Autor Tópico: Jovens constrangem militares e policiais da ditadura  (Lida 17613 vezes)

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Offline Barata Tenno

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #50 Online: 29 de Março de 2012, 15:58:25 »
... É o pequeno preço que pagamos pelo fim da ditadura e pelas condições que o Brasil está agora,diria que valeu a pena .

Desafio você a falar isso na cara de algum parente de pessoas mortas, torturadas ou sequestradas pela ditadura ou mesmo nas pessoas vivas que foram torturadas.
apelo a piedade
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Geotecton

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #51 Online: 29 de Março de 2012, 15:59:37 »
... É o pequeno preço que pagamos pelo fim da ditadura e pelas condições que o Brasil está agora,diria que valeu a pena .
Desafio você a falar isso na cara de algum parente de pessoas mortas, torturadas ou sequestradas pela ditadura ou mesmo nas pessoas vivas que foram torturadas.
apelo a piedade

Sem dúvida. Mas, ainda assim, é uma colocação pertinente sob o lado humanista.
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Offline gogorongon

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #52 Online: 29 de Março de 2012, 16:04:38 »
Talvez não seja um preço pequeno, e pode não ter sido nem justo, mas às vezes é a única alternativa possível.

Offline _Juca_

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #53 Online: 29 de Março de 2012, 16:15:06 »
... É o pequeno preço que pagamos pelo fim da ditadura e pelas condições que o Brasil está agora,diria que valeu a pena .

Desafio você a falar isso na cara de algum parente de pessoas mortas, torturadas ou sequestradas pela ditadura ou mesmo nas pessoas vivas que foram torturadas.
apelo a piedade


No máximo seria apelo à emoção, se isso consistisse numa falha de argumentação, o que não é o caso. O Genghikan disse que o preço é pequeno que pagamos pelo fim da ditadura, e eu digo que o preço foi muito grande, ainda mais do ponto de vista de quem teve seus familiares, pais, mães, filhos, alijados à força de suas vidas.

Offline Sergiomgbr

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #54 Online: 29 de Março de 2012, 17:46:06 »
Existe uma grande diferença entre justiça e vingança... A vingança sempre sai do controle e sempre perde a razão... Defender isso que você defende sergiombr é vingança, e não te torna diferente dos torturadores que você critica.
Então eu sou vítima de um torturador e sei que ele está impune em um sistema que deveria punir seus atos e o fato de protestar veementemente é vingança?

Claro que não é. Desde que voce não o faça constrangendo a pessoa acusada porque tecnicamente ela é inocente até que se conclua o devido processo legal. Mas caso voce vá na frente da casa dela e afixe cartazes e faixas e faça pichações na calçada acusando-a de "torturadora" e de "criminosa", voce estará cometendo um ato ilegal.
Poderia ter grafado o "inocente" também.
E, já que voce parece não estar entendendo, eu aproveito e deixo claro que sou solidário ao sentimento de repulsa (ódio talvez) da(s) possíveis vítima(s). Talvez eu agisse da mesma maneira, se tivesse passado por tal experiência.
É só uma provocação, não faço o papel aquí de quem precisa "entender" algo...

Mas isto não significa que este tipo de ação das possíveis vítimas seja legal.
Essa "legalidade" é só o reflexo da interpretação da lei, meu caro Geotecton.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Sergiomgbr

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #55 Online: 29 de Março de 2012, 17:48:51 »


Tais pessoas(os torturadores) tiverem que receber o perdão para que não se sentissem inseguros com o fim da ditadura . Se soubessem que o fim do regime significaria o começo da perseguição à eles por causa desses atos,haveria um segundo golpe militar,seguido ou não de uma guerra civil . É o pequeno preço que pagamos pelo fim da ditadura e pelas condições que o Brasil está agora,diria que valeu a pena .
Tivemos depois disso uma nova constituição que poderia ter retificado esse acordo...
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Geotecton

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #56 Online: 29 de Março de 2012, 18:13:28 »
Poderia ter grafado o "inocente" também.

"Inocente". Assim está melhor?


É só uma provocação, não faço o papel aquí de quem precisa "entender" algo...

Assim seja.


Essa "legalidade" é só o reflexo da interpretação da lei, meu caro Geotecton.

Então a "legalidade" é legalidade porque alguém a interpreta-a como tal e não porque ela é conforme o texto?  :hein:
« Última modificação: 29 de Março de 2012, 20:05:46 por Geotecton »
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Offline Geotecton

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #57 Online: 29 de Março de 2012, 18:14:05 »
Tais pessoas(os torturadores) tiverem que receber o perdão para que não se sentissem inseguros com o fim da ditadura . Se soubessem que o fim do regime significaria o começo da perseguição à eles por causa desses atos,haveria um segundo golpe militar,seguido ou não de uma guerra civil . É o pequeno preço que pagamos pelo fim da ditadura e pelas condições que o Brasil está agora,diria que valeu a pena .
Tivemos depois disso uma nova constituição que poderia ter retificado esse acordo...

