Gaúcho, ao contrário do pau brasil a corrupção não é um produto exclusivamente nacional.
Agora, meu caro Geo:
Primeiro os "defeitos" listados não foram sérios e nem gravíssimos. Na maioria eram um punhado de bobagens, algumas afirmações que nem se sustentam, como problemas de fornecimento de energia elétrica. A menos que ela tenha tido o azar de de ter morado em algum lugar muito específico com esse problema.
Segundo o complexo de vira-lata não está em reconhecer os problemas sérios e graves, mas em dar importância justamente a bobagens como estas, vindas de uma pessoa absolutamente anônima. E não, eu não vejo e nunca vi outros tópicos semelhantes, nem vejo as pessoas se importarem tanto com o que os paraguaios ou os bolivianos dizem do Brasil. Aí é que se torna patente o complexo de vira-lata.
Agora, você me pede um exemplo...
Se você for na bela cidade de Petrópolis vai poder visitar o antigo palácio de verão do imperador, hoje transformado em museu. O acervo é bem pobre, se comparado com outros museus e palácios da Europa, mas há uma peça que chama atenção. Não pelo valor, mas talvez pelo significado.
Um badulaque em prata de lei, com símbolos de religiões e talismãs de religiões africanas que as escravas usavam na cintura em ocasiões festivas. Não é interessante? Não havia, no Império, separação entre religião e Estado, a religião católica era oficial. Com a Inquisição ainda em vigência o imperador recebia seus convivas, incluindo as autoridades eclesiásticas, que eram servidas por escravas adornadas com amuletos de sua própria religião.
Em que outro país se pode imaginar algo assim? Como as festas de largo de Salvador, que eram todas festas de negros, e em frente das igrejas.
Ainda com a escravidão em vigência o negro Machado de Assis já era considerado o maior escritor do Brasil, empregado em no jornal de maior prestígio da capital. Machado de Assis que cursou a Escola Politécnica, a principal e mais importante escola pública do Rio de Janeiro.
Isso, mais de cem anos antes da Guarda Nacional ter sido obrigada a intervir nos Estados Unidos para que meia dúzia de estudantes negros pudessem sentar numa sala de aula de uma universidade. E com o próprio governador do estado na porta tentando impedir!
Na segunda guerra, as tropas aliadas na Itália era um verdadeira legião estrangeira: americanos, ingleses, franceses, argelinos, africanos, poloneses... E brasileiros, claro. Mas há um jovem historiador italiano que se especializou na campanha da FEB, e o motivo foi ter crescido ouvindo as histórias que todos na aldeia contavam sobre os pracinhas brasileiros.
Ele mesmo diz: "Olha, quando se conversa com o pessoal daqui... bom, os brasileiros eram totalmente diferentes, deixaram uma admiração muito grande.";
Há muita coisa sim, de original, própria e positiva, basta ter a boa vontade de enxergar.