Não sei nada sobre radiohalos. Tenho que estudar mais sobre datações, então evito maiores comentários.
Sábia a sua decisão, mas pena que foi aplicada apenas pontualmente. Pelo que li no seu texto, no "link" indicado por V.Sa., o seu desconhecimento sobre Geologia é geral. Mas, a despeito de V.Sa. ser quase completamente leigo, vejo-o como uma pessoa disposta a aprender sobre o assunto, e isto me motivou a lhe escrever.
Sobre as rochas, você não adentrou a dúvida do Dr Brown pelo que entendi...
Não adentrei diretamente na dúvida do senhor Brown porque ela é um "nonsense" geológico, talvez advinda do fato de que este cavalheiro não é um geólogo e sim um engenheiro mecânico. Mas, a seguir eu faço um detalhamento sobre isto.
... pois no modelo da Tectônica de Placas, as montanhas não apenas aumentaram já sobre a superfície, como ainda estão aumentando.
Pelas previsões da Teoria da Tectônica de Placas devem ser encontradas áreas que: a) Já tiveram relevo montanhoso mas que hoje estão arrasadas por intemperismo; b) Possuem montanhas em formação, ainda que em diferentes graus; c) Serão montanhas quando as condições tectônicas assim permitirem.
Um exemplo do caso a) pode ser observado aqui no Paraná, com as rochas do Grupo Açungui, que sofreram uma colisão tipo continente-oceano e que foram desgastadas por erosão. No caso b) são exemplos marcantes os Andes e o Himalaia, a concepção clássica de montanhas, que continuam sendo elevadas. Um exemplo do c) ainda não existe porque é uma previsão da teoria. Mas no atual cenário, um provável exemplo de futura área montanhosa é o sul da Índia. Se tiver dúvida porque, lhe explico em outra postagem.
Antes de passar este ponto quero lhe deixar claro que os modelos supramencionados baseiam-se apenas no modelo de colisão de placas do tipo continente-oceano, com exceção do Himalaia. Existem outras, tais como: continente-continente; continente-arco de ilha e continente-arco de ilha-continente. Existe uma vastíssima bibliografia com casos estudados de todos estes modelos observados na natureza.
Ou você quis dizer que elas "espirraram" da subsuperfície e rapidamente se resfriaram, podendo assim se dobrarem? Sua explanação ficou meio estranha. Ou quis dizer que as montanhas surgiram dobradas na superfície, ainda pequenas, e foram sendo elevadas já dessa forma, com apenas a base se modificando?
Não conheço o ambiente geológico das rochas que aparecem na foto 49 do senhor Brown, porque ele não apresentou os dados sobre os litotipos da área ou sequer deu a posição precisa desta área em termos de coordenadas geográgicas. E isto não é um procedimento comum em trabalhos de geologia que mereçam ser chamados de científicos. Primeiro lhe apresentarei o macro ambiente tectônico nas quais as rochas da foto 49 estão inseridas. Em seguida lhe apresentarei o cenário hipotético que pode ter ocorrido.
Ambiente tectônico da região sudoeste do Canadá, conforme legenda da foto 49A parte oeste das Américas é dominada por duas grandes cordilheiras. Na América do Sul é a dos Andes e na América do Norte é a das Montanhas Rochosas. No caso da área da foto, ela situa-se na porção mediana das Montanhas Rochosas, e visto que eu não tenho informações detalhadas sobre a área, eu assumi que as rochas eram, pelo menos em sua maioria, sedimentares.
Esta região localiza-se em uma área tectônica bastante complexa. Entre o sudoeste canadense e o noroeste estadunidense há um trecho de colisão continente-oceano, no qual a mini placa Juan de Fuca desloca-se para nordeste e está subductando sob a placa da América do Norte (neste trecho fica o Monte Santa Helena).
Indo rumo a noroeste, há um trecho de falhas transcorrentes e transformantes que carreiam a placa do Pacífico para noroeste, enquanto que a placa da América do Norte se desloca para oeste. Neste trecho não há mais subducção e nem vulcões ativos, embora haja intensa atividade sísmica.
Por fim no último trecho, já na costa do Alaska, a placa do Pacífico, desloca-se para noroeste e volta a subductar sob a placa da América do Norte, que desloca-se para sudoeste, na região das Ilhas Aleutas. Esta região apresenta vulcanismo e atividade sísmica intensos.
O tópico cenário hipotético descreve o que provavelmente ocorreu nesta área, em linhas gerais, é claro.
Cenário HipotéticoSuponha uma placa oceânica com 4 Km de sedimentos depositados e já litificados sobre ela e que esteja indo da esquerda para a direita. Deslocando-se em sentido oposto, em termos de movimento relativo, suponha uma placa continental.
A placa da esquerda é mais densa porque o seu substrato é composto de basalto toleítico com densidade em torno de 3,3g/cm3 ao passo que a da direita é menos densa por ser constituída de rochas "mais leves", entre os quais estão granitos, granodioritos, quartzitos, etc, e que na média possui uma densidade de 2,5g/cm3.
Em um dado momento ocorre a colisão, mas mesmo assim as duas placas continuam a manter o seu movimento porque elas são empurradas a partir dos centros de acreção de crosta, que são as cordilheiras meso-oceânicas. Acrescente-se a isto o fato de que o volume do planeta é constante.
Então não resta outra alternativa para as duas placas colisoras, senão a de se ajustarem às novas condições. Como a região frontal das placas é a que mais tem de absorver os esforços, então ocorre o seguinte.
