Tópico: O Ateu e a morte.

[n/a]

Frase de uma amiga minha, sem nenhum tom agressivo como possa parecer escrito: "É mais difícil para um ateu quando um pai, uma mãe, alguém muito querido, morre?".

Fiquei sem saber como responder.

Bom, nunca perdi alguém realmente próximo. Quem já perdeu, como se sentiu?

[OldSkull]

Então, é foda, dói por dentro e tal...Em suma deve ser o mesmo sentimento para os crentes..
Mas sei lá cara, eu prefiro racionalizar a coisa em vez de ficar com essa de um dia vou encontrar essa pessoa novamente sentada numa nuvenzinha rosa..
A religião pode dar um falso conforto q eu particularmente dispenso

[Luis Brudna]

Perdi um avô recentemente e não fiquei chorando dias. Tá, eu não convivia muito com ele. Mas acho 'estranho' que os cristão choram TANTO quando algum parente morre. Será que eles não tem CERTEZA que vão encontrar essa pessoa no céu?
 
 Sei lá... nunca passei pela morte de um parente que realmente fosse dolorosa para ter a real dimensão disso. Mas o desespero dos cristãos me deixa curioso sobre a fé.

[Südenbauer]

Frase de uma amiga minha, sem nenhum tom agressivo como possa parecer escrito: "É mais difícil para um ateu quando um pai, uma mãe, alguém muito querido, morre?".

Fiquei sem saber como responder.

Bom, nunca perdi alguém realmente próximo. Quem já perdeu, como se sentiu?

Qual a diferença entre um ateu e um teísta? Os dois sofrem com a morte do ente querido.

Não entendi o que ela quis dizer, no que eu poderia ser diferente só por ser ateu?

[Luis Brudna]

Não entendi o que ela quis dizer, no que eu poderia ser diferente só por ser ateu?

  Que um ateu terá certeza que tudo acaba e um cristão acha que vai encontrar a pessoa depois da morte.  

  Ela acha que prum ateu as coisas devem ser bem mais dramáticas.

  Mas como eu disse, vejo muito cristão com ALTOS desesperos, o que dá uma certa dúvida nisso tudo.

[Luis Dantas]

Brudna, religião tem a ver com CULTIVAR certeza, não com tê-la desde o início.  A maioria dos cristãos não tem muita certeza do que lhes acontecerá depois da morte.  E os que tem certeza muitas vezes são os mais insuportáveis.

Quanto à pergunta da amiga do Mioto, não faço idéia.  Depende de cada caso.  Mas em muitos casos o que permite a alguém aceitar o ateísmo é exatamente uma capacidade de lidar com perdas e incertezas um pouco mais desenvolvida...  

[Luis Brudna]

Brudna, religião tem a ver com CULTIVAR certeza, não com tê-la desde o início.  A maioria dos cristãos não tem muita certeza do que lhes acontecerá depois da morte.  E os que tem certeza muitas vezes são os mais insuportáveis.

  Boa observação. Mas será que um cristão não racionaliza esse ponto durante a vida ou num momento de dor? Atitude muito suspeita.    Sei, não dá pra esperar muito uso da razão num momento de dor extrema.

  Insuportáveis em que sentido?

[Karl Rove]

Depende, se for um ateu budista, ele pode acreditar que seu ente reencarnará como um pato, ou como uma samambaia.

[Südenbauer]

Depende da personalidade da pessoa, não de sua posição religiosa.

[Karl Rove]

Isso é conversa fiada.

Nunca vi um crente ficar feliz quando seu ente querido morre, mesmo sabendo que agora essa pessoa vai estar vivendo todos os prazeres do paraíso.

As pessoas morrem, é um processo natural, todos vamos passar por isso um dia. Se forem pessoas de quem gostamos, elas permaneceram vivas nas nossas lembranças, e se conseguiram passar alguma coisa boa, elas permaneceram vivas nos nossos atos, e isso é uma forma mais bela de imortalidade do que passar o resto da eternidade tocando harpa numa nuvem, procurando em vão pelo botão de autodestruição.

[Luis Dantas]

Depende, se for um ateu budista, ele pode acreditar que seu ente reencarnará como um pato, ou como uma samambaia.

Só se for um budista muito mal informado.  Ou da Globo...  

