Autor Tópico: Justiça distributiva  (Lida 11030 vezes)

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Offline Liddell Heart

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Re: Justiça distributiva
« Resposta #100 Online: 21 de Julho de 2011, 13:55:47 »
Aliás, sempre que há recursos escassos, uma demanda não-natural causa problemas.
Já lhe mostrei que uma saúde socializada não gera nenhuma demanda adicional. O mercado de saúde é um pouco diferente do mercado de salames...

A intenção do sistema de saúde socializada é criar uma demanda adicional (quem não tinha acesso ao médico, passa a ter, logo, aumentou a demanda). Essa demanda adicional altera o mercado, seja desestimulando os serviços médicos de baixo custo a curto prazo ou levando a uma má alocação de recursos.

Os problemas da má alocação de recursos (seja humanos ou não):
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Em visita técnica ao Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, na quinta-feira (14), a secretária de Estado da Saúde, Lilian Martins, autorizou a contratação de mais profissionais em áreas com demanda reprimida, como a Ortopedia. Ela também exigiu o cumprimento da carga horária do quadro efetivo da unidade, entre outras medidas acertadas com a direção do Heda.
http://180graus.com/concursos/sesapi-autoriza-a-contratacao-de-mais-profissionais-para-saude-441155.html


http://tribunadonorte.com.br/noticia/pacientes-recorrem-a-justica/189454
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“O índice é alto e existe uma demanda reprimida muito grande. Mesmo que quiséssemos não conseguiríamos absorver toda a demanda existente hoje, principalmente vinda de outros estados e regiões do País”, observou.
http://acritica.uol.com.br/manaus/Amazonas-_Manaus-_Amazonia-Secretaria-Saude-Amazonas-USP-convenio_0_517748371.html
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Offline Luiz Fabris

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Re: Justiça distributiva
« Resposta #101 Online: 21 de Julho de 2011, 15:26:08 »
Se assistir aos vídeos, vai ver cubanos mostrando os hospitais que não tem nem aspirinas e dando outros relatos. O que seria mais "independente"?
Se eu produzir um vídeo mostrando o Instituto do Fígado, InCor ou do ICESP e publicar isso na mídia, eu demonstro fácil, fácil que a medicina do Brasil dá de relho em qualquer medicina do mundo. Trabalhar com extremos da curva de Gauss ou mostrar situações específicas sem quantificá-las leva a uma generalização totalmente errônea. Particularmente, eu desconfio de quase tudo o que é veiculado na mídia não especializada.

Por que devemos desprezar esses relatos e ficar só com a versão oficial? Ela é "independente" e despolitizada?
Eu não desprezo esses relatos, mas busco contextualizá-los desapaixonadamente, o que foi tudo o que a Época não fez. Também tenho enormes desconfianças de "versões" e estatísticas oficiais (qualquer pessoa que analisasse as estatísticas de produção da Alemanha, em 1936, afirmaria que o país estava desmilitarizado). Eu trabalho com estratégia em saúde e busco, sempre, bancos de dados supranacionais e internacionais, como a OMS, OPAS, ONU, Banco Mundial, Bird, CIA (esta com algumas reservas, já que apresentam algum viés ideológico e estratégico). Esses bancos trabalham com estatísticas fornecidas pelos próprios governos, mas dispõem de uma série histórica relativamente longa e têm mecanismos de consistência que tornam os dados mais confiáveis (exemplo: tente passar para a OMS uma estatística mostrando que a expectativa de vida aumentou, enquanto a mortalidade infantil cresceu e veja o que ocorre...)

Sem dúvida. Não se pode supor que apenas existem os hospitais denunciados, mas tampouco pode-se ignorá-los apenas por não estarem em consonância com a propaganda que diz que tudo corre às mil maravilhas. Se eles existem, qualquer que seja a sua representatividade no fim das contas, eles já mostram que aquilo que comumente é dito não mostra toda a verdade sobre o sistema.
Primeiramente, ao analisar um fato eu jogo a propaganda no lixo. A questão, aqui, é de representatividade, mesmo. A questão é saber quantos hospitais, em Cuba, têm a situação descrita pelo dissidente.
Por outro lado, há uma questão que os brilhantes editores da revista simplesmente deixaram passar batido: em saúde, não existe nenhuma ação sem consequência. o que se reflete nas estatísticas. Expectativa de vida e mortalidade infantil são fortemente dependentes de uma série de fatores, entre os quais a assistência médica é um dos decisivos.
Se a situação do sistema médico cubano é realmente a que foi apontada pelo dissidente, há que se explicar por que Cuba apresenta uma expectativa de vida maior e uma mortalidade infantil menor que a verificada nos EUA. Alguns conspiracionistas afirmam - sem jamais provar - que essas estatísticas são manipuladas. Cabe-lhes o ônus da prova, sem apelo a evidências anedóticas.

