muito pelo contrario o governo é justamente o que surge da bagunça de pessoas incapazes de se organizar de modo apropriado e ético.
Aqui você meio que "descobre a roda" nessa questão.
Mas o que chama a atrenção na frase é que se subentende dela que é necessário que as pessoas "se organizem espontaneamente de modo apropriado e ético" para que o estado deixe de ser necessário. Estou errado?
O estado é o que impede que nos organizemos de modo mais ético.
Os defensores do estado entendem que o homem é capaz de se organizar.
Os defensores do chamado estado democrático de direito entendem que o homem é capaz de se organizar através de uma instituição acessível a todos e pautada em princípios democráticos que busquem garantir justiça e liberdade.
Até aqui concordamos e esse é o ponto básico, mas como exposto na postagem anterior, os estadistas se enganam quanto ao modelo de organização que pode promover isso.
Os Estados Unidos da América foram a nação que mais se aproximou dessa conquista, por algum tempo conseguiram dar cabo a uma proto-democracia que acabou por ser abandonada.
Aí está a questão mais importante: quu tipo de mágica faria esses "zé manés" que você acabou de citar deixarem de existir quando o estado for desmantelado?
(...)
É aqui que entra a dúvida: como seria um poder "nas mãos do mercado", e como isso seria possível?
Seria grupos armados "concorrendo"? Explique.
A função do estado mínimo seria a de, através do monopólio das armas e da lei, garantir que a democracia de mercado funcionaria sem a interferência de nenhuma instituição, incluindo o próprio governo e ao mesmo tempo o estado iria lidar com as questões que afetassem terceiros.
Esse projeto falhou. O próprio governo, levado por atos de indivíduos ignorantes foi na contra-mão da democracia e passou a ser ele próprio a instituição que impede a democracia (como historicamente o governo sempre foi).
Perceba que o governo em si é uma corporação controlada por pessoas, a diferença básica dele para os empreendimentos privados, é que o governo se baseia no roubo e no monopólio imposto pela força da lei, enquanto uma empresa privada se baseia na livre concorrência, no livre contrato e na livre troca.
Se o governo pode se pautar em princípios democráticos e na defesa deles, a iniciativa privada também pode, em especial por ser parte interessada.
A diferença aqui é que o governo é só uma instituição, basta um grupo de asnos corromper essa única instituição monopolista, que através do mito do "direito" ela pode abandonar a democracia como faz hoje (Com o estado na defesa da constituição, "la garantia soy yo").
Com múltiplas instituições defendendo esses princípios, todas elas precisariam se corromper, o que é muito mais difícil e caso uma delas se corrompesse, as outras poderiam impedi-la, pois sem o monopólio legal, nenhuma instituição tem o "direito" de abolir a democracia.
Seria possível duas organizações se unirem, derrotarem as outras e então tomarem pra si o monopólio da lei e das armas?
Sim, nesse caso teríamos a volta daquilo que já temos hoje... teríamos um governo.
O pior resultado da falha de uma sistema anarquista é a volta do governo e é isso que as instituições anarquista devem deter.
Entenda um sistema anarco-capitalista como sendo a descentralização do poder acompanhada da multiplicação de cada uma das instituições que hoje são monopólio do governo, trabalhando em um sistema de livre concorrência.