O conflito com o utilitarismo mais legal que eu já vi é, você é um médico, e tem uns três ou quatro pacientes que vão morrer se não receberem um rim, um fígado, e um bocado de sangue. E eis que na rua está passando um pedestre perfeitamente saudável, com dois rins, um fígado, e um bocado de sangue 
Os dilemas utilitaristas também me incomondam... são intrinsicamente desagradáveis pq exigem escolhas exclusivas entre coisas q valorizamos! Nesse caso do xerife o q parece estar em jogo é a vida e a justiça. Eu acho q é muito difícil uma pessoa assumir a responsabilidade da morte de alguém q ainda por cima é inocente.
Por outro lado, apesar de serem centenas de pessoas q irão morrer com o motim, é como se elas estivessem autodeterminadas a fazer o q quiserem... "e isso não é responsabilidade minha!" No entanto, quem disse q as pessoas q vão morrer são culpadas pelo motim? E se centenas de vítimas vão morrer em decorrência de um motim q não começaram? Depois de uma revolta ter começado, é comum muita gente inocente acabar envolvida e prejudicada, inclusive perdendo a vida. Bom, então nesse caso “devo me isentar da responsabilidade pq não fui eu q comecei o motim?” Mesmo sabendo q vc poderia evitá-lo?
Claro, no caso da execução do inocente que evitaria o motim, a responsabilidade é só do xerife, enquanto no caso da morte de centenas de pessoas, a responsabilidade dessas mortes pode ser dividida entre o xerife e todos aqueles culpados pelas mortes do motim. Mas então, qtas vidas valem o peso da responsabilidade pela morte de alguém?
Além disso, será q é certo preservar o nosso senso de justiça primitivo a favor de uma pessoa mesmo qdo muitas vidas também inocentes estão em jogo? O q significa preservar a justiça nesse tipo de situação? O q estamos preservando afinal? A justiça pela justiça? Um senso de justiça pré-histórico, possivelmente anacrônico, que evoluiu entre antropóides que viviam em pequenos bandos?
Penso também q pessoas em cargos de responsabilidade frequentemente tomam decisões desse tipo... e tenho a sensação de q apesar de as pessoas clamarem por justiça acima de tudo em discussões, na prática, as pessoas em cargos de responsabilidade como o do xerife, tomam decisões utilitaristas..., desde q os próprios interesses não atrapalhem por demais... mas isso é outra história...
Achei bem colocado o dilema do trem. Uma variação deste é o dilema em que há somente uma linha, um trem que irá matar 5 trabalhadores e que só poderá ser parado por um objeto pesado como um mochileiro q por acaso está passando ao lado da ferrovia. Acho q esses dilemas expressam bem a idéia de que nos tornamos cada vez menos utilitaristas, qto mais perto de nosssas mãos está a responsabilidade. O inverso é consideravelmente preocupante, pois expressa bem a primitividade de nosso senso de justiça e a facilidade com que o gatilho q mata pode ser acionado.
Apesar de achar esses dois últimos dilemas muito bons, o dilema levantado pelo Buckarro Banzai do médico que tem de decidir entre 4 pacientes e uma pessoa saudável é excepcional. Primeiro porque parece um golpe fatal ao utilitarismo. Imagina a insegurança e a revolta que esse tipo de decisão poderia incitar nas pessoas?! Qualquer ser humano sensato rejeita a hipótese instantaneamente só com a exposição do exemplo. Segundo, porque é uma situação realista, embora praticamente absurda. A princípio existem muitos doentes nessas situações e inclusive já foi feito um filme usando esse tema - Sete Vidas (2008). Terceiro, porque apesar das aparências, acho que muitas pessoas seriam a favor dessa troca no caso de criminosos como estupradores e assassinos em série. Acho q existiriam muito mais pessoas a favor da pena de morte, se a pena incluísse a doação dos órgãos.
Por estas razões acho que nem mesmo este exemplo seja uma refutação definitiva do utilitarismo. Sustentando a idéia de que dificilmente encontraremos certezas em julgamentos morais, se é q existe alguma certeza em algum canto do universo. Por sinal, acho estranho como os legisladores tratam determinadas emendas constitucionais como inabaláveis, como se fossem mais precisas que as leis da física, enquanto a ciência, inclusive na área das exatas, esta coberta por incertezas. No mais, penso q o assunto não é palatável, mas acho q é do interesse tanto de quem tem apreço pela vida, como de quem o tem pela justiça e responsabilidade. Assim, entendendo e contrapondo as nuances desses princípios, poderíamos aperfeiçoar nossas decisões mais nebulosas.