Esse troço de casa de mozart em júpter deixa os espíritas constrangidos até hoje, muitos não gostam de falar no assunto para não ter de lidar com o problema, outros inventam as desculpas mais esfarrapadas possíveis na tentativa de chutar a questão para escanteio.
Bem, então vamos lá, porque eu não tenho nenhum constrangimento de debater sobre esse assunto...
Por exemplo, muitos argumentam que Kardec não colocou na codificação e por tanto "não vale", afinal, a revista espírita era um "laboratório" onde kardec fazia suas experiências de comunicação e por isso corria o risco de ser assolado por espíritos zombeteiros.
Eu não concordo com essa opinião e, portanto, não preciso responder.
Outros espíritas buscam trechos onde kardec alega que as informações sobre a pluralidade de mundos eram apenas hipotéticas. Dentro da cabeça espírita, essa resposta soluciona o problema, ja que a casa em jupter era só hipótese.
Sim, essa tese é hipotética, e há trechos da
Revista Espírita que dizem explicitamente que Kardec considerava essa ideia hipotética, embora, para ele, provável:
Se há um fato que gera perplexidade entre certas pessoas convencidas da existência dos Espíritos – não nos ocuparemos aqui das outras – é seguramente a existência de habitações em suas cidades, tal como ocorre entre nós. Não me pouparam de críticas: “Casas de Espíritos em Júpiter!... Que gozação!...” – Que seja, nada tenho a ver com isso. Se o leitor aqui não encontra, na verossimilhança das explicações, uma prova suficiente de sua veracidade; se, como nós, não se surpreende com a perfeita concordância das revelações espíritas com os dados mais positivos da ciência astronômica; numa palavra, se não vê senão uma hábil mistificação nos detalhes que se seguem e no desenho que os acompanha, eu o convido a pedir explicação aos Espíritos, de quem sou apenas o instrumento e o eco fiel. Que ele evoque Palissy ou Mozart, ou outro habitante desse mundo bem-aventurado; que sejam interrogados, que minhas afirmações sejam controladas pelas suas; que, enfim, discutam com eles. Quanto a mim, apenas apresento o que me foi dado, repetindo somente o que me foi dito. E, por esse papel absolutamente passivo, creio-me ao abrigo tanto da censura quanto do elogio. (Kardec em
Revista Espírita ago/1858, Habitações do Planeta Júpiter)
Outros resolvem abraçar a idéia e dizem que os habitantes de jupter e suas construções são invisíveis pois a matéria deles é "menos densa" e vibram em outra frequência (seja lá o que isso venha a ser). Portanto nossos olhos materias não conseguem ver tais habitantes e suas construções...
Ou isso, ou eles estariam tão afundados na atmosfera de Júpiter que não puderam ser ainda detectados.
Mas o fato é que a ideia, por mais fantastica e sobrenatural que possa parecer, não pode ainda ser descartada como possibilidade de verdade pelo Espiritismo, e isso pelo simples fato de a ciência ainda não ter conseguido olhar nada lá. O que não se pode aceitar nem negar, e principalmente quando parece místico e sobrenatural, realmente cria-nos uma situação embaraçosa de ficar respondendo à crítica malevolente. O problema é que esses textos sobre Júpiter não são mais sobrenaturais do que os próprios espíritos com seus perispíritos, que já cansamos de discutir aqui. E se não negamos os espíritos, como é que poderíamos negar a vida em Júpiter, ao menos como possibilidade de verdade, sendo que a vida lá descrita seria mais material do que a vida espiritual?
Claro que para quem espíritos não existem a ideia parece mesmo ridícula, mas o problema é que renegam os textos baseados na premissa de que espíritos não existem, premissa essa que não conseguiram ainda provar nem para si mesmos. Mas para quem a existência espiritual é um fato assim como o dia e a noite, esses relatos sobre Júpiter são factíveis e, portanto, por mais ridículos que possam parecer, não podem ser ainda descartados. Mas se forem algum dia, como eu já mostrei, os espíritas consideram aqueles relatos meramente hipotéticos.
Um abraço.