Autor Tópico: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema  (Lida 8789 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #100 Online: 15 de Outubro de 2009, 22:08:09 »
E defendendo o copyright pros livros, biblioteca seria algo ilegal. Uma coisa é o autor ter direito a uma remuneração pela sua obra. Outra é as pessoas não terem direito a ir numa biblioteca porque a editora não deixa ninguém ler o livro publicado por ela sem pagar.

Bibliotecas não reproduzem os livros. Acho que não haveria problema algum se o estado ou uma série de filantropos comprassem toda a tiragem de um livro e doassem a bibliotecas, o que seria diferente de comprarem um, ou pegarem emprestado, copiar e distribuir.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #101 Online: 15 de Outubro de 2009, 22:22:52 »
Citação de: Pellicer
Se um avião pudesse ser copiado sem custos, assim como o seu combustível, e pudesse ser pilotado por computadores, aí sim a sua comparação faria sentido. E a comparação válida no caso das boates é se uma boate tem o direito de me impedir de usar equipamentos iguais para eu simular na minha casa um ambiente igual ao das boates.

O custo da obra está em ser produzida. Esse custo não "desaparece" como num passe de mágica só porque a obra é copiável sem mais custos.


Mais do que isso, o valor comercial de uma obra não tem necessariamente nada a ver com o custo. Se você escrever um livro nas suas horas vagas com máquina emprestada e papel que ganhou de graça, ou fizer uma escultura com lixo, não há limitações sobre o quanto poderá ganhar com eles, não há qualquer obrigação de consideração legal sobre os custos de produção na sua estipulação de valores para o uso da obra. Um eventual negociador dos direitos da obra pode até querer levar isso em consideração, mas você é livre para simplesmente ignorar, mandá-lo às favas.

A defesa da pirataria pelo custo baixo de (re)produção é meio como defender "mais-valia" e que se tem o direito de só pagar o preço de custo pelo que quiser comprar no mercado.

Offline Pellicer

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #102 Online: 15 de Outubro de 2009, 22:29:08 »
Eu não estou dizendo que obras artísticas são "gente". Estou dizendo que o fato de algo depender de uma pessoa pra existir não dá a essa pessoa o direito de propriedade.
Dá sim:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Convenção_da_União_de_Berna

OK. Vou corrigir o que eu falei. Apesar da lei como é hoje aceitar que o fato de alguém criar um objeto torna o criador dono desse objeto não deveria valer pra ideias, como uma música, por exemplo. Melhorou?

E defendendo o copyright pros livros, biblioteca seria algo ilegal. Uma coisa é o autor ter direito a uma remuneração pela sua obra. Outra é as pessoas não terem direito a ir numa biblioteca porque a editora não deixa ninguém ler o livro publicado por ela sem pagar.

Bibliotecas não reproduzem os livros. Acho que não haveria problema algum se o estado ou uma série de filantropos comprassem toda a tiragem de um livro e doassem a bibliotecas, o que seria diferente de comprarem um, ou pegarem emprestado, copiar e distribuir.

Mas o fato de eu ir na biblioteca pegar um livro, ler e devolver e não pagar pelo livro é igual ao de eu pegar um livro de um amigo emprestado, ler, devolver e não pagar pelo livro que também é igual a eu copiar o PDF que um amigo meu comprou pela internet, ler, e não pagar pelo livro. Por que apenas a terceira modalidade deve ser ilegal?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #103 Online: 15 de Outubro de 2009, 22:41:42 »
Li o tópico e vi bons argumentos de ambos os lados, mas para mim há algo importante que ficou de fora das discussões. O grande argumento contra a pirataria é o de que as gravadoras, artistas, empresas de software e etc deixam de receber dinheiro que vai para o vendedor de produtos piratas. Mas será mesmo que as pessoas comprariam os produtos originais caso não houvesse a oferta pirata? Alguém que deseja ter o Windows mas o considera muito caro e não tem a opção da pirataria ou download ilegal faria o quê? Economizaria para comprar, se conformaria em não ter ou buscaria uma alternativa mais barata, mesmo que inferior no seu ponto de vista? Somente se as pessoas se comportassem como no primeiro caso que a pirataria representaria um problema para as gravadoras, empresas de software e etc, mas não dá para ter certeza que todo mundo - ou pelo menos a maioria - iria agir assim.

