Complementando o que o Calvino vem tentando demonstrar,
posso citar a obra de Sérgio Buarque de Holanda, "O Homem Cordial", em que o sociólogo defende a tese de que o brasileiro é movido basicamente por suas emoções, relações, afetos e demais caprichos do seu coração.
O que reina no Brasil é a informalidade afetiva. Todos estão dispostos a burlar a lei em nome da amizade, do jeitinho, da política de boa vizinhança e, claro, da possibilidade de retribuição depois (fora da lei, claro).
Onde eu moro isso é vísivel: Fulano é multado e apela para o vereador Ciclano ou para seu amigo Beltrano, que é irmão do diretor de trânsito. Tudo se resolve no contexto da informalidade afetiva. Acho que em todo país.
Nesse sentido, os brasileiros cordiais têm orgamos múltiplos quando ouvem seu presidente com um discurso paternalista, dizendo que sempre está do lado dos pobres, que tá de mal da elite, que está dando comida aos nordestinos, que a oposição não gosta do cheiro do povo, etc. É o Lula Paizão, generoso e amoroso.
Ainda mais com tal retórica vem acompanhada de programas sociais nada criteriosos, que abrem a porta para milhões sem apontar a porta de saída, transformando a pobreza numa situação definitiva em nome do poder político e da disputa eleitoral, enfim, conduzindo milhões de pessoas ao trabalhoso estado de ócio remunerado.