Autor Tópico: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia  (Lida 13066 vezes)

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L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Online: 20 de Agosto de 2011, 12:53:15 »
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L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia



Estudar alguma coisa historicamente significa estudá-la no processo de mudança: esse é o requisito básico do método dialéctico. Numa pesquisa, abranger o processo de desenvolvimento de uma determinada coisa, em todas as suas fases e mudanças - do nascimento até à morte - significa fundamentalmente descobrir a sua natureza, a sua essência, uma vez que "é somente em movimento que um corpo mostra o que é". Assim, o estudo histórico do comportamento não é um aspecto auxiliar do estudo teórico, mas sim a sua verdadeira base. Como afirmou P.P. Blonsky, "o comportamento só pode ser entendido como a história do comportamento".» (L.S. Vygotsky)
«A maior mudança na capacidade das crianças para usar a linguagem como um instrumento para a solução de problemas acontece um pouco mais tarde no seu desenvolvimento, no momento em que a fala socializada - que foi previamente utilizada para se dirigir a um adulto - é internalizada. Em vez de apelar para o adulto, as crianças passam a apelar a si mesmas; a linguagem passa assim a adquirir uma função intrapessoal além do seu uso interpessoal. No momento em que as crianças desenvolvem um método de comportamento para guiarem a si mesmas, o qual tinha sido usado previamente em relação a outra pessoa, e quando organizam a sua própria actividade de acordo com uma forma social de comportamento, conseguem com sucesso impor a si mesmas uma atitude social. A história do processo de internalização da fala social é também a história da socialização do intelecto prático das crianças. /A linguagem surge inicialmente como um meio de comunicação entre a criança e as pessoas no seu ambiente. Somente depois, quando da conversão em fala interior, ela vem a organizar o pensamento da criança, ou seja, torna-se uma função mental interna.» (L.S. Vygotsky)
No período pós-revolucionário russo, o marxismo produziu uma extraordinária psicologia do desenvolvimento, cujo alcance teórico ainda não foi suficientemente analisado e integrado. L.S. Vygotsky destaca-se dos seus colegas do Instituto de Psicologia de Moscovo pelo facto de ter estabelecido as bases firmes de uma teoria unificada dos processos psicológicos humanos. A sua teoria sócio-cultural dos processos psicológicos superiores revela os mecanismos pelos quais a cultura se torna parte integrante da natureza de cada ser humano, dando especial ênfase às origens sociais da linguagem e do pensamento, sem no entanto desprezar a actividade cerebral, de resto estudada magnificamente por A.R. Luria. A teoria do desenvolvimento é compreendida à luz da teoria marxista da história da sociedade humana. Com esta afirmação, afasto-me nalguns aspectos substanciais da interpretação que a psicologia cognitiva americana (H. Gardner, J. Bruner) fez da obra de Vygotsky, submetendo-a à herança de Darwin: «O uso e a "invenção" de ferramentas pelos macacos antropóides é o fim da etapa orgânica de desenvolvimento comportamental na sequência evolutiva e prepara o caminho para uma transição de todo o desenvolvimento para um novo caminho, criando assim o principal pré-requisito psicológico do desenvolvimento histórico do comportamento. O trabalho e, ligado a ele, o desenvolvimento da fala humana e outros signos psicológicos utilizados pelo homem primitivo para obter o controle sobre o comportamento significam o começo do comportamento cultural ou histórico no sentido próprio da palavra. Finalmente, no desenvolvimento da criança, vemos claramente uma segunda linha de desenvolvimento, que acompanha os processos de crescimento e maturação orgânicos, ou seja, vemos o desenvolvimento cultural do comportamento baseado na aquisição de habilidades e em modos de comportamento e pensamento culturais» (Vygotsky). Evolução, história e ontogénese constituem as três linhas principais no desenvolvimento do comportamento. O estudo da psicologia do homem cultural adulto exige o estudo da evolução biológica, da evolução histórico-cultural e do desenvolvimento individual, mas estes três caminhos fazem parte de um mesmo processo de longa evolução ou de um mesmo trajecto evolutivo, no decurso do qual cada um deles constitui um salto qualitativo (Hegel): a passagem do animal ao homem, do homem primitivo ao homem moderno, e da criança ao respectivo homem adulto. A emergência da era cultural do homem impõe uma outra orientação ao desenvolvimento individual: a ontogénese deixa de ser vista como recapitulação da filogénese, ou seja, a criança não repete no processo do seu desenvolvimento ontogenético os traços essenciais da evolução da espécie, cobrindo, nos poucos anos da sua vida individual, o caminho percorrido pela humanidade em dezenas de milhares de anos. O desenvolvimento do homem é fundamentalmente desenvolvimento social e cultural condicionado pelo ambiente: «É impossível compreender a história da memória humana sem a história da escrita, do mesmo modo que não se pode compreender a história do pensamento sem a história da fala». A natureza e a origem sociais dos signos culturais mostram claramente que «o desenvolvimento psicológico está solidamente inserido no contexto de todo o desenvolvimento social». (Vygotsky)
Em termos de elaboração conceptual, Vygotsky trabalha em duas frentes de integração psicológica - a social e a cerebral -, de modo a explicar o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, sem ficar prisioneiro da psicologia social e cultural ou da neuropsicologia. O mental situa-se, estrutura-se e organiza-se entre o cerebral e o social. A redução do mental - e a sua explicação - a um destes pólos conduz a abordagens distintas da vida mental: a psicologia social tende a explicar o mental em termos de processos sociais, enquanto a neuropsicologia procura identificá-lo com o cérebro em acção (Luria). Na sua obra Fundamentos da Defectologia, onde estuda as crianças deficientes, Vygotsky traça claramente uma linha de demarcação entre o natural, fisiológico ou biológico, por um lado, e o histórico-cultural, por outro. Vygotsky reconhece a autonomia relativa de cada uma destas duas linhas de desenvolvimento - a biológica e a social, mas recusa reduzir o desenvolvimento da criança a um mero crescimento e maturação orgânicos, porque, como veremos, a partir do momento evolutivo em que surge o homem cultural - primitivo ou moderno, o histórico-cultural é interiorizado mediante o uso de instrumentos psicológicos, em especial da linguagem. O comportamento histórico-cultural sobrepõe-se ao comportamento natural e transforma-o radicalmente, sem no entanto o substituir. O histórico-cultural impregna-se na estrutura da personalidade como um todo. Arnold Gehlen define mais tarde a personalidade como uma instituição social e Vygotsky acentua na sua Psicologia da Arte o sentido social da arte: «A arte é o social em nós, e, embora o seu efeito se processe num indivíduo isolado, isso não significa, de modo algum, que as suas raízes e a sua essência sejam individuais. É muito ingénuo interpretar o social apenas como colectivo, como existência de uma multiplicidade de pessoas. O social existe até onde há apenas um homem e as suas emoções pessoais». A Escola de Sociologia de Durkheim, em especial os estudos sobre o pensamento primitivo de Lucien Lévy-Bruhl, exerceu uma influência poderosa sobre a teoria do desenvolvimento de Vygotsky: o estudo integrado das funções mentais superiores deve levar em consideração o desenvolvimento dos diversos tipos de sociedades humanas. Sem negar as reacções inatas dos organismos aos estímulos, Vygotsky concentra toda a sua atenção na interacção social entre as crianças e os adultos instruídos, de modo a mostrar o carácter social da vida mental do homem. E é a partir do social e do tipo específico de organização social que Vygotsky e Luria abordam o cérebro nas suas relações com a mente. O estudo da relação entre a aprendizagem e as mudanças nas estruturas cerebrais permite-lhes antecipar uma espécie de neurodarwinismo: a eliminação de neurónios e a selectividade de determinados circuitos neurais ocorrem com base na experiência social. O princípio de Vygotsky segundo o qual não há progressão sem regressão ajuda a compreender como a experiência social pode fortalecer determinados circuitos e redes neurais e atrofiar outros, a partir de uma abundância inicial de neurónios: mais importante do que a densidade neuronal ou do que o tamanho do cérebro é o uso selectivo a que o sistema nervoso é submetido pela natureza - rica ou pobre, favorável ou desfavorável - das interacções sociais, o qual impulsiona todo o desenvolvimento. (Veja este estudo sobre o cérebro social.)
