Autor Tópico: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas  (Lida 9331 vezes)

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Offline Hold the Door

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #50 Online: 04 de Setembro de 2011, 20:55:59 »
Nem por isso, ou até por isso, ninguém sai chamando quem já cometeu um ato desses de criminoso, ou ladrão, em comparando com alguém que furtou uma carteira, por exemplo. Existe diferenças qualitativas importantes nesses atos, porque a propriedade intelectual lida com informação, muitas vezes barrando ela para quem precisa ou quer essa informação, o que é um limite ético importante para o desenvolvimento cultural, embora paradoxalmente eu também ache que é um estímulo à produção de informação.

Mas aí você já está mudando completamente o cenário. A analogia do Barata foi com a situação proposta pelo Liddell, não com situações no limite ético, moral e intelectual. Você está usando situações completamente distintas para dizer que a analogia do Barata para a situação do Liddell não é válida.

O Liddell afirmou que pirateava o máximo possível simplesmente por não concordar com a propriedade intelectual. Não afirmou que pirateava porque precisava salvar vidas, porque precisava urgentemente da informação ou o fazia esporadicamente.

Qual a diferença entre piratear por não concordar com a propriedade intelectual (e não por qualquer outra razão no limite da ética e legalidade) e furtar carteiras por não concordar com a propriedade privada?
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Offline Hold the Door

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #51 Online: 04 de Setembro de 2011, 21:01:58 »
Inúmeros estudantes copiam livros inteiros, ou grandes partes deles, e por anos a fio, para estudar e isso constitui uma diferença ética substancial quanto a ato de roubar uma carteira, embora seja ilegal, e sujeito às mesmas penas que aqueles que fazem milhares de cópias de Windows para vender nas barraquinhas estão sujeitos.

De novo, a comparação não foi com estudantes que copiam livros porque precisam estudar, mas com quem pirateia tudo o que quer simplesmente porque não quer pagar. Você está estendendo a analogia do Barata com outros casos para então dizer que ela não se aplica ao caso específico para o qual foi feita.
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Offline _Juca_

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #52 Online: 04 de Setembro de 2011, 21:15:35 »
Nem por isso, ou até por isso, ninguém sai chamando quem já cometeu um ato desses de criminoso, ou ladrão, em comparando com alguém que furtou uma carteira, por exemplo. Existe diferenças qualitativas importantes nesses atos, porque a propriedade intelectual lida com informação, muitas vezes barrando ela para quem precisa ou quer essa informação, o que é um limite ético importante para o desenvolvimento cultural, embora paradoxalmente eu também ache que é um estímulo à produção de informação.

Mas aí você já está mudando completamente o cenário. A analogia do Barata foi com a situação proposta pelo Liddell, não com situações no limite ético, moral e intelectual. Você está usando situações completamente distintas para dizer que a analogia do Barata para a situação do Liddell não é válida.

O Liddell afirmou que pirateava o máximo possível simplesmente por não concordar com a propriedade intelectual. Não afirmou que pirateava porque precisava salvar vidas, porque precisava urgentemente da informação ou o fazia esporadicamente.

Qual a diferença entre piratear por não concordar com a propriedade intelectual (e não por qualquer outra razão no limite da ética e legalidade) e furtar carteiras por não concordar com a propriedade privada?

Acontece que a analogia do Barata embarca tudo o que entendemos por propriedade intelectual, sendo aplicável da mesma forma ao que entendemos ser propriedade privada.  A propriedade intelectual, que eu vejo como um forma de posse do conhecimento, ou de posse sobre a informação do conhecimento,  é diferente da posse de bens, que é  algo que acaba em si mesmo, você é dono de um carro, de uma fábrica, ou de um terreno e fim. O conhecimento não acaba em si mesmo, ele é fundamentalmente, essencialmente feito para ser passado adiante, transponível à posse e ao lucro sobre ele mesmo, o que gera uma contradição, um certo paradoxo, difícil de ser interrompido e difícil de ser quebrado, ainda mais quando os meios para isso se tornaram absurdamente fáceis. Observe, não estou entrando no mérito da ilegalidade, só acho que são meios de propriedade distintos, diferentes, e portanto não análogos.

