E vocês não vêem nisso um movimento histórico bem interessante de abandono da religião e de uma visão transcendental da vida? Tipo, há séculos atrás, numa Idade média, esse tipo de visão seria visto como um ateísmo também, sem qualquer diferença, pois não há Deus, ainda que haja uma mistificação em torno da existência.
Não, acho que não é abandono e sim troca. E há séculos atrás, na Idade Média, isso não seria visto pela população cristã como ateísmo, mas como paganismo, pela práticas que abrange.
Então, sinceramente eu fico bem feliz de ver que cada vez mais esse tipo de religiosidade light está crescendo, porque me parece parte de um processo de entendimento de um monismo e de volta do ser humano a uma imanência natural. Ainda que num primeiro momento esteja carregada de espiritalidade, acho uma grande evolução vagarosa mas que expressa uma possibilidade futura de um entendimento completamente imanente da vida pela população em geral.
O que penso é que
light não são exatamente as crenças, mas as pessoas. Um "católico não praticante" pode ser muito mais comedido e analítico em sua crença do que uma pessoa totalmente cega por qualquer uma das práticas da Nova Era. Percebo misturas de ilusão, delírio, ignorância, auto-engano e picaretagem em diferentes proporções em boa parte de seus expoentes disseminadores, que se comportam como verdadeiros comerciantes de "bem-estar", "harmonia", "entendimento", etc. Por esse motivo, não consigo ver com bons olhos a Nova Era.
Acho que temos mais é que fomentar e encorajar essas religiões, já que o povo ainda precisa de religiões, acho que são muito menos perigosas que os fundamentalismos que temos por ai.
Acho que seria melhor encorajar e fomentar o conhecimento e deixar que o povo tire suas próprias conclusões acerca das religiões e doutrinas.
Eu acho essas pessoas da nova era fofíssimas
E sinceramente adoro muitas dessas ideias que carregam grandes conteúdos filosóficos importantes, ainda que expressos de forma pasteurizadas...
Conheço pessoas que se identificam com um ou mais fatores da Nova Era e sim, são fofíssimas. Assim como uma porção de católicos, evangélicos, um ou outro budista e mais uma porção de ateus.
O fato é que, fofas ou não, essas pessoas podem ser extremamente escravizadas pelas pseudociências promovidas pela Nova Era. Sei de casos de pessoas incapazes de tomas decisões antes de consultar oráculos, pessoas que não assumem a responsabilidade dos acontecimentos de sua vida, porque esses são decididos pelos astros, nem por suas características pessoais, que é decidida pelo signo e outros tantos absurdos. Sem falar do que eu penso do sustento de picaretas como o Walter Mercado, por exemplo...
Quanto ao conteúdo filosófico, ele pode ser encontrado em qualquer coisa, basta que exista uma reflexão voltada para isso, não é preciso toda a parafernália da pseudociência. Nós atribuímos significado as coisas.
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Ontem uma conversa aqui no fórum me lembrou de um filme muito bom;
Being There (traduzido como
Muito além do jardim). Esse filme aborda de uma forma brilhante a relação entre os interlocutores e uma das reflexões que podemos fazer (pode-se pensar em muitos temas a partir dele) é sobre como somos capazes de projetar em algum fator externo nossas próprias aspirações, dotando algo (um discurso, um acotencimento, qualquer coisa) de um significado que não possui. Se ainda não o viu, veja.