Até acho esse um argumento (ou racionalização) razoável "pela pirataria", mas ao mesmo tempo não vejo como necessariamente conflitante com a defesa dos direitos autorais ao mesmo tempo. Por exemplo, já ouvi que o pessoal da MS mesmo está pouco se importando com empresas pequenas ou até médias usando windows pirata (não leia-se isso como apologia à pirataria à pequenos e médios empresários). Acaba sendo talvez mais custoso ir atŕas dos direitos em todos casos do que ir só dos "peixes grandes", que ao mesmo tempo talvez tendam menos a desrespeitar essas leis.

Uma coisa é a parte da população que não iria pagar de qualquer jeito, e de repente, todo mundo não precisar pagar mais. Ao mesmo tempo, há ainda razoável chance de haver uma parte da população que de fato estaria comprando se não houvesse a opção da pirataria, talvez não tanto quanto consomem através da pirataria, mas um pouco ao menos. E de grão em grão, a galinha enche o papo, para terminar com um ditado de domínio público.







Fico curioso com a defesa de eventuais anarquistas ou ultra-libertários (no sentido americano do termo) sobre os direitos autorais. Sei que tem uns que são bem radicais, ouvi algo que não lembro bem, acho que era parte piada mas também parte real, de um tão fixado nisso que acabou talvez sendo desconhecido porque nem falava com as pessoas de suas idéias. Fico imaginando que essa ideologia poderia defender o extremo oposto também, de forma análoga que defendem a inexistência de leis trabalhistas e de protecionismo.

Uns fazem uma analogia: se uma indústria nacional inventasse tecnologia para produzir carros pela metade do preço, essa tecnologia deveria ser proibida, ou anulada na forma de impostos? Isso conduz a pessoa a responder que "não", então, completam: e se a tecnologia for simplesmente barcos para trazer carros produzidos na China?

Eu então retruco, se houvesse uma tecnologia que permitisse distribuir a informação e produção cultural de forma extremamente barata, muitas vezes praticamente grátis, quase que universalizando o acesso a cultura e a informação? Bem, está aí, pirataria, internet.

Cadê o Herf?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #104 Online: 15 de Outubro de 2009, 23:00:29 »

Mas o fato de eu ir na biblioteca pegar um livro, ler e devolver e não pagar pelo livro é igual ao de eu pegar um livro de um amigo emprestado, ler, devolver e não pagar pelo livro que também é igual a eu copiar o PDF que um amigo meu comprou pela internet, ler, e não pagar pelo livro. Por que apenas a terceira modalidade deve ser ilegal?

O baixo custo da cópia eletrônica permite uma distribuição muito maior do que a do empréstimo duma cópia de papel, que é potencialmente muito mais comprometedora do lucro do autor. Poxa. Você escreve um livro, e não existe computador, PDF, etc. As pessoas podem até emprestar o livro que ela comprou para algumas conhecidas, mas o livro é uma unidade física que não pode estar em dois, trez, quinhentos mil lugares ao mesmo tempo (ou ser copiado, para fins de argumentação), diferentemente de cópias eletrônicas. É simplesmente inimaginável o empréstimo de livros comprometer da mesma forma que a cópia eletrônica o retorno financeiro do autor; para que um milhão de pessoas leiam uma unidade de um livro levará um milhão de vezes o tempo de dias que em média cada uma delas lê o livro (talvez matematicamente incorreto, mas me fiz entneder). Não dá para esperar que qualquer publicação com um mínimo de sucesso vendesse umas poucas dezenas ou centenas de cópias e depois passasse para um país inteiro de mão em mão, na base do empréstimo.

A coisa é radicalmente diferente com reprodução digital, de forma que nem preciso explicar, as cópias são instantâneas, e teoricamente talvez possa levar só um dia para que todas as pessoas com acesso diário a internet no mundo todo tenham um PDF de uns poucos MBs gravados em seus HDs, se alguém inventasse um PDF que fosse o virus "copie-me para todos seus amigos" perfeito. Obviamente que qualquer outra coisa não vai se alastrar da mesma forma, mas é claro o potencial que isso tem e como essa possibilidade reduz as perspectivas de renda do autor.

Offline Pellicer

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #105 Online: 15 de Outubro de 2009, 23:13:43 »

Mas o fato de eu ir na biblioteca pegar um livro, ler e devolver e não pagar pelo livro é igual ao de eu pegar um livro de um amigo emprestado, ler, devolver e não pagar pelo livro que também é igual a eu copiar o PDF que um amigo meu comprou pela internet, ler, e não pagar pelo livro. Por que apenas a terceira modalidade deve ser ilegal?