[Rodion]

é tão difícil quanto pra um teísta, acho. ninguém deixa de chorar porque acha que quem morreu tá no céu. quando os fatos tão muito fortes acho que eles passam por cima das crenças, não sei...

[n/a]

Frase de uma amiga minha, sem nenhum tom agressivo como possa parecer escrito: "É mais difícil para um ateu quando um pai, uma mãe, alguém muito querido, morre?".

Fiquei sem saber como responder.

Bom, nunca perdi alguém realmente próximo. Quem já perdeu, como se sentiu?

Qual a diferença entre um ateu e um teísta? Os dois sofrem com a morte do ente querido.

Não entendi o que ela quis dizer, no que eu poderia ser diferente só por ser ateu?

"Mas eu sei que ele ainda está conosco, torcendo por nós"...

Sabe, poder falar com a pessoa ao lado do túmulo dela e acreditar que ela está escutando. Não vamos fechar os olhos e falar "bah, não faz diferença", "depende da personalidade da pessoa, não da religião". Acredito que se um dos meus pais morressem eu iria querer falar muitas coisas para eles, como eu estaria, contar o que está acontecendo. Ia sentir muita falta de conversar com a minha mãe.

Mesmo que fosse um monólogo, falar com ela ia ser algo gostoso, acreditar que ela estaria me ouvindo. Para o ateu é, bem ou mal, a situação é mais difícil, eu acho.

E, por favor, não começem com "ateu pode acreditar que vai virar pato". Se acharem que ateu pode acreditar em vida após a morte, troquem por "alguém-que-não-acredita-em-vida-após-a-morte".

[Rodion]

a dor é muito forte, mioto. o mínimo de desconfiança de poder estar errado já incomoda. se, como dizem os teístas, todo ateu no fundo acredita em deus, acho que todo teísta no fundo é ateu também.
além de que a morte de alguém te confronta com a sua própria. acho que deve ser inevitável ir num enterro e não pensar na sua própria morte.

[Dodo]

Eu gostava muito de meu avô, e consolidei meu ateísmo depois da sua morte.
Acredito que o luto de um  ateu é talvez maior do que o de um cristão, pois nós nào esperamos ver aquela pessoa de volta.
É por isso que digo para minha esposa e filhas: amo vocês.
Depois de morto nào terei essa chance

[Südenbauer]

Continuo achando as diferenças de posições religiosas não necessariamente relavantes. Já perdi parentes quando acreditava em deus e quando não acreditava, meu luto não mudou nada.

[Luis Brudna]

É por isso que digo para minha esposa e filhas: amo vocês.
Depois de morto nào terei essa chance

  Putz... essa deu um frio na espinha.   É ótimo não deixar as coisas pra depois.

  Parabéns.  

[Dodo]

É por isso que digo para minha esposa e filhas: amo vocês.
Depois de morto nào terei essa chance

  Putz... essa deu um frio na espinha.   É ótimo não deixar as coisas pra depois.

  Parabéns.  

       

[Poindexter]

Frase de uma amiga minha, sem nenhum tom agressivo como possa parecer escrito: "É mais difícil para um ateu quando um pai, uma mãe, alguém muito querido, morre?".

Fiquei sem saber como responder.

Bom, nunca perdi alguém realmente próximo. Quem já perdeu, como se sentiu?

Ateus podem acreditar em vida após a morte...

[Poindexter]

... mesmo sabendo que agora essa pessoa vai estar vivendo todos os prazeres do paraíso.

É aí que tá, Cabeção... cristãos não sabem se o ente querido foi para o "andar de cima" ou para o "andar de baixo"...

[Carlos Capuchinho]

Dia 3 de agosto vão fazer 2 anos que meu pai morreu e desde então estou com depressão, não é fácil a minha irmã mais nova que é espirita meia boca de uma certa forma lidou melhor com a morte do que eu.

Mas também foi a morte dele que me fez entender que nem católico eu tinha sido direito afinal a história de céu e passeio nas núvens nunca me convenceu. E por mais dificil que seja prefiro a realidade, nunca mais o verei de novo.

[n/a]

Frase de uma amiga minha, sem nenhum tom agressivo como possa parecer escrito: "É mais difícil para um ateu quando um pai, uma mãe, alguém muito querido, morre?".

Fiquei sem saber como responder.

Bom, nunca perdi alguém realmente próximo. Quem já perdeu, como se sentiu?

Ateus podem acreditar em vida após a morte...