No seu último curso de Filosofia, Theodor W. Adorno desafiou os seus alunos graduados a dedicar mais tempo a resolver o problema alma/corpo, esquecendo que a dialéctica vista como luta entre conceitos e mediação entre opostos abre uma via para a clarificação das relações entre alma e corpo, resistindo à imobilização e à dominação instrumental da natureza e do homem: a "solução" dialéctica deste problema clássico da filosofia exige uma teoria da sociedade e, mais especificamente, uma teoria da formação social e cultural da mente. No tempo autoritário do Culto da Personalidade, os intelectuais russos acentuavam a importância fundamental do diálogo com os outros e da interiorização desse diálogo como estrutura da própria fala interior. Mikhail Bakhtin defendia que todos os nossos pensamentos são formas de diálogos interiorizados com os outros, cujas vozes são interiorizadas, retrabalhadas e incorporadas à nossa própria voz. Embora a voz de uma pessoa possa dar a ilusão de unidade ao que diz, ela está constantemente a expressar uma plenitude de significados, uns intencionais e outros não intencionais, como se duas ou mais mentes estivessem entrelaçadas numa só cabeça e numa só consciência dialógica alargada ou expandida: as vozes duplas ou múltiplas funcionam como centros de uma só consciência. Bakhtin define a natureza social do indivíduo e do psiquismo nestes termos: «A consciência individual é um facto sócio-ideológico». Ora, dado ser de ordem sociológica e não derivada directamente da natureza, a consciência individual não pode explicar nada, devendo - ela própria - ser explicada a partir do meio ideológico e social: «O indivíduo enquanto detentor dos conteúdos da sua consciência, enquanto autor dos seus pensamentos, enquanto personalidade responsável pelos seus pensamentos e pelos seus desejos, apresenta-se como um fenómeno puramente sócio-ideológico. Esta é a razão porque o conteúdo do psiquismo "individual" é, por natureza, tão social quanto a ideologia e, por sua vez, a própria etapa em que o indivíduo se consciencializa da sua individualidade e dos direitos que lhe pertencem é ideológica, histórica, e internamente condicionada por factores sociológicos. Todo o signo é, por natureza, social, tanto o exterior quanto o interior» (Bakhtin). Esta ideia dos signos e do seu valor constitui o princípio fundamental da teoria do desenvolvimento de Vygotsky sobre o uso de instrumentos psicológicos pelo macaco (W. Köhler), pelo homem primitivo (Lévy-Bruhl, A. Luria) e pela criança: as formas de comportamento são encaradas como actividades semióticas que organizam e transformam os objectos em signos culturais, ampliados, desenvolvidos e usados pelos macacos e pelos seres humanos para manipular ou mediar o ambiente e para comunicar com os outros a respeito do mundo. A consciência humana abriga-se nas imagens, nas palavras, nos gestos significativos, enfim nos signos sociais: a sua lógica é a lógica da interacção semiótica de um grupo social. Fora desse elemento material, não há propriamente consciência humana, mas simples actos fisiológicos não iluminados pela consciência.
As afinidades com a teoria da génese social do eu de George Herbert Mead ou mesmo com a teoria do eu do espellho de Charles Horton Cooley tornam-se evidentes, mas a análise genética que Vygotsky realiza da relação entre o pensamento e a palavra falada é autónoma e original: «O pensamento e a linguagem, que reflectem a realidade de um modo diferente do da percepção, são a chave da natureza da consciência humana. As palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas também no crescimento histórico da consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmos da consciência humana» (Vygotsky). O estudo da fala é fundamental para a resolução de questões práticas a respeito da escola, da criação e da educação da criança, porque, segundo uma teoria psicológica dominante, a fala desempenha um papel decisivo no pensamento entendido como a fala menos o som. Quando reflecte, o homem adulto cultural fala inaudivelmente para si mesmo aquilo que está a pensar. Vygotsky submete esta teoria a uma revisão crítica: a fala e o pensamento possuem raízes diversas, podendo ocorrer separadamente não somente nos estágios iniciais do desenvolvimento, mas também na vida adulta, como mostrou a pesquisa da Escola de Würzburg. Porém, a partir de determinado período do desenvolvimento infantil, o pensamento e a fala convergem e influenciam-se reciprocamente, colocando o pensamento humano numa altura sem precedentes e possibilitando a formação de novos conceitos. Vygotsky acompanha de perto a teoria da linguagem de Karl Bühler: a função primordial da fala, tanto nas crianças como nos adultos, é a comunicação e o contacto social. A fala mais primitiva da criança é essencialmente social, global e multifuncional, mas a partir de certa idade as suas funções começam a diferenciar-se, dividindo-se nitidamente em fala egocêntrica e fala comunicativa. A fala egocêntrica emerge quando a criança transfere formas sociais e cooperativas de comportamento para a esfera das funções psíquicas interiores e pessoais. Jean Piaget estudou esta tendência da criança a transferir os padrões sociais de comportamento para os seus processos interiores, dando origem às primeiras manifestações da reflexão lógica. Segundo Vygotsky, algo semelhante ocorre quando a criança começa a conversar consigo mesma da mesma forma que conversa com os outros, sendo levada pela força das circunstâncias a pensar em voz alta. Dissociada da fala social, a fala egocêntrica leva, com o decorrer do tempo, à fala interior que alimenta tanto o pensamento autístico como o pensamento lógico. A fala egocêntrica constitui o elo genético primordial na transição da fala oral para a fala interior: o esquema de desenvolvimento esboçado por Vygotsky - primeiro a fala social, depois a fala egocêntrica e, por fim, a fala interior, diverge tanto do esquema behaviorista (fala oral, sussurro, fala interior) como da sequência de Piaget que, a partir do pensamento autístico não-verbal, passa à fala socializada e ao pensamento lógico, através do pensamento e da fala egocêntricos. Assim, para Vygotsky, o verdadeiro vector do desenvolvimento do pensamento não vai do individual para o socializado, como sucede em Piaget ou mesmo em Freud, mas sim do social para o individual: «O desenvolvimento do pensamento é, como escreve Vygotsky, determinado pela linguagem, isto é, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sócio-cultural da criança. Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de factores externos: o desenvolvimento da lógica na criança, como os estudos de Piaget demonstraram, é uma função directa da sua fala socializada. O crescimento intelectual da criança depende do seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem. /A natureza do próprio desenvolvimento transforma-se do biológico para o sócio-histórico. O pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais do pensamento e da fala» (Vygotsky). O desenvolvimento da criança não pode ser reduzido ao mero crescimento e maturação de qualidades inatas: a superioridade do intelecto do arquitecto em relação ao instinto da abelha (Marx) deve-se precisamento ao mecanismo da fala interior, do qual depende a reestruturação total da mente da criança e das suas funções psicológicas e cognitivas superiores, incluíndo o desenvolvimento da consciência e a organização do futuro comportamento da personalidade.

