Você tem algum tipo de indicação desse fato. Podemos especular acerca de resultados, porém não-quantitativamente. Creio que nessa escala seja bastante difícil o nascimento de um filho fruto de uma relação sexual consensul ser tão indesejável quanto o nascimento de um filho fruto de uma relação composta por violência física e abuso psicológico.
Não possuo conhecimentos para fazer afirmações sobre o psicológico, mas concordo com você quando diz que é bastante difícil filho fruto de estupro ser tão indesejável quanto filho fruto de consenso. Não excluo a possibilidade, no entanto.
Em tempo, hipotetizo que isso seja também uma questão cultural, ie, há culturas em que o estrupo é mais aceitável. Obviamente não a nossa.
Ocorre que todo método anticoncepcional possui uma taxa de falha, mesmo quando usado perfeitamente. Engravidar usando um não é irresponsabilidade.
Vasectomia bem feita resolve.
(...)
De qualquer forma, acho que entendi o que você diz, deixe me parafraseá-la só para ter certeza: qualquer casal que se proponha a fazer sexo sempre terá que levar em consideração a possibilidade de uma gravidez, e por isso não pode abortar quando essa possibilidade se concretiza (por mais indesejável que ela seja). Em compensação, no caso de estupro, não há essa escolha, e portanto, para evitar um filho indesejável, pode abortar a gravidez. É isso?
É
Vasectomias possuem chance de falha (mesmo as bem feitas), tanto que o homem faz espermogramas para conferir.
Mas há um método sem falha: histerectomias. Decorre daí que toda gravidez indesejada, estrupo ou não, veio de uma escolha da mulher em não realizar essa cirurgia, logo ela possuia alternativa, logo o aborto não seria justificável. NOTA: não defendo que todas as mulheres façam histerectomia para não ter filhos de estrupos, é apenas um contra-argumento.
Não trabalho com suposições.
É apenas uma extensão do teu raciocínio. Se o critério é utilidade, há de se aplicá-lo universalmente.
O mesmo erro lógico do elefante. O filho proveniente do estupro não é filho igual, não dá pra excluir o psicológico*, já que filho não se cria sozinho e precisa da mulher.
E também eu posso dizer que receber o seu assaltante no natal traz benefícios. Seguindo esse raciocínio lógico.
Perdoar e receber as pessoas no natal faz bem.
A pessoa que te assaltou precisa ser perdoada.
Logo, você precisa receber seu assaltante no natal.
*E aposto que traz benefícios pela parte psicológica e não fisiológica. Falando só do fisiológico, parece que você está falando de cachorros e não de seres humanos.
Sim, não dá para excluir o psicológico, mas a questão não é puramente psicológica. É fisiológica, é sociológica, são todas a "logias" que fazem parte da saúde.
Se o teu raciocínio fosse:
Perdoar e receber as pessoas no natal faz bem.
O teu assaltante é uma pessoa igual.
Logo, perdoar e receber seu assaltante no natal faz bem.
Não só estaria mais próximo do raciocínio que eu fiz (evitando assim aquela falácia do espantalho), como também estaria totalmente correto. E eu discordo que filho de estrupo não é filho igual, é análogo a falar que filho bastardo não é filho igual.
Sobre a parte da aposta:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21835042http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18301401Isso é uma doença, sabe-se lá quantas mais estão associadas positiva ou negativamente. Os benefícios (e os malefícios) não são só psicológicos.
Entendi. Então para você, a questão toda é o domínio absoluto da mulher sobre o seu corpo, com o feto sendo um "hóspede" (ou "intruso", na visão de alguns) que pode a qualquer momento ser "expulso". Se essa expulsão resultar ou não na morte do feto, pouco importa, isso é problema dele e não da mulher!
Essa visão é incorreta por 2 motivos: primeiro que a mulher também tem responsabilidade sobre o seu filho (não apenas o homem hehe), e essa responsabilidade a proíbe de matá-lo, abandoná-lo, negar-lhe alimentos, cuidados, "expulsá-lo" de sua residência, etc. Nesse caso, a presença de seu filho no útero (algo imprescindível para a sua vida) também é mais um cuidado indispensável ao filho que a mulher está obrigada a dar.
Em segundo lugar, esse "hóspede" não entrou no útero da mulher de gaiato, sem permissão. Exceto em caso de estupro, foi a mulher quem o colocou lá (com a participação do homem, claro). Nesse caso, a mulher tem total responsabilidade sobre a vida do mesmo.
Sim, a questão toda é o domínio da mulher sobre o próprio corpo.
A mulher tem responsabilidade sobre o filho quando ela aceita essa responsabilidade (por exemplo, quando decide criá-lo, ao invés de dá-lo para adoção ou aos cuidados de terceiros). O mero fato da criança estar dentro dela não a obriga a nada.
Discordo também da segunda parte, como disse, não acho que o fato de ser mãe ou pai biológicos confere essas responsabilidades. Eles recebem essas responsabilidades no momento em que aceitam criar a criança. Talvez possa ser argumentado que fazer sexo já é uma aceitação implícita desta responsabilidade - não estou certo quanto a isso, mas poderia ser. De certa forma remete à discussão de anticoncepcionais/vasectomia/histerectomia que estava tendo com a Price. De qualquer jeito, isso não retiraria da mãe o direito sobre o próprio corpo e, ao meu ver, o direito de interromper a gestão quando bem entender.
Você está se contradizendo. Se existe um conflito entre interesses do feto VS interesses da mulher, e se o feto é filho do homem, logo o homem também tem TOTAL interesse e direito de palpitar nesse conflito, ainda mais se ele estiver inevitavelmente obrigado a registrar e sustentar o filho.
(...)
Falso.
O homem pode ter interesse em palpitar, mas isso não lhe dá o direito. Continuo afirmando que a questão é entre o direito da mulher e o direito do filho, sem que nenhum direito do pai esteja em jogo. O fato do pai ter o dever de sustentar o filho não lhe dá direitos sobre o filho ou sobre a mãe do filho. Ter o dever de servir o exército não me dá direitos sobre o ele. Sou homem, gostaria de ter esse tipo direito, mas simplesmente não tenho.