Descrença/crença são coisas ingênitas e, receia o Cientista, não alteráveis na atual tecnologia.
Me parece muito mais provável defender a ideia de que crenças são construídas durante a vida mediante a influência do ambiente sócio-cultural do que por um processo inato, dado a priori.
Para mim já está bem verificado que é assim que te parece.
Ocorre que... (e aqui está o 'detalhe' a recorrer, que te corrijo mais uma vez) não falei "crençaS/descrençaS", disse *crença/descrença*. Percebe a diferença?
Um índio sul americano que nunca tomou conhecimento do termo de Javé, o deus das religiões judaico-cristãs, não poderia acreditar em sua existência visto que não conhecia nem a existência de tal termo e nem mesmo o seu conceito.
E a diferença é que não se trata, a questão da crença/descrença, do QUE pensar, trata-se de COMO pensar. Não importa qual objetificação mágica será (não)construída/crida, importa se alguma será ou não. E isto é totalmente individual, como as raras dissidências mostram bem -- descrentes surgem em todas as sociedades imersoras de crença; crentes mantêm-se crentes diante de tantas quantas evidências forem contrárias; crença/descrença é totalmente pessoal ("contexto socio-cultural" é nada mais que miragem nisso, só uma fonte de figurinhas para serem adotadas de acordo com as tendências pessoais de cada um).
Este mesmo índio também não poderia acreditar na lei da gravidade ou nas demais leis e teorias cientificas, visto que não conheceria o conceito de nenhuma delas.
Você foi extremamente infeliz ao falar aqui em leis e não, pelo menos, em teorias, quase tanto quanto tentar comparar isso com crenças em deuses específicos. Leis são costructos diretos da realidade natural, não deduções extrapolatórias da mesma. Leis restringem-se à indução. A desgraça da dedução é que se a (a indução) pretende extrapolar por ela.
Todas estas possíveis crenças acima são adquiridas mediante a experiência de ser instruído do que seus conceitos significam e porque faz sentido acreditar neles, isso é fruto de uma influência sócio-cultural,
O negrito diz tudo. Você mesmo admite. Faz sentido para que tipo de mente? Qualquer uma? Não para uma como minha, por certo.
Um deus qualquer não pode ser pessoalmente verificado experimentalmente; leis científicas podem. Para deuses, é só com você a "decisão" de, simplesmente, crer ou não. Quanto às leis, você terá que fazer ilações extras sobre a realidade para continuar duvidando delas mesmo as confirmando dentro dos limites indutivos. (Não se trata da questão de se uma lei funciona no absoluto de todos os domínios, o de que falo; trata-se daquela imbecil "questão" humiana de se uma lei é mesmo uma lei ou não, em sua própria repetibilidade já verificada com todos os fatores os mesmos.)
e não de um fator genético que faria das crenças em qualquer sentido algo inato.
Eu não disse genético, eu disse ingênito. É uma enorme diferença porque neurônios competem entre si na neurogênese em moldes darwinianos. Eu já disse uma vez por aqui, se pudéssemos ver as diferenças entre cérebros humanos como vemos a diferença entre as pernas da... Ana Hickmann e as de uma pobre anã, comparativamente, seria como se a Ana Hickmann, pisando na superfície terrestre, pudesse cabecear um quasar. Cérebros são, certamente, as estruturas biológicas mais dispersantes.