Feymann, gostei da sua resposta ao argumento ontológico. Incide num ponto, realmente, bastante explícito.
Agora, gostaria de discutir um pouco o argumento ontológico. Pois ele tem sido causa de bastante discussão numa aula que frequento, inclusive entre eu e o professor. o professor é medievalista, uma pessoa bem preparada, mas acho que ele so raciocina até um certo ponto e, deliberadamente, para.
Minha intenção era de rebater o argumento mesmo ao aceitar seu postulado.
vale notar que o argumento tenta se validar pela negação de uma contradição (por ser levado ao absurdo) ao se dizer que deus não existe.
De forma simples seria assim:
1- Deus é aquilo que nada maior pode ser pensado
2- o ateu diz que deus nao existe.
3 - porém, o ateu, concebe deus em seu intelecto como a coisa que nada maior pode ser pensado
4- mas existir no intelcto e na realidade é mais do que existir somente no intelecto.
5- então o ateu, que diz que deus nao existe, mas o concebe, deverá conceber ele também na realiade, por ser maior.
literalmente:
"Pois bem, Senhor: tu que dás a intelecção da fé, concede-me na medida em que sabes convir-me, que eu inteleccione que tu existes, como nós o acreditamos, e que és isso mesmo que nós acreditamos. Nós realmente acreditamos que tu és alguma coisa, maior do que a qual nada se pode pensar. Porventura não existe uma realidade dessa natureza, pois que "o insipiente disse no seu coração - Deus não existe?" (Salmo 13,1). Mas evidentemente, esse mesmo insipiente ao ouvir isto mesmo que eu digo - alguma coisa, maior do que a qual nada se pode pensar-, intelecciona o que ouve, e o que intelecciona está na sua inteligência, embora ele não inteleccione que isso existe. Com efeito, uma coisa é estar certa realidade no intelecto, outra coisa inteleccionar que essa realidade existe. Assim, quando um pintor pensa antecipadamente no que vai fazer, tem-no de facto no intelecto, mas ainda não intelecciona que existe o que ainda não fez. Mas depois que o pintou, não só tem no intelecto, mas também intelecciona que existe o que já fez.
Tem por conseguinte de reconhecer o mesmo insipiente que - alguma coisa, maior do que a qual nada se pode pensar - existe ao meno no intelecto, pois que ao ouvir isto, intelecciona-o, e tudo o que intelecciona existe no intelecto. E indubitavelmente, - aquilo, maior do que o qual nada se pode pensar - não pode existir apenas no intelecto. Com efeito, se ao menos existe só no intelecto, pode pensar-se que existe também na realidade, o que é ser maior. Por conseguinte, se - aquilo, maior do que o qual nada se pode pensar - existe apenas no intelecto, - aquilo mesmo, maior do que o qual nada se pode pensar - é - aquilo mesmo, maior do que o qual [ alguma coisa ] se pode pensar. Ora isso é evidentemente impossível. Existe pois indubitavelmente, tanto na inteligência como na realidade, - alguma coisa, maior do que a qual não se pode pensar [ nada ]."