O que não sei se ocorre por haver uma espécie de conspiração do clube do Bolinha ocorrendo na maior parte do tempo, ou se são só outras dinâmicas naturais com menos vilões e vítimas.
Não há conspiração de homens contra mulheres, se fosse assim, seria muito mais fácil mudar a sociedade. Uma questão que tem uma forma deliberada e intencional é muito mais fácil de combater do que uma questão cultural que está arraigada na forma de pensar e na educação das pessoas.
Não, isso não é uma "coisa" que existe e que ativamente empobrece a mulher.
Sim, é.
Isso "é" as mulheres se sentindo menos pressionadas para ascenção profissional, e, principalmente na maternidade, preferindo empregos mais flexíveis, mesmo que paguem menos.
Ou as mulheres não tendo as mesmas opções que os homens naturais de estabilidade que os homens são pressionadas a procurarem empregos mais flexíveis ou abandonar seus empregos, porque tradicionalmente a educação e a criação dos filhos no lar é por conta delas, e não de forma dividida como justamente deveria ser. E ainda a maternidade confere um peso econômico individual do qual ela não está totalmente protegida.
A maior parte da "diferença de opções" deve se dar por homens serem mais preparados fisicamente para alguns trabalhos de "peão", especialmente no início da vida profissional. Os demais empregos na maior parte do tempo devem estar sendo distribuídos mais ou menos de acordo com a procura (se houver igual qualificação), que é provavelmente um pouco maior por parte dos homens, por razões tradicionais da sociedade, como ser o provedor, ligado a querer "impressionar", e as mulheres não precisarem se preocupar tanto com isso. Num dos links que postei anteriormente, era exemplificado como em uma sociedade onde as mulheres é que são as principais provedoras, elas também são mais competitivas, e os homens, mais passivos, como mulheres em outras situações.
Talvez isso não seja "como justamente deveria ser", mas é uma dinâmica natural derivada de não sermos hermafroditas/assexuados. Talvez se possa artificialmente tentar igualar as coisas, algo próximo das leis dessa cultura que mencionei (que praticamente invertem as coisas), mas não acredito que é desejável esse tipo de engenharia social. Basta haver uma boa economia, uma "rede de segurança", e leis anti-discriminação real, que está de bom tamanho.
O que está dizendo é em outras palavras que "opções profissionais voluntária que implicam em menor renda empobrecem as pessoas". É simplesmente tautológico. O mesmo vai acontecer com homens que fizessem as mesmas opções, eles não estão "sendo empobrecidos" como vítimas. Não se pode forçar todos os empregos, com todas as condições de trabalho/dedicação, a pagarem o mesmo.
Se o pensamento majoritário ainda fosse esse, não haveria licença maternidade e nem estabilidade para mulheres nessa condição.
Não, não tem nada a ver. Pode-se perfeitamente aceitar que o mecanismo seja comum em ambos os casos, mas no entanto não dar igual valor social a um hobby qualquer, com relação à maternidade, e dessa forma, se ter licença-maternidade e não "licença-hobby-qualquer".
Poder pode, mas estaria no mínimo incompleta a explicação. A mulher, ao ter filhos -- ou o homem, ao se dedicar significativamente a outra coisa não-profissional qualquer, até mesmo a cuidar dos filhos -- vai ter menos tempo para investir na carreira, e para conciliar a maternidade (ou algum hobby) com a vida profissional, vai precisar de trabalhos mais flexíveis, e irá aceitá-los mesmo que estes paguem menos.
Não vai mesmo. À mulher sempre sobram o trabalho dobrado, com o lar, como os filhos e ainda com se sua vida profissional. Homens trabalham muito menos em casa, não deixam de trabalhar para cuidar dos filhos ( ou levar ao médico, por exemplo) e ganham mais que as mulheres em suas profissões. E pra deixar claro, essa é uma condição que afeta negativamente os homens também, eles se estressam mais, estão mais vulneráveis aos riscos do trabalho, adoecem mais, se cuidam menos, por causa da pressão de provedores invulneráveis que devem ter diante da sociedade e da família, mas são os homens quem mais resistem às mudanças e mais sofrem quando elas acontecem.
Ou seja, o ideal é que, em vez de algo como o homem se estressando 95% do tempo no trabalho, e 5% em casa, enquanto a mulher se estressa 40% em casa e 60% no trabalho, se crie leis para que cada um se estresse igualmente tanto no trabalho, como em casa, em vez de se "especializarem" em uma atividade ou outra.
O homem em contraste, na paternidade (mas não em hobbies de alta dedicação e que requeiram horários imprevisíveis), vai ser visto como alguém com maior disposição para dedicação maior do que o de um solteiro, e acaba podendo ser favorecido inversamente numa forma de discriminação positiva, quando houver, ao mesmo tempo em que apenas a maior dedicação (profissional, que é o que rende; não digo que a dedicação combinada profissional e maternal seja menor) já pode trazer maior rendimento.
Como eu disse, a discriminação não é positiva para os homens.
Eu estou me referindo especificamente aos rendimentos. O que pode ser tanto em parte por discriminação positiva ("ele tem que dar duro agora, a coisa ficou séria, tem criança para cuidar; será um empregado dedicado, vai querer mostrar que merece mesmo um aumento"), quanto por motivação aumentada sob esse mesmo raciocínio. Isso acontece, há de fato a "vantagem salarial da paternidade", ao mesmo tempo em que há "desvantagem da maternidade".
http://en.wikipedia.org/wiki/Motherhood_penalty#Motherhood_vs._fatherhoodMas tradicionalmente os homens se verão com maior pressão para ser provedores e as mulheres com menor, e haverá muito maior aceitação social da dedicação exclusiva ao lar partindo por parte da mulher do que do homem.
