Achei, mas a matéria da outra fonte que eu havia postado no outro tópico tinha mais detalhes:
http://www.diarioweb.com.br/editorial/corpo_noticia.asp?IdCategoria=62&IdNoticia=68061&IdGrupo=1Polícia Federal investiga seita
Fabíola Zanetti, Jocelito Paganelli e Lucas Pretti
Por três anos, pontualmente às 20 horas, começava no galpão hoje abandonado da rua General Osório, no Parque Industrial, em Rio Preto, o culto da comunidade Jesus Verdade que Marca. O pastor líder da sucursal rio-pretense da igreja, identificado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) pelas iniciais J.F.M.S., todos os dias, com exceção das segundas e quartas-feiras, comandava o rebanho de pelo menos 40 pessoas - mais cerca de 20 crianças - reunidas para louvar Jesus. Da boca e do violão do pastor, vestido com roupa informal, pregações supostamente moralistas, preconceituosas e imaginárias. Apenas com a palavra e algum assédio moral, levou 64 fiéis para viver na sede da comunidade, no sul do Estado de Minas Gerais. O caso chegou aos conselhos tutelares da cidade e à DDM no começo de outubro, dias antes da partida do grupo. Nas cidades mineiras de São Vicente de Minas, Minduri, Andrelândia, Cruzília e Caxambu, a comunidade é investigada por lavagem de dinheiro e contratação de trabalhadores em regime de escravidão. Um outro crime, ainda, intriga a Polícia Federal e o Ministério Público, que têm dificuldade de comprová-lo. Suspeita-se de estelionato ideológico.
O lavador de carros Vladimir Marques Ferreira da Silva, 27 anos, que chegou a participar dos cultos da Jesus Verdade que Marca, e a dona-de-casa Leonor dos Santos Castelli, 54 anos, cuja filha partiu para Minias Gerais, descrevem com detalhes a argumentação usada por J.F.M.S. nos encontros da comunidade. Leonor recebeu o convite de um membro do grupo e visitou o galpão durante um dos encontros da seita. O início do culto era marcado pelo momento de perdão, em que os fíéis afirmavam ser “pecadores e miseráveis”. “O pastor falava que era preciso se desprender da carne. Ele usava muito essa expressão. Ficava martelando isso na cabeça das pessoas”, conta a dona-de-casa, ao comentar que, em sua visita ao local, não se identificou com aquela doutrina. O pastor J.F.M.S., segundo as pessoas que o conheceram, era um rapaz de aproximadamente 30 anos e de boa aparência. Ele apresentava domínio da língua portuguesa, como também de passagens bíblicas.
Passado o período do culto dedicado ao perdão, o líder da comunidade começava a cantar hinos de louvor. “Ele ficava de costas para os fíeis. Ningúem podia dançar durante os cultos. O pastor dizia que as mulheres, com a dança, podiam se insinuar para os homens”, afirma. A parte final do culto era anunciada com o início da leitura de um trecho da Bíblia, sempre passagens do Novo Testamento. “Era a hora da pregação”, afirma Leonor.
O lavador de carros e a dona-de-casa dizem que os membros da seita, após manterem um freqüência ao culto eram convidados a deixar família e bens para viver em comunidade. “O pastor dizia que a família só atrapalhava”, diz Silva. A partir do momento que um casal aceitava o convite para morar em uma das casas alugadas pela Jesus Verdade que Marca “eles passavam a viver como irmãos”. Não era permitida, por exemplo, relações sexuais no local. “Os casais que moravam nas casas dormiam em quartos separados. Era homem para um lado e mulher para o outro”, diz afirma ele.Visita
Na ocasião de alguma visita de familiares de seguidores, estes eram sempre recebidos por um dos líderes da comunidade, geralmente era J.F.M.S. quem fazia as honras da casa. “Eu queria saber sobre meu neto e perguntava para minha filha se ele estava bem, mas quem respondia era o pastor”, afirma Leonor. A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Rio Preto foi acionada para investigar a comunidade Jesus Verdade que Marca, no início do mês, depois que familiares de seguidores denunciaram que crianças seriam forçadas a freqüentar os cultos. “Fomos ao local mas não encontramos nada irregular. Apenas um galpão com móveis desmontados e sofás, em que estavam sentadas as mães com os filhos”, afirma a delegada-assistente Margarete Franco. Na ocasião da visita, a delegada foi recebida por J.F.M.S, o pastor líder da sucursal da comunidade em Rio Preto. “Ele foi investigado mas sua ficha estava limpa”, diz Margarete. De acordo com a delegada, como as crianças estavam acompanhadas dos pais e não havia indício de maus-tratos, o caso foi arquivado.
‘Meu genro converteu todo mundo da família’
A microempresária Valdete Ferreira da Silva, 57 anos, chora ao contar que nove membros de sua família partiram para as fazendas dos líderes da Jesus Verdade que Marca. Desde o início deste mês ela não consegue falar com a filha V.C.S., 34 anos, a enteada K.M.P., 24 anos, e os respectivos maridos, além de cinco netos, com idades entre 3 e 18 anos. Segundo Valdete, sua filha V.C.S. vendeu uma casa por R$ 28 mil e entregou o dinheiro para os líderes da comunidade. Todos os nove membros da família já estavam abrigados nas casas alugadas ao lado do galpão. “Por telefone, meu neto disse que estava com saudade, que queria me ver, mas não podia deixar aquela casa”, afirma. Valdete diz que o marido de V.C.S. foi o primeiro a freqüentar a Jesus Verdade que Marca. “No começo minha filha se recusava a participar dos cultos, mas não sei de que forma ela acabou indo até o galpão. Meu genro acabou convertendo todo mundo da minha família”, diz. Na última conversa que teve com as filhas antes da partida, elas explicaram apenas que estavam indo para uma fazenda onde todos vivem como irmãos e consomem aquilo que plantam.