Offline Gaúcho

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #53 Online: 04 de Setembro de 2011, 23:04:18 »
Não disse que não é uma analogia. Mas pra mim não é uma analogia totalmente aplicável, pois propriedade intelectual não é exatamente propriedade privada. Propriedade privada é bem tangível nos que se refere ao direito de posse, é ser dono de algo e fim. A propriedade intelectual tem muito mais nuances legais e relações éticas distintas do que a propriedade privada. Por exemplo, Brasil e Índia quebraram patentes de remédios contra Aids para baratear os custos e promover um maciço programa de tratamento público. Alguém ousa contestar o caráter ético de tal empreitada?
Mas é uma situação totalmente diferente a dos softwares/filmes. Ninguém vai morrer só porque não tem a última versão do Office instalado ou porque deixou de assistir o último filme do Harry Potter. A única razão para a pirataria nesse caso é que o indivíduo quer ter o programa/filme, mas não pretende pagar por ele o que os seus autores acham justo.

Pois é, eu sempre tive dúvidas nestes casos em que, no caso de não conseguir por meio de pirataria, o sujeito simplesmente não vai usar o produto. Pega esse exemplo do filme do HP. Se eu hipotéticamente não conseguir baixar, e não me atrair ao ponto de eu ir ao cinema ou aluga-lo, a empresa não vai ganhar nada de qualquer jeito. Que diferença então faz se eu baixei ou não, já que, se eu não pudesse faze-lo, eu simplesmente seguiria com minha vida sem me importar com esse filme? Simplesmente uma questão ética?
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Darkside

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #54 Online: 05 de Setembro de 2011, 08:51:02 »
Por curiosidade, esses dias estava pesquisando sobre o julgamento dos responsáveis pelo site The Pirate Bay.

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Pirate_Bay_trial

É algo que me fez refletir sobre esses aspectos éticos no geral.


Offline Cumpadi

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #55 Online: 05 de Setembro de 2011, 12:49:19 »
Não disse que não é uma analogia. Mas pra mim não é uma analogia totalmente aplicável, pois propriedade intelectual não é exatamente propriedade privada. Propriedade privada é bem tangível nos que se refere ao direito de posse, é ser dono de algo e fim. A propriedade intelectual tem muito mais nuances legais e relações éticas distintas do que a propriedade privada. Por exemplo, Brasil e Índia quebraram patentes de remédios contra Aids para baratear os custos e promover um maciço programa de tratamento público. Alguém ousa contestar o caráter ético de tal empreitada?
Mas é uma situação totalmente diferente a dos softwares/filmes. Ninguém vai morrer só porque não tem a última versão do Office instalado ou porque deixou de assistir o último filme do Harry Potter. A única razão para a pirataria nesse caso é que o indivíduo quer ter o programa/filme, mas não pretende pagar por ele o que os seus autores acham justo.

Pois é, eu sempre tive dúvidas nestes casos em que, no caso de não conseguir por meio de pirataria, o sujeito simplesmente não vai usar o produto. Pega esse exemplo do filme do HP. Se eu hipotéticamente não conseguir baixar, e não me atrair ao ponto de eu ir ao cinema ou aluga-lo, a empresa não vai ganhar nada de qualquer jeito. Que diferença então faz se eu baixei ou não, já que, se eu não pudesse faze-lo, eu simplesmente seguiria com minha vida sem me importar com esse filme? Simplesmente uma questão ética?
Se você baixou o filme e o assistiu, você está usufruindo de um bem sem pagar o preço pelo qual o proprietário está disposto a vender. Logo há sim uma diferença entre isso e você não ver o filme. Quanto à questão de comprar produtos, isso é algo cultural que é difícil tirar de nossas vidas, mas não invalida a analogia com o roubo da carteira.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Adriano

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #56 Online: 06 de Setembro de 2011, 02:15:48 »
Na verdade, se não me engano, existe uma justificativa legal para quebra de patentes de medicamentos (como no caso da AIDS). Vou dar uma pesquisada depois.
É a licença compulsória de patentes e está amparada por tratados internacionais. E no caso brasileiro visando o interesse público  :)
 

Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Adriano

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #57 Online: 06 de Setembro de 2011, 02:31:36 »
Se você baixou o filme e o assistiu, você está usufruindo de um bem sem pagar o preço pelo qual o proprietário está disposto a vender. Logo há sim uma diferença entre isso e você não ver o filme. Quanto à questão de comprar produtos, isso é algo cultural que é difícil tirar de nossas vidas, mas não invalida a analogia com o roubo da carteira.
Citação de: Proudhon
A propriedade é um roubo!
A analogia com o roubo é antiga, como neste aforismo anarquista.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Gaúcho

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #58 Online: 06 de Setembro de 2011, 08:08:12 »
Não disse que não é uma analogia. Mas pra mim não é uma analogia totalmente aplicável, pois propriedade intelectual não é exatamente propriedade privada. Propriedade privada é bem tangível nos que se refere ao direito de posse, é ser dono de algo e fim. A propriedade intelectual tem muito mais nuances legais e relações éticas distintas do que a propriedade privada. Por exemplo, Brasil e Índia quebraram patentes de remédios contra Aids para baratear os custos e promover um maciço programa de tratamento público. Alguém ousa contestar o caráter ético de tal empreitada?
Mas é uma situação totalmente diferente a dos softwares/filmes. Ninguém vai morrer só porque não tem a última versão do Office instalado ou porque deixou de assistir o último filme do Harry Potter. A única razão para a pirataria nesse caso é que o indivíduo quer ter o programa/filme, mas não pretende pagar por ele o que os seus autores acham justo.

Pois é, eu sempre tive dúvidas nestes casos em que, no caso de não conseguir por meio de pirataria, o sujeito simplesmente não vai usar o produto. Pega esse exemplo do filme do HP. Se eu hipotéticamente não conseguir baixar, e não me atrair ao ponto de eu ir ao cinema ou aluga-lo, a empresa não vai ganhar nada de qualquer jeito. Que diferença então faz se eu baixei ou não, já que, se eu não pudesse faze-lo, eu simplesmente seguiria com minha vida sem me importar com esse filme? Simplesmente uma questão ética?
Se você baixou o filme e o assistiu, você está usufruindo de um bem sem pagar o preço pelo qual o proprietário está disposto a vender. Logo há sim uma diferença entre isso e você não ver o filme. Quanto à questão de comprar produtos, isso é algo cultural que é difícil tirar de nossas vidas, mas não invalida a analogia com o roubo da carteira.

Diferença prática?
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Offline Cumpadi

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #59 Online: 06 de Setembro de 2011, 08:42:18 »
Você compraria outra coisa para passar o tempo.
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Offline _Juca_

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #60 Online: 06 de Setembro de 2011, 08:55:04 »
Na verdade, se não me engano, existe uma justificativa legal para quebra de patentes de medicamentos (como no caso da AIDS). Vou dar uma pesquisada depois.
É a licença compulsória de patentes e está amparada por tratados internacionais. E no caso brasileiro visando o interesse público  :)
 



Pois é, por isso é que eu insisto que propriedade intelectual difere de propriedade privada e a comparação que visa igualá-las é errônea.

Offline Geotecton

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #61 Online: 06 de Setembro de 2011, 08:59:15 »
Na verdade, se não me engano, existe uma justificativa legal para quebra de patentes de medicamentos (como no caso da AIDS). Vou dar uma pesquisada depois.
É a licença compulsória de patentes e está amparada por tratados internacionais. E no caso brasileiro visando o interesse público  :)

Ela pode ser legal, mas é também um atestado de incompetência de quem dele faz uso e de expropriação pois o "interesse público" é um conceito subjetivo, frequentemente eivado de ideologia.
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Offline Geotecton

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #62 Online: 06 de Setembro de 2011, 09:01:16 »
Na verdade, se não me engano, existe uma justificativa legal para quebra de patentes de medicamentos (como no caso da AIDS). Vou dar uma pesquisada depois.
É a licença compulsória de patentes e está amparada por tratados internacionais. E no caso brasileiro visando o interesse público  :)
Pois é, por isso é que eu insisto que propriedade intelectual difere de propriedade privada e a comparação que visa igualá-las é errônea.

Ambas são bens, portanto são valoráveis, portanto podem ter proprietários.

