Quais são essas leis que foram feitas com o intuito de oprimir minorias?
A questão não é leis que foram feitas para oprimir, mas que se um grupo está sendo oprimido e as leis gerais e vigentes não estão dando conta de uma correção social deste problema, leis especificas podem ser criadas para igualar esses grupos em direitos.
Negativo, é essa a questão. No comentário anterior lê-se:
Numa sociedade assim, as leis aparecem ou como confirmações dos privilégios dos grandes ou como repressão dos pequenos.
Que leis são essas feitas com o intuito de reprimir os pequenos?
A disso que você está falando ai só a Marilena sabe, não fui eu quem disse, é uma citação. Mas chuto meu palpite, se você notar ela estava falando da estrutura social na visão dela, uma sociedade hierarquizada, extremamente desigual economicamente falando. Então pro esse viés consigo te responder sim, por exemplo as leis que definem uma tributação extremamente desigual onde ricos pagam pouco e pobres pagam muito.
Isso é um desconhecimento seu sobre as leis. As leis que definem encargos diferenciados são baseados em conceitos de econometria e relatividade econômica, não no "interesse de oprimir o povo". Pode-se falar, por exemplo, que deveriam ser baseadas em encargos menores, em menor aplicabilidade e até nos conceitos empregados em sua confecção, que seriam questionamentos plenamente procedentes e desejáveis.
Gostaria de você me dissesse, sendo o mais específico possível, o motivo dos gays necessitam de uma lei especial, ao invés de uma modificação/especialização da atual?
Como falei o erro não é meu é da Marilena, se não entendo quase de política, quem dera de economia.
"Gostaria de você me dissesse, sendo o mais específico possível, o motivo dos gays necessitam de uma lei especial, ao invés de uma modificação/especialização da atual?"
Ah se você coloca que podem ser feitas modificação/especialização da atual já está de bom tamanho. Quando falo em leis especiais é porque estou dialogando hipoteticamente com quem acha que NADA precisa ser feito. Tento mostrar que precisa, faz parte do meu discurso que ve a NECESSIDADE de uma mudança. Para quem também enxerga que as leis atuais em casos específicos não estão resolvendo o problema de todos (no caso gays) e propõem modificações que abranjam todo mundo, não um grupo em particular, mas que possa resolver os problemas dos homossexuais também por tabela, acho ótimo e acho que essas ideais são sempre bem vindas para serem discutidas.
O problema é que a sociedade precisa fazer isso então. Não vejo ser feito, e POR ISSO o movimento gay articula suas propostas para acabar com algo que a sociedade até enxerga como problema mas não se movimenta para resolver. E com isso acabam vendo a necessidade de criar leis mais específicas, mas que a sociedade então dialogasse de fato não só dizendo "ESSAS LEIS SÃO PRIVILÉGIOS ANTICONSTITUCIONAIS E ABSURDOS E NÃO ACEITAMOS" Mas que então proponham e realizem mudanças efetivas caramba. Trabalhem de verdade a educação nesse sentido para além do "Ahh é o que devemos fazer". Se isso não é feito, e um grupo está sendo oprimido ele não vai esperar, ele ai reagir e vai lutar de todas as formas que puder.
Ok, talvez sejam só os termos que você emprega que geram a confusão. Não existe sentido nos gays terem suas próprias leis (vide minha discussão com o Batata no tópico 'O facista mora ao lado'), mas pode existir sentido em modificar leis atuais que estejam desatualizadas.
Eu desconheço parte das reinvidicações do movimento gay, assisto às vezes alguns vídeos do Jean Wyllys e nunca encontrei a resposta para a pergunta que te faço:
Depois da possibilidade do casamento entre gays e da adoção de crianças por gays, qual é a lei atual que é realmente incompleta, ou seja, que não somente é mal processada, que impede aos gays um direito que deveria ser de todos?
É que sempre que eu entre nesta discussão em algum grupo, eu preciso me posicionar como o mais radical possível para bater de frente com os mais radicais, essa é minha posição pessoal, porque senão nós ficaríamos discutindo todo mundo que meio que se concorda e não leva a nada.
Agora sobre a sua pergunta, tirando a questão do casamento com direito a adoção de nome (não união civil), da adoção, e de questões legais com relação a heranças e toda essa parafernália, o que falta mesmo aos gays é reconhecimento social.
E é só por isso que a coisa complica. Vou ser sincero agora então, não sendo porta voz "do movimento", é opinião pessoal. Eu sei que é complicado querer que o estado legisle para a promoção social de um grupo, que legisle valores morais. Mas como resolver então se é isso oq ue faltam a todas as minorias? Precisamos ser promovidos a categoria de cidadão pleno não só de direito mas de reconhecimento social, o que não acontece, e se você for sincera vai admitir isso.
Gay, negros ainda são vistos por grande parte da população como escória ou ao menos como algo não natural e de grande estranheza. No que isso me afeta? Em tudo, um gay mais afeminado ou uma travesti pode não conseguir determinados empregos, não posso expressar meus sentimentos em público, corro o risco real de ser agredido pelo simples fato de ser quem sou.
Então como resolver isso? Não dá, e eu sei disso, para o estado sair criando leis de costumes para cada coisa que não podemos fazer pelo preconceito enraizado na população. Não dá para criar a lei "Gays e héteros tem o direito de se beijar em publico". Mas eu quero esse direito que um hetrero tem, como se faz?
Temos que mudar os costumes, temos que educar a população. A sociedade faz isso? NÃO!! Legislar por costumes não é dever do estado, mas favorecer uma educação inclusiva e realizar campanhas efetivas de promoção da igualdade ele poderia e não faz. E ai como resolvemos. Mesmo que possamos ter todos os direitos legais como casar e etc, vai faltar essa mudança de costumes na sociedade.
Essa mudança a meu ver vai se dando por essa nossa tática invasiva e dura de nos fazermos ouvir e exigirmos sermos tratados como iguais. Para isso vamos forçar o estado até a criar leis especiais no mínimo de proteção, e até de promoção. Mas o que importa na minha visão, não são as leis em sí serem aprovadas, mas é através da luta por elas que estamos fazendo as coisas mudarem na área dos costumes que é o que realmente importa. Obrigamos as pessoas a nos verem, nos ouvirem, e se darem conta de nossa posição ainda desprivilegiada.
Então resumindo pra mim o mais importante não é a lei sair, não é saber se de fato é papel do estado ou não é, eu vou dizer que é e vou fazer o estado e a sociedade pensarem nisso, porque é isso e não a lei que está causando uma real mudança.