O baixo custo da cópia eletrônica permite uma distribuição muito maior do que a do empréstimo duma cópia de papel, que é potencialmente muito mais comprometedora do lucro do autor. Poxa. Você escreve um livro, e não existe computador, PDF, etc. As pessoas podem até emprestar o livro que ela comprou para algumas conhecidas, mas o livro é uma unidade física que não pode estar em dois, trez, quinhentos mil lugares ao mesmo tempo (ou ser copiado, para fins de argumentação), diferentemente de cópias eletrônicas. É simplesmente inimaginável o empréstimo de livros comprometer da mesma forma que a cópia eletrônica o retorno financeiro do autor; para que um milhão de pessoas leiam uma unidade de um livro levará um milhão de vezes o tempo de dias que em média cada uma delas lê o livro (talvez matematicamente incorreto, mas me fiz entneder). Não dá para esperar que qualquer publicação com um mínimo de sucesso vendesse umas poucas dezenas ou centenas de cópias e depois passasse para um país inteiro de mão em mão, na base do empréstimo.

A coisa é radicalmente diferente com reprodução digital, de forma que nem preciso explicar, as cópias são instantâneas, e teoricamente talvez possa levar só um dia para que todas as pessoas com acesso diário a internet no mundo todo tenham um PDF de uns poucos MBs gravados em seus HDs, se alguém inventasse um PDF que fosse o virus "copie-me para todos seus amigos" perfeito. Obviamente que qualquer outra coisa não vai se alastrar da mesma forma, mas é claro o potencial que isso tem e como essa possibilidade reduz as perspectivas de renda do autor.

O seu argumento só faz sentido supondo que cada cópia de um PDF é um livro a menos vendido. Nem pra quem lê na biblioteca isso é verdade, muito menos pra quem baixa o PDF pela internet.

Offline Südenbauer

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #106 Online: 15 de Outubro de 2009, 23:26:11 »
Os filmes ainda vão ter bastante lucro nos cinemas porque mesmo com pirataria pouca gente deixa de ir no cinema.
Mas a queda de público nos últimos anos foi assombrosa. Eu me lembro de crescer indo aos cinemas e em qualquer dia/horário da semana sempre ia bastante gente. Hoje lota nas quartas-feiras e nos outros dias vai NINGUÉM.

Nos anos 60/70 até mesmo as cidades de médio-porte mostravam cinema europeu. Hoje em dia, as salas só existem nas grandes cidades, e com opções bem mais restritas ao público.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #107 Online: 15 de Outubro de 2009, 23:36:00 »

Mas o fato de eu ir na biblioteca pegar um livro, ler e devolver e não pagar pelo livro é igual ao de eu pegar um livro de um amigo emprestado, ler, devolver e não pagar pelo livro que também é igual a eu copiar o PDF que um amigo meu comprou pela internet, ler, e não pagar pelo livro. Por que apenas a terceira modalidade deve ser ilegal?

O baixo custo da cópia eletrônica permite uma distribuição muito maior do que a do empréstimo duma cópia de papel, que é potencialmente muito mais comprometedora do lucro do autor. Poxa. Você escreve um livro, e não existe computador, PDF, etc. As pessoas podem até emprestar o livro que ela comprou para algumas conhecidas, mas o livro é uma unidade física que não pode estar em dois, trez, quinhentos mil lugares ao mesmo tempo (ou ser copiado, para fins de argumentação), diferentemente de cópias eletrônicas. É simplesmente inimaginável o empréstimo de livros comprometer da mesma forma que a cópia eletrônica o retorno financeiro do autor; para que um milhão de pessoas leiam uma unidade de um livro levará um milhão de vezes o tempo de dias que em média cada uma delas lê o livro (talvez matematicamente incorreto, mas me fiz entneder). Não dá para esperar que qualquer publicação com um mínimo de sucesso vendesse umas poucas dezenas ou centenas de cópias e depois passasse para um país inteiro de mão em mão, na base do empréstimo.

A coisa é radicalmente diferente com reprodução digital, de forma que nem preciso explicar, as cópias são instantâneas, e teoricamente talvez possa levar só um dia para que todas as pessoas com acesso diário a internet no mundo todo tenham um PDF de uns poucos MBs gravados em seus HDs, se alguém inventasse um PDF que fosse o virus "copie-me para todos seus amigos" perfeito. Obviamente que qualquer outra coisa não vai se alastrar da mesma forma, mas é claro o potencial que isso tem e como essa possibilidade reduz as perspectivas de renda do autor.