Conceitos básicos em Economia e Contabilidade.
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Offline Gaúcho

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #63 Online: 06 de Setembro de 2011, 09:10:20 »
Você compraria outra coisa para passar o tempo.

Mesmo considerando essa premissa verdadeira, ainda assim não vejo que diferença faz para a empresa. De qualquer maneira, no final, eu não consumi o produto dela, ou seja, ela não recebeu nada da minha parte. Daria na mesma se eu consumisse o produto pirata.
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Offline _Juca_

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #64 Online: 06 de Setembro de 2011, 09:35:52 »
Na verdade, se não me engano, existe uma justificativa legal para quebra de patentes de medicamentos (como no caso da AIDS). Vou dar uma pesquisada depois.
É a licença compulsória de patentes e está amparada por tratados internacionais. E no caso brasileiro visando o interesse público  :)
Pois é, por isso é que eu insisto que propriedade intelectual difere de propriedade privada e a comparação que visa igualá-las é errônea.

Ambas são bens, portanto são valoráveis, portanto podem ter proprietários.

Conceitos básicos em Economia e Contabilidade.

Nunca disse que não são propriedades.

Offline _tiago

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #65 Online: 06 de Setembro de 2011, 10:51:58 »
Qual a diferença entre a minha carteira e uma idéia ou uma música minha?

Offline Fabrício

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #66 Online: 06 de Setembro de 2011, 21:25:17 »
Qual a diferença entre a minha carteira e uma idéia ou uma música minha?

Sua carteira serve para guardar dinheiro, talão de cheques e documentos. Uma idéia é abstrata, você pode ter sobre virtualmente qualquer coisa. E uma música você pode cantar, gravar, etc.

Essas são as diferenças, a princípio.  :hihi:
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Offline Liddell Heart

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #67 Online: 07 de Setembro de 2011, 00:52:01 »
Não disse que não é uma analogia. Mas pra mim não é uma analogia totalmente aplicável, pois propriedade intelectual não é exatamente propriedade privada. Propriedade privada é bem tangível nos que se refere ao direito de posse, é ser dono de algo e fim. A propriedade intelectual tem muito mais nuances legais e relações éticas distintas do que a propriedade privada. Por exemplo, Brasil e Índia quebraram patentes de remédios contra Aids para baratear os custos e promover um maciço programa de tratamento público. Alguém ousa contestar o caráter ético de tal empreitada?
Mas é uma situação totalmente diferente a dos softwares/filmes. Ninguém vai morrer só porque não tem a última versão do Office instalado ou porque deixou de assistir o último filme do Harry Potter. A única razão para a pirataria nesse caso é que o indivíduo quer ter o programa/filme, mas não pretende pagar por ele o que os seus autores acham justo.

Pois é, eu sempre tive dúvidas nestes casos em que, no caso de não conseguir por meio de pirataria, o sujeito simplesmente não vai usar o produto. Pega esse exemplo do filme do HP. Se eu hipotéticamente não conseguir baixar, e não me atrair ao ponto de eu ir ao cinema ou aluga-lo, a empresa não vai ganhar nada de qualquer jeito. Que diferença então faz se eu baixei ou não, já que, se eu não pudesse faze-lo, eu simplesmente seguiria com minha vida sem me importar com esse filme? Simplesmente uma questão ética?
Se você baixou o filme e o assistiu, você está usufruindo de um bem sem pagar o preço pelo qual o proprietário está disposto a vender. Logo há sim uma diferença entre isso e você não ver o filme. Quanto à questão de comprar produtos, isso é algo cultural que é difícil tirar de nossas vidas, mas não invalida a analogia com o roubo da carteira.

Depende de como tal mídia chegou até você. Se o proprietário disponibilizou a mídia gratuitamente pela internet, não há nada de errado nisso. Assim como roubar a carteira de um assaltante não é tão nefasto (ou é).
"Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria."
Benjamin Franklin

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
Voltaire

Offline Liddell Heart

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #68 Online: 07 de Setembro de 2011, 01:25:35 »


<a href="http://www.youtube.com/v/LXilEPmkoQY" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/LXilEPmkoQY</a>

Ok, irrefutável.
"Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria."
Benjamin Franklin

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
Voltaire

Offline _tiago

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #69 Online: 07 de Setembro de 2011, 10:16:36 »
Qual a diferença entre a minha carteira e uma idéia ou uma música minha?