E contextualizando a pergunta realizada em outro tópico:

Um dos marxistas preferidos do fCC. :biglol:
Porra, eu consigo ser o estranho no ninho sem ser apedrejado? Isso, em sociedade humana, é algo notável!
Mas acho que o problema da maioria dos marxistas que entram aqui é não entenderem que o fórum não é sobre política, e sim sobre ceticismo.
Eles entram por causa da política, e saem por causa da mesma.
Eu entrei por causa do ceticismo.
E um dos linguistas preferidos  :lol:

E o que você me diz sobre a psicologia e pedagogia marxista de Vygotsky? Gosto das contribuições sobre pensamento e linguagem desta teoria histórico cultural e que com Luria se aprofundou mais nas pesquisas neurolingüisticas  :)

Agradeço a possível contribuição, dado a enorme relevância histórica do marxismo nas pesquisas desenvolvidas  :)
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #1 Online: 03 de Setembro de 2011, 16:07:12 »
Vendo na história, as ideias deste merda do Vygostsky fizeram um mau terrível para a educação brasileira. É só olhar que quanto mais se estuda suas ideias marxistas, pior vai ficando a qualidade de ensino brasileiro.

Offline Adriano

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #2 Online: 11 de Setembro de 2011, 03:23:46 »
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Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social

O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) morreu há mais de 70 anos, mas sua obra ainda está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. "Ele foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea", diz Teresa Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Ela ressalta, como exemplo, os pontos de contato entre os estudos de Vygotsky sobre a linguagem escrita e o trabalho da argentina Emilia Ferreiro, a mais influente dos educadores vivos.

A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.

Surge da ênfase no social uma oposição teórica em relação ao biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), que também se dedicou ao tema da evolução da capacidade de aquisição de conhecimento pelo ser humano e chegou a conclusões que atribuem bem mais importância aos processos internos do que aos interpessoais. Vygotsky, que, embora discordasse de Piaget, admirava seu trabalho, publicou críticas ao suíço em 1932. Piaget só tomaria contato com elas nos anos 1960 e lamentou não ter podido conhecer Vygotsky em vida. Muitos estudiosos acreditam que é possível conciliar as obras dos dois.

Relação homem-ambiente

Os estudos de Vygotsky sobre aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem", escreveu o psicólogo. Ele rejeitava tanto as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já carrega ao nascer as características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as empiristas e comportamentais, que vêem o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor - ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Essa relação não é passível de muita generalização; o que interessa para a teoria de Vygotsky é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa.

Segundo Vygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos - ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais - só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência e o discernimento. "Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade", diz Teresa Rego.

