Do site Projeto Ockham
Desafio ufológico
Céticos costumam acusar os ufólogos de não possuírem nenhuma evidência da existência de discos voadores além de fotos toscas, testemunhos suspeitíssimos e montes de teorias de conspiração. Os ufólogos sempre responderam que céticos seriam incapazes de acreditar em discos voadores mesmo que um deles aterrissasse em sua sala de estar. No último mês de setembro a disputa esteve a ponto de ser definida.
Tudo começou quando, depois de uma longa troca de mensagens acaloradas, o fundador e editor da revista UFO, fundador e presidente do Centro Brasileiro para Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), Ademar Gevaerd desafiou Kentaro Mori, notório representante da comunidade cética nacional e fundador do site Ceticismo Aberto, a provar que UFOs não existem. Em vez de argumentar que tentar provar que algo não existe poderia ocupar alguém pelo resto da eternidade (se a moda pega, a próxima tarefa seria provar que não existem Klingons ou Vogons), Mori aceitou o desafio, esperando que as regras do desafio fossem fixadas pelo desafiante, e convidou o psicólogo Wellington Zangari, do grupo de estudos InterPsi da PUC de São Paulo, para mediar a contenda.
Acertados os termos do desafio, ambas as partes concordaram que Gevaerd deveria apresentar o mais consistente caso ufológico já ocorrido no Brasil para apreciação de um grupo de cinco cientistas de renomadas universidades brasileiras. Os cientistas, escolhidos por suas credibilidade e isenção, examinariam a documentação e atestariam se o fênomeno UFO pode ser considerado real com base nas evidências apresentadas.
Infelizmente, somente alguns dias depois de aceitar o desafio nas bases propostas, Gevaerd simplesmente desisitiu de todo o caso. "Não me sinto na obrigação de oferecer provas de que os UFOs existem a quem quer que seja", disse Gevaerd em sua mensagem de desistência, acrescentando: "Meu desafio não é para ser levado a sério". Carlos Reis, ombudsman da revista UFO, que segundo Gevaerd o teria desencorajado a ir em frente, foi mais incisivo: "Não podemos afirmar em sã consciência que [o fênomeno de natureza desconhecida com que lidamos] seja extraterrestre, nem podemos falar em "alienígenas", pois são apenas suposições, teorias, hipóteses, elocubrações". Ficou no ar a esquisita sensação de que Carlos Reis acabou por concluir nada mais nada menos do que aquilo que os céticos sempre disseram.
É difícil saber quem mais perdeu com o episódio. Os ufólogos sérios viram escorrer pelo ralo uma bela oportunidade de ver suas investigações apreciadas pela comunidade científica brasileira, o que sem dúvida teria dado projeção internacional à ufologia nacional. Já o editor da revista UFO fazendo que ia quando vinha e bravateando para todos os lados perdeu credibilidade junto aos seus leitores e terminou por fornecer aos críticos da ufologia farta munição na recorrente acusação de que falta ciência à ufologia. No mais, tudo permaneceu como antes.
Eu mesmo, na localidade de Silva Jardim, RJ, vi, juntamente com outras pessoas, algo que não sei explicar. Mas não foi tão espetacular como em outros relatos. Uma luz que se movia no horizonte, no fim de tarde, de dimensões e padrões de movimento incompatíveis com qualquer coisa natural ou artificial conhecida.
Amigos meus já me fizeram um relato de avistamento bem mais impressionante. Uma história que foi confirmado por todos que supostamente estavam presentes.
Mas esse episódio da revista UFO é intrigante. Estes caras que há décadas colecionam testemunhos, fotos, imagens, objetos, etc... aparentemente não foram capazes, ou não se sentiram seguros, para apontar um único caso de UFO que não pudesse ser demonstrado falso.