Sua carteira serve para guardar dinheiro, talão de cheques e documentos. Uma idéia é abstrata, você pode ter sobre virtualmente qualquer coisa. E uma música você pode cantar, gravar, etc.

Essas são as diferenças, a princípio.  :hihi:

Tudo bem, pergunta mal formulada... :P

Era no sentido de serem propriedades, e mais especificamente a pergunta era ao Juca.
Vai ô do Pateta, responde aí minha curiosidade.

Offline _Juca_

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #70 Online: 07 de Setembro de 2011, 21:50:42 »
Qual a diferença entre a minha carteira e uma idéia ou uma música minha?

Sua carteira serve para guardar dinheiro, talão de cheques e documentos. Uma idéia é abstrata, você pode ter sobre virtualmente qualquer coisa. E uma música você pode cantar, gravar, etc.

Essas são as diferenças, a princípio.  :hihi:

Tudo bem, pergunta mal formulada... :P

Era no sentido de serem propriedades, e mais especificamente a pergunta era ao Juca.
Vai ô do Pateta, responde aí minha curiosidade.

Na verdade a resposta do Fabrício é perfeita. A propriedade privada acaba em si, a carteira é sua e ponto final, é um bem material que acaba em si mesmo, não há derivados que possam surgir desse fato. A propriedade intelectual é um bem sobre uma idéia, informação, conhecimento, da qual aquele que a detém cobra para que seja repassada a outrem. Para se obter lucro é essencial que o outro compre essa informação, e informação só é válida, ou tem valor,  quando pode ser repassada adiante. Há implicações das mais diversas nesse espectro abstrato, que podem ser muito bem justificáveis do ponto de vista ético, quando o outro resolve se apossar delas sem pagar. Assim como também pode não haver justificativas, variando muito, do que se está consumindo, e para que e porquê.

Offline Cientista

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #71 Online: 07 de Setembro de 2011, 22:31:05 »
Informação só tem valor quando pode ser repassada adiante?????? Na mesma forma invariável de informação?? Oh meu santíssimo Proteus!

Informação tem valor quando, por exemplo, pode definir o modo de confecção de uma carteira. E o ato de roubo desse tipo de informação é realizado por espionagem industrial.

Há informações mais valiosas que outras, é claro, e a percepção desse valor pode até ser arbitrária mas músicas e softwares valem muito pouco, relativamente. Softwares? Qualquer 'faggot' helênico médio poderia escrevê-los em grande quantidade. Mas as máquinas que os rodam... Ah, se aqueles faggots as tivessem... O hardware também contém informação -- o "ADN" da máquina, que rege sua construção. Informação e estrutura são unas; a primeira não pode existir sem a segunda e a segunda sempre determina a primeira. Sendo assim, estruturas são superiores hierarquicamente a informações; informações só tem valor real quando úteis para remontar estruturas de interesse. O grande "perigo" é quando elas são traduzidas em substratos muito simplificados e a chave interpretadora também está disponível. Aí o roubo é total. Mas essas informações são sempre muito bem guardadas, a 70^70 quantumchaves. O que o povão pode roubar, pode roubar tranquilamente porque é democraticamente lícito.

Offline _Juca_

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #72 Online: 08 de Setembro de 2011, 00:06:49 »
 :entediado:

Offline Cientista

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #73 Online: 08 de Setembro de 2011, 00:22:26 »
Oh, coitado...

Offline Cumpadi

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Re: Brasil é o 5º em consumo de softwares piratas
« Resposta #74 Online: 10 de Setembro de 2011, 15:14:51 »
Mesmo considerando essa premissa verdadeira, ainda assim não vejo que diferença faz para a empresa. De qualquer maneira, no final, eu não consumi o produto dela, ou seja, ela não recebeu nada da minha parte. Daria na mesma se eu consumisse o produto pirata.
Se uma loja tem uma geladeira exclusiva e tenta vendê-la a um preço muito alto. Você acha que ninguém vai comprar a geladeira, logo, você pode roubá-la tranquilamente e "dentro" da ética já que não fará diferença prática para a empresa?
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