aéreo pelo Governo dos EUA é uma ação hostil".

O Governo iraniano entende que a ação dos EUA "evidentemente contradiz a legislação internacional e os princípios básicos da Carta das Nações Unidas", por isso a condena.

Khazai afirma que o avião de espionagem não-tripulado americano RQ-170 Sentinel ultrapassou 250 km do território iraniano até ser derrubado pelas Forças Armadas do Irã.

"A República Islâmica do Irã tem o direito legítimo de tomar as medidas necessárias para proteger sua soberania", informa a carta de Khazai.

Por isso, o representante exige "a condenação desta agressão e a aplicação de medidas efetivas e claras para pôr fim a estas ações perigosas e ilegais, e para manter a paz na região e a segurança internacional, de acordo com a Carta das Nações Unidas".

Na quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou a responsável de negócios da Suíça em Teerã, Livia Leu Agosti, para manifestar seu protesto e pedir indenização pela incursão do avião espião americano.

Na carta entregue à diplomata suíça, cuja embaixada abriga o Escritório de Interesses dos EUA em Teerã, o Irã informa que a violação do espaço aéreo "vai contra todas as normas e regulações reconhecidas pela lei internacional e representa um ameaça à paz e à segurança regional e interna (do Irã)".

"A República Islâmica adverte firmemente ao governo dos EUA contra a repetição destes fatos e se reserva ao direito de adotar qualquer medida apropriada para proteger os direitos iranianos", declarou o Ministério.

Na quinta-feira à noite, a TV oficial iraniana mostrou um vídeo do avião espião americano que as Forças Armadas do Irã afirmam ter derrubado no leste do país em 4 de dezembro.

As imagens com dois minutos de duração mostram dois militares do Corpo de Guardiães da Revolução iraniana examinando o equipamento que dizem ser um RQ-170 Sentinel, o mais avançado dos aviões não-tripulados de reconhecimento e espionagem eletrônica dos EUA.

De acordo com a emissora iraniana, o aparelho foi derrubado há quatro dias pela unidade de guerra eletrônica do Exército do Irã quando voava sobre a cidade de Kashmar, a 225 km da fronteira com o Afeganistão, país por onde entrou no espaço aéreo iraniano.

Fontes dos EUA e da Otan admitiram há dois dias ter perdido um avião de reconhecimento não-tripulado no oeste do Afeganistão, na fronteira com o Irã, que poderia corresponder ao que os iranianos garantem ter derrubado.

Na quinta-feira, a imprensa americana divulgou na internet que o aparelho mostrado pela televisão iraniana é mesmo o RQ-170 Sentinel perdido pelos EUA na fronteira entre o Afeganistão e o Irã.

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5510839-EI308,00-Ira+pede+a+ONU+que+condene+EUA+por+violacao+de+espaco+aereo.html

Podemos fazer o exercício chamado "E se fosse o contrário?".

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Re:Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #346 Online: 09 de Dezembro de 2011, 15:46:17 »
Não vejo motivo para uma condenação. Primeiro, o Irã não tem provas concretas dessa invasão do espaço aéreo (embora ela muito provavelmente tenha ocorrido). Segundo, antes de procurar a ONU, penso que o mais sensato (ha ha) seria o governo Iraniano procurar tirar satisfação com o governo americano. Eles não têm relações diplomáticas mas isso poderia ser feito por uma terceira parte. Resumindo: o governo iraniano está apenas tentando explorar ao máximo esse factóide.
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Re:Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #347 Online: 09 de Dezembro de 2011, 16:25:17 »
Descobri nesse episódio que no Irã o embaixador suíço representa os EUA. Exigiram uma resposta imediata do pobre sujeito.

Outra coisa estranha é que, pelo que conferi em algumas notícias, Pentágono primeiro duvidou que fosse de fato um avião deles. Falaram parecer uma maquete. Outras dizia que o Pentágono mostrou preocupação de copiarem a tecnologia.

Offline Sergiomgbr

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Re:Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #348 Online: 09 de Dezembro de 2011, 17:29:03 »
O irã é uma nação e tanto apesar dos seus percalços. 
Até onde eu sei eu não sei.

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Re:Relações do Irã com o Ocidente
« Resposta #349 Online: 14 de Fevereiro de 2012, 11:10:44 »
Irã planeja ampliar relações com a América Latina, diz ministro

A ampliação das relações com a América Latina é um dos objetivos estratégicos da política externa do Irã, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Ali Akbar Salehi, em reunião com um grupo de jornalistas, professores e poetas desses países, informou nesta terça-feira a agência oficial 'Irna'.

No encontro, que aconteceu ontem à noite, o ministro iraniano qualificou os latino-americanos de 'bons amigos do povo iraniano' e destacou a ampliação das relações do Irã com os Governos da América Latina em diversas matérias nos últimos anos.

Salehi assegurou aos visitantes, convidados ao Irã por ocasião do aniversário da Revolução Islâmica, celebrado no sábado passado, que '32 anos de sanções e pressões por parte das potências hegemônicas (Ocidente) contra o Irã não impediram que progredisse'.

Nos últimos anos, o Irã ampliou suas relações com os países latino-americanos e abriu novas embaixadas nesses Estados.

Em janeiro, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, realizou uma viagem pela América Latina na qual visitou Venezuela, Equador, Cuba e Nicarágua.

Washington, inimigo declarado de Teerã, demonstrou em diversas ocasiões sua preocupação com esta aproximação e, na sexta-feira passada, a secretária de Estado adjunta interina dos EUA para a América Latina, Roberta Jacobson, considerou em Buenos Aires que 'o interesse do Irã na América Latina não é algo positivo'.

Roberta afirmou que seu Governo vigia essa aproximação e acrescentou: 'não é o momento de os países da região se aproximarem do Irã, exatamente quando muitas nações estão cooperando conosco, tentando frear os esforços iranianos na área nuclear'.

http://noticias.br.msn.com/mundo/ir%c3%a3-planeja-ampliar-rela%c3%a7%c3%b5es-com-a-am%c3%a9rica-latina-diz-ministro

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