OBS: é muito comum ver a imprensa, quando quer detratar um aparelho de saúde, concentrar-se em questões como filas, precariedade de instalações, falta de hotelaria, excesso de demanda. Esses são os fatores mais visíveis utilizados. Entretanto, nenhum deles é muito significativo para se avaliar a qualidade desse aparelho. Muito mais importante seria analisar o grau de resolutividade, preparo das equipes, grau de complexidade do atendimento e outras. Apenas um exemplo: se você chegar, a qualquer hora, no Hospital das Clínicas de São Paulo verá filas enormes, algumas instalações de dar dó, enfermarias pouco confortáveis e pode facilmente chegar á conclusão que o hospital não presta. Entretanto, o HCSP é tido como um dos melhores hospitais do mundo. Há sempre que se ter cuidado com o que se analisa.
« Última modificação: 21 de Julho de 2011, 15:29:23 por Luiz Fabris »
A diferença entre a inteligência e a ignorância é que a inteligência tem limite

Offline Luiz Fabris

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Re: Justiça distributiva
« Resposta #102 Online: 25 de Julho de 2011, 11:14:19 »
Citação de: Fabriz
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/03/793290-nos+eua+governador+revoga+pena+de+morte+em+illinois.html
Nesse link, não vi nada dizendo que pessoas condenadas à pena capital seriam absolvidas caso tivessem dinheiro para bancar o processo.

Poderia postar alguma outra fonte que confirme essa alegação? Obrigado.
Vejamos a palavra do próprio governador de Illinois, na época:
http://www.illinois.gov/pressreleases/showpressrelease.cfm?subjectid=3&recnum=359

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"I now favor a moratorium, because I have grave concerns about our state's shameful record of convicting innocent people and putting them on death row," Governor Ryan said. "And, I believe, many Illinois residents now feel that same deep reservation. I cannot support a system, which, in its administration, has proven to be so fraught with error and has come so close to the ultimate nightmare, the state's taking of innocent life. Thirteen people have been found to have been wrongfully convicted."

Aliás, uma das formas que alguns policiais americanos usam para acabar condenando alguém à pena de morte é a pura tortura, mesmo:
http://truthinjustice.org/dphistory-IL.htm
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Offline Luiz Juliano

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Re: Justiça distributiva
« Resposta #103 Online: 17 de Setembro de 2011, 15:34:05 »
Aproveitando o direcionamento para a saúde, lembro que na faculdade, os professores de saúde pública adoravam argumentar q sobravam leitos hospitalares no Brasil e no RS. No entanto, trabalho numa emergência e simplesmente a falta de leitos é óbvia, tanto q frequentemente tenho q encaminhar pacientes para Hospitais de referência e não consigo. Frequentemente quero internar pacientes, mas sou obrigado a deixá-los nos leitos da emergência. É fácil contabilizar leitos em hospitais de baixíssima complexidade, que não possuem medicamentos essenciais, laboratório, radiologia, ecografia, equipe de enfermagem com rotinas adequadas, muito menos traumatologistas, salas cirúrgicas ou outros especialistas. Ou seja, há muitos leitos sobrando, mas se for pra ficar esperando a morte numa cama de um hospital sem recursos, há tantos leitos sobrando quanto o número de camas nas residências brasileiras!
Leitos de UTI ou UTI neonatal nem se fala. Não há leitos nem particulares, pois o Estado compra os q tem por uma fortuna para os pacientes do SUS. Hoje se um paciente precisa de um leito de UTI e não está no hospital q tem a UTI, tem que esperar 1 ou 2 dias, muitas vezes morrendo antes disso, já que o sistema já está sendo usado em sua capacidade máxima há algum tempo. Mesmo encaminhar pacientes com Infarto com indicação cirúrgica ou AVC com indicação de tomografia, os quais só precisam ser encaminhados para a emergência de um hospital com hemodinâmica ou tomógrafo, muitas vezes é impossível pela superlotação dos hospitais de alta complexida. Faltam leitos em hospitais qualificados e resolutivos!! Então, como contruir novos hospitais terciários, UTIs ou qualificar hospitais já existentes com a verba atual? Na Noruega, a infra-estrutura já existe e eles gastam 10x mais em saúde per capta ao ano!! Como atingir uma qualidade em saúde respeitável com os 400 dólares per capta ano e ainda dar conta da defasagem?

 

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