Tudo bem. Quanto deveria ganhar alguém com cargo de chefia, com mestrado na área e responsável por vários projetos?
Tem professor universitário que é isso tudo? 
Tem excelentes profissionais nas universidades. Eu conheço pelo menos uns 20.
E lá também tem "profissionais" que não passam de uma piada de mau-gosto. Eu conheço pelo menos uns 60.
Talvez a situação hoje seja diferente, mas eu me lembro que na minha época de faculdade a relação profissionais/"profissionais" era de uns 40%/ 60%. E sempre nas greves (que eram praticamente um evento anual, podiam até marcar no calendário acadêmico) os "profissionais" eram os mais barulhentos.
Essa proporção varia muito dependendo do departamento. No meu (se vocês estiverem dispostos a acreditar em mim) essa proporção está mais para 80%/20%. Em outros, ela pode chegar a 10%/90%. Mas a questão não é essa. A questão é a greve. Em conversas com professores, o consenso é que as greves de professores são, na melhor das hipóteses, ineficazes, quando não são contraproducentes. Os governos sabem que podem simplesmente ignorar a sua existência, a população de um modo geral parece se importar pouco e os únicos prejudicados são os alunos.
O problema é que ninguém conhece uma forma melhor de pressionar o governo. Este acabou de nos dar um aumento de exorbitantes 4%, muito abaixo da inflação acumulada desde o último reajuste. Além disso, as negociações sobre as mudanças no plano de carreiras estão empacadas (até onde sei). O que muita gente não sabe é que um professor universitário, após uns 15 anos, chega ao topo de sua profissão e não tem mais possibilidade de promoção - e isso após a última mudança no plano de carreiras, antes era pior. Não digo isso para me lamentar, pois não acho que os professores ganhem mal...
Explico: existe uma diferença entre ganhar muito e ter um salário digno. Um juiz que ganhasse R$ 6000,00 por mês não teria um mau salário - ele é mais do que a maioria da população ganha. Mas esse salário não seria condizente com seu cargo e suas responsabilidades. No caso de um professor doutor, seu salário deve levar em conta todo o investimento de tempo e estudo que foi feito para que ele chegasse a essa posição e deve ser pelo menos comparável ao que ele ganharia fora da academia (no caso de engenheiros e médicos isso é particlarmente importante). É a isso que as pessoas se referem como valorização da profissão. Na minha opinião, estamos perto disso mas ainda não chegamos lá. Pessoalmente, ficaria feliz se pudéssemos ganhar a reposição da inflação.
A propósito: minha universidade não aderiu (ainda) à greve. Por sinal, estas ficaram bem mais raras durante o governo Lula, tanto devido a uma atenção maior do governo ao pleito dos professores quanto ao peleguismo dos sindicatos.