E qual povo que tem (ou teve) o ideal de sobrevivência e se manteve não decadente?
Ah... os povos primitivistas que viveram por milhares de anos sob o ideal de sobrevivência? As comunidades primitivas que ainda temos hoje? Os povos feudais que produziam apenas aquilo que era consumido no feudo? (...)
Equívoco de natureza marxista.
Fale mais...
Na verdade, vejamos o que diz a Wikipédia diz:
"
A escravidão do salário ou escravidão assalariada é a situação na qual a vida de uma pessoa depende de um salário."
Aqui é o momento em que você entra e diz que a sua vida dentro da esfera capitalista não depende do seu salário.
"
Os trabalhadores assalariados, por sua vez, são privados dos meios de produção, que lhe são necessários para prover sua própria sobrevivência. "
Dê um daqueles pedaços de terra (dos 46% total) que 1% da população, os aristocratas brasileiros, detém, a um militante do MST e veja se ele continuará se "vitimizando" como dizem por aí.
São inerentes ao seres humanos e, portanto, muito anteriores ao capitalismo.
São características que não existiam no modo de produção primitivo.
E elas nunca estiveram tão fortes quanto no capitalismo.
Em qualquer tipo de sociedade existem pessoas que sofrem disto.
Ansiedade de status? Doença capitalista. Botton já explicou isso. Para se ter autoestima é preciso ou diminuir a expectativa de sucesso ou ter mais sucesso. E o "sucesso" é uma ideia capitalista.
Somente pessoas sem qualquer tipo de responsabilidade não experimentam ou experimentaram isto.
Então, concordamos que a depressão e o estresse é uma características dos mais conscientes na sociedade. Misantropos, por exemplo.
Se você ler com mais atenção o livro Walden,
Desnecessário. Já li duas vezes e estou com o livro em mãos, caso precise. Eu sei do que se trata.
Ele reflete uma mistura de análise crítica das consequências do início da transição de uma sociedade agrária para uma urbana,
É bem mais que isso.
com forte tom saudosista de um estilo de vida mais 'naturalista', refletido no próprio subtítulo do livro, Life in the Woods.
É notável que há um quê de espiritualidade na obra, mas Thoreau usa fortes evidências para sustentar o fato de ter optado por uma vida simples. O fato de ser supostamente saudosista ou naturISTA*, não prejudica as sustentações da obra.
* Thoreau, particularmente, era antinaturalista.
Thoureau criticava muito mais o processo de industrialização do que o capitalismo propriamente dito.
Criticava o desenvolvimento, que, convenhamos, é de necessidade, em sua totalidade, muito duvidável.
Desenvolvimento de inteligência artificial é realmente necessário para a felicidade e paz humana ou é novamente uma vontade de tornar o homem um ser divino que, através de muito trabalho, consegue produzir robôs para trabalhar por ele?
Como, por exemplo, quando Thoreau cita que a ferrovia aristocrata em Concord era utilizada mais por luxo* que por praticidade.
* Novamente, o desejo capitalista de ser melhor que os demais.
Mas me espanta que você não perceba o quão complicado seria aplicar hoje o estilo de vida proposto por Thoureau.
Hm, eu não estou dizendo que não é complicado.
Estou dizendo que é preciso considerar uma revisão dos nossos atuais valores.
Haveria um aumento gigantesco na superfície ocupada, com grandes implicações na implantação de uma infra-estrutura, mesmo que simples, naquelas condições despojadas propostas por ele.
Nada que o "grande e poderoso Homem" não possa resolver, não é? Tecnologia para isso é o que não falta.
Não é a minha área, mas, intuitivamente, parece-me que ocuparia menos espaço que ocupam os escravos, digo, os trabalhadores capitalistas e seus vassalos, digo, detentores dos meios de produção que coçam a bunda enquanto os demais trabalham.
O modelo de organização feudalista é ótimo exemplo disso:
O modelo cooperativista de New Harmony é outro:
Exatamente.
O problema está no agente (ser humano) e não no processo/instrumento (capitalismo).
Se ele tornou-se escravo do ideal capitalista, não seria lógico dizer que o problema é o ideal que tenta aplicar uma realidade que não convém à raça humana?
O homem vai continuar pelo resto da sua existência criando mais trabalho fútil para alimentar a massa fútil que o sistema capitalista criou? Vide tecnologias de entretenimento ditas "avançadas" que mais trazem dor de cabeças à população mais carente por influenciar a comprar uma futilidade cujo valor maior é o status?
Isso é loucura.
O homem simples, nativo, é chamado de selvagem por Thoureau ao passo que ele dá a entender que pessoas de moral superior são os nobres e os reis.
Porquê?
É uma metáfora.
"Tem criado palácios, mas criar nobres e reis não tem sido fácil."
Ele faz alusão ao fato de que os ditos palácios (casas luxuosas) proporcionam mais trabalho que conforto, e também ao fato de elas impedirem "evitar os maus vizinhos".
Quanto ao fato de considerar nobres e reis de moral superior: Thoreau é moralista.
Ele busca um igualitarismo que nunca existiu e não existe.
Existiu e ainda existe em comunidades primitivas ao redor do mundo.
Heidegger ainda oscilava entre o teísmo e o agnosticismo quando escreveu o Ser e o Tempo. Mas já era agnóstico e um crítico ferrenho daqueles que cultuavam a tecnologia e o cientificismo, quando publicou o Introdução à Metafísica, que é de onde provém o excerto supra.
Mais no quesito "utilidade" que crença propriamente.