O que foi que eu falei? Nem precisou esperar tanto.
Só hoje já pipocaram mais duas notícias cabeludas da gigante estatal que está sendo sangrada desde 2006. Somando-se ao meu post anterior, já são somente 3 (três) notícias cabeludas num único santo dia.
Essas agora vieram da Folha.
Petrobras fecha R$ 90 bi em contratos sem licitação
Montante equivale a quase um terço do valor que foi gasto de 2011 a 2013
Em suas justificativas, a estatal alega que o contratado era um fornecedor exclusivo ou que havia emergência
DIMMI AMORA FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA
A Petrobras assinou pelo menos R$ 90 bilhões em contratos nos últimos três anos sem fazer qualquer tipo de disputa entre concorrentes, escolhendo, assim, o fornecedor de sua preferência.
O valor contratado sem licitação corresponde a cerca de 28% dos R$ 316 bilhões gastos pela Petrobras entre 2011 e 2013 com empresas que não pertencem à estatal ou que não são concessionárias de água, luz, entre outras.
As modalidades normalmente adotadas pela administração pública, como concorrência e tomada de preços, representam menos de 1% dos contratos da Petrobras. Em 71% dos casos, a forma de controle é mais branda, como carta-convite.
O levantamento da Folha foi feito em registros de extratos de contratos disponíveis da companhia. Eles apontam ainda que compras bilionárias, serviços previsíveis e outros sem complexidade foram dispensados de concorrência.
Em suas justificativas, a estatal alega, principalmente, que o contratado era um fornecedor exclusivo ou que havia uma emergência.
[...]
O nosso país é singular. Possui uma Lei de Licitações, que exige tal modalidade na administração pública, e possui também um Decreto para simplificar a Lei e dispensar a tal da concorrência. Quando não se cumpre uma, usa-se o outro para entrar nos conformes.
Muito criativo, típico de país muito "sério".
Mas tem mais.
Agora é a restauração de uma igreja feita por uma ONG que não tem experiência nesse tipo de trabalho. A ONG subcontratou outra empresa, que também tem zero experiência em restauração. E foi tudo, mais uma vez,
sem licitação. Parece brincadeira. Os relatórios da Petrobras dizem que a obra foi concluída, mas não foi.
Querem agora aditivo (palavrinha mágica

) para terminar a obra.
E nesse rolo,
2,5 milhões não têm nenhuma comprovação de gastos. Sumiu. Escafedeu-se.
Patrocínio da Petrobras à restauração de igreja gera perda de R$ 4,2 milhões
AGUIRRE TALENTO
DE BRASÍLIA
07/04/2014 14h08
Um patrocínio cultural da Petrobras para a restauração de um convento e uma igreja na Bahia teve dano ao erário de R$ 4,2 milhões e tráfico de influência na escolha da entidade beneficiada, aponta auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União).
As obras do convento e da igreja de Santo Antônio de Cairu, no município de Cairu (294 km de Salvador), até hoje estão inacabadas. Segundo a CGU, isso contraria os relatórios técnicos da Petrobras, que contabilizam a realização de 100% das obras previstas no orçamento, enquanto a controladoria detectou, por amostragem, que 26% dos serviços previstos não foram executados.
Os repasses foram feitos entre 2005 e 2009, época da gestão do ex-presidente José Sérgio Gabrielli. O patrocínio cultural teve contratos assinados por Wilson Santarosa, gerente de comunicação da Petrobras.
Por meio do patrocínio cultural, a Petrobras destinou R$ 7,6 milhões à ONG Grupo Ecológico Humanista Papamel, que subcontratou uma empresa recém-criada, a Patrimoni, para a qual repassou a maior parte dos recursos. Nem a Papamel nem a Patrimoni possuíam experiência em restauração de patrimônio histórico, diz a CGU.
"Pela data de abertura da empresa Patrimoni, já se percebe que ela foi deliberadamente constituída para executar as obras de restauro do convento franciscano e da igreja de Santo Antônio de Cairu", afirma o relatório.
Pelos serviços previstos e não executados, a CGU contabilizou um prejuízo de R$ 1,7 milhão. Também foi registrado no relatório outro prejuízo de R$ 2,5 milhões por saques dos recursos repassados pela Petrobras sem a comprovação documental que justificasse a retirada e aplicação dos recursos.
Por último, o relatório divulga e-mails trocados entre as partes envolvidas e aponta acesso a "informações privilegiadas" da Petrobras por parte do responsável pela Patrimoni, o engenheiro Manuel Telles. Segundo a CGU, a escolha da ONG "não atendeu ao interesse público, caracterizando claramente o direcionamento na seleção da entidade proponente".
[...]
Leiam tudo nas fontes das notícias. Links, nos títulos das matérias.
Acho que vai faltar semana para dar conta de tanta lama que sai dos poços da Petrobras.
Acionista amigo, meus pêsames, meus sentimentos.