(Risk, menina, quando você aparecer esclareça, como única forista que manifestou convicção do caráter racista da peça, se você, sendo branca, se reconhece como uma Sindrômica Persecumaníaca; mas apareça logo, menina, antes que o Pablito, pobre coitado...
)
Oh, mas Pablito fez bem e trouxe o texto do Dr. Semer, eu mesma achei muito bacana e teria colocado se tivesse chegado antes.
Só pra não dizerem que não disse, fica a entrevista que ele deu falando também sobre esse assunto:
http://blog-sem-juizo.blogspot.com/2011/07/mirar-no-politicamente-correto-acertar.htmlEntão, tenho 98% de certeza que foi CULPA DO ESTAGIÁRIO ou correria da agência publicitária e tal. Agora, o fato de ninguém da agência ou da Dove ter reparado e ditoo "oh, mas isso de colocar a moça negra fica esquisito, parece aquelas figuras homo erectus homo sapiens, o povo vai chiar" é bem indicativo disso que hoje em dia estão chamando de "colorblind racism" nos EUA.
Você levanta essa questão de ser branca e ainda assim "se reconhece como uma
Sindrômica Persecumaníaca".
Olha. Eu não saberia falar abstratamente sobre isso, então peço a licença de vocês pra falar mais coloquialmente.
Entendo que todos os seres humanos sentem fome, sentem frio, sentem solidão e medo. E ninguém em são consciência quer sofrer.
Entendo que cada um de nós, em razão de fatores relativos ao nosso nascimento ou às nossas escolhas durante a vida, já foi discriminado ou marginalizado.
E que, em razão disso, a gente tem a plena capacidade de "se colocar na pele" do outro ser humano que também sofre marginalização, a gente pode se identificar com essa pessoa e lutar com ela pra que esse sofrimento acabe.
Todo mundo conhece e já cansou de saber daquele poema que dizem que é do Brecht mas parece que não é:
Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso.
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo.
É isso o que eu tinha pra dizer.
Agora, me cansa esse papo de vir opressor querer dizer como o oprimido tem que se sentir e que é hora de parar de mimimi. Dependendo de mim, a hora de parar é quando os filhos tiverem vergonha deles. Ou quando estiverem presos. O que vier antes.