Well... first of all: a idéia de que "um antes" não se aplica ao Big Bang é relativamente antiga, de uns 15 ou 20 anos atrás. Como a imensa maioria dos trabalhos de divulgação científica (entre livros e documetários) não costuma estar em dia em muitos aspectos, não é de se estranhar que esta ainda seja uma visão comum. Hoje já se tem um mínimo de discernimento para não se fazer a alegada afirmação de que o Big Bang foi o início de tudo, inclusive do tempo. O que acontece é que o que sabemos a respeito da dinâmica de um universo em expansão nos leva para momentos incrivelmente pequenos em relação ao NOSSO universo ponderável, o que de modo algum é uma conclusão empedernida a favor da impossibilidade de um "antes".
Além dos teóricos de cordas (que admitem multiversos como consequência de colisões de branas, onde o nosso seria apenas um), um exemplo bastante ilustrativo vem de Roger Penrose, que domina como poucos as mais intrincadas peculiaridades da gravitação einsteniana:
Penrose teve Hawking como colaborador, e boa parte do que sabemos hoje, sobre a dinâmica dos buracos negros, teve importantes contribuições de sua cabecinha. Pois bem, Penrose era o cientista que te diria, há menos de dez anos atrás, que um antes não fazia sentido (tem aquela anedota de que, antes do Big Bang, há um inferno para onde vão todos os que fazem a pergunta do que havia antes). Pois bem, hoje ele tem uma posição bem diferente, colocando que, não só o Big Bang NÃO foi o início de "tudo" (e aqui cabem alguns pormenores), como é possível sondarmos seriamente outras possiblidades que nos levem a uma idéia diferente, de algo que sempre existiu ou, ao menos, que existe por um tempo indefinido. Se quiserem ouvir estas idéias dele mesmo e de outros grandes cosmólogos, muitos deles integrantes do que poderíamos chamar de "grupo de ponta" da cosmologia, sugiro uma olhada no recente documentário da BBC:
O "tempo" passa, e a ciência não pára.