Assim que tiver tempo vou dar uma lida nesse texto longo, mas isso me cheira a bullshit de alto grau de pureza.
Não sei se é o caso do tal filósofo e espero não estar sendo injusto com ele, mas acho ridículo quando certos autores (geralmente apreciadores do misticismo oriental) ficam reclamando do reducionismo: Primeiro, não creio que exista alguem que defenda que todos os fenômenos, da economia à consciência, possam ser computados, ou ter sua cadeia de causas e efeitos destrinchada a partir de princípios fundamentais - existe uma diferença enorme entre, digamos, reconhecer por um lado que uma lembrança associada ao gosto de um morango se deve a interações entre moléculas e por outro saber os detalhes de toda a cadeia de interações entre uma enorme quantidade de substâncias em solução na saliva com as papilas gustativas que se traduzem em potenciais de ação e liberação de vários neurotransmissores no cérebro. É claro que em cada nível de descrição é preciso haver algum tipo de simplificação. Mas daí a dizer que existe uma ausência de ligação fundamental entre os elementos de um sistema e seu comportamento macroscópico é fazer um chute completamente sem base nos fatos.
Segundo: o reducionismo funciona. Nos casos em que somos capazes de rastrear a cadeia de causas e efeitos que levam elementos simples de um sistema a um comportamento coletivo complexo, sempre conseguimos uma boa concordância com as medidas experimentais: conseguimos usar a mecânica quântica para explicar reações químicas. Conseguimos usar a química para explicar a biologia da célula. Conseguimos usar a biologia celular para descrever os padrões de ativação dos neurônios e assim por diante. No fundo, muita gente que nega o reducionismo está usando algo semelhante ao argumento do deus das lacunas: "o reducionismo ainda não conseguiu explicar X, portanto, X não pode ser explicado pela lógica reducionista." O fato é que, do meu ponto de vista, para negar o reducionismo é preciso ter argumentos muito bons e baseado em fatos. Só o desejo de ter um pó de pirlimpimpim inefável na sua cabeça não é o suficiente.