Pois é Dr. Los Alamos, também compactuo de semelhante visão, mas isto porque estamos vendo as coisas de uma posição privilegiada. E, concernente ao ensino de ciência, desde cedo percebemos (e muitos mais deveriam perceber) que as concepções alternativas são parte importantíssima dos itens que devem ser relevados pelo professor. Mas, repito, por motivos fantasmagóricos (incompetência mesmo), ainda muitos professores propalam um ensino unidirecional, "bancário", que parece ainda manter uma visão Lockeana das coisas, onde bastaria uma boa exposição do assunto para o aluno, tabula rasa, apreender o essencial.
Pesquisas em ensino têm mostrado que os alunos submetidos aos esquemas tradicionais não apreendem os conceitos mais básicos da ciência, mesmo cumprindo devidamente o contrato didático de trabalhos e avaliações. Estas mesmas pesquisas mostram que os alunos, quando não devidamente trabalhados em relação às suas concepções alternativas, tendem a manter estas como explicação pessoal mesmo após ter passado pelo conhecimento formal. Mais uma vez, não relevar estas características cognitivas humanas é contribuir para que tudo fique na mesma, com os péssimos resultados em pesquisas de desempenho geral escolar.
Por curiosidade, os elementos que descrevi não surgiram da "pedagogia", simplesmente, e sim de pesquisadores, em geral de Ensino de Física (mais tarde ampliado às outras disciplinas). Ou seja, as evidências foram devidamente obtidas de fora do âmbito essencialmente psicológico/pedagógico, ainda que mais tarde justificadas também neste contexto, aí sim com os subsídios vindos de pesquisadores como Piaget. É irritante perceber que se "estuda" Piaget em cursos de pedagogia, e que, não obstante, "pedagogos" parecem deliberadamente relegar estas questões sob um amálgama sucintamente sintetizado sob os termos "construtivistas", mas que cinicamente não conduzem sua prática.
Quanto ao "entulho ideológico", realmente é uma das características lamentavelmente presentes nos cursos de pedagogia. Há muito tempo atrás (na velha Bahia - para quem "pescar" o trocadilho), em minha graduação, tive uma aula de "didática" que foi uma quase criminosa exposição exclusiva de textos esquerdistas. Ainda bem que eu já tinha muitas leituras prévias, e naturalmente aquilo não teve o impacto que a professora possivelmente queria para mim. Mas, insisto, apesar de existirem elementos ideológicos (em um sentido pejorativo) permeando este meio, percebo muito mais uma incompetência generalizada atuando em prol da involução humana.