Outro conceito-chave de Vygotsky é a mediação. Segundo a teoria vygotskiana, toda relação do indivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos - como, por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza - e da linguagem - que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito.

O papel do adulto

Todo aprendizado é necessariamente mediado - e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo própria aluno. Segundo Vygotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança "se apropria" dele, tornando-o voluntário e independente.

Desse modo, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento. O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender - potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.

Expansão dos horizontes mentais

Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o pensamento do psicólogo bielo-russo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a importância da instituição escolar na formação do conhecimento. Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.

Biografia

Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade perto de Minsk, a capital da Bielo-Rússia, região então dominada pela Rússia (e que só se tornou independente em 1991, com a desintegração da União Soviética, adotando o nome de Belarus). Seus pais eram de uma família judaica culta e com boas condições econômicas, o que permitiu a Vygotsky uma formação sólida desde criança. Ele teve um tutor particular até entrar no curso secundário e se dedicou desde cedo a muitas leituras. Aos 18 anos, matriculou-se no curso de medicina em Moscou, mas acabou cursando a faculdade de direito. Formado, voltou a Gomel, na Bielo-Rússia, em 1917, ano da revolução bolchevique, que ele apoiou. Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia - área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos. Em 1925, já sofrendo da tuberculose que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado.

Tempo de revolução


Lênin discursa em São Petersburgo  (então Petrogrado) em março de 1917:  agitação política e cultural.

Em menos de 38 anos de vida, Vygotsky conheceu momentos políticos drasticamente diferentes, que tiveram forte influência em seu trabalho. Nascido sob o regime dos czares russos, Vygotsky acompanhou de perto, como estudante e intelectual, os acontecimentos que levaram à revolução comunista de 1917. O período que se seguiu foi marcado, entre outras coisas, por um clima de efervescência intelectual, com a abertura de espaço para as vanguardas artísticas e o pensamento inovador nas ciências, além de uma preocupação em promover políticas educacionais eficazes e abrangentes. Logo após a revolução, Vygotsky intensificou seus estudos sobre psicologia. Visitou comunidades rurais, onde pesquisou a relação entre nível de escolaridade e conhecimento e a influência das tradições no desenvolvimento cognitivo. Com a ascensão ao poder de Josef Stalin, em 1924, o ambiente cultural ficou cada vez mais limitado. Vygotsky usou a dialética marxista para sua teoria de aprendizado, mas sua análise da importância da esfera social no desenvolvimento intelectual era criticada por não se basear na luta de classes, como se tornara obrigatório na produção científica soviética. Em 1936, dois anos após sua morte, toda a obra de Vygotsky foi censurada pela ditadura de Stalin e assim permaneceu por 20 anos.

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Para pensar

Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A idéia de um maior desenvolvimento conforme um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se deve apresentar uma quantidade enciclopédica de conteúdos aos alunos. O importante, para o pensador, é apresentar às crianças formas de pensamento, não sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las. E você? Já pensou em elaborar critérios para avaliar as habilidades que seus alunos já têm e aquelas que eles poderão adquirir? Percebe que certas atividades estimulam as crianças a pensar de um modo novo e que outras não despertam o mesmo entusiasmo?

Quer saber mais?

A Formação Social da Mente, Lev S. Vygotsky, 224 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 39,80 reais
Vygotsky - Aprendizado e Desenvolvimento, Marta Kohl de Oliveira, 112 págs., Ed. Scipione, tel. 0800-161-700, 37,90 reais
Vygotsky - Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação, Teresa Cristina Rego, 140 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2246-5552, 20 reais
Vygotsky - Uma Síntese, René van der Veer e Jaan Valsiner, 480 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 6914-1922, 70,70 reais

http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/lev-vygotsky-teorico-423354.shtml
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #3 Online: 11 de Setembro de 2011, 03:32:31 »
Vendo na história, as ideias deste merda do Vygostsky fizeram um mau terrível para a educação brasileira. É só olhar que quanto mais se estuda suas ideias marxistas, pior vai ficando a qualidade de ensino brasileiro.
Como educador da área artística, em seu conceito, nem a psicologia da arte do bielo-russo se salva?

Vejo que essa fase de sua pesquisa foi fundamental para a formação de sua teoria. Tem uma tese de psicologia que mostra esta influência e a sua ligação com a teoria dos afetos de Espinoza  :)
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #4 Online: 15 de Setembro de 2011, 11:02:51 »
[Arnold Gehlen define mais tarde a personalidade como uma instituição social e Vygotsky acentua na sua Psicologia da Arte o sentido social da arte: «A arte é o social em nós, e, embora o seu efeito se processe num indivíduo isolado, isso não significa, de modo algum, que as suas raízes e a sua essência sejam individuais. É muito ingénuo interpretar o social apenas como colectivo, como existência de uma multiplicidade de pessoas. O social existe até onde há apenas um homem e as suas emoções pessoais».]

É sobre esta fala? Sim, na minha área, estudos importantíssimos sobre a psicologia mudaram completamente a arte do século XX, ao pesquisarem de que maneira as pessoas percebem a arte, e como ver é diferente de perceber. Porém, nenhum destes estudos chegam nem perto do Vyyygotsky. São estudos feitos muito mais pela escola da Bauhaus, Rudolf Arnheim, Gombrich, entre outros. Esta muito mais relacionado na relação da arte como ilusão, o que levou a três vertentes artísticas principais:

1 - Cubismo e abstracionismo geométrico - que buscou desconstruir a ilusão da arte acadêmica e mostrar que as pinturas são realizadas por alguns poucos elementos da linguagem visual, como o ponto, linha, formas, cores e texturas. Assim, como tinha este caráter de "libertação das ilusões burguesas", foi amplamente adotada pelos artistas cooptados pelo pensamento socialista, em especial o  Construtivismo, ao Abstracionismo e ao Suprematismo. A parte boa é que os comunistas deram um bico na bunda de todos estes e adotaram depois aquela arte chamada realismo de estado, ou estética totalitária, que causa ereção em muito comunistinha até hoje.