O seu argumento só faz sentido supondo que cada cópia de um PDF é um livro a menos vendido. Nem pra quem lê na biblioteca isso é verdade, muito menos pra quem baixa o PDF pela internet.


Não precisa se esperar que fosse se ter um livro vendido para cada PDF para a lógica valer. Obviamente que com o PDF sendo praticamente grátis, pode chegar a muito mais gente que iria de fato comprar o livro, mas não podemos excluir que chegasse também a esses, e que esses, por alguma constante física, fossem comprar o livro mesmo assim, ou doar a mesma quantia para o autor. Não vejo por que isso (uma compra perdida por cada obtenção gratuita) deveria ser mais válido para empréstimo na biblioteca, me parece que a cópia eletrônica tem mais poder de aproximar isso da verdade uma vez que pode ser copiado. Ainda que talvez, por algum motivo, calhe das pessoas que pegam livros de papel emprestado terem menor probablidade de acabarem comprando o mesmo livro do que pessoas que baixam um PDF, o livro de papel não pode dar cria, é uma unidade e sempre será, e se só existissem desses, os potenciais leitores esbarrariam na limitação de unidades que podem obter emprestadas, eventualmente tendo que comprar se realmente quiserem ler, enquanto que o PDF pode ser copiado e não tem essa limitação.

Basta imaginar. Um autor X lançou um livro, agora, o livro é interessantíssimo, você está sedento para ler. Procura PDF na internet, não tem, de jeito nenhum; se realmente é muito interessante, as chances são de que no mínimo vai fazer uma vaquinha e comprar junto com uma pessoa na qual você tenha despertado o interesse pelo mesmo livro, e então, multiplicando essa situação por N vezes, o autor no fim das contas acaba tendo mais lucro do que se você e os interessados encontrassem PDFs para ler gratuitamente.

Offline Pellicer

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #108 Online: 16 de Outubro de 2009, 00:00:34 »
Mas a queda de público nos últimos anos foi assombrosa. Eu me lembro de crescer indo aos cinemas e em qualquer dia/horário da semana sempre ia bastante gente. Hoje lota nas quartas-feiras e nos outros dias vai NINGUÉM.

Nos anos 60/70 até mesmo as cidades de médio-porte mostravam cinema europeu. Hoje em dia, as salas só existem nas grandes cidades, e com opções bem mais restritas ao público.

Você está falando do Brasil ou dos EUA? Em 2007 nos EUA teve recordes (procurei rapidinho no google, não tenho dados mais recentes), mas no Brasil está realmente em queda, mas fatores como o preço dos ingressos (que aqui no Brasil é o dobro do preço que os cinemas gostariam de cobrar e estudante paga inteira) muda muito, e não dá pra colocar a culpa unicamente na pirataria.

Não vejo por que isso (uma compra perdida por cada obtenção gratuita) deveria ser mais válido para empréstimo na biblioteca, me parece que a cópia eletrônica tem mais poder de aproximar isso da verdade uma vez que pode ser copiado.

Pense nos seguintes graus de interesse. A pessoa se interessa tanto pelo livro que vai comprar assim que estiver disponível na livraria, a pessoa se interessa, mas prefere esperar ter disponível em uma biblioteca pra ler. Não tendo a opção de ler na biblioteca, não são todos os que comprariam o livro. Agora pra baixar um PDF, mesmo supondo que ler num e-book é tão confortável quanto no papel, quem faz isso não tem o mesmo interesse em ler o livro que quem foi na biblioteca, porque quem fez isso se deu ao trabalho de sair de casa, ir até um outro lugar, procurar pelo livro, etc. Não perdeu dinheiro, mas perdeu tempo. Quem baixa pela internet nem isso. Então vão acabar baixando o livro pessoas que não se dariam ao trabalho de ir a uma biblioteca, muito menos comprar um livro, por isso que a razão de livros que deixaram de ser comprados por livros baixados é muito menor do que livros que deixaram de ser comprados por livros emprestados na biblioteca.



Basta imaginar. Um autor X lançou um livro, agora, o livro é interessantíssimo, você está sedento para ler. Procura PDF na internet, não tem, de jeito nenhum; se realmente é muito interessante, as chances são de que no mínimo vai fazer uma vaquinha e comprar junto com uma pessoa na qual você tenha despertado o interesse pelo mesmo livro, e então, multiplicando essa situação por N vezes, o autor no fim das contas acaba tendo mais lucro do que se você e os interessados encontrassem PDFs para ler gratuitamente.

