Estive lendo nesse fórum uma discussão sobre os malefícios do açucar, em que o Atheist convencia um tal de Euzébio e outro, chamado Zibs, que no final tudo vira glicose, seja amido, sacarose ou frutose. Fui lendo todos os comentários e me interessando pela concepção do CC, de desmascarar alguns mitos e ignorâncias do senso comum.
Comecei então a ler outros tópicos e vi que o tal Zibs havia morrido. Meio que movido pela morbidez, fui pesquisar o que havia ocorrido com ele. Li em outros tópicos e mesmo em outros fóruns os posts delirantes que ele deixou nos últimos dias de vida (em um outro chamado viagem astral ou algo do gênero). Foi uma madrugada inteira lendo e tentando entender suas palavras, o que ele devia estar sentindo e pensando. Soube que o que desencadeou o surto psicótico foi a interação de dois medicamentos. Isso me causou medo e inquietação, pois, na juventude, quando tomei um ácido muito forte, tive alguns delírios místicos, o que me faz acreditar que posso ser geneticamente propenso a algum desequílíbrio mental. Tenho um irmão que já passou por diversos surtos, hoje bem medicado e estabilizado, mas que ainda apresenta certos comportamentos inadaptados.
Pude perceber nos delírios do Zibs fortes conotações religiosas e místicas. Ao relacionar o que li em seus posts com minha experiência pessoal com LSD, lembrei-me de alguns estudos que investigam a influência da neuroquímica sobre o pensamento religioso e a fé. Quando sob o efeito do LSD, senti algo muito forte, difícil de descrever, como que uma sincronicidade em tudo, uma impressão de que eu e tudo éramos um, algo tão inquietante que, naquele tempo, levou-me a desistir de ser ateu. Comecei a praticar a oração, a ler os evangelhos, embora nunca tenha participado de algum grupo religioso ou igreja. Era algo íntimo e pessoal que até me envergonhava às vezes. O tempo foi passando e fui me esquecendo daquela convicção de que havia vivido alguma revelação mística. Parei com as drogas (ainda uso álcool e tabaco) e, hoje, tenho a certeza de que ainda descobriremos muitas relações entre a fé e a neuroquímica. O caso Zibs é emblemático e exemplifica bem o que os neurotransmissores são capazes de suscitar no psiquismo humano.