Entre os deputados, havia consenso de que ele não conseguiria escapar da perda de mandato. Mas a decisão de Carli Filho de renunciar foi considerada um gesto de coragem. “Essa renúncia é uma lição de caráter porque muitos se candidatam para ter mandato e foro privilegiado. Até sexta-feira passada, ele não havia sido julgado, mas já estava condenado. Agora vai se defender na Justiça comum, como qualquer outro cidadão”, disse Durval Amaral (DEM).

Lição de caráter? O mandato já estava perdido e o mínimo que ele podia fazer era renunciar logo e evitar o desgaste que uma tentativa de mantê-lo poderia provocar...
O tio de Carli Filho, Plauto Miró (DEM), chegou a chorar na tribuna. Disse que a decisão de renúncia foi pessoal, sem qualquer tipo de pressão. “Ele faz parte de uma geração de jovens que estudam, trabalham, dirigem empresas com seus anseios, ideias e erros. Não há nenhum fato que desabone a conduta dele”, afirmou.
Tadinho dele... Dirigia alcoolizado sabendo que estava cometendo um crime ao fazê-lo. Ele, um deputado, alguém que foi eleito para legislar, para dizer aos cidadãos como eles podem ou não agir... Dirigia a 190 km/h com a carteira suspensa e com várias multas no currículo? Ô tadinho dele...

Na defesa teve até citações bíblicas declamadas por Artagão Júnior (PMDB), adversário político que divide a mesma base eleitoral de Carli Filho, o município de Guarapuava. Artagão recorreu a Provérbios: “Quando cair o teu inimigo, não te alegres”.
Que coisa mais tosca...
Tadeu Veneri (PT) considerou exageradas as manifestações. “Carli Filho agora parece ser a vítima do acidente. Não vi ninguém sequer citar que dirigir alcoolizado, em alta velocidade e com a carteira cassada é crime.”
Ufa... Finalmente alguém realista no meio dessa palhaçada.
O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), enumerou uma lista de qualidades de Carli Filho: “responsável, de bom trato, sereno e com maturidade acima da média”. Romanelli culpou a imprensa pela repercussão do caso. “A mídia já se sentiu satisfeita porque gosta de transformar as pessoas em bestas feras pelo fato exclusivo de serem deputados”, afirmou. “Ele (Carli) não liberta a Assembleia do ônus de julgá-lo, mas ele é que se livra do ônus de ser deputado, da vexatória condição de receber todo dia uma crítica injusta na maioria das vezes.”
Talvez a mídia e a sociedade andem com sede de justiça... é raro ver políticos pagando pelos erros que cometem, ao passo que a população mais pobre não ganha desconto quanto comete crimes.
Uia! Ser deputado virou ônus? Deixe-me ver... Os deputados que conheço tem o gabinete cheio de parentes e apadrinhados políticos, tem direito a verbas indenizatórias altas e uma série de privilégios por serem deputados, visitam as cidades menores em época de festa só para marcarem presença e angariar futuros votos, propõe emendas para os municípios que lhes interessam, etc... Nossa, que dificuldade!