Mas não o fez!
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Offline Sergiomgbr

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #58 Online: 29 de Março de 2012, 18:34:06 »
Poderia ter grafado o "inocente" também.

"Inocente". Assim estámelhor?
Separa esse "está melhor",,, :P

É só uma provocação, não faço o papel aquí de quem precisa "entender" algo...

Assim seja.

Aaaaaaaaaaaméeemm!
Essa "legalidade" é só o reflexo da interpretação da lei, meu caro Geotecton.

Então a "legalidade" é legalidade porque alguém a interpreta-a como tal e não porque ela é conforme o texto?  :hein:
E não é? Pra isso que servem os Juízes...
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Geotecton

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #59 Online: 29 de Março de 2012, 20:07:48 »
Poderia ter grafado o "inocente" também.
"Inocente". Assim estámelhor?
Separa esse "está melhor",,, :P

Já foi feito.


Essa "legalidade" é só o reflexo da interpretação da lei, meu caro Geotecton.
Então a "legalidade" é legalidade porque alguém a interpreta-a como tal e não porque ela é conforme o texto?  :hein:
E não é? Pra isso que servem os Juízes...

Não era neste sentido que estávamos conversando...
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Offline AlienígenA

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Offline Diegojaf

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #61 Online: 29 de Março de 2012, 20:16:01 »
Militares da reserva são cercados por manifestantes na Cinelândia, no Rio





Nossa... que bonito para nossa juventude. Agredir velhinhos na rua...

Acho que rolou uma lágrima de orgulho aqui agora...

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Geotecton

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #62 Online: 29 de Março de 2012, 20:16:57 »
Militares da reserva são cercados por manifestantes na Cinelândia, no Rio
[...]

Os idiotas são "machões" contra um bando de velhos. Queria vê-los contra um grupo de soldados na faixa de 18 a 30 anos.

O imbecil prestes a cuspir (segunda foto) merecia levar uma sova.


P.S.

Será que os idiotas ao menos sabem se estes idosos participaram das torturas?
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Offline Diegojaf

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #63 Online: 29 de Março de 2012, 20:19:58 »
Queria vê-los contra um grupo de soldados na faixa de 18 a 30 anos.

Eu já vi... :histeria:
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Offline Luiz F.

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #64 Online: 29 de Março de 2012, 20:20:56 »
É o clamor por justiça ::)
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline AlienígenA

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #65 Online: 29 de Março de 2012, 20:28:41 »
A matéria, para quem não viu...

RIO - Dezenas de militares da reserva que assistiram ao debate "1964 - A Verdade" ficaram sitiados no prédio do Clube Militar, na Cinelândia, no centro do Rio, na tarde desta quinta-feira, 29. O prédio foi cercado por manifestantes que impediram o trânsito pelas duas entradas do imóvel.

O evento marcou o aniversário do golpe militar de 1964 e reuniu militares contrários à Comissão da Verdade. Ao fim do evento, eles tentaram sair, mas foram impedidos por militantes do PC do B, do PT, do PDT e de outros movimentos organizados que protestavam contra o evento.

"Tortura, assassinato, não esquecemos 64", gritavam os manifestantes. "Milico, covarde, queremos a verdade", diziam outros. Velas foram acesas na frente da entrada lateral do centenário do Clube Militar, na Avenida Rio Branco, representando mortos e desaparecidos durante a ditadura militar. Homens que saíam do prédio foram hostilizados com gritos de "assassino". Tinta vermelha e ovos foram jogados na calçada e nos militares.

Homens do Batalhão de Choque foram ao local e lançaram spray de pimenta e bombas de efeito moral contra o grupo, que revidou com ovos. Um dos manifestantes foi imobilizado por policiais e liberado em seguida após ser atingido supostamente por uma pistola de choque, e outro foi detido e algemado.

Os militares foram inicialmente orientados a sair em pequenos grupos por uma porta lateral, na rua Santa Luzia, mas tiveram que recuar por conta do forte cheiro de gás de pimenta que tomou o térreo do clube. A Polícia Militar tentou conter os manifestantes e chegou a liberar a saída de algumas pessoas pela porta principal, mas por medida de segurança voltou a impedir a saída.

Um grupo que saiu sob proteção do Batalhão de Choque da Polícia Militar foi alvo de xingamentos. Os manifestantes chamaram os militares de "assassinos" e "porcos". Mais tarde, a saída dos militares da reserva foi liberada por meio de um corredor aberto por PMs entre o prédio e a entrada da estação Cinelândia do metrô, a poucos metros do Clube Militar.

