No documentário que citei acima, vários estudos-experimentos foram feitos com crianças ou bebês com pouca ou nenhuma influência sócio-cultural, em ambos os estudos-experimentos, os resultados apontaram para uma maior tendência dos meninos darem preferência a objetos-atividades mecânicas-técnicas, e as meninas para objetos-atividades mais sociais-humanas.
Você saberia me informar se os pesquisadores conduzindo o estudo e relatando as diferenças tinham ciência do sexo das crianças/bebês, ou se era adequadamente "cego"?
Pois outros estudos mostram que as pessoas tendem fortemente a interpretar o mesmo bebê, fazendo a mesma coisa, de forma estereotipicamente masculina ou feminina, de acordo com o sexo que é informado (informação que pode ser falsa). Mesmo fora de humanos há toda uma série de problemas com esse tipo de observação de comportamento e viés de quem o cataloga.
http://blogs.scientificamerican.com/thoughtful-animal/2012/09/28/the-weird-psychology-of-elephants/(Coincidentemente o texto menciona brevemente o mesmo experimento com bebês que eu mencionei)
E há problemas parecidos com estudos de outros animais, também. Há alguns anos houve todo um escândalo envolvendo um dos principais pesquisadores de comportamento de primatas, acusado de praticamente fabricar as descrições do comportamento observado. E toda a subjetividade na idéia de ensinar gorilas e chimpanzés a "falar" por gestos. Quando o Robin Williams se suicidou, disseram até que a gorila, que ele visitou uma vez, ficou muito triste ao saber.
Ao mesmo tempo, de vez em quando também alguém faz um estudo parecido e tem conclusões diferentes:
http://www.uws.edu.au/newscentre/news_centre/more_news_stories/research_finds_baby_boys_love_dolls_more_than_trucks(Onde foram usados computadores para acompanhar o movimento dos olhos, o que deve reduzir muito a subjetividade; totalmente, se os pesquisadores não descartam o que consideram inconveniente ao compilar a coisa toda).
Não obstante, como mencionado acima, o paradoxo é o de que nos países mais livres, igualitários e desenvolvidos do mundo, é onde a divisão entre homens e mulheres (nas áreas técnicas e humanas) é mais acentuada, mais acentuada inclusive do que nos países ditos pelas feministas como extremamente patriarcais, o que enfraquece ainda mais a teoria de gênero que prega a influência sócio-cultural como a principal ou única responsável pela divisão de papéis entre homens e mulheres na sociedade.
Eu não tenho certeza se isso é uma descrição precisa ou suficientemente completa da coisa toda (comparar diferentes países/os principais deve ter grande chance de confundir diferenças culturais), embora não duvide de comumente haver preferência por divisões clássicas/tradicionais de ocupações (tanto ocupação doméstica/familiar quanto diferentes áreas profissionais, num segundo "nível", mas que já distancia a coisa de um único padrão, apenas por ser profissional) quando há maior liberdade para isso, em vez da situação econômica forçar a outra coisa. Meu ponto é somente quanto a ser prematuro e desnecessário atribuir isso somente ou mesmo principalmente a fatores inatos.
Mulheres e homens podem ter preferências distintas, qualquer que seja sua origem, isso afetará suas escolhas, e não poderá ser atribuído generalizadamente à discriminação, a não ser dentro de critérios extremamente forçados, onde até as mulheres mais comumente do que homens preferirem usar vestidos, seria prova de "discriminação [sistêmica]".