Allan Kardec não era o único que pensavava em espíritos em sua época. Ele tinha um "concorrente" - A. T. Pierart. Kardec editava a La Revue Spirite e Pierart La Revue Spiritualiste. Pierat era espiritualista e não acreditava na reencarnação, para ele a alma prosseguia evoluindo no plano astral sem precisar reencarnar, como Kardec acreditava. A briga era séria. Kardec chegou a excluir dos círculos espíritas os médiuns que não se encaixavam nas suas idéias, e foi famosa a implicância com D.D. Home, um dos médiuns mais prestigiados da época. Os espiritualistas fizeram sucesso nos EUA, Inglaterra e Alemanha. Os espíritas conseguiram se destacar mais na França e no Brasil (!). Apesar disso tudo os espíritas brasileiros que não conhecem essa diferença entre espiritismo e espiritualismo botam tudo num mesmo saco e dizem todo tipo de bobagem.
Já se falava em evolução em 1745 e em meados do século XIX esse já era um assunto bem conhecido, sem, evidentemente, se constituir numa teoria consolidada que só foi divulgada por Darwin após a sua viagem no Beagle em 1838 (Seleção Natural) e 1859 (Origem das Espécies). Kardec faleceu em 1869 e é bem possível que tenha lido os livros de Darwin mas parece mais evidente que tenha assimilado algumas idéias de Jean-Baptiste Lamarck, igualmente francês e seu contemporâneo. Kardec parece ter tentado uma adaptação mal feita dos princípios Le pouvoir de la vie e da L'influence des circonstances da teoria de Lamark. O resultado foi uma teoria racista, incorporada na DE que os espíritas insistem em negar.