Por volta das 18 horas, saiu do prédio o general Nilton Cerqueira, ex-secretário de Segurança do Rio, que comandou a operação que culminou na morte do ex-capitão Carlos Lamarca, que aderiu à luta armada e foi morto no interior da Bahia em 1971.

Às 18h20, o ambiente continuava tenso, com manifestantes cercando as duas saídas, e um dos militares foi empurrado. O trânsito na Rua Santa Luzia entre a México e a Avenida Rio Branco foi interrompido e há engarrafamento na Rio Branco.


Offline Diegojaf

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #66 Online: 29 de Março de 2012, 20:30:12 »
Acho bacana que os velhos foram a um evento pacífico mostrar seu protesto contra a comissão de verdade que só quer julgar um lado da história e foram agredidos pelos esquerdinhas "liberdade de expressão"...

Adoro coerência... ::)
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Sergiomgbr

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #67 Online: 29 de Março de 2012, 21:06:26 »
É o clamor por justiça ::)
É um perigo expressar idéias embrulhadas em papel de pão, não é meu caro Luiz F.?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Sergiomgbr

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #68 Online: 29 de Março de 2012, 21:11:52 »
Até uma pedra sabe o quanto é uma estupidez agredir velhinhos indefesos. Mesmo que fossem o Hitler o Goebbels e o Josef Mengele.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Geotecton

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #69 Online: 29 de Março de 2012, 21:15:24 »
Até uma pedra sabe o quanto é uma estupidez agredir velhinhos indefesos. Mesmo que fossem o Hitler o Goebbels e o Josef Mengele.

Se os três estivessem juntos, talvez não fosse uma má-idéia...  :)
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Offline _Juca_

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #70 Online: 29 de Março de 2012, 23:07:49 »
Apoio o protesto dos jovens mas não a agressão verbal ou moral pública. Não me solidarizo com nem um mínimo com os militares, que acho que são covardes mesmo.

Offline DDV

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #71 Online: 29 de Março de 2012, 23:16:53 »
Os partidos de esquerda estão tentando politizar e radicalizar mais ainda essa questão da Comissão da Verdade. O que pretendem ganhar com isso, não sei...

 
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Barata Tenno

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #72 Online: 29 de Março de 2012, 23:45:24 »
Apoio o protesto dos jovens mas não a agressão verbal ou moral pública. Não me solidarizo com nem um mínimo com os militares, que acho que são covardes mesmo.
Eu acho que estão latindo para a arvore errada, deviam estar protestando no STF, que foi quem barrou a investigação.
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Offline AlienígenA

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #73 Online: 30 de Março de 2012, 07:54:35 »
Esses constragimentos não ferem a lei? Mesmo com fotos e vídeos, vai se fazer vista grossa? Não tenho visto nenhum comentário na mídia a esse respeito.

Parece até haver uma conivência geral, talvez para forçar a abertura dos arquivos?  :?

Offline _Juca_

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Re:Jovens constrangem militares e policiais da ditadura
« Resposta #74 Online: 30 de Março de 2012, 11:43:48 »

o Blog de Hildegard Angel filha de Zuzu Angel

Citar
A manifestação dos caras-pintadas diante do Clube Militar

Foi um acaso. Eu passava hoje pela Rio Branco, prestes a pegar o Aterro, quando ouvi gritos e vi uma aglomeração do lado esquerdo da avenida. Pedi ao motorista para diminuir a marcha e percebi que eram os jovens estudantes caras-pintadas manifestando-se diante do Clube Militar, onde acontecia a anunciada reunião dos militares de pijama celebrando o "31 de Março" e contra a Comissão da Verdade.

 

Só vi jovens, meninos e meninas, empunhando cartazes em preto e branco, alguns deles com fotos de meu irmão e de minha cunhada. Pedi ao motorista para parar o carro e desci. Eu vinha de um almoço no Clube de Engenharia. Para isso, fui pela manhã ao cabeleireiro, arrumei-me,  coloquei joias, um vestido elegante, uma bolsa combinando com o rosa da estampa, sapatos prateados. Estava o que se espera de uma colunista social.

A situação era tensa. As crianças, emboladas, berrando palavras de ordem e bordões contra a ditadura e a favor da Comissão da Verdade. Frases como "Cadeia Já, Cadeia Já, a quem torturou na ditadura militar". Faces jovens, muito jovens, imberbes até. Nomes de desaparecidos pintados em alguns rostos e até nas roupas. E eles num entusiasmo, num ímpeto, num sentimento. Como aquilo me tocou! Manifestantes mais velhos com eles, eram poucos. Umas senhoras de bermudas, corajosas militantes. Alguns senhores de manga de camisa. Mas a grande maioria, a entusiasmada maioria, a massa humana, era a garotada. Que belo!