Deixa eu deixar claro de novo uma coisa que eu já falei. Eu não acho que a liberação geral do copyright não vai ser um problema sério pro mercado de livros. Mas eu acho que uma pessoa que lê um livro baixado pela internet ser criminosa enquanto que a pessoa que lê o livro emprestado da biblioteca ser considerado normal e recomendável é uma distorção absurda. E a caça às bruxas promovida pelas indústrias de música e cinema só piora a situação.

Offline Barata Tenno

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #109 Online: 16 de Outubro de 2009, 00:20:35 »
O livro que esta na biblioteca foi parar lá com o consentimento do autor, diferente do PDF que esta sendo pirateado.
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Offline Pellicer

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #110 Online: 16 de Outubro de 2009, 00:29:45 »
O livro que esta na biblioteca foi parar lá com o consentimento do autor, diferente do PDF que esta sendo pirateado.

O livro que alguém comprou na livraria e que emprestou pra um amigo foi vendido com o consentimento do autor. O PDF que alguém comprou o download legalmente e copiou pro amigo também foi vendido com o consentimento do autor. E o autor não consentiu nem com o empréstimo do livro e nem com a cópia do PDF. Por que uma situação é aceitável e a outra é crime?

Offline Unknown

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #111 Online: 16 de Outubro de 2009, 01:45:55 »
Uma coisa é a parte da população que não iria pagar de qualquer jeito, e de repente, todo mundo não precisar pagar mais. Ao mesmo tempo, há ainda razoável chance de haver uma parte da população que de fato estaria comprando se não houvesse a opção da pirataria, talvez não tanto quanto consomem através da pirataria, mas um pouco ao menos. E de grão em grão, a galinha enche o papo, para terminar com um ditado de domínio público.

Sim, há o problema de ter gente que, podendo comprar original, compra pirata. O grande problema é que pela natureza do assunto não há como medir o tamanho de cada grupo envolvido na questão (esse e os outros que citei).

Uns fazem uma analogia: se uma indústria nacional inventasse tecnologia para produzir carros pela metade do preço, essa tecnologia deveria ser proibida, ou anulada na forma de impostos? Isso conduz a pessoa a responder que "não", então, completam: e se a tecnologia for simplesmente barcos para trazer carros produzidos na China?

Responder isso não seria um problema para as pessoas que defendem que medidas protecionistas podem ser necessárias de vez em quando. Agora, se essa indústria conseguisse absorver mão de obra nacional de tamanho similar à das montadoras, acho que o problema diminui. Mas isso é só um palpite.

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Offline Beholder

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #112 Online: 16 de Outubro de 2009, 02:25:19 »
Cadê o Herf?

Deve ter achado outro lugar para fazer proselitismo anarquista.

O livro que esta na biblioteca foi parar lá com o consentimento do autor, diferente do PDF que esta sendo pirateado.

Os autores também não me deram permissão para emprestar meus livros para meus amigos. E nem deram permissão para revender para sebos e para estes revenderem para outras pessoas. Acho que eu faço parte de uma grande rede criminosa de pirataria de livros...

Mas a queda de público nos últimos anos foi assombrosa. Eu me lembro de crescer indo aos cinemas e em qualquer dia/horário da semana sempre ia bastante gente. Hoje lota nas quartas-feiras e nos outros dias vai NINGUÉM.

Nos anos 60/70 até mesmo as cidades de médio-porte mostravam cinema europeu. Hoje em dia, as salas só existem nas grandes cidades, e com opções bem mais restritas ao público.

Entrada do cinema = entre 10 e 20 reais (entrada inteira) por indivíduo.
Estacionamento = entre 5 e 15 reais.
Lanche = entre 5 e 25 reais por indivíduo.
Nível da maioria dos filmes dos últimos anos = de mediano para baixo.
Segurança = pouca ou nenhuma.
Internet.

Não é difícil perceber o porquê da queda de público nos cinemas.

Offline FxF

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #113 Online: 16 de Outubro de 2009, 07:18:45 »
O cinema é essencialmente uma coisa burra. Para que ir ver fora de casa algo que em um ano passará na televisão? O motivo é que um monitor maior dá uma experiência diferente.

Por outro lado, hoje o conforto aumentou, as televisões estão maiores, os aparelhos estão mais práticos, enfim o cinema deixou de ser o local luxuoso e sua casa passou a ser.

