Li o tópico e vi bons argumentos de ambos os lados, mas para mim há algo importante que ficou de fora das discussões. O grande argumento contra a pirataria é o de que as gravadoras, artistas, empresas de software e etc deixam de receber dinheiro que vai para o vendedor de produtos piratas. Mas será mesmo que as pessoas comprariam os produtos originais caso não houvesse a oferta pirata? Alguém que deseja ter o Windows mas o considera muito caro e não tem a opção da pirataria ou download ilegal faria o quê? Economizaria para comprar, se conformaria em não ter ou buscaria uma alternativa mais barata, mesmo que inferior no seu ponto de vista? Somente se as pessoas se comportassem como no primeiro caso que a pirataria representaria um problema para as gravadoras, empresas de software e etc, mas não dá para ter certeza que todo mundo - ou pelo menos a maioria - iria agir assim.
Até acho esse um argumento (ou racionalização) razoável "pela pirataria", mas ao mesmo tempo não vejo como necessariamente conflitante com a defesa dos direitos autorais ao mesmo tempo. Por exemplo, já ouvi que o pessoal da MS mesmo está pouco se importando com empresas pequenas ou até médias usando windows pirata (não leia-se isso como apologia à pirataria à pequenos e médios empresários). Acaba sendo talvez mais custoso ir atŕas dos direitos em todos casos do que ir só dos "peixes grandes", que ao mesmo tempo talvez tendam menos a desrespeitar essas leis.
Uma coisa é a parte da população que não iria pagar de qualquer jeito, e de repente, todo mundo não precisar pagar mais. Ao mesmo tempo, há ainda razoável chance de haver uma parte da população que de fato estaria comprando se não houvesse a opção da pirataria, talvez não tanto quanto consomem através da pirataria, mas um pouco ao menos. E de grão em grão, a galinha enche o papo, para terminar com um ditado de domínio público.
Fico curioso com a defesa de eventuais anarquistas ou ultra-libertários (no sentido americano do termo) sobre os direitos autorais. Sei que tem uns que são bem radicais, ouvi algo que não lembro bem, acho que era parte piada mas também parte real, de um tão fixado nisso que acabou talvez sendo desconhecido porque nem falava com as pessoas de suas idéias. Fico imaginando que essa ideologia poderia defender o extremo oposto também, de forma análoga que defendem a inexistência de leis trabalhistas e de protecionismo.
Uns fazem uma analogia: se uma indústria nacional inventasse tecnologia para produzir carros pela metade do preço, essa tecnologia deveria ser proibida, ou anulada na forma de impostos? Isso conduz a pessoa a responder que "não", então, completam: e se a tecnologia for simplesmente barcos para trazer carros produzidos na China?
Eu então retruco, se houvesse uma tecnologia que permitisse distribuir a informação e produção cultural de forma extremamente barata, muitas vezes praticamente grátis, quase que universalizando o acesso a cultura e a informação? Bem, está aí, pirataria, internet.
Cadê o Herf?