Eram nossos jovens patriotas clamando pela abertura dos arquivos militares, exigindo com seu jeito sem modos, sem luvas de pelica nem punhos de renda e sem vosmecê, que o Brasil tenha a dignidade de dar às famílias dos torturados e mortos ao menos a satisfação de saberem como, de que forma, onde e por quem foram trucidados, torturados e mortos seus entes amados. Pelo menos isso. Não é pedir muito, será que é?

Quando vemos, hoje, crianças brasileiras que somem, se evaporam e jamais são recuperadas, crianças que inspiram folhetins e novelas, como a que esta semana entrou no ar, vendidas num lixão e escravizadas, nós sabemos que elas jamais serão encontradas, pois nunca serão procuradas. Pois o jogo é esse. É esta a nossa tradição. Semente plantada lá atrás, desde 1964 - e ainda há quem queira comemorar a data! A semente da impunidade, do esquecimento, do pouco caso com a vida humana neste país.

E nossos quixotinhos destemidos e desaforados ali diante do prédio do Clube Militar.  "Assassino!", "assassino!", "torturador!", gritava o garotinho louro de cabelos longos anelados e óculos de aro redondo, a quem eu dava uns 16 anos, seguido pela menina de cabelos castanhos e diadema, e mais outra e mais outro, num coro que logo virava um estrondo de vozes, um trovão. Era mais um militar de cabeça branca e terno ajustado na silhueta, magra sempre, que tentava abrir passagem naquele corredor humano enfurecido e era recebido com gritos e desacatos. Uma recepção com raiva, rancor, fúria, ressentimento. Até cuspe eu vi, no ombro de um terno príncipe de Gales.

Magros, ainda bem, esses velhos militares, pois cabiam todos no abraço daqueles PMs reforçados e vestidos com colete à prova de balas, que lhes cingiam as pernas com os braços, forçando a passagem. E assim eles conseguiram entrar, hoje, um por um, para a reunião em seu Clube Militar: carregados no colo dos PMs.

Os cartazes com os rostos eram sacudidos. À menção de cada nome de desaparecido ao alto-falante, a multidão berrava: "Presente!". Havia tinta vermelha cobrindo todo o piso de pedras portuguesas diante da portaria do edifício. O sangue dos mortos ali lembrados. Tremulavam bandeiras de partidos políticos e de não sei o quê mais, porém isso não me importava. Eu estava muito emocionada. Fiquei à parte da multidão. Recuada, num degrau de uma loja de câmbio ao lado da portaria do prédio. A polícia e os seguranças do Clube evacuaram o local, retiraram todo mundo. Fotógrafos e cinegrafistas foram mandados para a entrada do "corredor",  manifestantes para o lado de lá do cordão de isolamento. E ninguém me via. Parecia que eu era invisível. Fiquei ali, absolutamente sozinha,  testemunhando  tudo  aquilo, bem uns 20 minutos, com eles passando pra lá e pra cá, carregando os generais, empurrando a aglomeração, sem perceberem a minha presença. Mistério.

Até que fui denunciada pelas lágrimas. Uma senhora me reconheceu, jogou um beijo. E mais outra. Pessoas sorriram para mim com simpatia. Percebi que eu representava ali as famílias daqueles mortos e estava sendo reverenciada por causa deles. Emocionei-me ainda mais. Então e enfim os PMs me viram. Eu, que estava todo o tempo praticamente colada neles! Um me perguntou se não era melhor eu sair dali, pois era perigoso. Insisti em ficar, mesmo com perigo e tudo. E ele, gentil, quando viu que não conseguiria me demover: "A senhora quer um copo d'água?". Na mesma hora o copo d'água veio. O segurança do Clube ofereceu: "A senhora não prefere ficar na portaria, lá dentro? ". "Ah, não, meu senhor. Lá dentro não. Prefiro a calçada". E nela fiquei, sobre o degrau recuado, ora assistente, ora manifestante fazendo coro, cumprindo meu papel de testemunha, de participante e de Angel. Vendo nossos quixotinhos empunharem, como lanças, apenas a sua voz, contra as pás lancinantes dos moinhos do passado, que cortaram as carnes de uma geração de idealistas.

A manifestação havia sido anunciada. Porém, eu estava nela por acaso. Um feliz e divino acaso. E aonde estavam naquela hora os remanescentes daquela luta de antigamente? Aqueles que sobreviveram àquelas fotos ampliadas em PB? Em seus gabinetes? Em seus aviões? Em suas comissões e congressos e redações?  Será esta a lição que nos impõe a História: delegar sempre a realização dos "sonhos impossíveis" ao destemor idealista dos mais jovens?

 

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