E, por favor, não começem com "ateu pode acreditar que vai virar pato". Se acharem que ateu pode acreditar em vida após a morte, troquem por "alguém-que-não-acredita-em-vida-após-a-morte".

Ateu como estamos acostumados, mas que chatos vocês são. Estão demitidos, todos.  

[n/a]

Agora todo mundo vai concordar que é mais fácil para o teísta só porque é o Sagan falando.  

Meus pais morreram há anos. Eu era muito ligado a eles. Ainda sinto uma terrível saudade. Sei que sempre sentirei. Desejo acreditar que sua essência, suas personalidades, o que eu tanto amava neles, ainda existe - real e verdadeiramente - em algum lugar. Não pediria muito, apenas cinco ou dez minutos por ano, para lhes contar sobre os netos, pô-los a par das últimas novidades, lembrar-lhes que eu os amo. Uma parte minha - por mais infantil que pareça - se pergunta como é que estarão. "Está tudo bem?", desejo perguntar. As últimas palavras que me vi dizendo a meu pai, na hora da sua morte, foram: "Tome cuidado".

Às vezes sonho que estou falando com meus pais, e de repente - ainda imerso na elaboração do sonho - sou tomado pela consciência esmagadora de que eles não morreram de verdade, de que tudo não passou de um erro horrível. Ora, ali estão eles, vivos e bem de saúde, meu pai fazendo piadas inteligentes, minha mãe me aconselhando seriamente a usar uma manta porque está frio. Quando acordo, passo de novo por um processo abreviado de luto. Evidentemente, existe algo dentro de mim que está pronto a acreditar na vida após a morte. E que não está nem um pouco interessado em saber se há alguma evidência séria que confirme tal coisa.

Por isso, não rio da mulher que visita o túmulo do marido e conversa com ele de vez em quando, talvez no aniversário de sua morte. Não é difícil de compreender. E se tenho dificuldades com o status ontológico daquele com quem ela está falando, não faz mal. O que importa é que os seres humanos são humanos. Mais de um terço dos adultos norte-americanos acreditam que em algum nível estabeleceram contato com os mortos. Esse número parece ter pulado de 15% entre 1977 e 1988. Um quarto dos norte-americanos acredita em reencarnação.

Mas isso não significa que estou disposto a aceitar as pretensões de um "médium", que afirma canalizar os espíritos dos entes queridos que partiram, quando tenho consciência de que a prática está cheia de fraudes. Sei o quanto desejo acreditar que meus pais só abandonaram os cascos de seus corpos. Compreendo que estes sentimentos poderiam me tornar uma presa fácil até de um trapaceiro pouco inteligente, de pessoas normais que desconhecem suas mentes inconscientes, ou dos que sofrem de uma desordem psiquiátrica dissociativa. Relutantemente, ponho em ação algumas reservas de ceticismo. (...)

http://www.ic.unicamp.br/~ra030016/leitura/arte_detectar_mentiras.html

[n/a]

Dia 3 de agosto vão fazer 2 anos que meu pai morreu e desde então estou com depressão, não é fácil a minha irmã mais nova que é espirita meia boca de uma certa forma lidou melhor com a morte do que eu.

Mas também foi a morte dele que me fez entender que nem católico eu tinha sido direito afinal a história de céu e passeio nas núvens nunca me convenceu. E por mais dificil que seja prefiro a realidade, nunca mais o verei de novo.

 

Nunca sei o que falar nessas horas.  

E é duro, muito duro, pensar que tem grande chance, grande mesmo, de acontecer o mesmo comigo, ter que enterrar pai ou mãe (ou os dois). E fico sem saber o que fazer, o que falar, se é tão inevitável...

 

[Rodion]

eu acho triste quando alguém vem com aquele papo de "ele não morreu, estará pra sempre conosco." ou "no coração", ou "nas suas obras", ou alguma outra coisa do gênero. acho que se fosse comigo eu ficaria pior ao ouvir isso que antes. porque é um tipo de falsa esperança, uma coisa incompleta, frustrada.

aliás, quando alguém querido morre, nunca sei o que falar pra pessoa que perdeu. acabei concluindo que o melhor é não falar nada. nem um hipócrita "meus pêsames"(as vezes não é, mas na maioria...), nem que a pessoa ainda está conosco, nem que a morte é natural. nada, acho, melhora a dor da perda. tem-se que contar com o tempo....