2 - Expressionismo - Que a arte deveria ser principalmente uma válvula de escape para o inconsciente e para as emoções e sensações do ser humano. Também tenta suplantar as ilusões da arte acadêmica e entender as questões sobre como percebemos as coisas. Assim, não importa como vemos determinado objeto na natureza, o que importa é a nossa relação emotiva com ele. Expressionismo abstrato, fovismo e expressionismo vão nesta linha, sendo considerado arte decadente por todos os movimentos totalitários e aplaudido pelos capitalistas, que compram montes delas por ser "libertador".

3 - Usar a ilusão para brincar com a ilusão - Se a compreensão que a arte acadêmica era ilusão, porque não levar isso a níveis do absurdo, tentando corromper a realidade a ainda assim mostrar que aquilo não é real? Buscaram fazer arte brincando com a forma e sonoridade de palavras, como os Dadaístas, ou então nas brincadeiras de figura e fundo como os Surrealistas, estudos de perspectica fantástica como Escher e Magrite.

Como Vyyyyyygotsky nasce depois dos primeiros estudos da Gestalt, está claro que ele usa a arte, que está nestas buscas da compreensão destas novas descobertas psicológicas, para usar como exemplo na sua teoria. Ou seja, enquanto ele estava babando nos ovos do Lênin, usava a arte para justificar seu fanatismo ideológico.

Ele não influencia a arte, é influenciada por ela.

E como os suprematistas, é chutado bonito por Stálin.

E, respondendo, a psicologia da arte do bielo-russo não se salva, por estar contaminado pela ideologia. E, quando a arte passa a servir a alguma coisa, deixa de ser arte e passa a ser propaganda ou Design.

SE bem que o bosta estava mais afeito a ficar criticando a literatura, que propriamente as artes visuais. Mas, no que ele era original não era bom, e no que era bom não tinha nada de original.

Está na hora de avançar na educação e parar de estudar livros de educação feitos por fanáticos ideológicos com mais de 100 anos. Se funcionassem as ideias do bosta, a educação brasileira seria de primeiro mundo, e como não é o que vemos, está na hora de ensinar os professores a dar aula de verdade.

Offline Adriano

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #5 Online: 15 de Setembro de 2011, 11:29:16 »
E, respondendo, a psicologia da arte do bielo-russo não se salva, por estar contaminado pela ideologia. E, quando a arte passa a servir a alguma coisa, deixa de ser arte e passa a ser propaganda ou Design.
Ele enfoca no aspecto psicológico da arte, assim como também fez Freud. A questão comunicativa desta, do seu aspecto emocional. Sua crítica acerca de Vigotsky é muito superficial.


SE bem que o bosta estava mais afeito a ficar criticando a literatura, que propriamente as artes visuais. Mas, no que ele era original não era bom, e no que era bom não tinha nada de original.
Na literatura é onde ficou mais conhecido, devido ao trabalho inicial de crítica literária:

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Hamlet segundo Vigotski

Quem cometeu a atrocidade contra si mesmo de escolher graduar-se, com intuitos profissionais, em alguma licenciatura certamente terá lido (ou, pelo menos, ouvido falar de) Lev S. Vigotski - nome tão citado nas faculdades de educação quanto o de Jean Piaget. Mas pergunto: quem teria conhecimento, nos cursos de Letras do País, dentre professores e alunos, do fato de que o eminente psicólogo bielo-russo escreveu uma das obras fundamentais da crítica shakespeariana: A tragédia de Hamlet, príncipe de Dinamarca? Em matéria de hermenêutica literária, o volume consta como das melhores coisas que já li na minha vida - graças à louvável iniciativa da Martins Fontes, com a colaboração de um dos maiores tradutores brasileiros, Paulo Bezerra, de disponibilizar, em 1999, seu acesso ao público do Brasil.

No prefácio à edição brasileira, Paulo Bezerra o considera "um crítico muito original", que refletiu sobre "questões que a crítica só iria abordar bem mais tarde". (BEZERRA in: VIGOTSKI, 1999, p.ix) Vigotski, em A tragédia de Hamlet..., pauta-se por concepção de leitura que rechaça a necessidade tanto de contextualizações históricas e biográficas quanto de revisões de estudos já produzidos, num entendimento de que "todas as interpretações são admissíveis e o crítico pode construir sua interpretação sem se preocupar com rejeitar as interpretações anteriores". (BEZERRA in: VIGOTSKI, 1999, p.x-xi) Tal concepção o autor bielo-russo denominou "crítica de leitor".

Porém também pesquisou sobre o teatro e a cultura em sua época era bem desenvolvida. Vale lembrar que ele foi um crítico literário, onde estes estudos deram o suporte a sua eminente carreira como psicólogo e pedagogo.


« Última modificação: 15 de Setembro de 2011, 11:39:11 por Adriano »
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #6 Online: 15 de Setembro de 2011, 13:25:43 »
Ele foi o precursor da atual crítica literária? Este bando de incompetentes?

Continua um bosta.

Offline Adriano

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #7 Online: 15 de Setembro de 2011, 13:34:06 »
É meu deus juntamente com Wallon, ambos representando o paraíso marxista  :biglol:

Mas também gosto do outro lado, Piaget é muito bom como precursor do cognitivismo.

É o trio neurogenético, os grandes nomes da educação.

Mas se a linguagem que te agrada é a escatológica, então faço coro contigo e digo que foram as grandes fezes da humanidade, pois lidaram com a pior merda existente, além da psicologia, que é a pedagogia  :diabo:
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #8 Online: 15 de Setembro de 2011, 13:42:28 »
O que quero dizer, de minha forma escatológica, que estas ideias fizeram muito, ma muito mau mesmo para a educação brasileira. Primeiro, porque não forma professores, no máximo empurra goela abaixo uma ideologia que já se mostrou errada. E, na maior parte dos casos, os pedagogos não usam estas ideias porque não entendem patavina do que se fala e deixam de aprender como se dá uma boa aula.

