Na verdade, a única diferença da visão de Marx sobre os juros em relação à visão da Igreja católica medieval e do inicio da renascença sobre juros é que Marx achava que HOUVE UMA ÉPOCA, em que os juros eram necessários, pois havia necessidade de acumulação, mas que nos países industrializados da segunda metade do século XIX, não havia mais necessidade disso, nem de qualquer tipo de acumulação, que isso só levava ao subconsumo e por isso não mais era funcional e por isso a partir dessa fase os juros deveriam acabar, enquanto que Igreja católica das épocas que eu citei, julgava que sempre e em qualquer época os juros estavam errados.
Quanto à questão de ser funcional ou não. Havia partes das obras de Marx em que ele dizia que era só por não ser mais funcional que ele era contra, a partir de certa fase da História, que ele era contra certas coisas, como o juro, a relação assalariada, etc....e que não era por razões morais. Só que em outras partes de sua obra (sobretudo em escritos curtos de divulgação estilo o "Manifesto comunista") mas também em alguns capítulos de "O capital" como o sobre o que ele chamava de "acumulação primitiva" ele usava uma linguagem de inconfundível indignação moral ao descrever pobrezas, más condições de trabalho, escravidões (inclusive de épocas de um ou mais séculos antes de ele nascer) e também um tom de inconfundível indignação moral ante desculpas ideológicas de dizer que os pobres são pobres porque são preguiçosos. E textos de autores marxistas posteriores aumentaram ainda mais essas partes, sobretudo em autores marxistas estilo cão-raivoso, como Eduardo Galeano e Júlio José Chiavenato, e há leituras obrigatórias assim na faculdade de História, e acho que foram justamente os textos desse tipo de caras que pelo menos um pouco me influenciaram não muito bem.
E quanto à questão de em outras partes de sua obra, Marx escrever que era só por não ser mais funcional que ele era contra certas coisas e não por motivos morais, foi um dos argumentos dos comunistas-leninistas para suas atrocidades, diziam que criticar as atrocidades comunistas era moralismo, coisa que Marx tinha dito que não tem a ver, só que ao falar e escrever sobre as atrocidades de ditaduras de direita (ou mesmo exageros contra o capitalismo em si), aí sim usavam uma linguagem de indignação moral....
Além do argumento de coisas como o capitalismo e juros etc...não serem mais funcionais, havia também o argumento de que era a vitória futura que legitimava a ideia do socialismo-estilo-outro-sistema e não qualquer principio moral e isso foi igualmente uma justificativa que os comunistas-leninistas deram para suas atrocidades.