Nota de esclarecimento e remediação contra um aprendizado defeituoso a partir de coisas que "ensinei" por aqui:
Um mundo hipotético onde não há e nunca houve religião, religiosidade, é um mundo, de fato, hipotético, na melhor das hipóteses. Entretanto, um mundo onde não há nem nunca houve divindades não tem nada de hipotético, sendo exata e rigorosamente o mundo que E-XIS-TE!
Então, quando eu (já) expliquei antes, inclusive ilustrando com a anedota do esquimó que recebe a visita de um evangelizador, que para negar existência de divindade (qualquer coisa mágica) é preciso predisposição pela forjação imaginária (ainda que de outrem) de que existiria, já tinha concomitantemente esclarecido que o descrente, de fato, mínima ideia faz, realmente, do que o crente fala. Tudo o que o descrente conhece do que o crente fala é o que o crente fala, não o do que ele fala. Assim, já expus aqui algures que eu, em tenra idade dos meus 5 anos mais ou menos, quando "apresentado a deus", perguntei "cadê?". Diante da resposta (padrão) que tive, perguntei "como vocês sabem se nunca viram?" Seguiu-se mais triálogo patético que não vale reproduzir... Crer É uma predisposição individual, não há a menor dúvida disto.
O Rafael Barretão e cada máquina humana tem a "experiência própria" dele; eu tenho a minha, e sei bem qual é. O que tenho visto demais, muito muito especialmente por aqui, são crentes metamorfoseando crenças para adequá-las ao arcabouço conceitual que adquirem no processo vivo, não deixando de ser crentes. Um indivíduo que "deixou de acreditar" em qualquer deus mas acredita em coisas como... Muitos Mundos, é o mesmo crente com nova roupagem e novo aspecto camuflado. Um indivíduo só pode ser descrente em condição afilosófica.
Sendo assim, a condição para ser ateu é que não haja divindades (claro que a palavra, composta que é, precisa de 'teu' para existir, mas aí a responsabilidade é de quem cunhou 'teu', não de quem eventualmente o anula com 'a', para restaurar a ordem linguística); a condição para ser descrente é ser afilosófico. Esta é a palavra que define uma máquina efetivamente descrente: afilosofia.
Por fim, se "serguirmos a lógica", absolutamente qualquer coisa poderá parecer possível, incluindo existência/inexistência (ambas perfeitamente logicamente "comprováveis") de deuses. O que extingue a bagunça é a evidência empírica, e esta só mostra que nenhum deus existe. Palavras absurdas são só artefatos espúrios do processo linguístico, com os quais tem-se que lidar.