No meu tempo de faculdade, didática se resumiu ao estudo dos modelos de ensino, mas não se aprofundou em realmente como deve ser a postura e as técnicas de ensino. E o Sócio-Interacionismo só se mostrou desculpas para destilar ódios de classes e defesas de revoluções de cunho socialista.

Levei bastante tempo para poder ver o outro lado, e que, no meu ver, os conceitos de Dewey são melhores para o ensino de arte, porque prega a questão da experiência como percurssora do processo de aprendizagem. E, em Arte, a metodologia triangular de Ana Mae Barbosa, adaptação do DBAE americana, uma metologia bastante coerente e com ótimos resultados.

E enre o que não funciona - Vyyyygotsky e o que funciona - Dewey, é meu dever com os alunos ensinar.

Offline Adriano

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #9 Online: 15 de Setembro de 2011, 13:49:01 »
E falando em escatologia, temos um autor brasileiro com essa escrita literária:

Citação de: Wikipédia
Marcelo Mirisola

Passou a infância em Santos, São Paulo, morou durante anos em Florianópolis, Santa Catarina e retornou a São Paulo. Atualmente, Mirisola vive na cidade do Rio de Janeiro.
Depois de Fátima fez os pés para mostrar na choperia, editado pela Estação Liberdade, publicou um livro de contos, uma novela e três romances. Em 2008 saiu uma coletânea de suas crônicas que foram recusadas por diversas mídias, esta coletânea foi denominada Proibidão. Seu último livro, uma coletânea de contos intitulada Memórias de uma sauna finlandesa, foi lançado em 2009 pela Editora 34.
O autor é conhecido por escrachar a sociedade através de uma linguagem escatológica, recheada de humor e muita ironia e também por manifestar o seu desagrado em não ser lembrado para as feiras literárias e prêmios.
Partindo por uma tendência da literatura contemporânea brasileira, o autor mistura dados autobiográficos com outros ficcionais com seus narradores em primeira pessoa, produzindo autoficções e deixando transparecer essas misturas em suas entrevistas.
É formado em Direito e é considerado um dos mais representativos escritores da nova geração de prosadores do Brasil.
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #10 Online: 15 de Setembro de 2011, 13:53:05 »
puta merda, então posso falar palavrão, porra! É do caralho!!!! Cacete!

hehehehe

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #11 Online: 15 de Setembro de 2011, 14:28:47 »
O que quero dizer, de minha forma escatológica, que estas ideias fizeram muito, ma muito mau mesmo para a educação brasileira.

Na verdade isso é até otimismo, pois supõe que os educadores conhecem, de fato, Vygotsky. O que percebo é que o conhecem só o suficiente para falar "ah, o cara do sócio-interacionismo". Assim como acham que Piaget foi um educador [sic!]. Porém, não vejo problemas com uma ideia de "zona proximal" e possíveis contribuições para uma educação mais preocupada com o modo pelo qual a interação exerce um efeito determinante no desenvolvimento da criança. O que me incomoda mais é achar que estas coisas são essencialmente novidade, e que não poderíamos fazer isto se Vygotsky não tivesse existido, como parecem transparecer alguns discursos pseudo-intectuais-pedagógicos. O que me incomoda também é o endeusamento exacerbado que alguns destes autores recebem no Brasil.

Particularmente gosto muito de Freinet, Bob Gowin e Ausubel.
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Offline Adriano

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #12 Online: 16 de Setembro de 2011, 03:04:49 »
Levei bastante tempo para poder ver o outro lado, e que, no meu ver, os conceitos de Dewey são melhores para o ensino de arte, porque prega a questão da experiência como percurssora do processo de aprendizagem.
Não precisava exagerar na escatologia com esse baita palavrão  :histeria:





Brincadeiras a parte, muito obrigado pelas referências de vocês. Dewey é fantástico e os trabalhos sobre Vigostsky já dialogam com a teoria da escola nova como oposição. É importante conhecer os dois lados  :)

Assim como acham que Piaget foi um educador [sic!].
Não deixou de ser, principalmente quando advoga sobre a participação colaborativa da pesquisa científica. E o seu debate com Wallon, travado por 4 décadas, é um belo exemplo na história das ciências. O seu enfoque é o epistemológico e ainda assim é ensinar como a ciência funciona. Mas a teoria ator-rede me aguarda  :P
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #13 Online: 16 de Setembro de 2011, 13:16:59 »
Pegaram as ideias de Dewey e criaram a escola nova. Como ninguém entendeu direito o que ele dizia, foi mau aplicado. E depois, como era americano, foi crucificado pelo ensino marxista.

A parte boa é que as ideias dele são o oposto do pós-modernismo, este câncer filosófico.

Offline Feynman

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #14 Online: 16 de Setembro de 2011, 13:25:01 »
Assim como acham que Piaget foi um educador [sic!].
Não deixou de ser, principalmente quando advoga sobre a participação colaborativa da pesquisa científica. E o seu debate com Wallon, travado por 4 décadas, é um belo exemplo na história das ciências. O seu enfoque é o epistemológico e ainda assim é ensinar como a ciência funciona. Mas a teoria ator-rede me aguarda  :P

Sim, como eu penso. Seu âmbito de pesquisa sempre me pareceu ser mais epistemológico, e não propriamente pedagógico. Mas é totalmente óbvio que a primeira exerceu e exerce grande influência na segunda, justificando a importância da incorporação de Piaget ao âmbito pedagógico-escolar.
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #15 Online: 18 de Setembro de 2011, 09:05:30 »
<a href="http://www.youtube.com/v/bA_GMtqUGeQ" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/bA_GMtqUGeQ</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/cTvvzBwhwvs&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/cTvvzBwhwvs&amp;feature=related</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/NfkBsj2w0uA&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/NfkBsj2w0uA&amp;feature=related</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/vLDROI206lw&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/vLDROI206lw&amp;feature=related</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/aLQ1wSbc_xY&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/aLQ1wSbc_xY&amp;feature=related</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/Snn6YixcU4U&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/Snn6YixcU4U&amp;feature=related</a>
« Última modificação: 19 de Setembro de 2011, 11:28:50 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #16 Online: 19 de Setembro de 2011, 11:23:41 »
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Contribuições de Vigotski para a educação especial nas áreas da surdez, cegueira e surdocegueira

