Adorei que você tenha ido ler o livro para continuar essa conversa.
Que bom. Eu tinha começado a ler este ano, e parado na apresentação dos personagens. A discussão foi a motivação que faltava.
E quanto me deparei com capítulos curtos, aí que a leitura rendeu, heheh. Gostei bastante de ter lido.
Enfim, percebeu a falta de opção de Capitu? E o injusto julgamento machista, que embora sem comprovação, majoritariamente condena Capitu? E porque o mesmo não é feito com Escobar, melhor amigo de Bento e suspeito de ser o suposto amante e pai do filho de Capitu?
Percebo todos esses pontos, mas me fugiu o fio da meada, por que estávamos discutindo isso mesmo?
Não tem muito o que culpar no Escobar, porque ele logo morre (ou seja, é castigado).
Há uma outra traição que ele comete e é citada no livro, sem receber muita importância, e sim, isso é machista, mas entre homens a modalidade de traição "puladinha de cerca" sempre foi vista com pouca importância, caso não traga maiores consequências. Agora fazer o marido criar um filho que não é seu, isso é grave, não é nem pelo sexo...
Não acha que talvez você não tenha considerado a narrativa tendenciosa justamente por acreditar cegamente no narrador? Até que ponto um narrador tão envolvido emocionalmente na história pode se manter neutro?
Eu sei que a narrativa é tendenciosa, o problema é que eu sou um homem ciumento e desconfiado.
Acho que o narrador tem uns momentos de maturidade interessantes, quando analisa e reconhece seus erros (sua juventude, e ciúmes principalmente), e essa autoanálise me passa alguma segurança quanto à veracidade da narrativa. Além disso a maneira como ele conduz as descrições de situações, quando afirma que irá ser breve para não entediar o leitor, ou que para esclarecer tal ponto bastam dois, um ou nenhum exemplo, esse tipo de coisa me sugere uma boa dose de autocrítica.