Uma coisa que me causa estranheza neste tópico é a confusão criada pela junção de modelos de organização político-sociais (Anarquia x Estado) com um modelo de produção (Capitalismo).
Política e economia são dois lados de uma mesma moeda.
A forma política como nos organizamos hoje, elimina a democracia ao colocar a camada política no controle da economia.
O capitalismo se baseia na propriedade privada e no livre mercado, o que significa dizer que ele limita a ação do sistema político a aquilo que é de alçada publica, impedindo sua interferência em assuntos privados.
Para anarco-capitalistas como eu, o entendimento é de que o estado não só é a instituição que impede a democracia, como as funções monopolistas do estado não se justificam, e podem ser ofertadas em um sistema de livre concorrência e livre troca (ou seja, sem o roubo dos impostos).
A Anarquia propugna a inutilidade e a liquidação do Estado, pois que é a autoridade em essência, ao defender que os indivíduos sejam totalmente livres e plenamente conscientes de suas responsabilidades coletivas.
Não... Eu e outros anarco-capitalistas não somos contrários a autoridade.
Questionamos sim a autoridade de uma instituição baseada no roubo e no monopólio que impede a democracia.
A autoridade imposta do governo em essência não difere da autoridade de narco-traficantes.
Defendemos autoridade legitimas, policia privada, sistema de justiça privado, etc... Todos pautados em princípios democráticos, na livre concorrência e na livre troca.
Uma sociedade anárquica não implica, necessariamente, em um modelo capitalista. Proudhon e Bakunin, entre outros, foram árduos defensores de um anarquismo socialista.
Algo contraditório e utópico, um vez que não existe liberdade sem capitalismo, nem como impor o socialismo sem algum tipo de autoridade.
O socialismo é um sistema proibitivo, ele impõe certas normas. Achar que todas as pessoas podem simplesmente querer seguir essas normas proibitivas é ingênuo.
A questão que fica para o AnarcoBoy é:
Em qual sociedade que a Anarquia pode ser aplicada hoje, sem fazer uso de um discurso utópico? Ao meu ver apenas em pequenas comunidades isoladas em países não-capitalistas, pois que, de resto, a "mão invisível do mercado" faria o mesmo papel do Estado: coerção e predomínio da força, neste caso, econômica.
O anarco-capitalismo funcionaria em qualquer sociedade moderna, em especial nas grandes nações industrializadas.
Os empresários são mais poderosos quando existe governo, uma vez que esse permite o uso da maquina estatal para fins privados, basta usar do poder econômico para comprar poder político.
Em um mercado livre, temos o poder pulverizado nas mãos dos empresários e, por consequencia, nas mãos do consumidor.
Temos também as condições mais adequadas para que qualquer cidadão crie riqueza, uma vez que são eliminadas as interferências do governo que proíbe o trabalho e o transito de mercadorias, bem como é eliminada a interferência de sindicatos e federações.
A competição também se torna mais justa, já que empresários "mercantilistas" não podem mais comprar os favores do estado para joga-lo contra a concorrência.
Com o enriquecimento da população, também aumenta o poder econômico da mesma.
A idéia de que o estado ajude em qualquer dessas coisas é falsa, o estado sempre agrava esses problemas, seja cobrando impostos que atrapalham a poupança e investimento do povo, seja decretando leis que vão contra a livre concorrência e geram desemprego, seja subsidiando setores da economia ou vendendo seu favores a empresários inescrupulosos.
Uma ditadura absolutista, é pior que uma ditadura eletiva com divisão entre os três poderes, que é pior que uma minarquia proto-democrática como a que existiu nos EUA há séculos, que, por sua vez, é pior que um sistema anarco-capitalista que obviamente não seria perfeito.
Só que como os problemas não são frutos da liberdade, governos só conseguem agrava-los e ainda criam problemas novos... então o melhor é combater os problemas sem o cerceamento da liberdade, o que só ocorre de forma plena em um sistema anarco-capitalista.