Offline Mr. Mustard

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #114 Online: 16 de Outubro de 2009, 09:27:30 »
O cinema é essencialmente uma coisa burra. Para que ir ver fora de casa algo que em um ano passará na televisão? O motivo é que um monitor maior dá uma experiência diferente.

Por outro lado, hoje o conforto aumentou, as televisões estão maiores, os aparelhos estão mais práticos, enfim o cinema deixou de ser o local luxuoso e sua casa passou a ser.

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Offline Andre

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #115 Online: 16 de Outubro de 2009, 11:32:24 »

Mas o fato de eu ir na biblioteca pegar um livro, ler e devolver e não pagar pelo livro é igual ao de eu pegar um livro de um amigo emprestado, ler, devolver e não pagar pelo livro que também é igual a eu copiar o PDF que um amigo meu comprou pela internet, ler, e não pagar pelo livro. Por que apenas a terceira modalidade deve ser ilegal?

O baixo custo da cópia eletrônica permite uma distribuição muito maior do que a do empréstimo duma cópia de papel, que é potencialmente muito mais comprometedora do lucro do autor. Poxa. Você escreve um livro, e não existe computador, PDF, etc. As pessoas podem até emprestar o livro que ela comprou para algumas conhecidas, mas o livro é uma unidade física que não pode estar em dois, trez, quinhentos mil lugares ao mesmo tempo (ou ser copiado, para fins de argumentação), diferentemente de cópias eletrônicas. É simplesmente inimaginável o empréstimo de livros comprometer da mesma forma que a cópia eletrônica o retorno financeiro do autor; para que um milhão de pessoas leiam uma unidade de um livro levará um milhão de vezes o tempo de dias que em média cada uma delas lê o livro (talvez matematicamente incorreto, mas me fiz entneder). Não dá para esperar que qualquer publicação com um mínimo de sucesso vendesse umas poucas dezenas ou centenas de cópias e depois passasse para um país inteiro de mão em mão, na base do empréstimo.

A coisa é radicalmente diferente com reprodução digital, de forma que nem preciso explicar, as cópias são instantâneas, e teoricamente talvez possa levar só um dia para que todas as pessoas com acesso diário a internet no mundo todo tenham um PDF de uns poucos MBs gravados em seus HDs, se alguém inventasse um PDF que fosse o virus "copie-me para todos seus amigos" perfeito. Obviamente que qualquer outra coisa não vai se alastrar da mesma forma, mas é claro o potencial que isso tem e como essa possibilidade reduz as perspectivas de renda do autor.
A questão é que a forma como os direitos autorais são hoje, você não poderia fazer uma "discoteca" ou uma "software-teca" mesmo se houvesse a garantia que apenas uma pessoa escutaria o álbum ou usaria o software ao mesmo tempo. Em alguma página anterior eu postei um link sobre uma decisão judicial: a Autodesk não queria deixar uma pessoa que comprou seu software (AutoCAD) revendê-lo.

Outro caso que mostra o abuso das licenças ao usuário foi quando um aluno do MIT "hackeou" o XBox dele. Ele descobriu uma forma de fazer o XBox dar boot em outro sistema operacional (Linux). Não há nada de errado nisso, ele comprou um console com uma arquitetura muito similar a um computador doméstico e quis instalar um outro sistema operacional. Exceto que isso é contra a DMCA e ele foi preso por isso.

O livro que esta na biblioteca foi parar lá com o consentimento do autor, diferente do PDF que esta sendo pirateado.
Não, não foi com o consentimento do autor. Se eu comprar um livro de uma editora para colocar numa biblioteca, ela nem sabe que é para isso que ele foi comprado, sem contar que muitas bibliotecas públicas aceitam doações.

Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Mr. Mustard

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #116 Online: 16 de Outubro de 2009, 11:39:28 »
A Cloud Computing seria uma boa alternativa contra a pirataria...
« Última modificação: 16 de Outubro de 2009, 11:41:32 por Mr. Mustard »

Offline Andre

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #117 Online: 16 de Outubro de 2009, 11:55:06 »
Mas traz outros problemas como possível falta de privacidade, indisponibilidade temporária dos serviços (imagine se aquela apresentação da reunião de hoje está num serviço que ficou indisponível na hora da reunião), ou perda total de seus arquivos (veja o recente caso da T-Mobile: o celular salvava os contatos e outras informações num servidor central. Deu pau nesse servidor e as agendas de todos os clientes foram perdidas).