Este trabalho refere-se a uma pesquisa de natureza bibliográfica, que contou com o estudo de fontes primárias (os escritos do autores russos e soviéticos) e secundárias (textos e documentos a respeito do atendimento às pessoas com surdez, cegueira e surdocegueira e de intérpretes da teoria vigotskiana) sob a perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural e contempla uma  análise  fílmica  do documentário  As borboletas de Zagorsk (1992), tendo por temática o estudo das contribuições de L. S. Vigotski (1896-1934) para a Educação Especial, e mais precisamente, para a educação de deficientes físicos sensoriais.  Objetivamos expor  subsídios teóricos acerca do atendimento educacional ao cego; identificando no documentário citado alternativas de aplicação dos estudos vigotskianos na prática pedagógica atual.

http://www.abrapee.psc.br/documentos/cd_ix_conpe/IXCONPE_arquivos/43.pdf

Citar
A ABRAPEE foi fundada em 1990 por um grupo de psicólogos interessados em congregar os estudiosos e profissionais da área, visando o reconhecimento legal da necessidade do psicólogo escolar nas instituições de ensino, bem como estimular e divulgar pesquisas nas áreas de psicologia escolar e educacional.

A Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, que tem por finalidade incentivar o crescimento da ciência e da profissão de psicólogo escolar e educacional, como um meio de promover o bem-estar e o desenvolvimento humano, enfocando para isto o processo educacional no seu sentido mais amplo.

O paper acima foi apresentado no IX Congresso nacional de psicologia escolar e educacional.
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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #17 Online: 21 de Setembro de 2011, 13:02:13 »
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MUSEUS E CENTROS DE CIÊNCIAS - CONCEITUAÇÃO E PROPOSTA DE UM REFERENCIAL TEÓRICO

INTRODUÇÃO

Ensinar é tarefa da escola. Este é um consenso em todo o mundo, que chamamos civilizado. À família, à sociedade, cabe educar: transmitir a língua materna, hábitos e costumes, valores morais e cívicos. Até há algum tempo atrás era possível supor que, dessa forma, todo conhecimento humano seria alcançado e transmitido de geração a geração. Hoje, entretanto, isso não é mais verdade. Mesmo que a escola fosse, por hipótese, uma instituição eficiente, fiel a seus objetivos, livre das críticas e queixas que atualmente se voltam contra ela até nos países desenvolvidos, ser-lhe-ia impossível abarcar todo esse conhecimento. Não há tempo, não há espaço em seus limitados currículos e programas e, mais ainda, não há como acompanhar o vertiginoso progresso científico e tecnológico dos nossos dias.

Dessa forma a distância entre o saber abrangido pela escola e aquele gerado e acumulado pelo homem cresce assustadoramente. Cada vez mais a humanidade, em sua imensa maioria, está alheia às suas próprias conquistas. A insatisfação, a inconformidade com esta realidade tem levado muitos, indivíduos, instituições, empresas e governos, a procurar formas alternativas de acompanhar e transmitir todo este acervo científicocultural. A educação formal, escolar, tem sido complementada ou acrescida de uma educação não-formal e informal, extra-escolar, que tem de certa forma oferecido à sociedade o que a escola não pode oferecer. É o caso, entre muito outros, dos livros de divulgação científica e dos meios de comunicação através de revistas, jornais, rádio e televisão.

Infelizmente, nem sempre os meios de comunicação, e mesmo alguns autores de livros de divulgação científica têm consciência da importância do seu trabalho, do seu papel essencial no preenchimento das inúmeras lacunas deixadas pela educação formal. Momentos de vivo interesse despertado pela ocorrência de algum raro fenômeno natural, alguma nova descoberta científica ou coisa semelhante são, via de regra, pouco ou mal aproveitados sob o ponto de vista de uma educação informal, sobretudo em relação ao que poderia realizar uma instituição educacional voltada para esse fim, como um museu ou centro de ciências.

É claro que o alcance dos museus e centros de ciências não pode ser comparado aos meios de comunicação de massa, embora em alguns países desenvolvidos ele já seja considerável, mas o impacto de sua atuação e a credibilidade de suas propostas pode compensar essa aparente desvantagem, além da possibilidade de influir direta ou indiretamente nesses meios de comunicação. Há, ainda, muito por saber a respeito destas instituições: seus objetivos, sua contribuição para a aprendizagem de ciências, a fundamentação pedagógica que orienta suas atividades educacionais, a avaliação dessas atividades, são exemplos de questões que merecem maior estudo e para as quais este trabalho vai propor algumas respostas.

Para tanto vamos, inicialmente, apresentar um breve relato crítico sobre a história dos museus desde suas origens até nossos dias. Complementando esse relato apresentaremos, a seguir, um pequeno histórico dessa instituição no Brasil voltado especificamente à área de ciências, o que nos dará indicações valiosas tanto em relação à concepção como em relação às funções educacionais dessas instituições.

Em seguida apresentaremos uma proposta de conceituação para um determinado tipo de museu ou centro de ciências a partir de uma discussão sobre educação formal, não-formal, informal e do conceito de alfabetização em ciências e, a seguir, uma revisão geral das diversas pesquisas realizadas nessa área, a partir das quais pretendemos encontrar subsídios para o nosso trabalho. Prosseguindo apresentaremos nossa proposta de adotar, como referencial teórico para a aprendizagem nestas instituições, a teoria de Vygotsky acrescida da contribuição de trabalhos mais recentes de alguns de seus seguidores. Finalmente apresentaremos o relato de nosso trabalho e nossas pesquisas no centro de ciências que dirigimos a luz das idéias até então expostas e, como conclusão, a seguir, uma antevisão de um museu ou centro de ciências que orientasse seu projeto e suas atividades em consonância com os pressupostos aqui apresentados.

