Confesso que não compreendia o julgamento do Supremo Tribunal Federal que responsabilizou um editor por racismo ao negar o holocausto.
Esse caso de ontem é emblemático. Como todos os direitos, nenhum é inteira ou plenamente absoluto. Para mim, há algo de indigesto em uma publicação que sabidamente ofendia e ridicularizava a crença de outros.
Meu post no FB sobre:
Todos têm direito a eleger coisas para lhes serem sagradas: seja um disco de capa toda branca feito por quatro fabulosos rapazes britânicos, uma Pietá de gesso, um pintura na Sistina, uma caixa em Meca ou uma camisa vermelha e preta fabricada pela Adidas.
Mas enquanto não se compreender universalmente que o direito que um indivíduo tem de eleger algo como sagrado não se traduz em dever dos outros verem a mesma sacralidade naquilo Charlies continuarão sendo vítimas de atentados: de maiores ou menores magnitudes, letais ou não, excepcionais ou cotidianos.
Eu respeito o seu direito a eleger determinadas coisas como sagradas e espero que você respeite o meu direito de eventualmente não ver a mesma sacralidade no que você elegeu como santo: o seu sagrado pode ser o meu profano, sagrada pra mim é a #liberdadedeexpressão.
#JeSuisCharlie
Aliás, só me repetindo, isto é apenas um link para outro veículo de mídia que sabidamente ridiculariza e ofende a crença dos outros
Penso que há um hiato entre reconhecer diferenças e respeitar, como bem afirmaste, e ofender e ridicularizar, de outro. Esta última, ao meu ver, não se sustenta tão facilmente na liberdade de expressão, pelo menos não quando, o que parece que era o caso em algumas imagens divulgadas, deixa de ser puramente crítico para rebaixar-se em injúria.
Aliás, não fosse assim, reconhecendo que existem alguns limites que devem ser respeitados, seria muito difícil responsabilizar afirmações criminosas, como o próprio racismo, por exemplo. Afinal, se essa liberdade é tão ampla assim, ninguém teria o direito de censura.
Confesso que não compreendia o julgamento do Supremo Tribunal Federal que responsabilizou um editor por racismo ao negar o holocausto.
Esse caso de ontem é emblemático. Como todos os direitos, nenhum é inteira ou plenamente absoluto. Para mim, há algo de indigesto em uma publicação que sabidamente ofendia e ridicularizava a crença de outros.
O direito à liberdade de crença implica em aceitar que os outros achem sua crença ridícula, revoltante, satanista etc.
Se sua crendice lhe impede de zoar com os seus símbolos religiosos, obedeça. Os outros não têm que obedecer. Aceite isto.
O resto é apenas uma questão de educação e boa convivência. Acontece que crendices que pregam o extermínio de quem não acredita merecem ser ridicularizadas e combatidas.
Nota: o Holocausto é um fato até prova em contrário. Quem o nega defende criminosos. As crendices são apenas ... crendices.
Aqui talvez essa questão de valores e sua importância fique mais evidente, sendo certo que liberdade de crença é diferente de liberdade de expressão, e esta, por sua vez, não abarca a ridicularização.
Não penso, pelo menos ainda, que a liberdade de expressão, em uma sociedade pluralista e aberta, possa conviver com outros que,
ao deixar a esfera privada e ingressem no espaço público, sejam intolerantes com a crença alheia. E sim, ideias nocivas devem ser combatidas, exatamente porque contrariam valores que devem ser respeitados.
Quanto à questão do holocausto que você pontuou, a liberdade de expressão não deveria abranger o meu direito de afirmar que não existiu? A distinção posta não me pareceu muito clara.