Eu não sei se isso se aproxima da questão do aquecimento global versus "céticos". E na minha opinião, a possível similaridade não é numa comparação positiva.
Existe toda uma série de defensores de coisas como "cognitive behavioral therapy" (talvez praticamente apenas isso), mas estes não são análogos aos "céticos" do aquecimento global. Eles não me parecem ter um discurso de conspiração/terrorismo/máfia da indústria farmacêutica, e nem negam seu funcionamento, como se fosse tudo uma grande fraude. Ao mesmo tempo, eles são de fato pesquisadores e praticantes, tem todo seu arcabouço teórico, em vez de não terem nenhum modelo alternativo e apenas atirarem toda pedra que puderem encontrar. E os "defensores" de medicamentos não me parecem ser avessos a esses métodos, apenas talvez reticentes ao uso generalizado para casos mais graves, onde não deve haver desacordo na maior parte do tempo com os defensores da CBT. Praticamente não há uma linha divisória entre "céticos" e "mainstream", o mainstream abrange terapias não-farmacológicas, ou ao menos sua aceitação, ainda que a aplicação talvez esteja longe do ideal (como é o caso também com políticas mais preventivas, também sem que estas sejam contestadas em suas bases teóricas). Mas isso não se deve tanto à divergências teóricas/factuais, mas principalmente a um "conservadorismo estrutural", uma dificuldade natural que há em se implementar mudanças (idem para dar um jeito das pessoas serem mais proativas em manter a saúde).
A eventual similaridade são movimentos menos/não acadêmicos, de pessoas radicalmente contrárias à psiquiatria em geral, ou até à farmacologia em geral (meio como os cientologisas, mas não necessariamente associados a eles). Daí sim vamos ver não só exageros e distorções sobre técnicas alternativas, como coisas como "a verdadeira face da big pharma/psiquiatria", onde vão buscar lá no século XIX que existia a "patologia" mental de negros escravos querendo fugir (como se tivesse relevância significativa para o que é defendido hoje).