Um dos grandes problemas da guerra contra a pirataria é que as gravadoras não estão lidando com cidadãos quaisquer, mas sim com pessoas com conhecimento tecnológico e essas pessoas em geral sabem os riscos das nuvens e vão resistir ao máximo para adotá-la. Fazendo uma analogia meio tosca, seria como tentar implementar a lei seca se toda casa tivesse uma pessoa que soubesse fazer vinho/cerveja/hidromel, sei lá.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Mr. Mustard

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #118 Online: 16 de Outubro de 2009, 13:14:45 »
Mas traz outros problemas como possível falta de privacidade, indisponibilidade temporária dos serviços (imagine se aquela apresentação da reunião de hoje está num serviço que ficou indisponível na hora da reunião), ou perda total de seus arquivos (veja o recente caso da T-Mobile: o celular salvava os contatos e outras informações num servidor central. Deu pau nesse servidor e as agendas de todos os clientes foram perdidas).

Um dos grandes problemas da guerra contra a pirataria é que as gravadoras não estão lidando com cidadãos quaisquer, mas sim com pessoas com conhecimento tecnológico e essas pessoas em geral sabem os riscos das nuvens e vão resistir ao máximo para adotá-la. Fazendo uma analogia meio tosca, seria como tentar implementar a lei seca se toda casa tivesse uma pessoa que soubesse fazer vinho/cerveja/hidromel, sei lá.

Há certamente suas desvantagens, nada como hoje, quando temos que formatar nossos computadores em caso de vírus e etc., ou quando nossos aparelhos eletrônicos páram de funcionar.

Offline Andre

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #119 Online: 16 de Outubro de 2009, 13:30:12 »
Eu discordo. De qualquer forma, acho que essa discussão acaba ficando off-topic demais, seria melhor criar um novo tópico para discutir isso.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Mr. Mustard

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #120 Online: 16 de Outubro de 2009, 13:33:50 »
Eu discordo. De qualquer forma, acho que essa discussão acaba ficando off-topic demais, seria melhor criar um novo tópico para discutir isso.

Pode ser.

Offline Südenbauer

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #121 Online: 16 de Outubro de 2009, 15:54:57 »
Mas a queda de público nos últimos anos foi assombrosa. Eu me lembro de crescer indo aos cinemas e em qualquer dia/horário da semana sempre ia bastante gente. Hoje lota nas quartas-feiras e nos outros dias vai NINGUÉM.

Nos anos 60/70 até mesmo as cidades de médio-porte mostravam cinema europeu. Hoje em dia, as salas só existem nas grandes cidades, e com opções bem mais restritas ao público.

Você está falando do Brasil ou dos EUA? Em 2007 nos EUA teve recordes (procurei rapidinho no google, não tenho dados mais recentes), mas no Brasil está realmente em queda, mas fatores como o preço dos ingressos (que aqui no Brasil é o dobro do preço que os cinemas gostariam de cobrar e estudante paga inteira) muda muito, e não dá pra colocar a culpa unicamente na pirataria.
Não disse que a culpa era da pirataria. Só comentei que as pessoas estão sim deixando de ir ao cinema. Não sei a situação nos EUA, mas o que ocorre no Brasil deve ocorrer em diversas outras localidades.

Offline FxF

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #122 Online: 16 de Outubro de 2009, 18:40:52 »
Mas traz outros problemas como possível falta de privacidade, indisponibilidade temporária dos serviços (imagine se aquela apresentação da reunião de hoje está num serviço que ficou indisponível na hora da reunião), ou perda total de seus arquivos (veja o recente caso da T-Mobile: o celular salvava os contatos e outras informações num servidor central. Deu pau nesse servidor e as agendas de todos os clientes foram perdidas).

Um dos grandes problemas da guerra contra a pirataria é que as gravadoras não estão lidando com cidadãos quaisquer, mas sim com pessoas com conhecimento tecnológico e essas pessoas em geral sabem os riscos das nuvens e vão resistir ao máximo para adotá-la. Fazendo uma analogia meio tosca, seria como tentar implementar a lei seca se toda casa tivesse uma pessoa que soubesse fazer vinho/cerveja/hidromel, sei lá.
As pessoas não adotariam um sistema que permitisse outros verem os dados de seus computadores. Seria o mesmo que pedir para o governo ter uma câmera instalada no banheiro de todas as casas. As pessoas se recusarão por causa da privacidade.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #123 Online: 16 de Outubro de 2009, 21:26:09 »

Mas o fato de eu ir na biblioteca pegar um livro, ler e devolver e não pagar pelo livro é igual ao de eu pegar um livro de um amigo emprestado, ler, devolver e não pagar pelo livro que também é igual a eu copiar o PDF que um amigo meu comprou pela internet, ler, e não pagar pelo livro. Por que apenas a terceira modalidade deve ser ilegal?

