4- Século XX, segunda metade => Os estados liberais evoluiram, se tornaram mais democráticos e abertos do que nunca. Ao mesmo tempo, os estados (devido a questões econômicas ocorridas no século XX e a uma maior influência dos menos ricos no poder) passou a criar políticas e leis que beneficiam as classes menos ricas (serviços públicos, leis trabalhistas, etc). O padrão de vida dos menos ricos melhorou em relação ao século XIX.
Nessa nova situação, surgiu uma nova forma de pensamento em relação ao estado: ele passou a ser visto como um instrumento das pessoas "menos produtivas" para extorquirem recursos das produtivas através dos impostos, que financiam serviços públicos. Eles defendem o fim de qualquer forma de empreendimento público, e que que cada pessoa se vire com seus próprios recursos e se organize espontaneamente da forma que acharem melhor.
Essa nova forma de pensamento afirma que a ordem estatal é desnecessária, que ela pode existir sem o estado (5 séculos de ordem os fizeram esquecer completamente da desordem, achando-a algo natural e dado). Enquanto os pensadores do final da Idade Média tinham uma grande descrença na capacidade humana de viver harmoniosamente de forma espontânea, os pensadores dessa corrente têm uma grande crença na harmonia e índole pacífica/honrada dos indivíduos, o que torna o estado completamente desnecessário.
Estes são os "anarco-capitalistas", que estão relativamente na moda atualmente. São o espelho dos pensadores do final da Idade Média.
No meu entender pessoal, os anarco-capitalistas são o produto de 5 séculos de ordem estatal, que os fez esquecer da necessidade do estado para garantir essa ordem, achando que a mesma é coisa espontânea e natural.
Também, são o produto do estado mais democrático e ofertante de serviços públicos. Eles vêem isso como um "desfalque" intolerável nos mais ricos e benefícios indevidos aos menos ricos. Mas isso por si só não seria suficiente para defenderem a abolição do estado SE não surgisse essa crença na espontaneidade da ordem social acima citada.
Os pensadores que ainda não se esqueceram da necessidade do estado para manter a ordem social e econômica, mas não gostam dos serviços públicos e da tributação são os chamados "minarquistas".
Os democratas provaram que Hobbes estava errado, que a riqueza não é escassa, mas abundante, desde que haja democracia e as pessoas sejam LIVRES para trabalhar, todo mundo pode ter uma casa grande e dois casos na garagem. Isso é um fato que foi provado por uma jovem nação que demonstrou que a livre criação e troca de riquezas é mais eficiente que o roubo e a exploração.
A doutrina do estado de bem estar é anti-científica e anti-ética, uma vez que a interferência do governo na economia elimina a democracia ela elimina junto o melhor meio de se criar riqueza.
O sistema democrático foi sendo abandonado na medida em que se foi criando bancos centrais, sindicatos federações e toda essa bobagem de estado protetor dos pobres e oprimidos, eliminando o capitalismo de livre mercado e criando uma nova e bizarra forma de mercantilismo.
O anarco-capitalismo surge da constatação de que a falha em se manter a democracia foi a ingenuidade dos minarquistas de achar que um estado monopolista poderia sozinho garantir a existência dela, quando que na verdade o próprio estado foi quem a proibiu.
Dai a idéia de que uma instituição monopolista não pode resolver o problema, mais fácil é uma única instituição monopolista se perverter, do que varias instituições em um sistema de livre concorrência.
O problema é que vocês continuam pensando no governo como a instituição de onde a ordem magicamente emana e continuam pensando no anarco-capitalismo como a mera ausência de governo, como o propagado pelos anarco-socialistas.
O anarco-capitalismo seria melhor entendido como a multiplicação de um governo pautando em princípios democráticos de livre troca e livre concorrência.
O fato de já ter existido uma minarquia democrática prova que isso é viável, eles apenas falharam no modelo escolhido de organização.