Sim, e é isso que devemos mudar.
Todas as pessoas são livres para fazer isso. Os homens podem colocar em algum momento na conversa com suas pretendentes, como consideram a sociedade sexista e injusto que tenham que ser os provedores exclusivos ou principais. Que acham que a mulher, mesmo cuidando dos filhos, deve ainda se dedicar igualmente à profissão, não deixar a peteca cair, e que também, o homem tem direito a ter uma folguinha do trabalho para ficar mais com a família.
Conforme houver aceitação desses valores, eles se propagarão, os casais terão esse "acerto"; não precisam que lhes seja imposto, havendo "penas" para mulheres que queiram ser exclusivamente mães e/ou para casais que prefiram uma divisão mais tradicional de trabalho.
Não sei se isso é sobrepeso. Sobrepeso mesmo seria exigir da mulher renda e dedicação profissional que naturalmente só é conseguida quando não se tem a dedicação dividida.
Então, está mais que na hora do homem assumir as mesmas responsabilidades que as mulheres e a sociedade garantir que a mulher não esteja numa condição financeira desfavorável por causa de uma condição natural e tradicionalmente machista.
O homem não está se eximindo de responsabilidades, está mais ativamente desde trabalhando cedo por que é tradicionalmente tido como principal provedor. Seria mais o caso da mulher assumir a mesma responsabilidade profissional e se dedicar desde cedo com a mesma exclusividade/meta, ao mesmo tempo em que escolhe como parceiro alguém que ou esteja disposto a ser dono-de-casa, ou ter a dividir a mesma defasagem profissional em vez de tentar se dedicar mais ao trabalho para aumentar os rendimentos quando tiverem filhos.
As pessoas já são livres para isso, algumas fazem; mulheres com maior escolaridade comumente atrasam a maternidade e isso reduz o impacto profissional, tal como seria com alguém que não divida a dedicação profissional com outra coisa.
Pais solteiros também vão ganhar um menos que os casados (mas ainda mais do que mães solteiras) por mecanismos similares, não por discriminação.
Sua informação não parece ter procedência, por favor demonstre que pais solteiros ganham menos do que casados.
http://www.livescience.com/37918-record-number-of-single-dads.html[...]Single dads are more likely to be living with a partner than single moms (41 percent versus 16 percent). And single fathers, on average, are somewhat less educated, older and more likely to be white than single moms, Pew found. They also tend to make more money; 24 percent of single dads live at or below the poverty line, compared with 43 percent of single moms.
Even so, single dads are worse off financially than married fathers. The median annual income for a household of three led by a single dad is about $40,000, compared with $70,000 for a household headed by a married father and $26,000 for a household led by a single mom, according to Pew.
Compared with married dads, single fathers are also usually younger, less educated, and more likely to be non-white. Among fathers under age 30, 27 percent are single parents. Among dads living below the poverty line, more than one-third, or 36 percent, are single, too.[...]
São situações onde as pessoas se colocam mais ou menos voluntariamente. É como resolver se dedicar a um hobby ou outro aspecto não-lucrativo do estilo de vida e assim dedicar menos tempo ao desenvolvimento profissional. A sociedade (ou o estado) não tem muito como corrigir isso, é uma questão de administração pessoal de prioridades, de escolhas de vida. Provavelmente é melhor que o estado nem se envolva. Apenas onde de fato houver discriminação não-análoga a que haveria a outra pessoa com a mesma capacitação e dedicação/disponibilidade profissional (dividida), o que deve ser uma minoria dos casos.
Não vejo como um condição totalmente voluntária, em algum momento da vida a grande maioria das mulheres vai engravidar e a opção para ela será restrita à largar o emprego para cuidar dos filhos, procurar outros empregos, interromper sua carreira profissional, etc.
Elas podem eventualmente engravidar acidentalmente, mas é comumente uma opção. Ou deveria ser. Algo planejado, preparado, para que tenham os filhos sob condições mais ideais de sustentá-los, em vez de terem que dar um jeito desesperadamente.
Tal como as pessoas podem fazer planejamento familiar livremente, podem também acertar livremente esses aspectos de divisões de trabalho. Acredito que será natural que muitos optem por uma divisão heterogênea, deve ser mais rentável ao casal como um todo, uma pessoa com dedicação "total" ao trabalho, versus duas com "metade" da dedicação. As oportunidades para crescimento de carreira e aumento serão maiores com a dedicação total. Mas é escolha de cada um/casal.
Eu apóio de qualquer forma políticas de incentivo ao planejamento familiar. Isso sim é algo mais efetivo/benéfico e mais razoável/não-insano com relação a tentar manipular valores tradicionais e não-nocivos da sociedade.
Não é muito diferente de adolescentes e jovens ganharem menos no início da carreira profissional, do que quando se desenvolvem mais e podem se dedicar mais exclusivamente à profissão, se fizerem isso. Haverá uma diferença natural mais ou menos proporcional na medida em que a dedicação da pessoa for para outras coisas. Você igualmente poderia protestar por discriminação contra famílias iniciadas em gravidez na adolescência, que vão naturalmente ter menor renda.
É uma condição similar, mas não é da mesma natureza, pessoas em inicio de carreira não precisam interrompê-las, abandoná-las, modificá-las e consequentemente serem prejudicadas profissionalmente por causa disso.
Mas é claro que tem! Adolescentes que têm filhos comumente precisam abandonar os estudos e se dedicar só ao trabalho e a criá-los (no máximo conseguem alguma ajuda dos pais em ambas as coisas), e em empregos que vão pagar menos, por terem menor escolaridade e formação profissional. E isso cria uma defasagem exatamente análoga, apenas em um momento específico da vida.