A compreensão também simplesmente vem, da mesma forma como olhamos dois grupos de palitos, um com dois palitos e outro com três palitos e simplesmente percebemos a diferença matemática entre os dois grupos, da mesma maneira eu olhava e sabia que eu era todo mundo e que tudo era Deus.
Simples assim, compreensão não-racional.
Eu não entendi o que você escreveu agora. Assim como dois é diferente de três, Deus existe?
Imagine dois grupos de palitos sobre uma mesa. Um grupo tem dois palitos e o outro tem três palitos.
Quando você olha para esses dois grupos de palitos você percebe de imediato a diferença matemática entre eles, você não precisa pensar sobre eles nem questionar, você olha e imediatamente você vê que um grupo tem um palito a mais que o outro.
Essa diferença é descrita através de uma linguagem, a matemática.
Quando você vê uma forma, você também não pensa sobre ela, você olha e apenas sabe se ela é redonda ou quadrada.
É a mesma coisa, eu olhava e apenas sabia que eu era tudo e tudo era Deus.
Sim, Deus existe.
Tem como você dar uma descrição mais precisa? Fale um exemplo de que pensamentos eram esses, que você percebeu no mínimos detalhes.
Tipo, tinha um cara do meu lado no ônibus pensando na familia dele, esposa, irmãos, amigos. Ele estava pensando sobre um dia na casa dele onde eles jantavam e conversavam, ele falou uma besteira para o irmão e estava remoendo isso, pensando como tinha sido idiota em dizer aquilo e sentindo vergonha e ansiedade.
Eu cheguei a ver imagens do lugar como se fosse eu quem estivesse me lembrando, ouvindo meu irmão falar e então falando a bobagem e o pessoal tirando sarro.
Eu via as pessoas ouvia suas vozes, mas não como um filme, como seu eu estivesse lembrando daquilo na minha cabeça.
Só que não era eu, era o cara no ônibus a meu lado.
Fiz o teste com minha amiga assim que cheguei na casa dela.
Contei o que estava acontecendo, ela não acreditou e eu pedi para ela pensar em um número alto, acertei o número e depois falei para ela lembrar e pensar de algo que aconteceu no passado e que ninguém mais além dela sabia.
Resultado?
Agora eu também sabia. Ela ficou apavorada no começo.
Eu passei quase um dia inteiro nesse estado e ouvindo o pensamentos dos outros.
Então não passou por todas as etapas, só pelo começo.
E inventar explicação não é o mesmo que saber o que se passa. Explicações podemos inventar as mais variadas envolvendo ou não Deus.
Agora você está sendo injusta comigo. Eu perguntei quais eram os passos, você só disse alguns que eu já passei e tenho outras explicações que não envolvem Deus, agora você diz que há outros passos que eu não passei, mas não me conta quais são esses passos.
Calma menino, você é o único conversando de verdade comigo.
O que eu disse é que você só passou pelo inicio, pelo relaxamento, por uma pequena melhora nos sentidos, mas não chegou a acordar e parar totalmente a agitação mental.
Se tivesse teria visto como é profundo e diferente esse estado.
E a rigor, nunca sabemos exatamente o que se passa. A gente só escolhe as hipóteses que explicam melhor as experiências. Realmente podemos inventar explicações envolvendo Deus ou não. Mas a explicação que eu falei pode ser testada, documentada e repetida por outras pessoas. Procura por navalha de Occam pra entender porque a minha explicação é mais válida cientificamente do que a de que Deux existe.
A navalha de Occam diz que não devemos acrescentar entes desnecessários e devemos manter os necessários.
Se vamos nos ater a levantar hipóteses do nada, sem base na realidade, quanto menos entes melhor.
Não se pode adicionar a gravidade se ninguém sabe que ela existe, mas não se pode deixa-la de fora quando sabemos que ela existe.
O mesmo ocorre com Deus, pra quem nunca o viu ele é um ente desnecessário que não deve ser adicionado, para quem o viu é como tentar usar a navalha de Occam para desmentir a lua.
O que é mais fácil, um céu vazio ou uma bola branca pendurada lá em cima?
Pra que adicionar essa bola branca?
A diferença entre os pontos de vista é que você estão falando sobre algo que vocês não conhecem e que passam pela analise da razão pura.
Eu falo sobre algo que eu vi, é a razão abastecida com conhecimento daquilo que é pertencente a nossa realidade e pode ser observado.
Não estou falando sobre teorizar sobre um ente e sim sobre observar um ente.
Pede-se discutir o que for sobre a lua, só não se discute sua existência, basta observa-la. Aqui o caso é o mesmo. Apenas cegos poderiam debater a existência da lua.