O baixo custo da cópia eletrônica permite uma distribuição muito maior do que a do empréstimo duma cópia de papel, que é potencialmente muito mais comprometedora do lucro do autor. Poxa. Você escreve um livro, e não existe computador, PDF, etc. As pessoas podem até emprestar o livro que ela comprou para algumas conhecidas, mas o livro é uma unidade física que não pode estar em dois, trez, quinhentos mil lugares ao mesmo tempo (ou ser copiado, para fins de argumentação), diferentemente de cópias eletrônicas. É simplesmente inimaginável o empréstimo de livros comprometer da mesma forma que a cópia eletrônica o retorno financeiro do autor; para que um milhão de pessoas leiam uma unidade de um livro levará um milhão de vezes o tempo de dias que em média cada uma delas lê o livro (talvez matematicamente incorreto, mas me fiz entneder). Não dá para esperar que qualquer publicação com um mínimo de sucesso vendesse umas poucas dezenas ou centenas de cópias e depois passasse para um país inteiro de mão em mão, na base do empréstimo.

A coisa é radicalmente diferente com reprodução digital, de forma que nem preciso explicar, as cópias são instantâneas, e teoricamente talvez possa levar só um dia para que todas as pessoas com acesso diário a internet no mundo todo tenham um PDF de uns poucos MBs gravados em seus HDs, se alguém inventasse um PDF que fosse o virus "copie-me para todos seus amigos" perfeito. Obviamente que qualquer outra coisa não vai se alastrar da mesma forma, mas é claro o potencial que isso tem e como essa possibilidade reduz as perspectivas de renda do autor.
A questão é que a forma como os direitos autorais são hoje, você não poderia fazer uma "discoteca" ou uma "software-teca" mesmo se houvesse a garantia que apenas uma pessoa escutaria o álbum ou usaria o software ao mesmo tempo. Em alguma página anterior eu postei um link sobre uma decisão judicial: a Autodesk não queria deixar uma pessoa que comprou seu software (AutoCAD) revendê-lo.

Outro caso que mostra o abuso das licenças ao usuário foi quando um aluno do MIT "hackeou" o XBox dele. Ele descobriu uma forma de fazer o XBox dar boot em outro sistema operacional (Linux). Não há nada de errado nisso, ele comprou um console com uma arquitetura muito similar a um computador doméstico e quis instalar um outro sistema operacional. Exceto que isso é contra a DMCA e ele foi preso por isso.

Eu não sei bem quanto ao caso do console hackeado, mas se a licença (ou "contrato") sob a qual o cara comprou uma dada coisa, software ou uma caneta, a impede de vender, bem, então paciência, não pode vender. Se não quiserem comprar algo que não podem vender depois que não forem usar mais, não comprem coisas com tais licensas, tais como não aceitariam se casar com uma cláusula anti-divórcio.



Citar
O livro que esta na biblioteca foi parar lá com o consentimento do autor, diferente do PDF que esta sendo pirateado.
Não, não foi com o consentimento do autor. Se eu comprar um livro de uma editora para colocar numa biblioteca, ela nem sabe que é para isso que ele foi comprado, sem contar que muitas bibliotecas públicas aceitam doações.

Nunca ouvi falar de autores protestando contra doações de livros para bibliotecas, ou de qualquer tentativa de restringir a possibilidade das pessoas doarem ou emprestarem os livros. A grande diferença, é que pouco imoporta, alguém está comprando as unidades que são doadas às bibliotecas, não são feitas cópias pelas quais ele não recebe nada, e, diferentemente de cópias eletrônicas, as unidades vendidas, por mais emprestadas que sejam, eventualmente esbarram num limite físico que acaba "obrigando" as pessoas realmente interessadas a comprar livros, em vez de esperar até que eventualmente alguém empreste uma das poucas dezenas de unidades compradas.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bem-estar do pirateiro X disponibilidade de superproduções - O dilema
« Resposta #124 Online: 16 de Outubro de 2009, 21:28:21 »
Propriedades "físicas" como carros e imóveis também tem mais burocracia envolvendo o seu comércio, e é provavelmente bom que seja assim (ainda que não necessariamente toda ela seja realmente necessária), em vez de qualquer um poder vender um carro sem papelada nenhuma, como se vendesse um boné.

 

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