Não é bem que antes não tinha nenhuma. O problema de desabastecimento de comida começa no Haiti com a política de Baby Doc de promover um êxido rural para promover uma industrialização. Para isso, várias pessoas foram desalojadas de suas propriedades rurais e também ocorreu um abate geral de animais de criação (principalmente porcos) feita pelo estado. Depois disso, começaram a se instalar indústrias no Haiti, a grande maioria de origem estrangeira, graças ao aumento da mão-de-obra que ficou cada vez mais barata.
O efeito da política de Baby Doc foi enfraquecer enormemente o setor primário da economia e fortalecer o secundário. Isso levou à um desabastecimento de alimentos. Em teoria, não seria um problema tão grande, vários países de primeiro mundo importam grande quantidade de alimentos e nem por isso é o fim do mundo. O problema é que como o Haiti não tem um desenvolvimento interno grande, e aliando isso à mão-de-obra baratíssima, o efeito disso foi atrair empresas estrangeiras que tem um lucro enorme produzindo artigos de exportação (e a maior parte do lucro também vai para fora do país) deixando no Haiti apenas a quantia referente ao salário de miséria de seus funcionários. Este salário acaba indo primariamente para o consumo de alimentos que... é insuficiente no país e muitas vezes precisa ser importado.
A maior preocupação do Brasil e dos EUA no Haiti é com suas indústrias e com isso eles acabam dando continuidade à política anterior. Isso é expresso por algumas medidas como a Lei Hope, que dá isenção fiscal para indústrias e produtos produzidos no Haiti. Até agora, os empregos gerados foram dez vezes menos do que o previsto pelos teóricos da Lei Hope, e mesmo com os benefícios dados aos empresários, estes fazem uma pressão enorme para barrar o aumento do salário mínimo no Haiti de U$2,00 para U$5,00. Diante de tudo isso, não tenho dúvidas que esta não é a melhor política para o país e de que dava para fazer muito melhor buscando desenvolver iniciativas locais e a economia local do Haiti.