Infelizmente as discussões ficaram assim:
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/05/30/logica-binaria-nosso-maior-orgulho-nacional/Trecho:
Lógica binária
Criticou gastos para a Copa? Não gosta de futebol.
Foi à rua protestar? Quer derrubar o governo.
Elogiou uma ação do governo federal? Petralha.
Comentou que uma política de São Paulo era boa? Tucanalha.
É de esquerda? Tem que fazer voto de pobreza.
É de direita? Chicoteia os empregados.
Defendeu sem-teto? Se não levar para casa, é hipócrita.
Enquanto ficarmos assim, distilando ódio ao invés de debater, nossas discussões não vão muito além de "a ptzada rouba demais", "a tucanada não vale nada", "os liberais não ligam pra ninguém"... um ad hominem atrás do outro.
A corrupção é um problema. Todos os partidos concordam com isso. Todos os partidos têm corruptos também. Ao invés de ficarmos nos digladiando disputando quem rouba mais, poderíamos investir no apoio a discussões que realmente possam melhorar a situação. E como os políticos estão mais ligados em se manter no poder, eles acabariam se submetendo... mas apenas se qualificarmos a discussão. Se não a qualificarmos, se não debatermos ideias e nos mantivermos apenas nesses ataques mútuos genéricos, nada vai efetivamente mudar.
Deixem-me dar um exemplo, há diversas legendas de aluguel, que só existem para receber o dinheiro do fundo partidário e negociar tempo de TV nas eleições. Como eliminá-las? Simples, basta uma cláusula de desempenho (como tem em Israel, por exemplo). Mas será que os políticos vão aprovar isso? Bem, na verdade eles já aprovaram. A pressão sobre os políticos foi tanta que cortaram na própria carne e aprovaram isso. Infelizmente o STF atendeu à demanda de alguns partidos nanicos e considerou a lei inconstitucional.
Outro exemplo, grande fonte de corrupção é o financiamento de campanha. Há uma proposta no Congresso que institui o financiamento público, outra que impede doações de pessoas jurídicas. Se você é contra o financiamento público, ok, defenda o fim de doações de pessoas jurídicas, ou outra proposta. O que não dá é, ao invés de discutirmos propostas, nos limitarmos a berrar "a corrupção tá no dna do partido tal". Isso, no mínimo, é ingenuidade.
Outra coisa muito importante, precisamos aprender a perder. Numa democracia é assim, às vezes ganhamos e às vezes perdemos. Sou contra a existência de cotas raciais. Escrevi um e-mail pro meu senador e pedi pra ele votar contra. Não adiantou nada, passaram as cotas raciais no serviço público. Aliás, meu senador votou a favor das cotas (na próxima eleição vou votar em outra pessoas, rsrs). Tudo bem. Não mudei de opinião, mas nem por isso nego a legitimidade das cotas, legalmente aprovadas, tampouco digo que vivemos numa ditadura gayzista que deseja espalhar o ódio racial (tenho um amigo que acha isso). Só porque algumas de minhas concepções são hoje minoritárias não significa que vivemos numa ditadura e que o governo da ocasião seja o mal em forma de sindicalistas.
Enquanto nos limitarmos a apenas odiar o PT não haverá uma discussão política de fato. E correremos o risco em eleger um(a) aventureiro(a), cujo único e duvidoso mérito seria ser diferente.