A placa mais densa, que é a oceânica, mergulha (subducta) sob a placa menos densa, que é a continental. Neste processo a placa mergulhante chega até a 700 Km de profundidade quando então ela é inteiramente absorvida no manto superior. Este processo explica satisfatoriamente o fato de que as rochas continentais mais antigas tem idade aproximada de 4,1 bilhões de anos, enquanto que o fundo oceânico mais antigo tem apenas 210 milhões de anos. Tal previsão não existe na "teoria de hidroplacas", como de resto quase nada do que eu expus e exporei é previsto em tal "teoria".
Além disto em cima da placa oceânica estavam aqueles sedimentos litificados (rochas sedimentares), com 4 Km de espessura, mas que não puderam prosseguir o mesmo caminho do substrato basáltico, também devido a sua menor densidade. Assim sendo, poderá acontecer o seguinte com estas rochas.
a) Serem dobradas e carreadas por cima das rochas que estão na crosta continental da placa da direita, sob pouco ou nenhum metamorfismo.
b) Serem dobradas e carreadas por cima das rochas que estão na crosta continental da placa da direita, sob metamorfismo expressivo (Grau Médio).
c) Serem cisalhadas horizontalmente e ficarem como lascas entre porções de rochas que estão na crosta continental da placa da direita.
d) Uma combinação das possibilidades supra, acrescidas de outras.
Da relação acima eu quero apenas comentar que a investigação geológica em locais deste tipo é bastante complexa, e não tenho a pretensão (ou ilusão) que V.Sa. possa entender este problema em toda a sua gama de implicações.
Pois bem, voltando ao seu questionamento e ficando apenas com o item
a. Dadas as condições de pressão confinante de fluidos de 3 a 7 Kbares, temperatura de até 300 graus Celsius e de
stress horizontal em estado dúctil (elástico) atuantes sobre aquelas rochas elas tenderão a apresentar:
I) Alçamento vertical gradativo passando de uma profundidade de 20 Km para a superfície em menos de 3 milhões de anos, com variações para mais ou menos conforme outras condicionantes. Medições atuais demonstram que certas porções do Himalaia ainda se elevam a uma taxa de 4,1 milímetros por ano. Portanto elas "não espirram" de um dia para o outro.
II) Pouca ou nenhuma mudança na paragênese mineral por recristalização, isto é, não há metamorfismo e, consequentemente, não há destruição de estruturas primárias sedimentares, incluindo os fósseis. Motivo pelo qual eles são encontrados em grandes altitudes.
III) Encurtamento (deformação) por dobramento (semelhante ao que está na foto 49).
IV) Encurtamento (deformação) por zonas de cisalhamento horizontais de cavalgamento, que não aparece na foto.
V) Uma cadeia de montanhas com altura maior que os 4Km de espessura das rochas sedimentares originais, pois no processo de encurtamento horizontal há o espessamento crustal via dobramento e ou carreamento e superposição de porções de rochas (que são chamadas de 'lascas tectônicas').
Tenha em mente que este é um processo dinâmico e pervasivo, tanto no tempo como no espaço, de tal modo que as camadas das partes mais alçadas de uma montanha estarão sobre condições de deformação diferentes das camadas que jazem em sua base. Nas camadas mais superiores, tanto a temperatura, a pressão de fluído e o
stress são menores. Geralmente as falhas e fraturas, que são deformações rúpteis (plásticas), são geradas nesta fase.
Da última vez que tentei dobrar um pedaço de mármore, não deu certo.
Desça a 20 Km de profundidade e submeta o seu pedaço de mármore a uma temperatura de 300 graus Célsius, uma pressão confinante de 4 a 7 Kbar, com a pressão parcial de fluídos adequada e aplique um
stress com componente principal de cisalhamento puro suficiente para o caso. Voce obterá uma estrutura parecida com a da foto do senhor Brown.
Só não me chame para acompanhá-lo neste experimento.
Não entendo muito de geologia, acho que não entendi o seu "geologuês". Mas entendi o da Enciclopédia, o que não faz de mim assim tão ignorante...
Sim, a leitura de um tópico enciclopédico pode ser considerado um bom início. Mas lembre-se que neste tipo de literatura obtem-se meramente uma visão ultrasuperficial sobre qualquer assunto, quanto mais de um campo vastíssimo de conhecimento científico que é a Geologia, pois ela comporta hoje cerca de 30 grandes campos de estudos, que por sua vez são subdividos em outros tantos.
Abaixo seguem alguns "links" com abordagens gerais sobre a Tectônica de Placas.
http://www.ucmp.berkeley.edu/geology/tectonics.htmlhttp://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/dynamic.htmlhttp://en.wikipedia.org/wiki/File:Tectonic_plates_boundaries_detailed-en.svghttp://www.scribd.com/doc/6863792/aula-4-Tectonica-de-Placas-zonas-convergentesSe V.Sa. não entendeu meu "geologuês" é porque provavelmente o problema está comigo, no sentido de eu não ter tido a habilidade didática suficiente. Espero que a presente postagem tenha sido mais esclarecedora.
Não lembro de te-lo chamado de "ignorante", embora ele não seja necessariamente um termo pejorativo, pois sua etimologia também abriga o seguinte significado: "aquele que não conhece ou foi instruído sobre algo".
Mas um cuidado há de se ter. Não se deve postar comentários sobre assuntos que não se domina apenas com a intenção de blefe ou de tergiversação, que eu acho que não é o seu caso, e que vale para todos nós. As consequências podem ser desastrosas. Neste caso vale a máxima:
Ne sutor ultra crepidam
É saudável para a mente refletir nesses assuntos.
Yeah!!!