Curioso é que existem boas indicações que a entropia é que nos dá o sentido de tempo. Não que o tempo seja a entropia; mas que a existência da entropia favoreça a ordenação de eventos em passado-presente-futuro.
Quanto à natureza estatística da entropia, Eremita, você está absolutamente certo. Há uma ideia que diz exatamente isso, que o Universo em que estamos agora é uma flutuação estatística mais graúda no meio de uma eternidade de pequenas flutuações.
O velho problema da seta do tempo. Se as leis da física não fazem diferença alguma entre passado e presente, então por que nos lembramos do passado e não do futuro, porque os processos parecem ser irreversíveis e assim, por que não é possível rejuvenescer, porque os ovos que caem de uma mesa não podem se "desquebrarem" ou as páginas de um livro jogadas ao vento se reordenarem na sequência correta?
Geralmente a entropia é usada como explicação para o sentido unidirecional da seta do tempo. É um conceito estatístico, claro, e por isso não impede que qualquer dos fenômenos que citei, apesar de absurdamente improváveis, possam alguma vez ocorrer.
O próprio universo, com o baixo grau de entropia (como as folhas ordenadas de um livro, em contraponto a alta entropia das folhas lançadas ao vento), apesar de sua improbabilidade, poderia, nesse contexto, vir a ocorrer, como bem disse o Dbohr.
Contudo esse alto grau de improbabilidade é um problema grave dessa hipótese. Outro problema seria o fato de que em um universo surgido dessa forma (como uma flutuação estatística) não poderíamos confiar em nossas lembranças, já que tudo que existe poderia ter passado a existir uma miléssimo de segundo atrás.
Por isso, o surgimento do universo como uma flutuação estatística não é levado tanto a sério atualmente. Hoje em dia o modelo inflacionário é capaz de explicar o surgimento de um universo como o nosso, com um baixo grau de entropia.
Sobre esse assunto eu postei anteriormente esses dois capítulos do livro "O tecido do Cosmo" de Brien Greene:
../forum/topic=21192.250.html#msg473382