O aborto existe, existiu e sempre existirá, independentemente do que cada um de nos pense.
E...?
A discussão deve ser sobre o que fazer perante este problema (emergência?) de saúde pública. O que está em debate são as condições nas quais as mulheres, que assim decidam, vão ter para abortar.
O que fazer depende fundamentalmente do status civil/jurídico do pré-nato.
Não há como fugir dessa discussão. Quem defende o aborto NECESSARIAMENTE terá que tomar como pressuposto que o pré-nato não é um ser humano e não tem o mesmo direito à vida de um nascido (ou seja, é "disposable"). Sem esse pressuposto, ou o abortista defende que seres humanos podem ser mortos por simples conveniências sócioeconômicas ou ele deixa de defender o aborto.
Alguns aqui parecem tentar evitar dizer claramente, mas não tem jeito: se você defende o aborto, você necessriamente defende que o alvo do aborto (dentro do limite que você especificar) não é um ser humano. O simples tom de desdém com que alguns tentam tratar essa discussão já mostra que o indivíduo desdenha da condição do pré-nato, considerando-o totalmente sem importância e "disposable" se comparado às conveniências sociais, econômicas, culturais ou psicológicas da gestante (embora não diga isso claramente).
Dizer que deveríamos "esquecer" a discussão sobre o status de "humano" dos pré-natos e nos concentrarmos nos problemas de saúde decorrentes do aborto nas gestantes seria mais ou menos como dizer que devemos nos concentrar nas queimaduras que os incendiários podem sofrer e esquecermos os estragos causados pelos incêndios a terceiros.