Bem, a última pergunta é a seguinte: Porque a maioria das pessoas que incorporam são mulheres e, quando homens, são gays?
A pergunta não foi dirigida a mim, mas mesmo assim vou palpitar:
Porque os papéis culturais encorajam certos tipos de pessoas a resistir ao comportamento mediúnico. Acontece de, na nossa cultura, essas pessoas não serem tão frequentes entre mulheres e homossexuais.
Ou, se preferir: porque mulheres que são tratadas como se devessem ser sempre previsíveis e submissas, e homossexuais que são tratados como se fossem pessoas completamente diferente de quem realmente são tendem a ter mais abertura para mostrar aspectos de suas personalidades que normalmente não seriam reconhecidos. Estão predispostos a sofrer cisões de personalidade porque se sentem mais desconfortáveis com a personalidade que tem de mostrar publicamente no cotidiano.
Olha Dantas no geral eu concordo mas faria alguns reparos baseados no que vivi na Umbanda.
Tanto na Umbanda quanto no Candomblé a participação feminina é grande , mas raramente vi homossexuais como médiuns já que na Umbanda tradicional há um preconceito contra eles. Possivelmente pela herança cristã/espírita o homossexualismo explícito era visto como desviante , não me lembro de nenhum dos médiuns homens dos centros que frequentei serem homossexuais. Enquanto as mulheres "incorporavam" tanto entidades masculinas e femininas os homens só incorporavam entidades masculinas.
Já no Candomblé a situação é completamente diferente , a abertura para os médiuns homossexuais é grande (a ponto das más línguas dizerem que ser homosexual é pré requisito para ser babalorixá
). Isto se dá porque a sexualidade no Candomblé não é vista pela ótica cristã do pecado original , sexo só para procriação , etc,.. que contamina mesmo aqueles que teoricamente discordam desta visão. O panteão yorubá contempla orixás no mínimo ambíguos como Oxumarê , Ossâin , Logun-Edê que apresentam características hermafroditas e são altamente respeitados ( nenhum destes foi assimilado pela Umbanda).