Citar
V. UM REFERENCIAL TEÓRICO PARA A APRENDIZAGEM EM MUSEUS E
CENTROS DE CIÊNCIAS

1. Introdução
2. A teoria sociointeracionista de Vygotsky
2.1 - Introdução
2.2 - A formação de conceitos
2.3 - O desenvolvimento dos conceitos científicos na infância
2.4 - O conceito de zona de desenvolvimento proximal
3. Implicações da teoria de Vygotsky ao processo ensino-aprendizagem em museus e centros de ciências

http://www.casadaciencia.ufrj.br/Publicacoes/Dissertacoes/gaspar-tese.pdf
« Última modificação: 21 de Setembro de 2011, 13:04:21 por Adriano »
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Offline Feynman

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #18 Online: 21 de Setembro de 2011, 13:59:13 »
Parece-me que o Zeichner está utilizando sua visão com um cabresto direcionado apenas para o ânus do organismo, preocupando-se exclusivamente com o que sai dali. Daí chega-se à brilhante conclusão: "mas isto é merda!".
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Offline Zeichner

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #19 Online: 21 de Setembro de 2011, 14:47:33 »
Parece-me que o Zeichner está utilizando sua visão com um cabresto direcionado apenas para o ânus do organismo, preocupando-se exclusivamente com o que sai dali. Daí chega-se à brilhante conclusão: "mas isto é merda!".

que bunitinho esta visão.

Offline Zeichner

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #20 Online: 21 de Setembro de 2011, 14:54:15 »
Desculpe babar no ovo do Vyyyygostsky, mas não vejo nenhum avanço significativo na educação brasileira depois que o mesmo foi amplamente adotado nas escolas. Aliás, o nível caiu muito.

Vejo resultados, não conversa mole. E Vyyyygotsky é a maneira de enfiar qoela abaixo a ideologia marxista nas escolas, justificando o que eles dizem ser pensamento burguês e pensamento proletariado, porque, afinal, o meio onde o indivíduo esta imerso influencia sua forma de pensar.

E atitudes assim justificaram o massacre de muitos comerciantes e pequenos industriais nas revoluções comunistas, pelo mundo, porque, afinal, aprenderam a ser burgueses pelo seu meio e não poderiam jamais adotar o pensamento proletário.


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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #21 Online: 21 de Setembro de 2011, 15:01:31 »
O problema da psicologia e desse tipo de coisa está na psicanálise, que apesar de nāo ter nada de ciência, é tratada como tal, se deixassem ela de fora poderiam se enganar bem menos na hora de desenvolver métodos de ensino. Esses dias tive que fazer um troço de psicologia baseado quase totalmente nisso, é um verdadeiro show de achismos dos mais estúpidos possíveis.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Zeichner

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #22 Online: 21 de Setembro de 2011, 15:20:45 »
Psicanálise não é ciência. É uma pseudo-ciência que fez muito sucesso e inspirou todo tipo de lorota.

Offline Feynman

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #23 Online: 21 de Setembro de 2011, 16:34:28 »
Assino embaixo.
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Offline Feynman

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Re: L.S. Vygotsky: Psicologia e Pedagogia
« Resposta #24 Online: 21 de Setembro de 2011, 16:52:49 »
Desculpe babar no ovo do Vyyyygostsky, mas não vejo nenhum avanço significativo na educação brasileira depois que o mesmo foi amplamente adotado nas escolas. Aliás, o nível caiu muito.


Zeichner, mais uma vez, estás sendo muito otimista em achares que o nível da educação brasileira caiu, de algum modo, devido à adoção de Vygotsky. Talvez estivesses se referindo às escolinhas particulares. E daí talvez tenhas razão.

Leciono em Santa Catarina, estado cuja educação pública costuma ser citada como uma boa média (não quero nem imaginar como está a situação no resto do país, então), e te garanto que a maioria absolutíssima dos professores e orientadores pedagógicos estão cagando e andando para o que Vygotsky disse ou deixou de dizer (não apenas por cinismo profissional, mas por ignorância, mesmo). Pode até ser bem provável que aluninhos de pedagogia sob a (des)orientação de mestres esquerdinhas estejam propalando ideais marxistas, mas, em mais de dez anos conhecendo de perto a educação pública (no momento não estou neste meio - nem pretendo voltar), o que vi foram problemas bem diferentes atuando para compelir o ensino público ao buraco onde se encontra.

Não pretendo, aqui, nem entrar no (de)mérito de Vygotsky em relação aos elementos óbvios de uma educação sócio-interacionista, apenas sugerir que os problemas atuais da educação são infinitamente mais complexos e praticamente indiferentes a uma suposta doutrinação marxista. O que existe são problemas explícitos de falta de subsídios governamentais (salário e aportes vários), uma onipresente filosofia educacional vagabunda que não dá a devida autoridade ao professor e à escola para mostrar ao aluno que ele terá toda ajuda possível se não for um bundão marginal, mas que será adequadamente reprimido ser o for (e aqui cabem inúmeras questões a serem debatidas), professores que chegam a ser uma piada de tão ineptos à tarefa (e aqui os problemas da formação universitária dão mote a um novo tópico, praticamente), um orientador pedagógico que é um perfeito imbecil que acha que seus amiguinhos franceses darão conta da realidade brasileira que exige uma atitude de macho (não excluindo de modo algum a participação das mulheres no processo), uma direção totalmente omissa nas questões onde o aluno-e-o-professor estão sendo tratados como vacas em um pasto coletivo onde supostamente cada um deve cuidar da sua grama e os outros bois que vão cuidar do rabo deles, e, repetindo, um salário-e-carga-horária minimamente decente para o professor ir dormir no domingo à noite sem xingar o mundo inteiro por ter que acordar cedo na segunda e voltar para aquele inferno que alguns chamam de escola.

Vygotsky, tadinho, mal consegue chegar perto desta zona.
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