Adriano,
Você percorreu todo o tópico apelando para a falácia da "absolvição pelo antecedente":
"X cometeu um erro; mas Y errou muito antes".
Portanto, de acordo com a lógica interna da falácia, as ações de "X" são absolvidas pelo passado de "Y".
Você também ignorou o ponto central da discussão:
A existência de programas sociais cujo mecanismo de inclusão não é tão criterioso quanto deveria e, principalmente, que não são capazes de devolver a autonomia aos indíviduos atendidos.
Ninguém sugeriu a extinção de tais programas ou que o povo é "vagabundo" e não merece tal assistência.
Quanto ao principal programa em questão, o BF, de não ser capaz de devolver a autonomia as pessoas, não consigo entender porque a questão é posta nessa linha. Todas as pessoas miseráveis e pobres desse país trabalham para conseguir o pouquíssimo que conseguem. Seja como catadores, camelôs, diaristas, trabalhadores rurais, chapas, etc, até mesmo aquelas 50% das famílias do Maranhão, que não ficam paradas esperando nada cair do céu e tem que arregaçar as mangas para sua subsistência. Assim autonomia não é o problema para 99% das famílias desse país, já que todas tem no trabalho sua principal fonte de renda, sendo que o BF vem apenas como alívio financeiro para as que tem uma renda incrivelmente pequena num país de renda média.
Posto assim, essa crítica de que o BF leva a inércia, não se sustenta, já que por pressuposto as famílias deveriam estar paradas sem tentar melhorar seu nível de vida, o que pela evolução da renda dos mais pobres principalmente pelo salário ( trabalho ), não se sustenta.
Daí eu em pergunto, quais critérios deveriam ser impostos para que essas famílias recebessem esse benefício? Qual contrapartida, além das que são pedidas seriam realistas para a variante das pessoas que as recebem em todo país? Por exemplo, o que poderia ser pedido para uma família do sertão do Maranhão, cujo pai migrou para a capital, deixando a mulher com mais 4 filhos pequenos, numa terra devastada pela seca? Que contrapartida seria pedida para uma adolescente que engravidou numa favela e mora com a mãe e mais 2 irmãos num barraco, cujo pai morreu ou os deixou. O que pedir para um ribeirinho quase isolado no Amazonas que tem na pesca sua principal fonte de recursos e alimentos?
Não estamos falando de mendingos ou bandidos, estamos falando de quem trabalha precariamente ou de quem tem poucas oportunidades, e que por causa delas muitas vezes viram ou mendingos ou bandidos. Estamos falando de um programa que efetivamente ajudou muitas famílias, principalmente aquelas chefiadas por mulheres, de saírem de um estado deplorável, para um menos ruim, e que contribui diretamente para a segurança alimentar dessas, deixando para trás toda uma era de subnutrição infantil. Partidarismo e ideologias à parte, esse é reconhecidamente um dos métodos mais eficazes já elaborados para a erradicação da pobreza no mundo.
Para mim os critérios que já pedem são os únicos que podem ser pedidos em contraparte à realidade dos brasileiros como um todo, vacinação, matrículas e pré-natal. Não se pode pedir nada que alguém que vive na miséria não possa lhe dar, como um desempenho escolar estupendo ( como já vi pessoas defenderem ), por exemplo, pelo risco da seletividade perpetuar a miséria daqueles que não o conseguirem, que serão a maioria nesse caso.